Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

O instante mágico, de reconhecimento e intimidade, foi interrompido pelo movimento impaciente da potrinha.

Com um sorriso tímido, Anahí perguntou:

— E o nome dela, Alfonso, você já escolheu?

Ele liberou o filhote, que voltou para a mãe com passos trôpegos.

— Brownie, eu acho. — ele disse, com expressão ausente.

— Brownie?! Mas não combina com ela!

Damayanti aproximou-se, belicosa:

— Não combina por quê?

— Ela deveria ter um nome mais doce, como... Candy. Então, Candy não seria perfeito?! — Anahí olhou para Alfonso com um sorriso espontâneo, procurando sua aprovação.

Saindo da baia, Alfonso fechou o portão.

— Desde que você não vai ficar por aqui muito tempo, nós a chamaremos de Brownie mesmo. — enterrou o chapéu na cabeça, e virou-se para Damayanti: — Você veio até aqui para me ajudar a arrebanhar os novilhos, não foi? Então vamos, antes que Juan volte da cidade com o material da cerca.

Com um olhar triunfante, Damayanti saiu atrás de Alfonso.

Anahí suspirou.

Da porta para o estábulo, observou-os montar e se afastarem, num trote largo.

Aquela garota algum dia seria uma esposa perfeita para um fazendeiro, pensou com certa amargura.

Mas, na sua opinião, arrebanhar gado não era a melhor forma de manter um romance.

Não, ela gostava de coisas mais civilizadas, como um jantar íntimo à luz de velas, conversando e rindo com seu amado.

Ah, se ao menos Alfonso sorrisse mais vezes para ela...

Mas seu mundo urbano era bem diferente daquele e, como dissera Alfonso, ela não ficaria ali por muito tempo.

Desanimada, voltou para casa.

Na sexta-feira à noite, Anahí serviu o jantar preocupada, tentando descobrir uma forma de anunciar seu plano de ficar um pouco mais na fazenda.

Em geral, procurava falar o mínimo possível, mas, depois de uma semana de “passe o sal, por favor” e “mais café?”, ela estava preparada para tentar convencer Alfonso da necessidade de prolongar seu contrato de trabalho.

No entanto, a noite seria mesmo diferente.

Depois de comer um prato cheio de rosbife e legumes na manteiga, Juan limpou a garganta e disse com ênfase:

— Mia, muito boa a sua comida.

Anahí o olhou, admirada.

Era o primeiro comentário gentil sobre seu trabalho.

— Obrigada, Juan... Se já terminou, fiz uma torta de cerejas para a sobremesa.

Juan esperou que ela servisse uma grande fatia banhada numa calda espessa, e pigarreou novamente.

Anahí e Alfonso o fitaram, curiosos.

— Eu já deveria ter comentado sobre o seu trabalho, Mia. Há muito tempo não tínhamos uma mulher em casa. Desde a morte de Ruth, a mãe de Poncho. — ele disse, encarando-a com firmeza.

Anahí sorriu, contente.

— Para mim também tem sido uma boa experiência, Juan. Nunca tive a oportunidade de cuidar de uma casa tão grande.

— E está gostando disso? — perguntou Alfonso, com uma nova nuance na voz.

Anahí perturbou-se com seu interesse.

Ele estava especialmente atraente essa noite. A calça preta e justa alongava ainda mais as pernas musculosas, e a macia camisa verde, no tom dos olhos, moldava-se aos contornos do peito amplo.

Ela tentou ganhar tempo, servindo-lhe uma fatia de torta.

Essa total falta de coordenação mental agora lhe acontecia com frequência quando ele estava por perto.

— Bem, na verdade... Eu estava mesmo pensando... Vocês têm estado tão ocupados lá fora que talvez precisem dos meus serviços por mais algum tempo.

— Pois eu acho uma boa ideia, Poncho! Não aguento mais minha própria comida, e Mia tem um bom jeito para lidar com a casa...

Não havia como negar o fato de que a residência tornara-se bem mais agradável.

Anahí mantinha os móveis brilhando de limpos e colocara em uso a bela louça há tanto tempo guardada, as toalhas de linho, os copos de cristal...

— É, não está mal... Eu concordo com você. — disse Alfonso e voltou-se para Anahí: — E quanto ao pagamento? Você acha que é justo?

— Bem, na verdade, só estou informada sobre salários para secretárias, não sei quanto ganha uma empregada doméstica. Mas só preciso do suficiente para comprar algumas roupas e para me manter até conseguir um emprego.

Anahí não percebeu que fornecera um indício sobre sua vida passada, mas Alfonso apanhou a deixa:

— Você era secretária em Denver? Onde trabalhava?

Evitando olhá-lo, ela mastigou devagar um pedaço de queijo.

— Em vários lugares... Trabalhei numa agência, como temporária.

Isso era verdade. Ou tinha sido, até ser contratada como secretária permanente de Gerald Lasker.

— Bem, não é exatamente uma promoção ocupar-se agora lavando pratos e esfregando o chão, não é?

Anahí olhou para as unhas agora curtas e sem esmaltes, para as mãos pouco afeitas a um serviço tão pesado.

— Trabalhei em várias coisas diferentes para financiar meu curso de secretariado, inclusive como garçonete. E não acho que o serviço doméstico seja degradante.

— É, de fato, não parece estar lhe fazendo mal nenhum... — concordou Alfonso, lançando-lhe um olhar avaliador.

Ignorando o tom irônico, Anahí achou que era sua vez de dizer o que pensava:

— Você tem uma casa linda, mas é óbvio que ela ficou muito tempo abandonada. As janelas não têm cortinas, os móveis estão espalhados sem nenhum critério. Na verdade, Alfonso, parece que você precisa mais de uma esposa do que de uma empregada. Alguém que transformasse isso aqui num lar, entende?

Ele bateu a colher no prato, e respondeu com veemência:

— Esse é um assunto meu, Mia! E tenho vivido muito bem na casa como ela está!