Fanfics Brasil - Segredos e Mentiras Herdeiras da Serpente

Fanfic: Herdeiras da Serpente | Tema: Harry Potter


Capítulo: Segredos e Mentiras

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                                                ⤘ ANGEL POINT OF VIEW ⤘


     Não demoramos a chegar em nossa hospedagem. Era uma pequena casa escondida no centro de Londres, foi cedida pelo Ministério da Magia para que ficassemos seguras, desde aquele ocorrido anos atrás vivíamos sob intensa vigilância e o único lugar que tínhamos paz era em Beauxbatons.
    Após o atentado de Grindewald, foi praticamente um milagre termos sobrevivido, e nossas vidas nunca mais foram as mesmas, foram anos de terapia e nossa mãe com certeza não mediu esforços para ficarmos bem. Mas Grindelwald ainda estava por ai, agora mais forte do que nunca e furioso.
    Eu e Louise não lembramos nada do que ocorreu depois, havia sobrado apenas dor. Nunca descobriram o que houve com os bruxos que nos atacaram e isso deixava uma lacuna enorme de dúvidas. Encontramos a vida de novo na magia, em nos manter fortes e preparadas mas sabia que uma parte de nós havia morrido junto com eles.


    — Irei pedir aos elfos para preparar algo para comermos — nossa mãe falou tirando o casaco fazendo o flutuar até o cabide. — Vão tomar um banho. — disse se afastando para a cozinha.
    Subimos para nosso quarto e lutei intensamente contra a vontade de me jogar na cama.
    — Pode ir primeiro, eu irei arrumar nossas coisas. Parece que ficaremos aqui por um tempo — Louise disse enquanto abria a mala e balançava a varinha para que as roupas se arrumassem no armário. Ser filhas do Ministro era uma grande vantagem, podíamos usar magia a vontade fora da escola sem ter que esperar a maioridade bruxa.
    Concordei e segui para o banheiro, agradeci a Merlin quando vi que havia uma banheira já com água quente me esperando. Me despi com apenas um aceno de varinha e me coloquei rapidamente debaixo da água. Fiquei um longo tempo ali de olhos fechados apenas respirando. Quando abri os olhos fiquei observando a espuma que se formava a minha volta, ela tampava todas as cicatrizes para que eu não pudesse as ver mas sabia que estavam lá e que teria que carregá-las para o resto da vida. Para me lembrar do dia em que morremos.
    Passei a mão por uma cicatriz em transversal no meu braço. Eu precisava sentir de novo, pensei quando conjurei em minha mão um pequeno punhal de prata com uma esmeralda na ponta. Fazer magias avançadas sem varinha já não era segredo para nenhuma de nós. Passei o punhal por cima da velha cicatriz com força o suficiente para provocar um corte profundo, e fechei o olhos sentindo a ardência se alastrar por todo meu braço. O sangue escorria para a água em grande quantidade fazendo o vermelho se intensificar. Logo, toda a água ficou contaminada com meu sangue. Suspirei prazerosamente.
    A dor passou a ser minha melhor amiga desde aquele dia. Diferente de muitas pessoas eu não fazia aquilo pois queria morrer ou substituir a dor emocional por uma física, não queria chamar atenção. Eu fazia isso simplesmente para me recordar de que ainda estava viva apesar de tudo. Mas como sempre, ela acabava. Sempre que chegava em um ponto crítico em que eu já estivesse quase sem sangue e muito pálida,  a ferida se curava sozinha. Algo não me deixava chegar até o fim.
    Observei enquanto a fenda em meu braço se fechava e o sangue magicamente voltava a circular nas minhas veias. Eu tinha certeza que essa magia protetora que impedia que morrêssemos era responsável também pela morte dos bruxos que nos torturaram, e também pelo o que aconteceu em Beauxbatons, só não sabíamos explicar o que era e porque com a gente.
    A água estava limpa de novo, sem qualquer sinal de sangue.
    — Angel? — Louise abre a porta adentrando no banheiro. Saio da banheira me enrolando na toalha. Ela cruza os braços me analisando.
    — Desculpe a demora, é sua vez. — evito olhar em seus olhos.
    — Você não deveria ficar arriscando-se, sabe que pode ser perigoso — sua voz acusadora sabia do que falava, Louise era menos instintiva do que eu. Eu sabia que ela também apreciava a sensação mas ela não arriscaria até entender o que era aquilo.
    — Você acha que o que nos protege pode se desgastar um dia? — disse sarcasticamente.
    — Talvez sim, talvez não. Enquanto não sabermos do que se trata deveríamos evitar ativar essa… coisa.
    — Antes que mais alguém se machuque, não é? — provoquei lembrando-a do que aconteceu em Beauxbatons, ela desviou os olhos concordando.
    Me aproximei dela e segurei seu rosto fazendo-a com que olhasse nos meus olhos sem poder desviar. Seus olhos eram iguais aos meus, verdes vivos que destacavam da pele branca e os cabelos demasiadamente laranjas.
    — Eu sei que você também necessita disso — disse a ela sorrindo e antes que ela pudesse notar a cortei na parte exposta de seu braço com o punhal que havia conjurado na banheira. Não fora um corte profundo igual ao que eu fizera em mim mesma, era apenas um leve corte para lhe dar um gostinho. Ela deu suspiro de dor misturado com prazer, senti ela tentando se afastar de mim mas não a deixei, segurei-a com força. Eu podia sentir o que ela sentia e sabia que ela desejava aquilo. — Vê? Você também deseja isso. Não precisa ficar tão receosa.
    — Não é receio — ela me respondeu finalmente se soltando e afastando-se — apenas não acho que isso seja saudável. — observou a ferida que sangrava, colocou a mão em cima para estancar o sangue e murmurou alguns feitiços, quanto tirou a mão o corte já não estava mais lá.
    — Você quem sabe — dei de ombros rindo enquanto me dirigia para fora do banheiro. Muito esgotada para colocar uma roupa simplesmente me joguei no cama, o cheiro de torradas invadia o local dando sinal que logo logo a janta estava pronta. Acabei adormecendo até ser acordada bem mais tarde por Louise que chamava para ir comer.


Havia uma extensa mesa com muito mais coisas que torradas, havia doces e variados salgados. Pensei imediatamente que aquilo era coisa demais para somentes três pessoas quando minha mãe comentou:
    — Vamos receber visitas, lembrem-se dos modos — ela trajava uma de suas mais belas vestes cor bordô com diversas camadas com variadas tonalidades e detalhes em tule. Combinavam graciosamente com seu cabelo vermelho sangue e destacam os olhos azuis-piscina. O cabelo estava preso em um penteado magnífico, havia um coque que lembrava uma rosa e o resto do cabelo caia pelas costas em cascata. Algo dizia que quem quer que estivesse vindo era alguém importante.
    — Quem está vindo, mãe? — Louise perguntou curiosa para a mãe que agitadamente organizava a mesa.
    — O Ministro da Magia da União Européia, Leonard Space-Moon e o seu pai. Eles têm assuntos a tratar e também resolver algumas coisas sobre vocês… — respondeu nervosa evitando nos olhar. Era claro que ela escondia alguma coisa de nós. Desde o acidente que acabamos sendo envolvidas em Beauxbatons todos tem estado cheios de segredos e desconfianças.
    — Mãe, por quê Dumbledore nos ajudou? — perguntei enquanto ela desviava da gente para a cozinha.
    — Dumbledore é um bom homem.
    — De certo ele é, mas ainda não justifica ele ajudar duas garotas suspeitas de assassinato e tortura, não é?  — notou sua mãe suando frio. Quando iria arrancar dela a verdade ouviu-se o toque da campainha e logo ela saiu correndo para atender aproveitando para driblar dos questionamentos complicados.
    Fiquei na soleira da porta observando junto de Louise enquanto nos preparamos para colocar um sorriso na cara e fingir ser as garotas mais adoradas da cidade, o que certamente era mentira, neste momento existe uma família de luto por nossa causa.
    — Boa noite, amor — meu pai entra pela porta seguido de um velho bruxo que trajava um sobretudo preto e um chapéu coco, roupas muitos semelhantes aos trouxas britânicos. — Hoje o ministério estava uma loucura, acabamos nos atrasando.
    — Boa noite, querido — ela responde enquanto ajudava-o a tirar o casaco. — Boa noite, Leonard. Quanto tempo. — ela sorri para o bruxo que tirava seu chapéu revelando o cabelo grisalho.
    — Boa noite, Margot. Esta encantadora como sempre, Arthur tem muita sorte. — ele se aproxima beijando as costas da  mão de minha mãe num gesto cavalheiresco.
    — É, joga esse charme para lá Moon. — Arthur respondeu emburrado. Minha mãe revirou os olhos rindo levemente do ciúmes do meu pai achando graça.
    — Ignore-o, venha conhecer nossas filhas — esta era nossa deixa para nos aproximarmos. — esta é Angel, a mais velha.
    — Prazer Sr. Ministro — curvei-me suavemente cumprimentando-o.
    — E esta é Louise — minha irmã repetiu minha ação, sorrindo gentilmente.
    — Então essas são as encrenqueiras, hn? — sorriu para nós. Eu achava incrível como as pessoas estavam lidando como se fosse uma piada o que aconteceu. Uma pulga atrás da minha orelha me dizia que o dedo de meu pai e Dumbledore estavam por trás disso. Ao julgar que o sorriso da minha mãe deu uma leve oscilada e meu pai desviou o olhar para a direção esquerda, alguma mentira tinha aí. Ah, isso seria divertido.
    Nos sentamos a mesa, comi em silêncio apenas prestando atenção nas besteiras que conversavam. Louise estava sentada na minha frente, ela me olhou e logo pude perceber que ela também analisava os adultos a mesa na esperança de captar alguma pista sobre nossa situação. Apesar de termos sidos poupadas de Askaban, não acreditava que fosse assim de graça, ela sabia que estavam escondendo alguma coisa de nós.
    Quando chegou a hora da sobremesa e nem eu e nem ela conseguimos qualquer coisa útil além de diversas piadas sem graças e uma conversa entediante sobre as burocracias de ser um Ministro. Decidi então quebrar o meu silêncio:
    — O que vai acontecer com a gente? — perguntei descontraída enquanto levava uma colher de sorvete de morango a boca. Um barulho de talher batendo fortemente nos pratos foi ouvido na sala de jantar que agora estava completamente em silêncio.
    — E por que aconteceria alguma coisa com vocês querida? — o ministro ri de minha pergunta. Estavam nos tratando como crianças, segurei firme a colher em minha mão.
    — Deixa eu ver, somos as principais suspeitas de um assassinato e tortura, e tem uma família de luto que espera respostas sobre quem foi o responsável. — alguns objetos atrás de mim começaram a flutuar mas não tinha percebido até Louise me dar um leve chute por debaixo da mesa.
    — Vocês foram inocentadas, não há com o que se preocupar — ele disse compreensivo, mas seus olhos mostravam um pouco do susto pelo meu descontrole mágico — seja lá quem foi o responsável, iremos atrás dele.
    — Queridas, hora de dormir. Seu pai e Leonard tem assuntos a resolver. Subam já. — minha mãe interrompe rapidamente se levantando da mesa, com a varinha fez com que toda as sobremesas e pratos em cima da mesa voassem de volta para a cozinha.
    Contrariadas, subimos para nosso quarto.
    — Estão escondendo algo, você percebeu, não é? — perguntei a Louise do meu lado na cama.
    — Sim. Mas, o que será?
    — Não sei. — respondi olhando para o teto pensando nos últimos acontecimentos desses anos. Parecia séculos desde que eram apenas crianças brincando no jardim de casa, um tempo que podia ser lembranças felizes hoje pareciam ser fantasmas que a aterrorizava toda noite.
    


                                                       ⤘  End of Angel’s Point of View ⤘  


    — Vamos para o escritório, lá terá mais privacidade — Arthur acompanhou o colega Leonard Space-Moon até a sala no final do corredor. Margot seguiu atrás deles e trancou a porta, conjurando um feitiço de silêncio logo em seguida. A mulher esfregava as mãos levemente suadas uma na outra em um perceptivo sinal de ansiedade e nervosismo.
    A parede eram compostas por longas prateleiras com diversos livros, era levemente iluminada por velas e havia poltronas aconchegantes. Arthur e Margot sentaram-se um do lado do outro.
    — Sua filha é bem inteligente, Margot — Leonard que estava sentado em suas frentes comentou, já sem o sorriso idiota e toda simpatia que tinha durante o jantar. — Elas sabem que estamos escondendo algo.
    — O que iremos fazer? — Arthur perguntou segurando a mão de sua esposa — A poção não está mais funcionando, receio que logo elas não terão mais controle.
    — É uma grande dúvida mesmo, por isso que deixá-las sob a supervisão de Dumbledore é a melhor escolha. Queria que ele mesmo tivesse vindo aqui hoje, mas acho que o final do ano letivo em Hogwarts o segurou lá. Ele que me contou da situação.
    — Perdão, mas como Dumbledore poderia saber alguma coisa? Sempre fomos de especialista a especialista atrás de resposta e ninguém soube responder o que acontecia. — Margot respondeu descrente.
    — Você não conhece ele como eu, ele não tem só nome e reputação. Se ele veio até mim falando sobre esse caso é porque ele sabe de alguma coisa. Deixa eu perguntar, a situação ficou pior após o atentado de Grindewald, certo? — a pergunta fez os pelos do antebraço de Arthur e Margot arrepiarem completamente.
    Margot lembrava apenas da sensação de desespero e medo. Estava em uma feira internacional de moda e teria que fazer uma palestra, odiava ter que ficar longe de suas filhas e toda viagem longa era um sofrimento. Quando voltou para o hotel em que ficou hospedada já era tarde da noite e foi ai que tudo pareceu se perder de sua memória, o medo e a aflição tomaram conta dela que mal podia lembrar como chegou em casa, parecia que estava em transe. Lembrava de muitos bruxos ao redor dela, uma sala muito branca de hospital e sangue. Se não fosse Arthur do seu lado, ela não teria suportado.
    — Sim. Piorou… — Arthur respondeu depois de alguns minutos, tirando Margot de seu devaneio. Ele pinçou o nariz nervosamente com os dedos.
    — Começou naquela noite então… — concluiu o ministro — Bem, a situação com Beauxbatons foi resolvida por enquanto, não é Arthur?
    — Sim, sim. Tive que mexer uns palitinhos escondido mas já resolvi… Muitos no departamento duvidam de mim, acham que estou as privilegiando por serem minhas filhas. Acho que estão tentando me tirar do cargo.
    — E a família da vítima?
    — Os Buck são uma família desestruturada, a mãe trabalha em um bar bruxo num bairro muito pobre e o pai é um aborto. A garota, Mellorie, ela tinha mais cinco irmãos… É perturbador como a notícia não pareceu surpreender eles. — respondeu tristemente. Ele odiava saber desses casos de famílias pobres, era responsabilidade dele resolver esses problemas mas as burocracias do trabalho o impedia de fazer muita coisa.
    — Lamentável, mas isso nos dá uma vantagem. Seria um problema se fosse de uma família rica. — Leonard disse sabendo o quão insensível isso poderia parecer. — Acreditem em Dumbledore, quando ele me procurou falando sobre o caso eu achei loucura mas confio no homem. — Arthur e Margot concordaram, Leonard levantou e consultou seu relógio de bolso. — Preciso ir, já esta tarde.
    — Te acompanho até a porta — a mulher levantou-se rapidamente da poltrona, louca para se livrar daquele assunto.
    Na porta, Leonard pegou seu chapéu e saiu pela porta se despedindo. Margot voltou para o escritório onde seu marido continuava sentado, suas mãos tampava seu rosto. Ela o abraçou e ficou assim por longos minutos, pensando no que fariam agora.
    — Elas vão ficar bem — disse a ele para confortá-lo, mas a realidade é que não sabiam com o que estavam lidando e que rumo isso iria tomar. Só lhes restavam colocar as últimas de suas esperanças em um bruxo, Alvo Dumbledore.




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Autor(a): jovanaserafini

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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