Fanfic: Mi Guerra Y Mi Paz. | Tema: Vondy, RBD

A doce e velha sensação de estar em casa. Respirei fundo enquanto sentia o cheiro familiar de tulipa me preencher. A cada passo que dava pelo jardim, milhares de lembranças percorriam a minha mente.

Nada havia mudado. Tudo estava completamente igual. As flores bem cuidadas, a grama impecavelmente verde, o cheiro agradável de campo, tudo estava em seu devido lugar. Ao mesmo tempo em que o receio me assombrava, era ótimo estar de volta. Ergui os olhos para a cerca que separava nossa casa da mansão ao lado. Não pude conter um sorriso. Mal esperava para ver Anahí novamente, mas eu sabia o que estava por vir. Porém, prometi a mim mesma que não me incomodaria mais.

Lembranças e mais lembranças passavam como um flash enquanto caminhava para dentro de casa com minha mãe e Cláudia atrás reclamando de alguma coisa que não prestei atenção no que era. As agradeci por terem ido me buscar no aeroporto e terem me ajudado a descarregar a bagagem, mas assim que cheguei me tranquei no quarto e me joguei na cama. Claro que estava morrendo de saudades de jogar conversa fora e contar todas as novidades dos últimos dois anos que passei fora, mas eu estava exausta e precisava mesmo descansar.

Minha mãe e minha irmã eram as pessoas que eu mais amava no mundo, e depois da morte de papai nos unimos como nunca e o que nos ajudou a superar com certeza foi a força que uma passava pra outra. Eu não me lembro muito bem de como tudo aconteceu, pois na época só tinha sete anos. Mamãe vendeu a casa que morávamos em Paris assim que o papai morreu e voltamos ao México, nosso país de origem, para recomeçar a vida, como ela dizia. Ficamos um tempo na casa de nossa tia até conseguirmos comprar uma, e aqui estamos desde então.

Lembro do primeiro dia que falei com Anahí. Ela era nossa vizinha, uma menina linda, branquinha, loira e tinha lindos olhos azuis. Era muito parecida com Alexandra, sua mãe. Aparentava termos a mesma idade. Com o tempo viramos amigas, mais do que isso, irmãs de alma. A casa dos Uckermann havia se tornado minha segunda casa, e todos me tratavam como um membro da família. Anahí e eu éramos inseparáveis, cúmplices em tudo. Alexandra e Victor eram extremamente amáveis, queriam que eu me sentisse parte da família e era completamente natural e aconchegante estar com eles. E Christopher... bom, Christopher na infância era um anjo. Ele era o irmão mais velho de Annie, três anos mais velho que nós duas. Me tratava como sua irmãzinha mais nova, me protegia dos valentões do colégio, era meu herói. Mas cresceu e virou o próprio vilão. Não sei dizer bem quando Christopher passou a ser um completo imbecil. Acho que foi no início de nossa adolescência. Não éramos mais crianças, estávamos crescendo, o corpo estava mudando... Christopher passou a ser o sonho de consumo de todas as meninas do colégio, mais tarde viraria o capitão do time de futebol e um babaca que levava todas as garotas pra sua cama e as descartava no dia seguinte. Nos odiamos desde então.

Ele não falava comigo. Me evitava como se eu tivesse uma doença contagiosa ou algo do tipo. Fazia muitas festas enquanto seus pais estavam fora e fazia questão de excluir Annie e eu. Me humilhava o tempo todo. Era rodeado por seus seguidores fiéis e todos queriam estar perto dele. Anahí odiava o comportamento do irmão. Tentava me acolher, mas eu já estava cansada de ser zombada por todos. Nenhum garoto me chamava pra sair. Aos 15 anos eu nunca havia sequer dado o meu primeiro beijo. Não conseguia entender como o Christopher, meu Chris, como chamava-o quando pequeno, havia se tornado tudo o que eu mais odiava na vida. Foi então que decidi passar uma temporada em Paris na casa de minha tia paterna. Todos os parentes de papai moravam lá e não seria tão difícil me adaptar, uma vez que já havia morado lá quando criança. Minha vida social no México já estava mesmo ferrada. Conheci pessoas incríveis nesses últimos anos, frequentei festas (muitas festas), namorei um ou dois franceses e finalmente senti que podia me encaixar em algum lugar. Mas agora eu estava de volta ao lar, ansiosa pelo o que me esperava.