Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Anahí perguntou, tentando melhorar o clima:

— Você gostaria de uma xícara de chá, Alfonso? Acho que o ajudaria a relaxar.

— Você acha, mesmo? — zombou Alfonso — Agora, chega de cuidados... Duas mulheres é demais para mim! Só preciso de um pouco de paz e privacidade. Certo, Maite?

Ela riu, não parecendo ofendida.

Fez um gesto para Anahí acompanhá-la, e antes de sair, recomendou:

— Fique bonzinho, Poncho. E nada de amolar Mia com seu mau humor, ouviu bem?

Foram as duas para a cozinha. Anahí preparou um chá e conversaram com animação durante a meia hora seguinte.

Maite era uma fonte completa de informações sobre a história da comunidade local, e parecia gostar de contá-la.

— Ezekiel e Minna Herrera, os bisavós de Alfonso, vieram de Boston para se instalarem aqui. Dizem que Ezekiel era um homem enorme. Foram eles que mandaram fazer a maioria dos móveis da casa.

— E o que aconteceu com a família toda? Alfonso disse que é o último Herrera.

— Bem, o casal teve cinco filhos, alguns deles foram para a Califórnia e nunca mais deram notícias. Os filhos e os netos que não morreram na Primeira Guerra, foram mortos na Segunda. Nessa época, já restavam poucos Herrera.

— Então, Armando e Ruth decidiram adotar Oscar. — Anahí observou.

— Decidiram? Não exatamente, Oscar foi simplesmente imposto aos Herrera. Os pais o abandonaram.

— Oh! Mas quem eram eles?

— Uma espécie de primos de Ruth. Perguntaram se o menino poderia ficar aqui enquanto eles cuidavam de negócios na cidade, e Armando consentiu, é claro. Oscar era uma criança raquítica, um ano mais velho que Alfonso.

— E os pais nunca voltaram. — arriscou Anahí, prevendo o fim da história.

— Nunca. Mas os meninos se entenderam muito bem. Alfonso sempre protegia Oscar nas brigas com a vizinhança. Ruth costumava dizer que era Oscar quem se envolvia em problemas e Alfonso quem chegava com o olho roxo. Mas Oscar nunca se importou muito com a fazenda, e, mais tarde, mudou-se para a cidade. Você certamente conhece essa parte.

— Bem, eu... — Anahí estava tão interessada na narrativa que esqueceu seu suposto envolvimento com o falecido Oscar.

Maite sorriu.

— Não se preocupe, não vou bisbilhotar o seu casamento, não é assunto meu. Quando Oscar contou a mim e a Christian sobre isso, disse apenas que você viria na hora certa e que deveríamos ser gentis com você. — ela hesitou, e fez uma pergunta que apanhou Anahí desprevenida: — Você não está grávida, está?

— Grávida?!

Mas era a segunda vez que lhe faziam tal indagação, em menos de duas semanas!

— Não, claro que não! — respondeu, vermelha.

— Não se ofenda com a minha pergunta, querida. — Maite apressou-se a dizer. — É que Oscar não tinha nada para deixar para uma esposa, a não ser... Bem, não importa. Eu ficaria feliz se você estivesse grávida. Esta casa está precisando de crianças. E por falar em crianças... — Maite tomou um último gole da xícara e se levantou. — Minha filha e meus netos vão jantar conosco hoje e preciso fazer umas compras na cidade. Obrigada pelo chá, querida.

Apesar da simpatia de Maite, Anahí sentiu-se aliviada quando ela partiu.

"Mesmo um interesse amigável pode ser perigoso, quando se tem alguma coisa a esconder", pensou, voltando para a cozinha.

Mais tarde, quando entrou no quarto de Alfonso, carregando uma bandeja, viu as toalhas úmidas amontoadas no chão.

— Ora, Alfonso, você não poderia ter aguentado mais um pouco? — mas notando-lhe a expressão desanimada, sorriu. — Vamos, afinal não está tão mal assim... Eu trouxe uma canja bem quentinha para você. Pode levantar um pouco a cabeça? Espere, deixe que eu ajudo.

Cheia de cuidados, querendo ser perdoada por ter provocado o acidente, Anahí ajeitou os travesseiros e os lençóis, evitando tocar a pele nua, tão próxima do seu corpo.

Depois, apoiou-se na cômoda, observando-o beliscar a comida.

— Maite o conhece há muito tempo, não é?

— Se isso responde à sua pergunta, Maite muitas vezes trocou minhas fraldas.

Anahí sorriu.

— Eu gosto dela. O mundo seria melhor se houvesse mais pessoas assim.

Alfonso a olhava com atenção, mas sem hostilidade.

— Você é uma mulher misteriosa, Mia... Não conheço ninguém tão reservado. Eu a acusei de estar escondendo alguma coisa, mas começo a pensar que talvez não tenha feito as perguntas certas. Você as responderia, se eu perguntasse agora?

Anahí sentiu o coração bater mais rápido.

Sim, por que não contar tudo, agora? O pior que poderia lhe acontecer, afinal, seria ter de ir imediatamente embora.

Hesitou.

Ele parecia muito razoável nesse momento, mas ela já tivera uma amostra de seu temperamento explosivo. E, na verdade, o que ele queria mesmo saber eram as razões de seu comportamento omisso em relação a Oscar, as razões de Mia.

E quando conhecesse a extensão daquela farsa, o que faria?

Não, seu instinto dizia para ficar calada. Decidiu que nem ela estava preparada para contar sua história, nem ele para ouvi-la.