Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Havia um banco alto ao lado da porta, e depois de verificar se estava limpo, ela empoleirou-se nele.

Ignorou a desaprovação de Alfonso, não iria esconder-se apenas por que alguém a achava provocante.

Ela era uma mulher e não se envergonhava do fato.

— Você vai beber isso? — ele perguntou.

— Mas é claro! — sorrindo docemente, Anahí puxou a tampa da lata e, como ele, inclinou a cabeça para tomar o líquido gelado.

Um pouco de espuma ficou no seu lábio superior, e, como uma criança, ela o limpou com a língua.

Alfonso amassou com violência a lata que segurava.

Furioso, perguntou a Juan:

— Ainda não acabou com isso, Juan?!

— Acho que agora consegui, Poncho... Dê a partida.

Alfonso pulou para a cabine e o rugido do motor encheu a garagem.

Anahí tampou os ouvidos, rindo. A um sinal de Juan, o som morreu novamente.

— Parece bom, Poncho.

— Talvez. Vamos dar uma volta e checá-lo na estrada.

Juan pegou sua cerveja, sorrindo para Anahí:

— Quer vir para um passeio, Mia?

— Não! — exclamou Alfonso.

Anahí e Juan o olharam, espantados.

— Bem... — Alfonso tentou explicar. — Vamos apenas dar uma volta rápida e a cabine está suja de graxa. Venha, Juan, vamos acabar com isso. Você se importa de ficar sozinha? — perguntou, dirigindo-se a Anahí.

— Não, claro que não. — ela respondeu, descendo do banco. — Enquanto isso vou preparar alguma coisa para o jantar.

— Não para mim. Vou sair esta noite. — Alfonso avisou, antes de dar a partida.

Anahí acenou e foi para casa.

Chegou à varanda com a testa franzida.

Então Alfonso ia sair... Mas ele não dissera com quem.

Mordeu o lábio, preocupada, não havia pensado na possibilidade de haver garotas solteiras na região, além de Damayanti, era claro, que não representava ameaça alguma.

Não era possível que um homem como Alfonso não sentisse necessidade de companhia feminina, pelo menos fisicamente, e, com certeza, todas as mulheres disponíveis de qualquer daquelas fazendas estariam dispostas a compartilhar da mesma cama com ele.

Com um profundo suspiro, Anahí encolheu os ombros. Afinal, a vida particular dele não lhe dizia respeito.

Entrou, batendo com força a porta de tela.

Decidiu ligar para Petter. Precisava descobrir uma forma de se livrar dos documentos.

Com a mão no telefone, hesitou.

Em geral, Petter passava os domingos com Kate Wilding, viúva de um amigo dos velhos tempos.

Uma vez, ele havia levado Anahí para conhecê-la, e as lembranças daquela tarde fizeram-na rir.

Kate era engraçada, e uma cozinheira maravilhosa. Vivia com uma sobrinha, Ellie, que Anahí achava uma chata.

Começaria procurando por lá.

Foi Kate quem atendeu. Conversaram brevemente, como Petter ainda não tinha chegado, Anahí deixou um recado.

— Compreendeu, então, Sra. Wilding? Vou deixar com a senhora um número de telefone, mas por favor, entregue-o somente para Petter, quando vocês estiverem sozinhos.

— Ele vai chegar a qualquer momento, querida. Não se preocupe, não é trabalho algum. Espere um instante, vou anotar... Sim, pode dizer o número.

Anahí agradeceu e desligou.

Fez um bule de chá e preparou-se para esperar.

Os raios dourados do sol que se punha atrás das montanhas entravam pela janela e ela contemplava a bela paisagem com suave melancolia.

Seus pensamentos sempre voltavam para Alfonso...

Compreendia que a situação dele era no mínimo tão desagradável quanto a sua, embora por motivos diferentes.

Sentir atração pela mulher do irmão, morto tão recentemente, já deveria ser um conflito, ainda mais com o agravante dela ser considerada uma oportunista atrás de vantagens, uma mercenária.

E como seria, se Alfonso descobrisse que ela não era Mia, que era apenas uma impostora?

O toque estridente da campainha a sobressaltou e ela agarrou o telefone.

— Alô?

— Anahí, minha menina, como vai?!

— Oi, Petter! — Anahí sorriu, confortada pela voz do amigo. — Jantar de domingo, hein? Eu sabia que o encontraria aí.

Ele deu uma risadinha abafada.

— Pois é, só um gênio como você me descobriria num domingo. Mas eu estava preocupado, há dias espero notícias suas...

— Escute, Petter, precisamos descobrir logo o que fazer com as opções. Tem alguma ideia?

Petter respondeu em voz baixa:

— Acho que posso conseguir uma caixa postal sem que Lasker descubra. Quanto tempo vai ficar aí?

— Não por muito tempo, e é por isso que você precisa ser rápido. Posso lhe mandar os papéis, mas como irá apanhá-los? Não está sendo seguido o tempo todo?

— Não se preocupe, deixe isso comigo.

— Então, perfeito. Só mais uma coisa, quando você me ligar, e outra pessoa atender, pergunte por "Mia", certo?

Ia explicar o porquê, quando ouviu a caminhonete chegando.

— Petter, vou ter de desligar, mas não se esqueça, meu nome aqui é Mia.

Petter riu.

— Mia, hein? Isso já está parecendo um filme de espionagem... Certo, Anahí ligo assim que puder.

Quando Alfonso e Juan entraram na cozinha, parecendo satisfeitos com o resultado do teste, ela acendia o forno.

— Bem, vou tomar um banho antes de sair. Prometi a John que examinaria o touro ainda hoje. — disse Alfonso.

Juan olhou para Anahí, depois para o amigo.

— Por que não leva Mia? Acho que ela precisa se distrair um pouco.

— Duvido que ela goste do programa. — Alfonso olhou-a com ar crítico, e pareceu abrandar. — Mas se quiser pode vir comigo.

Anahí não gostou nem um pouco da ideia de ir à casa dos Quintanar sem ser convidada, mas ficou feliz ao saber que Alfonso não iria passar a noite com outra mulher.