Fanfic: Imensurável. | Tema: Herroni

— Ei, peguei você. — Disse firme, tinha ela em seus braços. — Está tudo bem?

— Eu conheço você? — A pergunta foi direta, ofegante pela dor que ela sentiu e no exato momento em que ela ergueu o rosto na direção dele, mirando aqueles malditos olhos esverdeados que ela poderia jurar que já tinha visto muitas vezes no seu sonho, a dor em seu peito sumiu. Como se vê-lo lhe causasse a dor, porém estar nos braços dele fosse a sua cura. Estranho, no mínimo, e aquilo lhe assustou, o que a fez rapidamente se desvencilhar dos braços dele.

— Eu não sei. — Ele franziu o cenho, sincero. — Eu realmente não sei. — Reforçou e estava hipnotizado com a beleza daquela mulher. — Você está bem? — Perguntou novamente. Ela assentiu, cruzando os braços, nervosa. Não conseguia desviar os olhos dos deles, ela com certeza conhecia aquele olhar. 

— Estou, foi só... Foi apenas um mau estar. — Disse, finalmente tirando os olhos dos deles. — Eu preciso ir. — Afirmou, ainda inebriada por aquela sensação e aquele perto estranho no seu peito. Então virou-se para sair dali, mas ele pegou sutilmente o seu braço, impedindo-a de partir.

— Espere! Por favor, espere. — Ele pediu e sequer sabia o porquê de estar fazendo aquilo, só não queria que ela fosse embora. — Tem certeza que está bem, eu sou... — Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ela deu um passo na direção dele, ficando perto o suficiente para fazê-lo prender a respiração de nervoso e ele se sentiu patético, estava parecendo um adolescente virgem de treze anos. Então uma mão dela ficou na boca dela, ela fazendo o sinal de “shh”, pedindo silêncio e ele esperou.

— Não diga quem você é. — Pediu, ela sequer sabia o motivo de estar fazendo aquilo, porém estava seguindo seu instinto, seu coração. — Se eu tiver de saber, iremos nos encontrar novamente. — Ela afirmou e olhou para cada um dos olhos belos que ele tinha, antes de se afastar dele, dar as costas e sair andando dali.

Alfonso tentou formular alguma frase, porém nenhuma palavra saiu dos seus lábios. Ela sumiu da sua vista em questão de minutos e ele decidiu que tinha que voltar para a sua realidade por mais que fosse difícil daquele momento sem explicação que ele acaba de viver. Mas quem quer que fosse aquela mulher, ele só sabia que tinha que encontra-la novamente. Então ele se virou, vendo que não tinha outra opção a seguir, e seguiu para o seu trabalho mais aéreo do que estava antes.  É preciso mencionar que o dia agitado dos dois seguiu como de costume, mas hora ou outra, no intervalo dos seus momentos de caos, a mente dos dois vagava longe e eles se conectavam por pensamento.

— Sierra? — Maite indagou quando sua melhor amiga atendeu o celular.

— Sim, Mai? — A outra indagou, estranhando. — Aconteceu alguma coisa?

— Não. Digo... Aconteceu, mas nada sério, eu só...

— Pra você me ligar assim... — Maite quase podia ver o cenho franzido de Sierra preocupada com ela. — O que está fazendo? Não está trabalhando?

Maite engoliu a seco mirando os dois corpos provavelmente mortos ou bem pertos da morte no chão na sua frente, enquanto ela simplesmente passava o seu tempo antes de fugir dali no telefone com sua melhor amiga que sequer sonhava no que ela estava fazendo.

— Bom, eu... Tirei um tempinho pra respirar hoje, estou exausta. — Disse e pelo menos aquela última frase não era mentira. — Eu liguei pois... Você lembra daquele desenho que eu fiz e você me pediu?

— O dos olhos verdes expressivos?

— Isso! Você o carrega naquela pasta e carrega a pasta pra todo lugar. Você está com ele aí? — Indagou, tirando um tempo para ver seu relógio. Só tinha um minuto e meio antes que a polícia aparecesse ali, ela havia disparado o alarme de propósito para isso.

— Sim, eu tenho, quer que eu envie uma foto?

— Por favor!

— Mai, você está estranha. Pra que precisa desse desenho agora?

— Eu te explico tudo depois, só me envie, por favor. — Pediu mais uma vez.

— Está aqui. — Sierra falou. Faltava apenas um minuto agora.

— Certo, mande uma foto para o meu whats, quando puder eu te respondo. Amanhã estarei em Heartland e te explico tudo. — Prometeu.

— Eu espero que sim.

— Beijo, Sierra.

— Se cuide, Maite.

Desligando a ligação, Maite sorriu satisfeita ao ouvir a sirene da polícia se aproximando e pegando um pequeno aparelho preto, clicou em um dos botões e colocou o aparelho no ouvido, se assemelhava a um telefone, mas não era.

— Missão concluída, Perroni?

— Sim.

— Implantou as pistas que levam até nós?

— Sim, chefe.

— Ótimo, agora pule a janela. — Ordenou e ela nada mais disse, apenas correu em direção a primeira janela que viu e se jogou sem sequer checar o que estava do outro lado.

A queda foi direto na sacada de um prédio menor do que ela estava e dando duas cambalhotas, ela parou já em pé e olhou para trás, não demoraria até que os policiais aparecessem naquela janela, mas certamente não importava mais, pois ela seguiu pulando de sacada em sacada e assim que chegou na menor delas, sumindo do campo de visão que qualquer um que pudesse aparecer naquela janela, os policiais apareceram ali, olhando tudo ao redor e não encontrando nada... Como geralmente era. Quando ela chegou ao solo, sorriu sozinha para si mesma, a adrenalina que percorria seu corpo era o motivo pelo qual ela vivia. Então ela soltou os cabelos que antes estavam presos em um coque, tirou a mochila preta das suas costas, vestiu novamente seu sobretudo, arrumou os cabelos e tirou sua bolsa de couro preta de dentro da mochila, descartando-a a mesma no entulho. Depois de fazer isso, puxou as luvas descartáveis que era impossível notar que ela usava a olho nu e descartou-a no lixo também. Em seguida, saiu desfilando com as mãos novamente no seu sobretudo, logo se misturando nas pessoas que transitavam normalmente pelas ruas de Manhattan.

Diabos às vezes podem estar fantasiados de anjos... Assim como anjos podem, uma vez ou outra, usar máscaras de diabo para descobrirem quem está do lado de quem, afinal.