Fanfic: Stranger Tales | Tema: Stranger Things, Mileven, Lumax, Dungeon and Dragons, RPG

16h32m

      - Acho que vou passar no Arcade, vocês vem? - Dustin saiu da casa de Mike pegando a bicicleta com os outros logo em seu encalço.

      - Eu preciso ir na Max, lembra? A ficha... o jogo...- Lucas apontou a mochila nas costas subindo na bicicleta. - Mas podemos ir no Arcade amanhã se vocês quiserem.

      Mike e Will concordaram com a cabeça.

      - Amanhã ‘pra mim fica mais fácil. - Will disse. - Hoje queria aproveitar para ficar um pouco com a minha mãe também, vamos assistir uns filmes, é a vez de ela escolher. - Will olhou no relógio em seu pulso - o Jonathan já deve estar chegando para me pegar.

      - Eu vou terminar de organizar as coisas do jogo, mas amanhã a gente pode ir. - Mike respondeu. Na verdade o que ele queria mesmo era ter um tempo sozinho para pensar com clareza em como convenceria Hopper a deixar a El jogar.  

      - Por mim, tudo bem. Podemos ir amanhã também. Mas acho que vou passar por lá. - Dustin olhou em seu relógio - Ainda está cedo para ir para casa. Não quero encontrar minhas tias. Esse ano elas decidiram que o assunto da mesa é o Snow Ball e a Nancy ter me tirado para dançar.

       Todos fizeram uma cara estranha.

      - Pois é, é exatamente assim que eu olho para elas.

       Eles riram.

      - Não queria estar na sua pele... - Lucas disse, ainda rindo.

      - Eu imagino pelo que você esteja passando - Will falou, batendo no ombro do amigo.

      - Não - Dustin logo tratou de emendar - seu lance com a Jenny é totalmente diferente do meu caso! Suas tias não estão olhando para você e te julgando porque você dançou com uma garota mais velha que agora elas cismaram ser sua namorada.

      - Não, mas acho que nós dois estamos igualmente de saco cheio dessas histórias na mesa. - Will respondeu prontamente.

      - Dustin, você está indo no Arcade, mas sabe se está aberto hoje? - Mike perguntou.

      O garoto deu de ombros.

      - Só há um jeito de descobrir. - Ele respondeu.

      - Você não prefere ligar lá? - Mike sugeriu.

      - O importante é a jornada, não o destino! - Dustin respondeu fazendo todos rirem. - Qualquer coisa eu passo na casa do Steve se o Arcade estiver fechado. Só quero chegar em casa depois das minhas tias terem ido embora...

      Os garotos murmuraram algo em concordância.

      - Bem, qualquer coisa você volta aqui, sei lá... - Mike falou.

      - Pode deixar, milorde. - Dustin agradeceu.

      - Nos vemos amanhã então. - Lucas se despediu.

      - Ok! Nos vemos amanhã! - Os garotos responderam.

      A casa de Max não ficava muito perto dali, mas, com sorte, Lucas chegaria lá antes das 17h.

      Não quisera falar para os outros, mas tinha achado bem estranho ela não estar lá sendo que ele havia combinado de encontrá-la para irem no Mike. Desceu pela rua pedalando devagar, pensando em como a campanha seria, pensando o quão heróico precisaria ser para impressioná-la. Estava ansioso para explicar a ela tudo o que pudesse acerca do jogo e também para ajudá-la com a ficha de sua personagem. Estava curioso para saber que nome ela escolheria, de onde ela seria... será que ela iria fazer uma história para sua personagem? Eram tantas as perguntas! Ele realmente era um nerd, Erica estava certa nisso.

      ‘Eu tinha certeza que estaria aberto...’ Dustin ia dizendo para si mesmo enquanto pedalava rumo ao Arcade o enxergando com suas luzes piscando ao longe ‘... o Mike deveria me dar crédito pelas coisas...’ ele pensou um pouco ‘é, ele me dá crédito pelas coisas, também não é assim...’.

      O Arcade não ficava muito longe da casa de Mike. Estacionou a bicicleta no lugar de sempre e desceu. Quando abriu a porta do local, deu de cara com Max saindo.

      - O que você está fazendo aqui? - Dustin perguntou.

      - Procurando pelo Lucas... e por vocês! - Ela respondeu, impaciente, mudando o skate de mão. - E, antes que me esqueça, quero o telefone de todos vocês. Eu queria ligar e não sabia o telefone de ninguém!

      - Ok, ok. Mas o que houve? Por que você não foi no Mike?

      - Minha mãe, que nunca ligou para igreja resolveu que hoje todos deveríamos ir na igreja. Todos. - A garota respondeu, inflamada. Manchas vermelhas iam se formando em volta do seu pescoço. Dustin achou que ela iria passar mal. Seus olhos estavam repletos de algo que, correndo o risco de ser meio exagerado, parecia muito com ódio.

      - ... só que Billy pegou o carro e se mandou. Como eu tenho 13 anos e não tenho um carro para fazer o mesmo, tive que ir com eles... - Ela continuava dizendo sem se importar com o fato de estarem parados bem no meio da passagem.

      Ele estava achando aquilo meio engraçado. Mas não riu.

      - ... e ela nem mesmo poderia estar lá na bendita igreja se as pessoas soubessem que ela é divorciada do meu pai...

      - Max. - Dustin falou, segurando a garota pelo braço e a puxando delicadamente um pouco para o lado para que as pessoas pudessem passar.

      - ... e ela ainda inventou de participarmos do almoço que estava-sendo-servido-na-igreja...

      Dustin continuou a ouvindo. Parecia que ela nunca mais ia parar de falar. Pelo menos as manchas vermelhas estavam ficando num tom um pouco mais claro.

      - ... e na volta eu consegui dizer para me deixarem aqui, porque era caminho.

      Ela parou de falar. Ficou olhando para ele sustentando o olhar. Agora Dustin havia começado a achar que ele parecia um pouco psicótico.

      - Vamos, eu sei onde o Lucas está. - Ele disse.

      - Agora que vi que vocês não estavam aqui eu também sei onde ele está! - Ela disse, colocando o skate no chão.

      - Não, ele não está na casa dele. Ele está indo para a sua casa.

      - Minha o quê? - Max o olhou, assustada. - Não, não! - ela subiu no skate - Tenho que ir. - Ela não gostava nem de imaginar o que aconteceria se Lucas tocasse a campainha e Billy atendesse.

      Dustin a viu se afastar. Ela ia mesmo para casa de skate? Correu até a bicicleta e logo estava pedalando ao lado da garota.

      - Você vai me explicar o que está acontecendo? - Ele perguntou.

      - Você sabe, o Billy. Se ele já estiver em casa, não vai ser nada bom... - ela dava impulso com o pé o mais rápido que conseguia.

      O garoto entendeu o que ela quis dizer.

      - Você vai cair desse jeito! - Dustin protestou. - Vem, eu te levo. - ele indicou a bicicleta com a cabeça.

      Max avaliou rapidamente a situação.

      - Você quer ou não chegar logo lá e evitar uma pequena catástrofe? - Disse ele por fim, parando a bicicleta.

      Ela parou o skate.

      Dustin bateu no banco da bicicleta.

      Eles não teriam muito tempo.

      Lucas estava quase virando a esquina da Rua Cherry. Em sua cabeça estava ensaiando o melhor jeito de chamá-la para tomar um sorvete. Por que mesmo depois do Snow Ball essas coisas ainda eram meio difíceis? Por que quando pensava em Mike chamando El para fazer as coisas tudo parecia tão simples, mas quando ele tinha de pensar em si mesmo fazendo algo do tipo era tão complicado? Parou de pedalar de repente. O que será que ela teria achado do cartão? E dos chocolates? E dos biscoitos? Ele não havia pensado nisso até agora. E se ela não tivesse gostado? Estacou. Pôs os dois pés no chão e arregalou os olhos pensando na possibilidade. Será que é por isso que ela não estava em casa? Não, não podia ser. Afinal ninguém estava em casa. Ela não tiraria todos de casa só porque ela não tinha gostado dos biscoitos... Tiraria? Mas, biscoitos? Que ideia estúpida também! Por que não deu a ela algo mais romântico do que... biscoitos? Encostou a bicicleta quando ouviu um carro passando por ele. Olhou de relance. Conseguiu ver os cabelos de quem estava no banco do carona, pareciam com os dela. Mas a pessoa definitivamente não era ela.

      - Sua mãe... - ele disse baixinho.

      Então era isso. Max estava chegando em casa aquela hora. Viu o carro estacionando ao lado do carro de Billy.

     Subiu na bicicleta e foi guiando pela rua já sem ter certeza do que encontraria quando chegasse lá. Será mesmo que ela não tinha gostado dos biscoitos?

     - ... Lucas!

     Uma voz o chamou, longe. Parecia a voz de Max.

     - ... Lucas!!

     Ele ouviu novamente. Agora parecia a voz de Dustin.

     -... LUCAS!!

     As duas vozes chamaram juntas. Ele olhou para trás.

     Dustin vinha pedalando como um louco, com... Max? Lucas não entendeu nada. Desceu da bicicleta.

     Quando os dois se aproximaram, Lucas olhou deles para a casa logo mais a frente e depois para eles novamente.

     - Seus pa... sua mãe e Neil não acabaram de passar aqui de carro? - Ele perguntou, confuso, apontando para a casa.

     - Provavelmente. - Ela disse descendo da bicicleta de Dustin e correndo para abraçá-lo. Jogou o skate de qualquer jeito antes de passar os braços com força em volta do garoto. - Ainda bem que te achamos antes.

     - O que... - Ele a abraçou, involuntariamente. - O que está acontecendo?

      - Cara... - Dustin tentava dizer. Faltava a ele muito mais do que as palavras. Acima de tudo, lhe faltava o ar.

      - Minha mãe inventou de ir na igreja hoje. Ela nunca foi na igreja! - Max soltou-o e pegou o skate. - E eu não tinha como avisar ninguém porque eu notei que simplesmente não tenho os telefones de ninguém! E eu não tive como te avisar. Me desculpe. - Ela dizia segurando a mão de Lucas. - Quando eu vi que horas eram, achei que vocês pudessem estar no Arcade e não no Mike e como era caminho, pedi para me deixarem lá. Só que vocês não estavam lá. E quando eu estava saindo, encontrei o Dustin que me disse que você tinha vindo atrás de mim, então viemos pra cá.

      Dustin ergueu a mão apontando para Max e balançando a cabeça afirmativamente.

      - Isso... - respirava fundo. Ou pelo menos tentava.

      Lucas franziu a testa por um segundo e depois sua expressão mudou.

      - Tudo bem, tudo bem. - Ele apertou a mão de Max de leve.

      Lucas olhava para Dustin que mal conseguia falar. Em quanto tempo eles fizeram aquele caminho? Ou melhor, em quanto tempo o garoto fizera aquele caminho carregando alguém na garupa? O Arcade não era nenhum pouco perto da casa dela. O amigo olhou para ele e meneou a cabeça quase imperceptivelmente. E ali, naquele momento, os dois souberam: tudo estava bem.

      E os três se entreolharam. E os três caíram na gargalhada.