Fanfics Brasil - Bem-vindas à Hogwarts Herdeiras da Serpente

Fanfic: Herdeiras da Serpente | Tema: Harry Potter


Capítulo: Bem-vindas à Hogwarts

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Quando o trem finalmente parou já havia crianças dos primeiros anos se empurrando para sair em uma pequena plataforma escura, esperamos a maior parte da multidão sair para finalmente conseguirmos descer. Senti meu nariz congelar com o vento gelado da noite. Uma luz era agitada entre os alunos enquanto um funcionário de Hogwarts gritava para que os primeiros anos o seguissem. Eu e Louise esperávamos uma do lado da outra a pessoa que Dippet disse que iria mandar para nos guiar.
    Um garoto pigarreou atrás de nós.


— São as irmãs Duerre de Lioncourt? — ele perguntou educadamente, mantendo um sorriso belo no rosto e uma pose de perfeita etiqueta.
            — Sim —  respondi olhando-o de cima a baixo. Ele era alto e pálido, de cabelos e olhos negros, tinha um físico forte e uma aura sedutora. — E você deve ser a pessoa que Dippet enviou, certo? — sorri confiante estendendo a mão para ele.
         — Meu nome é Tom Riddle. Sou monitor da Sonserina e sim, sou o responsável por apresentar o castelo à vocês. É um prazer conhecê-las senhoritas. — ele disse me cumprimentando e a Louise tão educado que parecia ter feito as mesmas aulas de etiquetas que a gente.
    —  Muito prazer —  Louise e eu dissemos em uníssono. Eu claro, com um tom de malicia na voz, e um sorriso um tanto quanto provocante. Senti Louise me cutucando levemente pela minha indiscrição. Ele não pareceu se importar, em vez disso retribuiu com um sorriso torto, sabendo a impressão que causava nas pessoas, em especial nas garotas. Mas o que mais me chamou atenção nesse garoto não foi sua beleza, ela tinha grande presença e eu podia sentir. Apesar de não poder conceituar ao certo o que havia de diferente com ele.  
    — Por favor, me sigam —  ele disse mostrando-nos o caminho — é de costume os alunos do primeiro ano irem de barco para terem uma apresentação de Hogwarts inesquecível. O diretor achou que seria meio injusto vocês não terem a mesma experiência e reservou um barco apenas para nós…
    Seguimos ele por um caminho íngreme e estreito. Viramos numa curva onde pudemos ter uma visão ampla do castelo, encarapitado no alto de um penhasco na margem oposta do imenso rio negro, as janelas cintilavam junto às estrelas que refletiam na água.
    Eu e minha irmã acabamos soltando uma exclamação de surpresa pela paisagem.
    — Nós já viemos aqui — falei — mas realmente essa é uma ótima vista de apresentação do castelo.
    — Achei que iriam gostar — ele concordou se encaminhando para uma flotilha onde restava apenas um pequeno barquinho junto à margem —  todos os outros já foram, venham, estamos um pouco atrasados.
    Me acomodei do lado de Louise e Tom sentou-se atrás de nós, o barquinho começou a deslizar sozinho pelo lago que era liso como vidro. Nossos olhos estavam fixos na beleza do castelo que refletia sobre as águas negras.
    — E muitos dizem que Beauxbatons é a academia mais bonita — comentei debochada — , sinceramente, Hogwarts tem um ar sombrio admirável.
    — É maravilhoso —  Louise concordou, ambas sentindo o coração palpitar mais rápido fazendo aquela sensação peculiar de pertencer àquele lugar voltar. Era estranho pois não pertencemos, Hogwarts não aceitava estrangeiros e tinha uma rígida regra com isso, todos os alunos eram escolhidos pela Pena da Aceitação e o Livro da Admissão.
    Tom se manteve em silêncio, concentrado observando a paisagem. Observei discretamente como o garoto parecia ser um tanto misterioso, ele tinha algo de familiar mas não conseguia saber o que.
    À medida que nos aproximávamos do castelo ele se agigantava, tivemos que abaixar a cabeça para uma cortina de hera que ocultava uma larga abertura na face do penhasco e então fomos impelidos por um túnel escuro que parecia levar para debaixo do castelo até uma espécie de cais subterrâneo onde desembarcamos subindo e pisando em pedras e seixos.
    — Lumus — sussurrou Tom acendendo a ponta de sua varinha —, por aqui —  ele disse entrando em uma passagem aberta na rocha. Acendendo a ponta de nossas varinhas também, o seguimos até sairmos finalmente em um gramado fofo e úmido à sombra do castelo.
    Atravessamos uma escada de pedra, o resto dos alunos do primeiro ano já estavam lá parados no saguão em espera à frente de uma enorme porta de carvalho.
    — Estão esperando pela Cerimônia de Seleção — Tom informou — vocês não precisam esperar. Devem estar com fome, vamos dar a volta entrar pela lateral do salão.
    Cruzamos pelas centenas de alunos de primeiro ano que suavam frio em êxtase e virando um corredor pudemos enxergar uma pequena passagem que dava para o Grande Salão. As paredes de pedra eram iluminadas por diversas velas flutuantes e o teto era uma perfeita representação do céu estrelado lá fora. E eu jurava que dava até para sentir a brisa fresca da noite passar por nós.
    O resto da escola já estava lá dentro sentados, divididos em quatro extensas mesas.
    — Bem-vindas à Hogwarts —  Tom disse finalmente. Seus olhos fixaram-se nos meus e eu pude ver que eles não eram simples pérolas negras, mas havia um brilho muito conhecido e peculiar. Hipnotizantes e sedutores. — A mesa da Sonserina é aquela última à direita, eu terei que ajudar na cerimônia então é aqui que nos separamos, por enquanto, nos encontraremos mais tarde para eu guiá-las para o dormitório.
    — Esperarei ansiosa — respondi, ainda presa em seus olhos enigmáticos e estranhamente familiares, e ele correspondia na mesma intensidade. Louise pigarreou ao meu lado fazendo-me voltar a terra assim como ele, que logo nos deu espaço e se foi lançando-me um último sorriso enigmático. Talvez seja essa a melhor palavra para descrever aquele garoto. Enigmático.
    — O que? — perguntei cinicamente a ela que apenas levantou uma sobrancelha, coisa que ela sempre fazia quando me questionava sobre algo.
    — Poderia parar de flertar por um momento? — ela respondeu revirando os olhos. Eu ri


— Hm…Acho que não. É mais forte do que eu… — zombei — Não é isso, há algo de estranho nele.
    — Sim, eu senti isso também, e nem por isso eu flertei com ele. Certo?  — riu me provocando.
    — Está certo, está certo… Ele é um gato mesmo. Enfim vamos… — murmurei revirando os olho. Seguimos para a mesa destinada a nossa casa e uma mão no meio dos alunos levantou e acenava para a gente.


    — Meninas, aqui!
     Era Walburga, a garota do trem, que nos chamava ao mesmo tempo que dava um empurrão em um garoto distraído ao lado para abrir espaço para nos sentarmos.
    — Pensei que tinham se perdido, não as vi nas carruagens — ela comentou enquanto sentávamos.
    — Não viemos de carruagens — Louise respondeu —, viemos de barco.


— Junto com o primeiro ano? — perguntou incrédula.


— Sim e não, na verdade viemos apenas com o monitor da Sonserina, acho que era Tom Riddle o nome dele.
    — Sério? — uma garota ao lado de Walburga se intrometeu —  Que inveja! Muitas garotas aqui dariam os braços e pernas para ficarem sozinhas com ele num passeio romântico pelo lago negro à luz do castelo e das estrelas — disse sonhadora e suspirando.


— Não foi bem assim — Louise respondeu, achando graça da imaginação da menina.
    —  Garotas, essa intrometida e sonhadora é minha prima mais nova — Walburga disse desgostosa como se sentisse vergonha da garota.
    — Lucretia Black — nos cumprimentou — estamos no mesmo ano, então teremos aulas juntas! — A garota disse sorridente, ela tinha cabelos cacheados e pretos, sua pele era demasiadamente branca e pálida, como era de costume da família Black.
    Após um tempo conversando, além de Walburga e Lucretia Black também conhecemos Órion Black, irmão de Lucretia, que estava no 3° ano, e também Dorothea Parkison.
    Órion tinha apenas treze anos mas não deixava passar uma investida em Walburga, que de todas as maneiras tentava mostrar não se importar mas eu e Louise percebemos a pele levemente corada toda vez que o garoto se dirigia a ela, e assim descobrimos o primeiro romance do castelo. Que emocionante.
    A Cerimônia de Seleção começou e diversos alunos entraram pela porta principal do Salão, todos com vestes sem emblema de casas e chapéus pontudos. Eu já não aguentava mais esperar de tanta fome e quando finalmente o último foi selecionado para a Lufa-Lufa, eu mal tive tempo de respirar ao ver o banquete ser materializado na minha frente, composto de diversos tipos de comida: rosbife, galinha assada, costeletas de porco e de carneiro, pudim de carne, ervilhas, cenouras, molho, ketchup e doce de hortelã.
    — Então… O que vocês fizeram exatamente para serem expulsas de Beauxbatons? —  Dorothea perguntou curiosa enquanto tomava a terceira taça de suco de abóbora. Sabíamos que uma hora ou outra alguém perguntaria sobre isso. Louise respondeu a esta pergunta um tanto quanto calma demais:
    — Uma garota invadiu nosso dormitório de noite e tentou nos atacar, mas acontece que usamos um feitiço de proteção e o feitiço que ela usou era magia negra. Saiu pela culatra e ela acabou sendo atingida pelo próprio feitiço.
    Algumas pessoas na mesa fizeram silêncio após a explicação simples e quase sincera de Louise, que continuava a tomar seu sorvete de morango tranquilamente. Era verdade que a garota veio nos atacar, mas não diria que o feitiço dela saiu pela culatra, ela apenas teve o azar de lançá-lo em nós. Acabei deixando para lá, Louise tinha tudo sob controle então continuei comendo meus docinhos de hortelã.
    Logo após o banquete, o diretor Dippet se levantou de sua cadeira e pediu silêncio.


    — Sejam muito bem-vindos a mais um ano letivo em Hogwarts. Esse ano tivemos uma inesperada mudança, e sei que muitos estão questionando. — O salão de repente ficou silencioso e todos estavam na expectativa — Duas alunas estrangeiras irão estudar com vocês pelos próximos anos, é algo inédito na história do castelo desde que ele foi fundado, mas, espero que vocês compreendam e as aceitem como a todos os novatos! Qualquer ato de desrespeito ou preconceito com elas, será a mim também e terá graves consequências. — Terminou de falar olhando para cada rosto sentado à mesa. Após isso ele sorriu e apenas continuou dando uns avisos chatos e óbvios (não me diga que não podíamos ir a floresta negra? Jurava que poderíamos ir lá domesticar uns lobisomens), logo todos foram perdendo o interesse e voltaram a fofocar. Senti muitos olhares em nós e não duvidava que seríamos o maior foco delas.  


    Depois de cantarmos um hino um pouco sem noção da escola, finalmente nos dispensou para nossas casas comunais.
    Riddle já havia tomado a frente guiando os primeiro-anistas junto com a outra monitora da casa, eu tentava não me fixar muito em sua presença atraente, deixando de lado meus pressentimentos de familiaridade de lado e seguimos em direção as masmorras do castelo — o que achei de certa forma confortável e aconchegante —, quando chegamos em um corredor sem saída, escuro e úmido, Tom se virou para a turma.
    — Para entrar no salão comunal da Sonserina é necessário uma senha, que muda de quinze em quinze dias, então fiquem atentos ao muro de avisos. Apenas um Sonserino verdadeiro pode acessar. A senha de agora é: Veneno de Basilisco.
    No momento que ele diz a senha, uma passagem é revelada na parede conduzindo à sala comum. O interior do salão é um dos mais sofisticados, era uma longa sala com várias estantes, confortáveis sofás de couro e uma enorme lareira que provavelmente aquecia o ano todo, as paredes eram de pedras rústica, de cujo teto pendiam correntes com luzes redondas e esverdeadas. As janelas dão para as profundezas do lago de Hogwarts, onde Walburga mencionou ser bem comum ver a Lula Gigante passar, além de outras criaturas interessantes. Agora eu conseguia entender porque os livros diziam que a sala comunal da Sonserina lembrava um misterioso naufrágio subaquático. Observei cada mínimo detalhe daquele local que será nossa casa pelos próximos longos anos, os outros alunos iam se despachando um a um para seus dormitórios.
    Louise e eu não nos demoramos também, não víamos a hora de finalmente descansar, nossas férias tinha sido agitada com o escândalo que houve em Beauxbatons e finalmente agora teríamos um pouco de paz. Pelo menos eu esperava que sim.
    — Vocês irão amar Hogwarts...Os jogos de quadribol são emocionantes, mas o melhor mesmo são alguns bailes que temos durante o ano de solstícios de inverno e primavera, onde podemos convidar um garoto ou garota para ser seu par e dançar a noite toda. Só é permitido para alunos do quinto ano para cima, é claro, e por isso estou tão entusiasmada. Será meu primeiro baile! Vocês tinham bailes em Beauxbatons? — Lucretia falava sem parar ao lado de Louise enquanto subíamos para o dormitório. Reparei em como minha irmã conseguia facilmente se envolver na conversa com facilidade e seus olhos verdes demonstravam a mais pura preocupação pelo que a pessoa falava. Ele conseguia mesmo ser a mais adorável e eu amava ficar ao seu lado observando-a.
    


    Nos dormitórios havia camas de quatro colunas antigas, com cortinas de seda verde, e colchas bordadas com fios prateados. Tapeçarias medievais ilustrando as aventuras de famosos Sonserinos cobriam as paredes, e lanternas de prata pendiam do teto. Além disso, dava para ouvir a água do lago bater contra as janelas. Todas as camas eram grandes, e nossos pertences estavam juntas a uma, o que significava que Dippet respeitou nosso pedido de não ficarmos separadas.
    Lucretia seguiu para uma cama ao lado da nossa, para minha infelicidade, pois a garota continuava a falar.
    — Acho que estou esquecendo algo. — a garota disse sentada na cama tentando pensar. Seja lá o que era, eu não estava nem um pouco interessada. - Eu já falei sobre o clube de duelo?
    — Clube de duelo? — perguntei. É, talvez eu fique um pouco interessada. A garota sorriu ansiosa por eu finalmente me interessar por algum assunto.
    — Ah, gosta de duelar? Eu deveria imaginar — deu um risinho — Todas as quartas-feiras às 20h da noite temos o clube de duelo com o professor de DCAT. É incrível! Podemos azarar alunos a vontade, é claro que tem regras de combate, porém é ótimo. Eu adoro duelar com os sangue-ruins e acabar com eles e mostrar que pertencem ao chão.
    — Entendi. Parece legal. — eu respondi apenas. Louise me olhou mas rapidamente desviei de seu olhar, eu já sabia o que ela pensava.
    Finalmente, minutos depois, a garota bocejou e disse que iria dormir. Eu nunca agradeci tanto a Merlin quando a garota fechou as cortinas e dormiu. Estava sendo um primeiro dia em tanto, Louise havia terminado de ajustar nossos pertences de acordo com nossos gostos.
    Pulei na cama exausta, e Louise me acompanhou.
    — O que achou? —  ela perguntou sonolenta, virando-se para mim na cama para poder me olhar com seus olhos intensos.
    — Que eu finalmente encontrei paz — respondi em um suspiro aliviado — chego até a agradecer pelo o que aconteceu em Beauxbatons. Tirando essa garota ai, ela fala muito. — Louise riu rapidamente, sabendo o quanto eu odiava pessoas tagarelas.
    — Mas, enfim... Ainda temos que descobrir sobre o que nossos pais estão mentindo — afirmou, pensativa tirando a caixinha de jóias do bolso e a observando mais uma vez. Ela não estava errada, muitas coisas ficaram para trás sem resposta.
    — Enfim, vamos focar em nos adaptarmos — disse afastando esses pensamentos, passando a mão nos cabelos ruivos da irmã. Ela sorriu para mim e voltou a guardar a caixinha, desta vez, em sua bolsa que cabia tudo por conta do feitiço Engorgio — E eu estava pensando em fazermos diferente desta vez.
    — Como assim? — perguntou, seus olhos verdes olhando para os meus, vivos e sérios. Eu admirava como ela conseguia ser mais madura
    — Bem, em Beauxbatons nós fazíamos de tudo para não chamar a atenção e ser o tempo todo educadas e amáveis — lembrou nervosa — e isso acabou nos metendo em problemas no final. Aqui em Hogwarts, ou melhor, na Sonserina… Sinto que podemos ser quem somos e fazer o que quisermos. Estou dizendo para sermos as melhores, e se alguém nos atrapalhar, seremos também as piores!
    Louise ficou em silêncio pensando na ideia, sabia que ela gostava de se prevenir, já pensei que ia me dar um sermão e dizer que era uma péssima ideia até que me surpreendeu:
    — Acho uma ótima ideia, eu também estava saturada de tanta farsa e de manter a pose — admitiu, não só para mim como para si mesma. Ser sempre perfeitas era nosso papel primordial por sermos filhas do ministro. Mas era hora de isso acabar.
    — Então vamos dormir, amanhã será um longo dia — sorri e ela deitou-se ao meu lado e me abraçou. Cai no sono profundo sem perceber, ouvindo o barulho do lago e o sons de diferentes animais. Sonhei com um homem, não conseguia enxergar seu rosto mas ele parecia estar em pé do lado do que parecia um templo.Não consegui lembrar deste sonho pela manhã, somente da sensação de algo estar na ponta da minha língua, que eu precisava lembrar mas não conseguia. E Louise diz sentir a mesma coisa.



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Autor(a): jovanaserafini

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