Fanfics Brasil - Noite de Sangue Herdeiras da Serpente

Fanfic: Herdeiras da Serpente | Tema: Harry Potter


Capítulo: Noite de Sangue

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As paisagens corriam rapidamente pela janela da carruagem, a luz do sol saltava por entre as cortinas iluminando suas peles brancas reluzentes. Ambas olhavam para o céu lembrando que havia algo de muito familiar naquele dia. Sim, aquele dia estivera igual este. O final da tarde se aproximava e o sol estava perto do horizonte fazendo com que seus raios laranjas ficassem fortes por detrás das folhas das árvores, enquanto seus raios tocavam seus rostos acariciando-as bochechas com seu calor, uma brisa fria e congelante passava por seus corpos lembrando que o inverno estava à espreita. Fora exatamente em um dia como este que a tragédia havia acontecido. Tragédia que deixará cicatrizes não só pelo seus corpos como também em suas almas. Fechavam os olhos lembrando do passado como se tivesse ocorrido no dia anterior, memórias vividas de dor e perda, ainda podiam sentir as dores em seus corpos e seus espíritos se estilhaçando como se estivessem exatamente naquele momento de novo, deitadas sobre o chão de mármore frio e úmido, e as imagens daquele dia retornavam sempre, de novo e de novo para as atormentá-las.


França, 1936


Era final de outono na França, duas crianças alheias de todo o mal do mundo brincavam pelo jardim na grande mansão onde montes e montes de folhas se acumulavam, todos ordenadamente arrumados pelos jardineiros, apenas esperando para que sejam espalhadas pelos grandes pulos das meninas, fazendo com que todas as folhas voassem pelo céu caindo por todo o jardim de novo. A luz forte do sol passava por entre as poucas folhas que sobreviveram ao outono e continuavam firmes e fortes em seus galhos apenas esperando a neve chegar, a brisa gelada obrigava as garotas que usassem roupas mais pesadas e quentes mas isto não atrapalhava em suas corridas.
O final da tarde era o único horário vago das duas crianças pois como filhas de um bruxo importante, também eram cheias de obrigações, tais como: aulas de dança, música, idiomas, cultura, cálculos e o mais importante, magias e poções. Era íncrivel que duas crianças que não mais de 9 anos já estudassem tantas coisas, a maiorias das outras crianças só veriam metade dessas coisas após alguns anos em Beauxbatons. Eram prodígios em tudo que faziam. Entretanto, em meio a tantos estudos, a diversão ficava de lado e o final da tarde eram os únicos 30 minutos que podiam escapar das garras de sua mãe e as criadas.
A mãe delas era fervorosa e apaixonada, elegante e digna de ser a mulher do Ministro da Magia. Seu sonho sempre fora ser mãe e quando seu desejo finalmente fora realizado, abençoada com duas gêmeas lindas e saudáveis, ela não pudera ficar mais feliz, portanto, se preocupava de forma muito afobada e exagerada. Além de mãe apaixonada, também era uma das donas das maiores lojas de vestes bruxas da Europa, sendo assim, também muito conhecida fazendo com que suas filhas não pudessem desfrutar muito de lugares públicos. Uma vez ou duas no mês, sua mãe tinha que viajar para algumas conferências ou eventos, momentos estes muitos dolorosos pois odiava se despedir de suas filhas mesmo que fosse por uma hora. E aquele dia era um daqueles momentos.
A mãe havia saído logo de manhã e só voltaria após 3 dias e seu pai sempre ficava até mais tarde no trabalho resolvendo problemas legislativos do mundo bruxo. Angel e Louise finalmente conseguiram sair pra brincar e o dia estava fresco e lindo, apostavam corrida até os montes de folhas, brincavam de pique-esconde e de subir em árvores. O jardim era grande e composto por muitas árvores e arbustos dos quais alguns tinham formas, uns em forma de gato, outros em forma de cachorro mas o favorito das garotas era o arbusto de serpente que ficava do lado de uma fonte onde haviam alguns peixes. Era realmente um jardim magnífico.
Após bastante brincar, Angel se jogou na grama ao lado da irmã, ambas ofegantes e suadas mas ainda assim sorridentes.
— Louise? Quer ver uma coisa? — Perguntou para irmã, enquanto olhava o céu onde uma parte já era noite e a outra ainda avermelhada do sol se pondo.
— O que desta vez? — Perguntou não mostrando muito interesse.
— Oras, vai ser legal — Angel empurrou a irmã pro lado e levantou-se — Veja isto!


Angel olhou para algumas flores a sua frente e se concentrou por um tempo, tempo o suficiente para Louise se perguntar o que diabos ela queria que visse, até que finalmente uma coisa aconteceu. Duas rosas saíram da terra e flutuavam por suas cabeças, dançavam como se estivessem vivas até que uma parou em frente ao rosto de Louise e as pétalas acariciaram suas bochechas para então pousar em seu colo.
Louise com os olhos brilhando, olhou para a irmã com admiração.
— Como fez isto sem varinha, Angy? É incrível! — Comentou em meio a gargalhadas.
— É, não é? Eu sei, eu sou incrível mesmo! — Orgulhou-se a morena estufando o peito enquanto Louise revirava os olhos para a irmã que se gabava.
— Fala sério. Não fique se achando, se você consegue aposto que eu também consigo! — Louise se pôs de pé em um pulo, fechou os olhos e ficou uns minutos se concentrando, então pode sentir a magia correndo por suas veias e pulsando pelo seu sangue, seus cabelos laranjas voavam acariciando seu rosto e sentia uma brisa refrescante passar pelo seu corpo. Focou toda essa energia em um pensamento apenas, e então abriu os olhos.
— É, nada mal… — Angel sorriu olhando para para as diversas rosas que formavam um lindo desenho no chão.
Louise sorriu orgulhosamente de si mesma, olhando para o desenho de duas garotas de mãos dadas feitas completamente por rosas de diversas cores, colocou as mãos na cintura e provocou Angel.
— Eu disse que se você conseguiu eu também conseguiria… — O sorriso de Louise foi de ponta a ponta de seu rosto provocando um revirar de olhos engraçados em Angel, mas esta deixou para lá e focou no céu alaranjado que aos poucos se tornavam azul escuro dando início a uma noite que prometia ser fria. Suspirou lembrando-se de que logo precisaria entrar para mais algumas aulas antes de finalmente poder dormir. Louise se distraia brincando com as rosas fazendo-as flutuar e girar pelo ar de maneira divertida.
— Vamos Louie — chamou-a pelo apelido carinhoso que raramente usava, apesar de sempre unidas e compartilharem tudo, Angel não costumava expressar seus sentimentos. — Esta escurecendo e esfriando… Daqui a pouco Gabrielle começa a gritar que ficaremos doentes. Ainda temos uma aula antes de podermos descansar.


De fato não demorou muito para as garotas ouvirem Gabrielle gritando de dentro da mansão, mas diferente de todos os outros dias, desta vez não era um grito nervoso da empregada pedindo para que elas entrassem antes que ficassem resfriadas. Desta vez era um grito gutural horroroso e macabro. Jamais em suas vidas ouviram um som como aquele. No mesmo momento, as duas gêmeas estancaram diante da porta totalmente paralisadas, o grito cessou mas continuava a ecoar em suas mentes. No céu, já não havia mais nenhuma coloração alaranjada, o preto azulado tomou conta e não haviam estrelas, apenas a solitária lua cheia fazendo contraste com a imensa casa tornando-a mais assustadora do que nunca esteve. Não sentiam mais aquela sensação de paz e conforto de antes, apenas o frio passar por suas espinhas. Tudo estava silencioso agora, não podiam ouvir nem os insetos costumeiros de seu jardim. O silêncio gritava agora em seus ouvidos quase que as ensurdecendo.
Não saberiam dizer por quanto tempo ficaram paradas diante da porta, poderiam ser segundos ou horas, elas jamais saberão. Uma hora tiveram que reunir coragem, Angel observou os olhos verdes rubis da irmã que igual ela demonstravam o mais puro terror.
— Calma… Deve ser alguma brincadeira — Tentou tranquilizar sua irmã ao mesmo tempo que tentava parecer convincente para si mesma. Estava tão petrificada que poderia parecer que lançaram um Petrificus Totalus nela. — Vamos, precisamos ver o que aconteceu… Vai ver aquela boboca da Gabrielle deixou cair chá quente em suas vestes, sabe como ela é atrapalhada. — Apesar de dizer isso não acreditou em uma só sílaba, ninguém gritava daquele jeito por derrubar chá.
— Angel, não acho que seja uma boa ideia… — Sussurrou desesperada Louise segurando firmemente na mão da irmã. — E se tiver alguma coisa lá? Algum bixo papão? Papai dissera uma vez que eles eram terríveis. Devemos esperar alguém chegar.
— Não crie ideias doidas, Louise. Sabe que a casa é totalmente a provas de bichos papões. Devemos ir, e se Gabrielle tiver encrencada? — Angel sentia que sua irmã estava com a razão em não entrar lá mas não queria se entregar ao medo, era orgulhosa demais. — Vamos fazer assim então, fecharemos os olhos, contaremos até três e então sem pensar entraremos por aquela porta! E seja o que Merlin quiser… Ok?
Olhou em busca de compreensão nos olhos da irmã que apesar de contrariada concordou.
— Okay. Feche os olhos e conte comigo...1… - Fechou e apertou bem os olhos.
— 1...
— 2... — Deu um grande suspiro e juntou toda a coragem que havia.
— 2... — Sentiu a voz de Louise vacilar mas não abriu os olhos.
— ...3! Vamos. — Sem parar para pensar ou deixar Louise desistir, abriu os olhos e avançou porta a frente igual uma avalanche.


A mansão estava completamente escura e mortalmente silenciosa, não havia qualquer vestígios dos empregados ou dos elfos domésticos. A casa que antes era cheia de vida onde sempre havia gargalhadas e berros referentes às diversas traquinagens das duas agora nada mais passava de uma memória tão velha que parecia que nunca houvesse acontecido. Era como se toda a felicidade da casa tivesse sido sugada por um bicho-papão de fato. A luz da lua passava por entre as gigantescas janelas da sala de estar fazendo com que o local parecesse sombrio.
Louise prendeu a respiração e arregalou os olhos, Angel olhou para a direção em que seus olhos assustados olhavam. Mais uma vez as duas crianças assustadas tremeram, não pela corrente fria de ar e sim de medo pelo que viram.
Na entrada para o corredor em que levava para a cozinha, havia uma pequena poça de sangue, ainda fresco, do tamanho de uma goles de quadribol e o rastro continuava em pequenas gotas até o fim do corredor. O cheiro de ferro no ar invadiu o ambiente fazendo com que seus estômagos se embrulhasse.
Louise soltou a mão de sua irmã e se dirigiu até a mancha de sangue quase como se tivesse hipnotizada, Angel apenas a seguia cautelosa. Definitivamente isso não fora uma boa ideia, pensou, devíamos ter fugido enquanto ainda dava tempo. Nunca tinham visto tanto sangue, as únicas vezes era quando uma vez ou outra aprontavam e ralavam o joelho, mas ainda assim era questão de pequenas gotas. O enjôo passou a aumentar ainda mais quando chegaram perto do corredor onde a poça brilhava em um vermelho vívido e grotesco.
— Acho que você tinha razão, Louie — Angel sussurrou para a irmã dando alguns passos para trás querendo se afastar o máximo possível do sangue — Precisamos voltar e procurar por ajuda.
— Não! Temos que achar Gabrielle e ajudá-la, não podemos abandoná-la… E se tiver acontecido algo sério? Jamais nos perdoaremos — Relutou, apesar do medo escancarado em sua voz.
Angel frisou os lábios irritadas com a teimosia de sua irmã, olhava em direção a porta aberta onde ainda podia ver o jardim sendo iluminado pela luz da lua e depois em direção ao corredor longo e escuro com rastros de sangue no chão, e sabia que ir naquela direção jamais seria a escolha correta. Mesmo contrariada, olhou para o rosto de sua irmã amedrontada mas que forçava uma pose de coragem e acenou com a cabeça concordando.
Então, mais uma vez deram as mãos, mas desta vez pegaram a varinha e com ela apontada para o escuro exclamaram em uníssono:
— Lumus!
Assim as pontas de suas varinhas emitiram uma luz forte, fazendo com que pudessem enxergar por entre as penumbras.
Quando chegaram à cozinha fizeram a coisa mais lógica que qualquer criança bruxa faria, com um aceno da varinha, acenderam as luzes, a claridade por um momento as cegou e segundos depois retornou para o que parecia ser um pesadelo. O piso de madeira reluzente sempre encerado pelos elfos estava manchado de sangue, assim como os móveis de sua mãe, todos os mais modernos, agora pareciam cena de algum conto de terror. Havia um enorme balcão americano no meio onde uma grande trilha de sangue se estendia, como se alguém houvesse sido arrastado por algum animal. Talvez um lobisomem. Ambas se aproximaram cautelosamente, mas nada havia lá além da grande poça de sangue onde estranhamente se acabava o rastro, foi quando se aproximaram que sentiram gotas pingando do teto em seus rostos, ao passar a mão viram que se tratava de gotas de sangue.
O coração de ambas parou ao levantarem os olhos e perceberem que Gabrielle, sua criada, se encontrava flutuando no teto, a cabeça pendendo para trás e os olhos abertos esbugalhados e completamente brancos, sem vida. Sua boca fazia um 'o' perfeito e sangue saia por entre seus ouvidos, olhos e boca… Na verdade, não havia local onde não tivesse sangue escorrendo, seu cabelo que antes era um amarelo vivo e bonito, ficará vermelho e grudento e balançava pelo ar.
Angel e Louise deram passos para trás, recuando querendo fugir e fazer com que a aquela imagem horrorosa saísse de suas mentes, foi quando ouviram um riso vindo por trás e um vulto preto se moveu rapidamente para suas frente.
Um homem tomou forma e se postou em pé ao lado de onde Gabrielle flutuava por entre o teto. Ele riu mais uma vez, não podiam ver seu rosto por entre o capuz negro que usava mas podiam imaginar sua boca contorcida em um dos cantos formando um sorriso macabro. Sua varinha apareceu por entre as longas mangas e ele apontava para o teto onde Gabrielle estava, e então ele começara a brincar com a criada fazendo com que seu corpo rodopiasse por toda extensão da cozinha. Um cena bárbara.
Nenhuma das duas tinha voz para gritar ou pedir por ajuda, em vez disso se mantinham paralisadas pelo perigo eminente. Ele finalmente parou de rir e olhou para elas, os olhos eram escuros mas podiam ver um brilho maldoso nele.
— Ora, não foi tão difícil assim achar vocês afinal — o som de sua voz ecoou por entre o ambiente, era sarcástica e maléfica. Deu um giro com a varinha e fez com que Gabrielle despencasse do teto e atingisse o chão com um baque enorme, puderam ouvir cada osso do corpo da criada se espatifar e quebrar com a altura. Então, molenga, ficou no chão com os olhos ainda abertos e vidrados as encarando.
Sentiram medo, muito medo, mas não conseguiam se mover. Mais dois homens entraram pela porta, todos estavam vestidos com mantos negros e capuzes que escondiam suas faces. Queriam correr e se esconder, mas já era tarde demais para fugir. Um homem mais velho abaixou a capa e podia-se ver perfeitamente seu rosto medonho, cheios de cicatrizes profundas e marcas de queimaduras, ordenou que os outros as pegassem. Louise sentiu um enorme puxão e foi arrastada para a sala pelos cabelos e a jogaram com força de encontro com a parede, e então ela sentiu seu braço se quebrando, e uma dor aguda passar por seu corpo. Já não estava mais conseguindo discernir as coisas, ouviu quando sua irmã gritará ao ser atingida por um soco, quis gritar para que a deixassem em paz mas estava sem fôlego. Não conseguia sentir seu braço e sua visão estava embaçada. Seu corpo ainda era muito minúsculo e fraco.
— Você é muito bonita — Sorriu para ela — Quantos anos tem mesmo? Nove não? Tem uma beleza extraordinária, pena que terei que machuca-la… Mas isso não significa que não irei abusar um antes – Acariciou sua bochecha. Ria de tal forma que seu rosto ficava mais desfigurado e bisonho do que já era. — Não me olhe assim criança, culpe seu pai por isto. Ele pegou algo que meu chefe quer…


Neste instante diversos homens entraram na sala e pode ouvir Angel ao seu lado, olhou para ela e percebeu que ela tinha uma parte de sua face vermelha, provavelmente de uma bofetada que levará – Então, temos aqui a irmã… Gêmeas. Será um prazer corromper estas purezas… – Aproximou-se delas e segurou com as mãos que mais pareciam garras em seus pescoços.
— Eu preciso de algo que seu pai tirou do meu chefe, algo muito valioso. Então, iremos tirar algo valioso de seu pai também. É uma troca justa, não acha? — Levantou-se e circulou pela sala. Angel estava tão encolhida que poderia entrar dentro de si mesma até desaparecer e Louise tremia enquanto as lágrimas de medo as cegava. Parou mais uma vez em frente delas mas desta vez agarrou os dedos no cabelo de Angel e a levantou até a altura de seus olhos. Suas curtas pernas chutavam o ar desesperadamente enquanto chorava de dor no couro cabeludo, sentiu então uma garra passar por suas bochechas e em seguida um queimação nela e sangue pingando pelo seu rosto.
— Uma linda pele parecida com uma boneca de porcelana, que logo estará quebrada igual uma. — Mexeu em seus bolsos e tirou sua varinha, apontou-a para o peito ofegante de Angel e sem exitar lançou uma das maldições imperdoáveis. Crucius. Um grito ensurdecedor tomou o local, ele a jogou mais uma vez no chão e a chutou mas ainda manteve a varinha recitando o feitiço fazendo com que ela se contorce-se ainda mais, seus olhos começaram a sangrar assim como as orelhas e a boca. Não parecia mais haver vida além de dor saindo do corpo, seus olhos estavam revirados e apenas o sangue escorria pelas bochechas brancas cada vez mais pálidas.
Louise gritava também como se sentisse a dor de Angel, pedia e implorava para que parassem, não sabia o que fizeram para merecer aquilo mas só queria que parassem de machucar sua irmã. As lágrimas começaram a sair vermelhas e ela começou a cuspir sangue.
Os outros homens que antes só observavam a cena, rindo, se colocaram em frente a Louise. Ela já não conseguia enxergar pois as lágrimas de sangue começara a secar e impedir que conseguisse abrir os olhos, apenas sentiu quando mãos brutas seguraram em seu cabelo e a jogaram mais uma vez contra a parede. Pode sentir chutes e socos em seu corpo, sentiu mais uma parte do seu corpo quebrando e só pararam quando decidiram que era a hora de lançar o cruciatus.
Agora, ambas as crianças sofriam da pior dor do mundo que muitos adultos não aguentaram na vida. E foi assim por longos minutos que pareceram semanas. Medir o tempo sob tal maldição era impossível. Quando finalmente pararam, as irmãs finalmente acharam que seria a hora que mais desejavam, a da morte. Não pensavam em mais nada além do alívio que seria não sentir mais nada. Infelizmente não fora isso que aconteceu, os homens a seguraram bruscamente pelos cabelos para que as garotas ficassem em pé. Tentaram abrir os olhos mas tudo que conseguiram ver era um sala cercada de homens encapuzados e somente seus sorrisos medonhos eram visíveis e as risadas ecoavam.
Angel sentiu suas roupas serem rasgadas com brutalidade, sentiu o frio passar pelas suas costas que agora estavam roxas dos hematomas e das costelas quebradas, não entendia o que estavam fazendo e o por que de rasgarem suas roupas. Mãos passavam pelo seu corpo a puxando e a socando mas não conseguia responder a nada pois metade do seu corpo já estava destroçado. Sentiu uma coisa pontiaguda passar pela sua pele deixando rastros de ardência que passou pela sua barriga indo do umbigo até a ponta dos seios. Algo duro a pressionou fortemente em sua parte íntima e logo em seguida sentiu como se estivesse sendo rasgada ao meio, ousou chorar de dor mas lhe deram mais um soco na cabeça. Gemeu ao sentir que a pressão em suas partes íntimas começarem a ficar mais fortes e rápidas, queria fugir mas não tinha como se mexer, não sentia suas pernas ou braços pra relutar. Ouvia sua irmã do lado soluçando, tentou abrir os olhos para vê-la. Vários homens a cercavam também, ela estava nua também e deitada de bruços no chão enquanto um homem enorme estava em cima dela fazendo movimentos estranhos, não conseguiu ver mais do que isso pois foi jogada contra o chão enquanto cravaram uma faca em uma parte de seu abdômen que a fez ofegar de dor.
A maldição imperdoável foi lançada mais uma vez enquanto lutava para respirar, fazendo com que se contorce-se. Cercada por todos os lados, um monte em cima dela pressionando fortemente mais uma vez lá em baixo. A maldição fazia com que não conseguisse discernir de onde vinha mais dor, dos ossos quebrados, da faca cravada, da maldição ou por estar sendo rasgada ao meio por dentro.
— Sabia que você fica mais apertada ainda se retorcendo de dor? — Sussurrou em seu ouvido, enquanto se pressionava mais forte e rápido por entre suas pernas. Não entendeu o que aquilo significava.
Louise sentia como se estivesse recebendo o beijo de um dementador, como lera em um livro há pouco menos de um mês. Sentia a vida se esvaindo de seu corpo. Quando olhou pra Angel, que tinha os olhos quase que completamente cerrados, em um semi olhar, sentiu como se estivessem unidas como uma só, então gritou pela última vez.
Angel gritou e amaldiçoou. Ouviu sua irmã fazendo o mesmo, não demorou muito para que ambas estivessem gritando juntas ferozmente, seus pulmões perfurados, logo elas sentiam o resto de suas vidas se esvaindo, mas nunca morriam. Foi então que suas consciências se desligaram do mundo.
Suas almas que antes eram inocentes e puras, crianças protegidas de um mundo exterior e de sua maldade, perversidade; foram se quebrando aos poucos, todas as coisas boas foram se esvaindo, sobrando apenas a dor e o ódio. Todo aquela dor foi se transformando em algo muito maior e mais cruel do que o ato daqueles bruxos, um poder incontrolável guardado na alma… Angel e Louise agora já não passavam de um corpo quase sem vida, já não tinham mais voz para gritar, nem mais lágrimas para chorar. Foi quando tudo se apagou.



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Autor(a): jovanaserafini

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