Fanfic: Infalível Destino | Tema: VONDY

Dulce ficou envolvida em seus pensamentos, até que passou em uma das obras, e ficou encantada, os tons de azul se mesclavam, era como um céu a noite, com pequenos pontos como estrelas, não era nada elaborado, mas era lindo, era calmo, ela sempre gostou de olhar para o céu, era como se seus pais estivessem ali com ela.

-Gostou? - Ucker perguntou atrás dela, a desviando de seus pensamentos.

-É lindo - Dulce respondeu.

-Existem quadros mais caros, alguns de pintores mais famosos e...

-Não importa - ela o interrompeu sem parar de olhar a obra - Não sou crítica de arte, não sei de nenhum desses pintores, eu só... - ela parou tentando não deixar a voz tão vulnerável - Só gosto do céu.

Ucker ficou surpreso, não só porque via sinceridade nela, mas porque ele também gostava disso, podia passar horas olhando um céu estrelado.

-Você quer? - ele perguntou e ela o olhou sem entender - O quadro, você o quer?

-Que diferença isso faz? - ela deu de ombros - Vamos sentar - pediu indo em direção as mesas.

O tempo passou se arrastando, todos se acomodaram em seus lugares e escutaram as palavras de Eva, depois do jantar, as pessoas se dispersaram para finalmente comprar os quadros que tinham gostado e uma música calma começou a tocar, Dulce estava sentada na mesa sozinha, Ucker havia saído provavelmente pra falar com mais alguns de seus conhecidos.

-Dança comigo? - ela escutou a voz grave dele e levantou o olhar vendo ele lhe estender a mão.

A ruiva aceitou sem reclamar, de um jeito ou de outro os dois precisavam conversar.

Ucker envolveu sua cintura e Dulce pôs suas mãos nos braços fortes dele enquanto o deixava guiá-la, os passos dos dois eram calmos como a música, e pela primeira vez os dois apenas se fitavam, não era como se seus olhares duelassem, eles apenas admiravam um ao outro.

-São muitas perguntas Dulce - Ucker quebrou o silêncio falando num tom baixo para que só ela ouvisse - Por que acha que temos chances? - ele continuou a fitá-la - Por que o Pablo?

-Não foi uma escolha minha - ela disse por fim - Foi ele Christopher, sei que pode ser difícil de acreditar, mas não te admira que sempre que você esteve interessado em um negócio, seu concorrente era ele?

-São apenas negócios Dulce - ele deu de ombros.

-Não é, você sabe disso, sabe que isso é estranho.

-Você tem razão, eu até acho estranho, mas o fato dele ter uma reixa comigo nos negócios não significa que isso tenha relação com...

-Foi ele - Dulce o interrompeu - Sei que foi, ele também me tirou meu pai, e eu só quero que ele pague.

A ruiva respirou fundo tentando se controlar mas falar daquilo doía tanto.

-Tudo bem - Ucker falou enquanto continuava a conduzi-la e acariciava seu rosto - Eu sei que não é fácil, não precisa falar se não quiser.

Dulce sentiu seu coração se aquecer com o jeito dele, ela o olhou nos olhos e resolveu ser sincera.

-Eu preciso de você - ela começou a falar - Com sua ajuda vou conseguir entrar na empresa do meu pai.

-Eu não consigo entender como?

-A diretoria da empresa só pode ser conduzida por homens.

Ucker a olhou completamente chocado.

-Mas isso é idiota e...

-Não importa o que é - ela o interrompeu - Não tenho como mudar isso se não estiver lá dentro, por isso preciso estar casada, meu marido cuidará dos meus bens o que inclui a empresa.

As coisas estavam começando a se encaixar na cabeça de Ucker.

-Depois que o papai se afastou da empresa o Pablo assumiu a presidência e sei que não foi de maneira limpa - ela continuou - ele deve ter comprado os acionistas ou sei lá, o que eu sei é que aos poucos ele foi conseguindo comprar parte das ações e agora ele é o maior acionista da empresa, e eu posso não entender sobre negócios e tudo mais, mas ele tá apenas usando a empresa do meu pai para os negócios sujos dele e não é justo que o meu pai tenha se sacrificando tanto pela empresa para que agora ela seja estragada por aquele monstro.

Christopher admirou a mulher tão decidida em sua frente, o olhar determinado, o jeito sério de falar, ela parecia sempre tão cheia de facetas, e por um momento ele teve vontade de conhecer cada uma delas, mas sua mente logo voltou a realidade e percebeu que apenas uma pessoa conhecia Dulce assim.

-E porque não casou com seu amiguinho? - ele perguntou com desdém ao falar de Christian.

-Poder, influência, dê o nome que quiser - ela disse simplesmente - sei que pode bater de frente com Pablo, ele se sentirá acuado.

-Tudo bem, suponhamos que dê certo, porque é tão importante você estar na empresa, em que tipo de negócio tão sério ele poderia estar envolvendo a empresa de sua família?

Dulce suspirou.

-Quero que entenda uma coisa Christopher, nunca vou conseguir provar que ele matou meu pai, e as provas que tenho de que ele matou o seu são poucas para que ele vá preso.

-Estou cada vez mais confuso...

-Tráfico - a ruiva resumiu - Não sei ao certo quanto tempo, mas o Pablo controla boa parte das drogas veiculadas não só no país mas no continente inteiro.

Ucker parou completamente, aquilo era demais, não podia ser, Pablo Lyle era apenas um empresário que não tinha muito sucesso, ele não podia ser um dos maiores traficantes do país, podia?

-Sei o que está pensando - Dulce o olhou - É fachada - ela respondeu - qualquer hacker encontrará contas relacionadas a ele em vários lugares no mundo, não é pouca coisa Ucker - ela disse séria - eu não vou mentir pra você, estou falando de um negócio ilegal que movimenta milhões por ano, de algo que colocará nossas vidas em risco, isso não é nenhuma brincadeirinha.

...

Se tinha uma palavra que definia Christopher era atordoado, ele estava completamente confuso, era muita informação e ele não sabia se podia confiar em Dulce.

Os dois não trocaram muitas palavras, já era bem tarde quando os dois se despediram de Eva e foram embora.

O caminho de volta também se passou em profundo silêncio, nenhum dos dois ousava falar, até que o carro passou em frente ao prédio onde Dul morava.

Ucker a olhou sem saber muito o que dizer, não tinha se decidido sobre nada ele precisava pensar mas sabia que ela queria uma resposta, antes mesmo que ele pudesse pensar no que dizer a ruiva se pronunciou.

-É muita coisa - ela deu um meio sorriso pra ele - sei que precisa pensar, e sei que não confia em mim então vai tentar confirmar tudo o que eu te disse, pelo menos é isso que eu espero, porque se não fizer, eu vou continuar achando que você é bem burro.

Apesar do insulto ele sorriu, era bom escultar a voz de Dulce com algum humor e não tão fria como sempre.

-Eu vou esperar sua resposta - ela disse se aproximando dele e lhe dando um beijo na bochecha.

Ucker ficou surpreso com o ato tão doce, observou ela sair do carro e entrar no prédio, mesmo depois do motorista voltar a dirigir ele continuou pensando na ruiva, nos seus lábios e olhos, ela parecia tão mais linda assim, descontraída e leve, Christian deveria ser sortudo por sempre tê-la por perto, Ucker pensou, não que ele quisesse Dulce por perto, não mesmo, mas os carinhos dela pareciam tão bons que ele se imaginou como seria estar com ela e senti-la por completo....

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