Fanfic: Herdeiras da Serpente | Tema: Harry Potter
— Olhe só, são elas! — Alunos dos primeiros anos sussurravam uns para os outros sobre duas sublimes garotas, uma ruiva e a outra morena, que caminhavam pelo largo e extenso corredor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os olhos das garotas eram frios e cruéis, brilhavam num verde que lembrava a maldição da morte fazendo alguns estudantes se arrepiarem de inquietação. Elas não se importavam, pareciam desfrutar do que sua presença causava nas pessoas.
Louise e Angel Duerre de Lioncourt eram filhas do Ministro da Magia da França, tinham quinze anos e eram irmãs gêmeas, mas nem um pouco idênticas. Haviam sido transferidas da Academia de Magia Beauxbatons para Hogwarts por conta de um "incidente" nada agradável que ocorreu durante o ano letivo que por pouco não as colocou em Askaban, o que as livrou na verdade foi a ajuda de Alvo Dumbledore, mas nem elas sabiam o porquê de um bruxo tão importante que nunca as viu na vida se importar em ajudá-las. Os alunos de Hogwarts ficaram assustados com a notícia de que o Diretor Dippet tinha concedido uma vaga para as garotas estudarem com eles em Hogwarts no próximo ano, era uma situação muito incomum pois não era costume da escola aceitar estrangeiros e muito menos alguém chegar depois do primeiro ano. Nisso, criou-se um boato enorme sobre o porquê das gêmeas terem sido expulsas de Beauxbatons, os jornais não disseram muito sobre assunto dando brecha para que o leitor imaginasse situações absurdas. Pelos corredores podiam-se ouvir os sussurros das conversas, muitos com medo:
"— Meu pai trabalha no Ministério, ele me disse que elas torturaram um grupo de garotas friamente! — Um garoto do segundo ano da lufa-lufa com cabelos castanhos e dentes tortos dizia para seus amigos.
— Me falaram que elas usaram as três maldições imperdoáveis, é verdade?
— Não só usaram as três maldições imperdoáveis, usaram muito mais! Eu te digo, é mais seguro andar com um dementador do que com essas duas."
Entre as conversas, também podia-se ouvir comentários de garotas com inveja, dizendo que "Elas nem são tão bonitas assim!", o que era uma grande mentira, as garotas eram donas de uma beleza estupenda. Angel era um pouco mais alta que Louise, seus cabelos eram negros como a escuridão, em contraste com sua pele extremamente branca igual porcelana, batiam na cintura e usava um corte rebelde, que deixavam os fios repicados com um ar de selvagem. Tinha seios fartos para a idade e curvas acentuadas. O que mais chamava atenção em Angel, porém, eram seus olhos extremamente verdes vivos, semelhantes ao verde da sonserina e a maldição da morte. Já Louise possuía peculiares cabelos ruivos, laranja igual as folhas de outono que caíam em cascata até metade das costas, a estatura física não se diferenciava muito da irmã. Os olhos, entretanto, passavam um ar mais sério e penetrante, eram verdes, mas este par lembravam mais a mata e esmeraldas, não tinham tanta selvageria e sim transmitiam paz.
Estavam vestindo o uniforme de Hogwarts sem símbolo de casa alguma. Após enfrentar toda uma caminhada pelos corredores daquele enorme castelo, finalmente encontraram com uma velha de cabelos castanho e olhar severo que as aguardava para guiá-las.
— Sigam-me – pediu rispidamente assim que as garotas chegaram perto, não houve nenhum cumprimento ou um "bem-vindas", simplesmente virou as costas para elas e as guiou ao seus destinos. Olga não gostava da presença das "novatas", algo nelas a incomodava profundamente, mas nada disse e as levou silenciosamente para a sala do diretor. Dumbledore era um homem muito persuasivo e facilmente convenceu Dippet de aceitar as garotas na escola, às vezes achava que Dippet era apenas um fantoche de Dumbledore e constantemente desconfiava dele, não entendia porque insistiu em proteger as duas meninas no julgamento quando mais ninguém quis, o velho agia por seus próprios interesses, pensou, e por mais que o julgasse ele era muito bem visto e todo ano era convidado ao cargo de Ministro da Magia do qual ele sempre negou, com certeza poder não era o que ele almejava pois se fosse, poderia facilmente estar sentado no gabinete do Ministério neste momento.
As garotas seguiam em silêncio atrás, pois afinal, não precisavam usar palavras para se comunicar. Após caminhar um longo percurso, e virar pelo menos uns três corredores e subir dois lances de escada, pararam em frente a uma estátua de Fênix, a professora rabugenta então exclama uma palavra boba e sem sentido, fazendo com que as garotas as encarasse com estranheza mas logo seus pensamentos são interrompidos pela estátua que começou a girar revelando por detrás uma escada caracol estreita. Olga às olhou friamente, sem medo algum de demonstrar seu desagrado com elas e gesticulou para que subissem primeiro. Não a culpava por seu modo de agir, após o acidente em Beauxbatons muitos andavam as tratando como se fossem as piores criminosas. E tinham razão em fazer isso, pensou Angel.
Alguns lances de escadas para cima e chegaram diante de uma grande porta onde finalmente, seria a sala do Diretor Armando Dippet. Olga bateu na porta e esta abriu-se sozinha.
— Por favor, entrem — ouviu-se a voz do diretor, e este claro não estava sozinho no cômodo. Alvo Dumbledore estava ali em pé ao seu lado — Bem-vindas meninas, estive esperando por vocês há um longo tempo – Dippet era um velho careca, possuía apenas uma barba grande e grisalha e em sua cabeça havia um ou dois fios de cabelo. Ele olhou para elas sentado em sua cadeira e sorriu largamente.
— Isto é tudo Olga, obrigado — lançou um olhar para a professora e a mesma se retirou de cara feia deixando claro sua insatisfação que Dippet fez questão de ignorar. Era óbvio a inveja que ela tinha de Dumbledore, Dippet não era uma pessoa que confiava nas pessoas facilmente, entretanto ainda assim, o bruxo conquistou essa façanha rapidamente.
— Desculpe-nos pela demora Sr., estivemos deveras ocupadas, o senhor sabe... — Louise foi a primeira a falar. Angel preferia assim, apesar de ter tido muitas aulas de educação e etiqueta durante toda sua vida, jamais gostou de pôr em prática esse conhecimento. Enquanto isso inspecionava o lugar cuidadosamente, haviam muitas coisas curiosas e estranhas até mesmo para um bruxo. O que mais lhe chamou atenção foi os quadros dos antigos diretores, passeou os olhos lentamente por eles até parar no mais velho quadro onde se encontravam os quatro fundadores de Hogwarts juntos. Helga, Godric, Rowena e Salazar. Sorriam felizes exceto por Slytherin que mantinha um semblante sério como se tivesse preocupado, e estranhamente ele as encarava também.
— Sim, eu entendo querida… Realmente uma tragédia o que aconteceu. — Dippet respondeu compreensivo — E é por isso que já logo de começo quero lhes avisar… O que estão recebendo é um benefício que nunca foi dado a ninguém antes e que eu fui muito julgado por abrigar vocês aqui. Muitos bruxos não entenderam o que realmente se passou lá, mas deixarei claro que isto não torna vocês especiais – o diretor foi direto ao ponto, prestando atenção em cada reação que as garotas pudessem ter como se tivesse atrás de alguma coisa.
— Compreendo totalmente Sr., e agradecemos de toda nossa alma sua bondade conosco. — respondeu a ruiva graciosamente, como uma verdadeira filha do Ministro da Magia deveria responder. Dippet já estava completamente encantado e satisfeito.
— Ora que isso… Por favor, garotas sentem-se… — as garotas trocaram olhares e se sentaram pedindo licença — Quem realmente me pediu para que as chamassem hoje foi Alvo Dumbledore, ele gostaria de conversar um pouco com vocês, agradeçam a ele por ter-lhes ajudado nesta situação tão difícil. Nenhum outro bruxo quis. — Dippet levantou-se de sua cadeira dando espaço para Dumbledore, e se retirou da sala deixando ambas sozinhas e finalmente, cara a cara com o tão renomado e poderoso bruxo, a ruiva então já preparou todo o discurso.
— Muito obrigada Prof. Dumbledore, não temos como expressar como estamos tão agradecidas e aliviadas. Não saberia o que seria da gente se não fosse pela sua ajuda, talvez enlouquecendo em Azkaban…. — Angel queria muito revirar os olhos para o teatro da irmã, mas tinha que jogar junto.
— Espero que nossa presença aqui não atrapalhe, pudemos perceber que muitas pessoas não estão nada felizes com esta decisão. — falou a verdade, não só alunos como professores estavam totalmente furiosos com a chegada das garotas.
— Não precisam me agradecer e Srta. Angel, você não tem o que se preocupar, serão muito bem tratadas aqui dentro, eu mesmo garantirei isto… — Alvo respondeu às olhando por detrás de seus óculos meia-lua. Apesar de ele dizer isso, foi totalmente ao contrário do que perceberam lá fora com os olhares acusadores de Olga, e os de medo dos alunos.
— O motivo para o qual venho conversar com vocês é que, de forma alguma as julgo. Pouco sabe eu sobre o que realmente aconteceu, porém, entretanto… Não acredito que sejam cem por cento inocentes. Vocês entendem a gravidade da situação em que se envolveram, não é mesmo? — Perguntou seriamente para elas. As duas acenaram positivamente com a cabeça fingindo constrangimento pelo sermão.
— Foi muito difícil, até para mim, convencê-los a lhes darem mais uma oportunidade, e ainda assim, teve seu preço como podem ver… Seu pai está sofrendo poucas e boas no trabalho e vocês tiveram que se mudar para longe — as garotas se mantiveram quietas e de cabeça baixa sob as palavras do bruxo. Dumbledore as analisava cuidadosamente. As duas já estavam acostumadas a atuar, mas desta vez era bem mais complicado, pois não era um bruxo comum, iria muito além de simplesmente mentir e dizer palavras bonitas. Por sorte, as irmãs passaram boa parte do ano estudando oclumência, ainda não eram totalmente dominadoras da técnica, mas bastava não fazer nenhuma atitude suspeita para que Dumbledore não desconfie de nada.
— Bem, espero que meus esforços não tenham sido em vão e valorizem essa oportunidade única. Serão muito bem vindas em nossa escola — concordaram e agradeceram mais uma vez pela ajuda, apesar de odiarem terem que se submeter desta maneira.
— Bem, então acho que é tudo por enquanto… — o professor levantou-se da cadeira e se dirigiu para a porta, mas antes de sair falou quase que em um murmúrio — Tenho certeza que se adaptarão rapidamente aqui, está em seus sangues… — As garotas não tinham certeza se ouviram com clareza a última parte, mas se entreolharam cobertas em dúvidas. Não tiveram tempo para se perguntar o que ele queria dizer com aquilo, pois Dippet voltou sorridente com o que parecia um chapéu velho e embolorado em mãos. Explicou como funcionava a escola e a taça das casas, Angel e Louise gostaram especialmente dessa parte, eram muito competitivas, já haviam lido sobre a escola durante a viagem então muitas das coisas não as surpreendeu.
— Bom, vamos sorteá-las para uma casa então! E lembre-se, cada uma das casas tem uma característica diferente, mas não existe uma boa e uma ruim. E não fiquem chateadas se não caírem na mesma casa, é comum isto acontecer — Dippet pegou o chapéu embolorado e deu uns tapinhas para retirar o excesso de pó. — Está um pouquinho empoeirado, perdão senhoritas… pronto! Limpo como novo. Qual das duas quer ser sorteada primeira?
— Pode ser eu… — Louise se pronunciou torcendo o nariz sem muita certeza se queria pôr aquela coisa velha na cabeça.
— Perfeito! — O diretor pegou o chapéu e o ajeitou cuidadosamente em sua cabeça ruiva, passaram-se uns segundos em silêncio até que o chapéu ganhará vida.
— Ora, ora… O que temos aqui... — Ele exclamou enigmaticamente — Sede por poder e uma inteligência inegável… Interessante, muito interessante. Se daria muito bem na Corvinal. — O chapéu deu uma pausa muito demorada que Louise se questionou que se era somente aquilo até que ele voltou mais uma vez a comentar — Seu sangue pende para dois lados muitos fortes, é dotada de uma coragem intrigante, grifinórios são muito corajosos — esperou que ele terminasse ansiosa, já havia falado duas casas e ela não sentia como se pertencesse a nenhuma delas, mesmo o coração tendo palpitado quando ouviu a palavra grifinória — mas algo é muito mais forte não tem como negar….É SONSERINA.
Louise sorriu elegantemente, era uma decisão sábia do chapéu, levantou-se e olhou furtivamente para a irmã convidando-a a sentar. Não era novidade para as garotas que a escolha seria aquela. Angel revirou os olhos para a irmã que sorriu orgulhosamente para ela, não demorou-se para sentar-se na cadeira também.
— Sonserina, hm? Uma casa muito boa — Dippet comentou alegremente para as duas enquanto ajeitava o chapéu sob a cabeça de Angel — Vejamos você agora querida…
O chapéu não se demorou a pronunciar desta vez, na hora se pôs a falar:
— Mais uma… Dessa não me resta dúvida. SONSERINA! — Angel não demonstrou surpresa alguma, apenas se levantou tirando o chapéu imundo de sua cabeça e se pôs do lado da irmã.
— A duas na Sonserina? Que baita sorte senhoritas! — o diretor parabenizou — Sendo assim, só nos resta esperar o começo do ano letivo. É algo inédito para os alunos alguém entrar direto no quinto ano, mas eles irão se acostumar. Estão liberadas garotas!
O diretor as acompanhou até a porta gentilmente, mas antes de abrir a porta lembrou-se de algo.
— Por Merlin, quase que me esqueço! — Colocou a mão na cabeça dramaticamente. Retirou a varinha da manga e girou em direção a gaveta de sua mesa bagunçada "Accio lista de materiais!", exclamou fazendo a gaveta se abrir e dois pedaços de papéis voarem até sua mão — Aqui está meninas, esta é a lista de materiais que vocês irão necessitar para estudar aqui em Hogwarts, e todas as instruções necessárias também.
As garotas agradeceram educadamente com um sorriso divino em seus rostos deixando mais uma vez Dippet encantado e muito encabulado com a graciosidade de ambas. Agora entendia porque Dumbledore ajudou-as em seus julgamentos, não tinha como duas garotas tão belas e educadas terem feito de fato aquela coisa horrível, infelizmente mal sabia o diretor que seus encantos não passavam de uma máscara.
Ao sair da sala, as garotas observavam cada detalhe de sua nova escola, tinham a impressão de que a escola era sombria e ao mesmo tempo aconchegante, de uma forma muito estranha e anormal, sentiam no fundo de seu âmago que já estiveram naquele lugar em outro tempo muito distante. Era uma sensação estranhamente familiar, como se finalmente estivessem voltando para casa após uma viagem longa.
— Você sente, não sente? — Louise questionou.
— De uma forma muito estranha sim eu sinto. Finalmente as coisas farão sentido, não é mesmo?
Louise concordou e ambas saíram do castelo, uma carruagem negra com detalhes entalhados em ouro as esperava para transportá-las para suas hospedagens, ansiosas para saber o que aquele pressentimento significava.
Autor(a): jovanaserafini
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
As paisagens corriam rapidamente pela janela da carruagem, a luz do sol saltava por entre as cortinas iluminando suas peles brancas reluzentes. Ambas olhavam para o céu lembrando que havia algo de muito familiar naquele dia. Sim, aquele dia est ...
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