Fanfic: Imensurável. | Tema: Herroni

“Há uma coisa sobre o amor que vocês devem ter sempre em mente. Quando se acredita verdadeiramente em amor à primeira vista, você nunca para de olhar.” — Alfonso Herrera.

Eram 16h em Manhattan e tudo ainda estava claro. Maite já tinha realizado todos os seus trabalhos do dia e voltara ao Central Park, para uma área diferente da que passara de manhã, e naquele momento estava sentada em uma das mesinhas com duas cadeiras de concreto que enfeitavam o local. Outro ato nada convencional da mesma, que naquele momento analisava a foto que Sierra lhe enviara. Se tratava de um dos seus desenhos onde o foco do mesmo estava centrado no meio da página, com um belo par de olhos castanhos esverdeados que olhando para eles naquele momento, ela tinha a certeza de que eram os olhos daquele homem com que ela conversara de manhã por mais estranho que tudo aquilo fosse. Ela ficou por muitos minutos analisando aquele desenho e então pegou sua pastinha que sempre levava em sua bolsa, tirou seus blocos de desenho, seu lápis e suas diversas canetas coloridos e se pôs a desenhar. Primeiro, como de costume, ela criou um título para o desenho, e em tons pretos com contornados azuis escreveu “Destiny Or Coincidence”, então pôs-se a desenhar. Seu talento era de se admirar. Em dois tempos, seus traços aleatórios se transformavam numa cópia fiel da fonte que vira pela manhã, digamos que em um zoom aproximado dela. O foco estava na imagem do anjo que havia no topo da fonte e ela conseguira usar técnicas no seu desenho que realmente dava para entender que se tratava de água caindo, com um efeito sensacional, que parecia sair do papel. Ela sorriu ao concluir o desenho da fonte e da água, porém faltava algo... O toque final do seu desenho e o que ela tinha de verdade em mente para ele, mas antes de começar a fazer, ela ouviu uma voz, bem atrás dela, e estremeceu. Primeiro, estranhando o fato dela não ter notado a aproximação de alguém e depois, por saber exatamente de quem esse alguém se tratava.

— Eu apostaria a minha vida que a resposta é o destino.

Primeiro ela ficou irritada com a ousadia dele: ninguém nunca via seus desenhos, nem nada seu, com exceção de Sierra e às vezes, Aaron! E agora, ele estava invadindo a sua privacidade como se eles se conhecessem há anos. Ah, aquilo fora demais. Em dois tempos o bloco de notar dela estava fechado e ela se virava para ele, com uma cara de poucos amigos, porém quando ergueu o corpo e seu olhar encontrou o dele novamente, ela se xingou de todos os nomes interiormente quando simplesmente não conseguiu formular nenhuma frase coerente para dizê-lo. Decidindo que tudo aquilo estava sendo ridículo, ela desviou o olhar do dele e começou a dizer evitando focar muito tempo naqueles olhos fodidamente bonitos que ele tinha!

— Escuta, você é algum maníaco perseguidor por acaso? Já está começando a me irritar, se quer saber! — Falou vermelha de raiva e quando ele riu, ela apertou os olhos e os pulsos, ficando ainda mais irritada.

— Rostinho de anjo, mas um temperamento que Deus nos ajude, por sinal.

— Eu não tô brincando com você! Por acaso tá me perseguindo? — Indagou.

— Não, belle lune. — Maite franziu o cenho, sem entender porque ele a chamara assim. — É o destino.

— Destino! — Remendou revirando os olhos. — Se quer saber, eu não acredito em destino! Pessoas vão e vem direto nesse parque, seria natural mesmo nos encontrarmos novamente já que ambos provavelmente estavam indo trabalhar pela manhã e agora estão voltando do trabalho. — Ela afirmou, dando de ombros.

— Eu nunca traço essa rota, tampouco a essa hora! — Ele rebateu e era verdade. Só fora por ali, porque iria encontrar seu irmão Christian que o esperava a uma quadra dali. Poderia ir de carro, mas no fim das contas decidiu ir andando para ver se Deus era bondoso com ele e lhe colocava aquela mulher na sua frente de novo! A propósito, que Deus fosse louvado! — E de qualquer forma está blefando quando diz não acreditar em destino. Seu desenho...

— Não fala do meu desenho! — Explodiu irritada e ele mordeu a língua para prender o riso que queria dar, achando o estresse dele minimamente fofo. — E além do mais, querido, vou te contar um segredo: Artistas mentem. — Ela afirmou dando de ombro e deu as costas a ele, arrumando suas coisas de qualquer jeito na sua pasta e as enfiando na sua bolsa.

— Não acredita mesmo em destino? Te proponho um jogo então! — Ele desafiou e ela respirou fundo tentando manter a paciência, e depois de guardar suas coisas e colocar a bolsa no ombro, prestes a sair dali, ela se virou para ele, esperando. — Acredite quando eu te digo que eu nunca traço essa rota a essa hora! E que eu não te veria aqui se esse papel. — Ele tirou um papel meio amassado do bolso e mostrou a ela. — Simplesmente voasse da minha mão a alguns metros atrás e viesse parar, condenado seja se eu estiver mentindo, exatamente aqui. — Ele apontou para o chão, um pouco atrás do banquinho de concreto em que ela estava sentada desenhando e ela cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha para ele. O desgraçado parecia mesmo estar falando a verdade.

— Você acredita mesmo que isso é o destino né? — Indagou com um tom de total descrença, apesar de tudo ser muito estranho entre eles dois e o mesmo assentiu rapidamente. Ela achou fofo e quase riu, resolvendo entrar naquele jogo, mas com pena dele, pois certamente eles jamais se veriam depois daquela maldita coincidência atacando outra vez. — Qual o tal jogo? — Perguntou a ele revirando os olhos e ele riu.

— Que dia é hoje? — Franziu o cenho.

— 03 de outubro. — Respondeu simples, dando de ombro.

— Você me dirá três coisas sobre você! O que você quiser... e em seguida eu te direi três coisas sobre mim, o que eu quiser também. Sei que você não vai facilitar, mas sei também que se esse for o nosso destino, ocasionalmente encontraremos o nosso caminho de volta. — Ele propôs e Maite não gostou do fato das palavras dele lhe passarem tanta segurança, e pior: odiou o fato de desejar internamente encontra-lo outra vez.

— Espere... Se hoje fosse, sei lá, 20 de outubro, eu teria que fizer 20 coisas? — Indagou e em seguida ela própria negou com a cabeça, quase rindo. — Tá. Então se em três dias e nada mais além disso, você conseguir me encontrar novamente, eu prometo que seremos amigos. Caso não me encontre nesses três dias, nunca mais trocaremos um diálogo sequer, até que os nossos destinos de cruzem depois. — Ela afirmou. Na sua mente, certamente seria impossível eles se baterem outra vez e no fim das contas, era melhor assim. Ele riu abertamente.

— Ok. — Disse com um sorriso minimamente bonito no rosto e ela revirou os olhos, pensando no que ia dizer. Mas logo já sabia tudo, não facilitaria nenhum pouco para ele e o mesmo, obviamente, já sabia daquilo.

— Eu me chamo Maite. — Afirmou e os olhos deles brilharam. Associar aquela imagem a um nome era muito mais reconfortante para ele, verdade seja dita. — Tenho 20 anos. — Ele sabia que de nada ajudaria aquelas informações, mas ainda assim assentiu atento e satisfeito de estar sabendo mais sobre ele. — Sou uma professora que não acredita em destinos. — Piscou na última parte e ele riu, cruzando os braços na frente do corpo, o que definia ainda mais seus músculos fortes quase que explodindo a camisa social que ele usava e ela desviou o olhar, tentando parar de encará-lo.

— Quatro fatos, no fim das contas.

— O de não acreditar em destino você já sabia antes, não foi uma novidade. — Ela deu de ombros e é, Maite tinha razão.

— Alfonso. — Ele falou e ela o mirou. Alfonso... o dono dos mais belos olhos se chamava Alfonso, certamente seria bem melhor agora associá-lo ao nome. — 23 anos. — Ela esperou. — Sou um médico que quando decide que quer uma coisa, vai até o fim do mundo para consegui-la e fazê-la sua. — Ele disse, piscando para ela da mesma forma que ele fez e ela apertou os olhos, o coração acelerando.

— Quatro fatos, no fim das contas. — Remendou. Ele riu.

— Acho que pelo fato de eu estar aqui falando com uma completa desconhecida e tentando desesperadamente fazê-la minha amiga, faz desse último fato não ser uma novidade pra você, belle lune.

— Maite. — Ela reforçou o nome, e ele riu.

— Eu sei. — Assentiu. — Maite. — Repetiu, testando e se descobriu gostando daquele nome. Principalmente daquele nome associado aquela mulher.

Depois daquilo, eles simplesmente deram mais uma encarada longa e, suspirando, depois de analisar e decorar na sua mente cada traço daquele homem, ela passou por ele, fechando os olhos ao sentir o cheiro do perfume do mesmo inebriá-la, e saiu caminhando dali, tendo a certeza de que ele não a seguiria, sabe-se lá Deus o porquê. Talvez porque ele realmente havia lhe passado uma confiança que no fundo ela não gostava, mas não tinha como controlar. Alfonso, evitou a vontade de olhar para trás, visto que se o fizesse não conteria em si a vontade de ir atrás dela e pegar ao menos o seu número. Então ele abriu os olhos que ainda estavam fechados quando ela passou ao lado dele, e seu cheiro suave lhe invadiu os sentidos. Ele teve que se controlar para não puxá-la para si naquele momento e beijá-la e que Deus o ajudasse, pois tudo que ele queria desde o primeiro momento que a viu, era fazer aquilo! Sua mente implorava também para ele procurar todas as professoras que se chamavam Maite e tinham 20 anos de Manhattan, de Nova Iorque, do país! Sabia que podia fazer isso e que, certamente, uma hora a acharia, porém, seu coração lhe instruía a ter paciência. O coração era o único que tinha a certeza de que aquela mulher, de uma forma ou de outra, voltaria para os seus braços. Sorrindo de lado, ele apenas seguiu o seu caminho, indo ao encontro do seu irmão Christian.

— Espera... Qual é mesmo o nome dela? — Christian indagou pela milésima vez e Alfonso revirou os olhos.

— Eu estou te dando detalhes a meia hora, todos os mínimos detalhes fodidos que posso já que nós nem chegamos a ficar uma hora juntos e você só fica me perguntando sem parar qual o nome dela? Condenado seja, isso faz algum raio de diferença?

— Esse nome não me é estranho! Nenhum pouco. — Disse pensativo, mas não conseguia associá-lo a ninguém.

— Ah, claro! Porque só existe ela de Maite no mundo e a que você está pensando, seja lá quem for, só pode ser ela, realmente, Christian! — Debochou revirando os olhos e o outro deu de ombros, mas ainda tinha o cenho franzido. Desde que Alfonso lhe contara a história da tal Maite, ele sentia de uma forma estranha que sabia quem era aquela moça, mas também reconhecia que aquela ideia era estúpida, visto que podia ser qualquer pessoa, no fim das contas!

Talvez se Christian, policial, acreditasse na sua intuição e fosse a fundo nisso de descobrir quem essa tal Maite era, eles teriam descoberto tudo antes mesmo dela e seu irmão se envolverem, mas ele preferiu deixar pra lá. Não tinha nada a ver com aquilo e ela loucura investigar a vida de uma desconhecida sendo que o próprio envolvido na história dispensou a sua ajuda naquilo crendo completamente no destino que supostamente os rodeava, não é mesmo?!