Fanfic: Stranger Tales | Tema: Stranger Things, Mileven, Lumax, Dungeon and Dragons, RPG

19h08m.

      - Achei que você não viria, Stalker! - Max o recebeu, empolgada, porém concentrada, ainda jogando - Dustin me passou no recorde, mas olha só... - ela indicou a tela com a cabeça.

      - Wow! - Lucas se assustou ao ver que ela estava muito próxima de passar o amigo novamente - Ele não vai acreditar! - E riu. Ela era realmente incrível. - E me desculpe, eu me atrasei porque fui pegar o livro de D&D, caso queira dar uma olhada. Além disso, a neve não foi um fator a favor... Ainda bem que já parou! Amanhã o Mike disse para ir para a casa dele conversar sobre como será a campanha. Ele não costuma montar esses detalhes junto com a gente, mas acho que pode ser divertido...

      - Eu ainda acho, tipo, super estranho ele estar me aceitando no grupo agora. - Ela arqueou as sobrancelhas, ainda jogando.

      - Relaxa, não tem como negar que você é uma de nós agora - Lucas sorriu, animado.

      Ela sorriu de volta, dando a ele um rápido olhar e logo voltando a atenção para o jogo.

      - Vai tentar conquistar a Princesa Daphne hoje? - Ela perguntou, divertida.

      - Ah, não sei, acho que não. - Ele respondeu, colocando as mãos nos bolsos. - Estou mais interessado em ver o recorde do Dustin ser quebrado! - Ele indicou com a cabeça a máquina de fliperama na qual Max jogava.

      Max riu.

      - E seu pai, você conseguiu falar com ele?

      - Eu não tentei de novo...

      Lucas a olhou, franzindo as sobrancelhas. Ela, percebendo, tratou logo de completar a frase. Era difícil dar respostas longas e se concentrar no jogo.

      - ... mas eu vou tentar, achei melhor deixar para fazer isso hoje, quando chegasse em casa.

      - Ah, sim.

      - É estranho pensar - ela falava, sem tirar os olhos da tela - que ano passado eu passei o Natal com ele...

      Lucas se encostou no fliperama, atento ao que a garota dizia... e também na maneira como ela mantinha aquela expressão séria jogando. Ela parecia estar com muita raiva. ‘Vou acabar com esses pookas! Todos eles!!!’ ele a imaginou dizendo para si mesma enquanto jogava e sustentava aquele olhar carrancudo. Achou graça, mas só em sua cabeça. Não ousou falar isso a ela.

- ... e esse ano ele não vai estar em casa, quando eu chegar, bem, em casa.

      Lucas continuou a observando. Ela olhou para ele, rapidamente e sem graça, voltando a olhar a tela em seguida.

      - O que? - ela perguntou, num meio sorriso.

      - O que o que? - Ele respondeu.

      - Você não prestou atenção em nada do que eu disse, não é, Stalker? - Ela riu - Você já foi melhor nisso!

      - Claro que prestei! - Ele se indignou - Estava tentando imaginar como seria se eu estivesse no seu lugar e não consegui, justamente por ser tão estranho. - Ele parou e pensou um pouco - Você realmente é incrível.

      Ela rolou os olhos e sorriu de lado.

      - Veja! - ela apertou o braço do garoto, minutos depois,comemorando com alguns pulinhos - CONSEGUI!

      Lucas olhou a tela. Novo recorde conquistado. De volta ao topo.

      - É! MADMAX! - ele ergueu a mão para um highfive.

      - É! - ela o cumprimentou, ainda pulando e comemorando.

      - Vamos, vamos comprar alguns chocolates para comemorar!

      - Vamos... o que?! - Ela riu, sendo puxada pela mão para a lojinha no fim do corredor.

      Dez minutos depois e eles estavam sentados em um banco na parede leste do Arcade, do lado de fora, local onde, caso Billy chegasse antes do horário combinado, não os veria.

      Mesmo que depois daquele dia o meio-irmão não tivesse mais a importunado, Max não gostava de arriscar. Não com Billy. Não no Natal. E, muito pior, não com Lucas.

      - Há! Eu quero só ver a cara que Dustin vai fazer quando chegar no Arcade e ver que o seu nome está no topo de novo! - Lucas deu uma mordida no chocolate o entregando a Max em seguida.

      - Não vamos contar para ele amanhã, ok? Deixa ele descobrir! - ela pegou o chocolate e deu uma mordida, rindo - E espero que eu esteja perto quando isso acontecer, não queria perder por nada.

      - ‘Não é possível! Filho da mãe!’ - Lucas imitou a reação que ele tinha certeza que o amigo teria, fazendo a garota rir alto: não porque tivesse ficado parecido, muito pelo contrário.

      Max engasgou com o chocolate em meio às risadas. E riu ainda mais quando desengasgou, fazendo Lucas rir com ela e os dois não conseguirem parar de rir por longos minutos.

      - Ei, Lucas, eu preciso ir. - Max disse, enxugando as lágrimas do rosto quando os dois finalmente conseguiram recuperar o fôlego - Billy ficou de vir me buscar às 20h, melhor eu esperar lá na frente.

      - Ok, certo. - Ele enxugou o rosto também, respirando fundo para ter certeza de que não ririam mais.

      - Nos vemos amanhã então? - Ela se levantou para pegar o skate.

      - Sim, claro! - Ele se levantou também. - Posso te encontrar na esquina da sua casa...Claro, isso se quiser uma carona. - Ele sugeriu.

      Ela sorriu.

      - Pode ser.

      - É, antes que você vá...

      - Antes que o Billy chegue...

      Eles disseram juntos. Se olharam, riram.

      - Você fala. - Lucas disse.

      - Ok, antes que ele chegue - ela pegou um papel que estava dobrado em seu bolso - queria te entregar isso.

      Lucas pegou o papel e o segurou, sem saber se o abria de uma vez ou não. Optou por abrir depois, ainda precisava fazer algo e eles não tinham muito tempo.

      -Eu, bem, - Ele abriu a mochila, pegando uma caixa. - Não é nada de mais. E - ele pareceu não ter certeza de como continuar a frase. - Feliz Natal?! - Estendeu a caixa à Max.

      Ela ficou sem saber o que fazer por alguns minutos. Não poderia dizer que estava esperando algo de Lucas, muito menos uma caixa e menos ainda faltando poucos momentos para que Billy chegasse.

      - Eu esperava que você a pegasse! - Lucas riu.

      - Me desculpe - ela pegou a caixa, sorrindo - é que você me pegou de surpresa!

      Max se sentou novamente, com a caixa no colo. Não era grande e tinha um laço vermelho muito bonito que ela acreditou ter sido obra da mãe de Lucas. Soltou-o com toda a delicadeza que permitiam os minutos que sobravam para que ela o fizesse antes que Billy chegasse e estragasse... bem, tudo.

      Dentro da caixa havia alguns biscoitos natalinos, chocolates e um cartão. Ela o pegou. Olhou de relance para o garoto que abria o papel que ela havia o entregado. Max sorriu ansiosa.

      O som característico do motor do carro de Billy rugiu em algum lugar do caminho. Max se assustou, colocando o cartão de qualquer jeito no bolso e fechando a caixa rapidamente, guardando-a dentro do casaco.

      - Preciso ir. - Ela disse, se levantando e pegando o skate. - Leio assim que puder. Tchau, Stalker! - E o beijou no rosto, tão rápido quanto o ronco do motor de Billy se fez mais alto. - Feliz Natal! - ela gritou, ao olhar para trás antes de subir no skate.

      Lucas permaneceu no mesmo lugar, um sorriso bobo se formando em seu rosto. Sabia que a cena era patética, mas ele não se importava. Colocou a mão sobre a bochecha beijada. Apertou o papel na outra enquanto Max sumia de vista.

       Max chegou ao carro o mais rápido que pode. Se assustou ao ver Niel no banco do carona.

      - Então, Maxine, esse é o famoso... - Niel falou abrindo a porta. O sangue de Max gelou nas veias. Ela teve a certeza de que ele ia dizer ‘Lucas’. Quis matar Billy ali mesmo. - Arcade!

      Ela soltou a respiração ao mesmo tempo que ele levantava o banco do carona para que ela pudesse entrar no banco de trás. Billy lhe deu um olhar desconfiado e ela devolveu uma expressão tão fechada como se estivesse lidando com um dos fygars.

      - Ah... sim! - Ela rapidamente sorriu de lado para Neil ajeitando as sacolas que estavam no banco um pouco para o lado e o skate no colo.

      - Suzan pediu que comprássemos algumas coisas de última hora para a ceia - Neil disse, entrando no carro e fechando a porta. - Fazia tempo que eu queria voltar a sentir o ronco desse motor estando do lado de dentro do carro.

      No caminho para casa, enquanto Neil falava com Billy sobre carros, o que Max suspeitava ser o único assunto no qual os dois concordassem (ou talvez conversassem), ela sentiu a caixa sob o casaco e se lembrou do cartão. Posicionou seu skate estrategicamente nos joelhos, fazendo uma parede, de maneira que nem Neil e nem Billy conseguissem ver que ela havia o tirado do bolso e o aberto para ler.

MadMax

      estava escrito no começo do cartão, antes de uma mensagem pronta de Natal que desejava o que todas as mensagens de Natal desejam. Havia um Papai Noel cercado de ajudantes em volta de uma árvore com luzes coloridas e muitos presentes. Lucas havia datado, assinado e escrito uma frase numa letra apertada para caber no espaço restante. Estava escuro, mas mesmo assim ela conseguiu ler

‘and you will find me, time after time’

      Ela sorriu, disfarçando logo em seguida com medo de ser pega. Teria que ler em casa novamente para ter certeza, mas no fundo já sabia o estava escrito, porque, no papel que entregou a ele, ela tinha escrito o mesmo.