Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Alfonso a olhava com expectativa.

Sentindo-se uma traidora, Anahí decidiu contemporizar.

— Alfonso, acho que não valeria a pena discutir isso agora. Seria lembrar uma situação triste e você não acreditaria em mim de qualquer forma. Gostaria de me abrir com você sim... Há muitas coisas que preciso esclarecer, mas prefiro deixar essa conversa para uma ocasião mais tranquila, se não se importa.

O rosto de Alfonso contraiu-se.

— Muito bem. Não tenho energia nem vontade de discutir com você agora. Importa-se em levar a bandeja? Estou sem fome. — e voltou para a janela.

Anahí apanhou as toalhas do chão e a bandeja, e já na porta voltou-se mais uma vez para olhá-lo.

Uma onda de ternura e desejo a invadiu.

A masculinidade e a beleza do corpo nu sob o lençol despertavam nela um tumulto de sensações, uma louca vontade de deitar-se a seu lado, de tocá-lo...

— Mia! Pare com isso! — a voz de Alfonso soou rouca, meio estrangulada, ele tentava erguer o tronco, os olhos brilhando na face muito pálida.

"Oh, meu Deus, o que ele terá visto em meu rosto?! No mínimo deve estar pensando que..."

— É melhor levar estas coisas para a cozinha. — disse, e fugiu.

Já era noite quando Juan voltou e se encarregou de Alfonso.

Anahí respirou, aliviada. Não confiava mais em suas reações.

Em seus vinte e cinco anos, nunca sentira uma atração física tão forte, aquela necessidade imperiosa de estar junto de alguém o tempo todo.

Arrependia-se por ter deixado escapar a oportunidade que Alfonso lhe oferecera para esclarecer a situação.

Por que ainda resistia à ideia de que ele não poderia compreendê-la, ou perdoá-la?

Naquela noite, Juan levou o jogo de xadrez para o quarto de Alfonso.

Saindo da cozinha, comentou com Anahí:

— Vou tentar animá-lo... Ele detesta ficar preso na cama. Venha também, se quiser.

— Obrigada, Juan, mas vou ler, ou assistir televisão. Estou um pouco cansada, hoje.

Ela ficou lendo na sala durante um certo tempo, mas não conseguia concentrar-se em uma só palavra.

Quando eram quase nove horas, não resistiu mais, precisava inventar um pretexto para ir até o quarto.

Decidiu perguntar se eles queriam um café ou uma limonada. Descalça, foi para a outra ala da casa.

A porta do quarto estava entreaberta, e quando ia bater, ouviu o nome de Mia.

— Não acho que seja uma boa ideia, Poncho... — dizia Juan. — A própria Mia logo vai nos contar. É natural ela ter se retraído, depois do tratamento que recebeu quando chegou, não acha?

— Mas você sabe que o Oscar...

— É óbvio que o Oscar não pensava como nós, pois se casou com ela. Já nos primeiros dias pude ver que ela não é a espécie de mulher que acreditávamos que fosse. Nós a julgamos sem procurar conhecer o seu lado da história, e Mia é orgulhosa demais para querer provar que estávamos errados. Ela tem fibra e já nos mostrou que pode trabalhar por duas, você não acha? É uma garota corajosa, Poncho, e teimosa, também. Se você for mais gentil, tenho certeza de que ela se abrirá.

Alfonso resmungou algo que Anahí não ouviu, porque correu de volta para a sala de estar.

Encolhida no canto do sofá, tentava imaginar o que estariam falando sobre Mia.

Era evidente que Alfonso desconfiava de alguma coisa, mas talvez nem ele soubesse por quê.

E se ele mandasse investigar Mia em Denver?

Não, isso seria demais... Ele mesmo tentaria arrancar alguma coisa dela, e estaria muito atento ao que ela dissesse ou fizesse.

Era preciso tomar cuidado.

Já passava das dez horas quando Juan entrou na sala.

Anahí folheava distraída o livro de receitas.

— Mia, preciso voltar para o alojamento. Você me faria um favor? Alfonso não consegue dormir e precisa de mais compressas. Pode ajudá-lo com isso?

— Bem, eu já ia...

— Obrigado, Mia! Já deixei as toalhas no banheiro. Vejo você amanhã, certo?

Anahí ficou intrigada.

Por que a pressa súbita de Juan?

Pondo o livro de lado, levantou-se e foi ao banheiro. Mergulhou uma toalha em água bem quente, e depois de torcê-la, envolveu-a num saco plástico.

Com o volumoso embrulho queimando-lhe as mãos, correu para o quarto de Alfonso.

Reclinado nos grandes travesseiros, ele a olhou, surpreso.

— Onde está Juan? — perguntou, franzindo a testa.

— Ele precisou voltar para o alojamento e me pediu para fazer a compressa. — ela respondeu, com urgência na voz. — Alfonso, isto aqui está queimando, por favor, incline-se um pouquinho para a frente!

Enquanto Alfonso, com uma careta de dor, tentava manter o tronco ereto, Anahí protegeu os travesseiros com uma toalha seca e encaixou a compressa. Mesmo com os longos cílios abaixados, sentiu o olhar dele fixo em seu rosto.