Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Ao invés de responder, ele perguntou:

— Você nunca usa um vestido?

Isso a pegou desprevenida.

Enfiou as mãos nos bolsos do jeans, sem jeito, e encolheu os ombros.

— Seria ridículo usar meu vestido de festa para trabalhar na fazenda. — respondeu. — É o único que eu trouxe.

Com movimentos impacientes, Alfonso começou a encilhar Sam, o baio que geralmente montava.

— Então, por que não compra um, quando alguém for à cidade? Está ganhando o suficiente para isso...

— Ora, Alfonso, desde quando você é o consultor de modas da fazenda? Que diferença pode fazer o que eu uso?

Alfonso olhou o jeans macio e quase branco de tanto uso que ela vestia como uma segunda pele.

— Se você não sabe a resposta, não serei eu quem lhe dirá.

Anahí escondeu um sorriso.

Na verdade, tinha uma boa ideia do que realmente o incomodava.

Sabendo que brincava com fogo, chegou mais perto, enquanto ele apertava a correia e se preparava para montar.

— Você não me respondeu. Que tal eu cuidar dos cavalos? Tenho observado você, e aprendi como fazer.

Qualquer que fosse a resposta de Alfonso, ela se perdeu no tumulto em que se transformou o estábulo.

Spats e Curly, surgiram do nada, embolados numa confusão furiosa de garras e dentes.

A batalha invadiu o território de Sam, que deu um passo nervoso para o lado. Alfonso, que montava, desequilibrou-se e praguejou, tentando recuperar o equilíbrio.

Anahí correu para salvar os gatos dos cascos de Sam, e só percebeu muito tarde as consequências de seu gesto.

Sam empinou nas patas traseiras, para fugir dela, e Alfonso caiu sobre a cerca da baia, com o pé ainda preso no estribo, batendo as costas com violência.

Em pânico, Anahí correu para ele.

Com o rosto contraído pela dor, Alfonso libertou o pé e tentou se levantar.

— Oh, Alfonso... Meu Deus, deixe-me ajudá-lo!

Ele a empurrou, tentando recuperar o fôlego.

— O que está tentando fazer, sua idiota?! Quer se matar, e a mim também?!

— Alfonso, por favor, não se levante! Oh, meu Deus, você pode ter machucado a espinha! — ela exclamou, quase chorando.

— Afaste-se, Mia... Fique fora do meu caminho!

Mas Anahí não desistia.

— Não se mexa, por favor! Fique bem quieto, que vou buscar ajuda!

— Não, espere! Prenda primeiro as rédeas de Sam na cerca, e depois me ajude a levantar! — o tom de voz não admitia protestos.

Ela correu para prender Sam, em seguida, ajoelhou-se ao lado de Alfonso. Passou o braço dele pelo seu pescoço, e o agarrou firmemente pela cintura.

— Vamos... — ela pediu. — Confie em mim, sou mais forte que pareço.

Alfonso era pesado, mas Anahí cerrou os dentes e conseguiu levantá-lo.

Cambaleando um pouco, caminharam devagar para a casa. Chegaram sem fôlego aos degraus da varanda.

Alfonso soltou-a e tentou subir a escada sozinho, agarrando-se no corrimão.

Anahí não conteve a ansiedade.

— Alfonso, mas isso é loucura! Você não percebe que pode estar mais ferido do que imagina?! Por favor, fique sentado aqui, enquanto vou chamar um médico!

— E ficar quatro horas na varanda, esperando o Dr. Andrews chegar? Não, muito obrigado, vou fazer isso na minha cama. — tentou subir um degrau, mas, com uma careta, capitulou afinal: — Bem, acho que vou aceitar sua ajuda...

Cheia de cuidados, Anahí o levou até o quarto e o ajudou a deitar-se.

— Vou tirar suas botas... Não, talvez seja melhor esperar pelo médico. Qual é o telefone dele?

Com o rosto muito pálido, Alfonso murmurou:

— Já disse que não preciso de um médico. Só bati alguns músculos e torci o pé.

— Mas...

— Não discuta, Mia. Já caí de muitos cavalos e sei o que estou fazendo. Um banho bem quente resolverá o problema. Se você quer ajudar, então tire as botas. Devagar, por favor.

Anahí desistiu de protestar. Prendendo a respiração, puxou a bota com infinito cuidado.

Gotas de suor brilhavam na testa de Alfonso.

Ambos respiravam aliviados, quando o calçado finalmente saiu.

— Obrigado. — ele agradeceu com os olhos fechados. — Acho que vou descansar um pouco, antes de tomar banho.

— O que mais posso fazer para ajudar? — de pé ao lado da cama, Anahí torcia as mãos.

— Por que esse interesse todo? Sentimento de culpa?

Pela centésima vez, Anahí lembrou a si mesma que era a Mia que ele julgava.

— Talvez eu tenha mudado, Alfonso... Não era isso que você tinha em mente, quando concordou que eu trabalhasse na fazenda?

— Não sei o que eu tinha em mente. Só tenho uma certeza, há alguma coisa em você que não combina, sua história não me convence.

Anahí sustentou o olhar.

— E o que supõe que seja? Alguma coisa terrível, com certeza.

— Não tenha dúvidas de que vou descobrir o que é.

Ela tentou brincar.

— Pra quê? Para me salvar do vício?

Mas, notando o espasmo de dor que contraiu o rosto dele, mudou imediatamente de tom.

— É um absurdo conversar sobre meu caráter, agora. É evidente que você está sofrendo... Não seria melhor eu encher logo a banheira? — hesitou, antes de perguntar: — Você... Pode despir-se sozinho?

Alfonso não respondeu.

Tomando uma decisão, Anahí foi para o banheiro. Abriu a água quente e sentou-se pensativa na borda da banheira.

Mediu a temperatura com a mão, esperou algum tempo, fechou a torneira, e voltou para o quarto de Alfonso.