Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Não! — protestou, tentando recuperá-la.

O envelope com os papéis de Petter estavam dentro dela.

O homem parou, parecendo estranhar sua atitude.

— O que há?! Seu telegrama dizia às nove horas, não é?! Não me atrasei tanto assim! Ou você já se arrependeu e pretende voltar para Denver?!

O grande relógio sobre a bilheteria marcava nove e dez.

Anahí olhou com atenção para o desconhecido, o medo começando a desaparecer.

Notou as roupas já gastas de fazendeiro: Botas, jeans, camisa xadrez, e uma velha jaqueta de pele de carneiro.

Roupas de um fazendeiro autêntico.

Não, esse não poderia ser um capaganga de Gerald, e, além disso, não seria possível alguém encontrá-la em tão pouco tempo.

Confusa, procurou entender o que ele dizia.

— Eu me atrasei porque só recebemos seu telegrama hoje à tarde. E também tivemos problemas com um potro.

Como ela não reagiu, completou, impaciente:

— Vem comigo, ou não?!

Mil ideias passaram pela cabeça aturdida de Anahí.

Era óbvio que o desconhecido a confundia com alguém, ou, então, que não conhecia a mulher que fora buscar.

Isso abria uma possibilidade.

Tentou ganhar tempo.

— A fazenda fica longe?

— Não é perto. Mas afinal, qual é o problema?!

Ela pensou com rapidez.

Qualquer lugar seria melhor que o terminal deserto.

Esse Alfonso Herrera lhe oferecia um lugar para ir, e mesmo que fosse por uma noite, teria onde dormir.

Mas alguém na fazenda perceberia o erro assim que ela chegasse.

Deveria arriscar ou não?

O homem da bilheteria voltara, e ouvia a conversa com atenção.

Ela disse, impulsivamente:

— Eu irei com o Senhor... Sr. Herrera.

Ele pareceu desapontado. Talvez esperasse que ela aceitasse sua sugestão de voltar para Denver.

Sem comentários, mas com uma expressão terrível, apanhou a maleta e saiu.

Aprensiva, Anahí o acompanhou.

A noite estava escura, mas não chovia mais.

Uma caminhonete encontrava-se estacionada em frente à rodoviária.

Alfonso colocou a maleta no compartimento traseiro e a ajudou a subir.

Quando ia dar a partida, hesitou, apanhou uma manta de lã que se encontrava atrás do banco e a pôs no colo dela.

— É melhor enrolar isso nas pernas. Está frio, apesar do aquecedor ligado.

Essa atitude a surpreendeu, considerando-se a rispidez anterior.

Envolveu-se agradecida na manta, porque, mesmo na estação mais quente, a neve sempre cobria os altos picos daquela região.

Logo saíram da cidade.

Embalada pelo ronco profundo do motor, pela escuridão e pelo silêncio do homem a seu lado, Anahí começou a relaxar.

Pensou que, naquele momento, era inevitável correr o risco.

Se os homens de Gerald perguntassem por ela no terminal de Prospect, o bilheteiro diria que a única pessoa que descera do ônibus estava sendo esperada.

As pessoas do interior eram conhecidas pela hospitalidade, e na fazenda ela explicaria a razão de sua mentira.

Precisava apenas ganhar tempo, até descobrir uma forma de chegar até Cheyenne.

Lançou um olhar para Alfonso.

Podia sentir seu antagonismo.

Quem os estaria esperando na fazenda?

A mulher dele, talvez, um homem tão atraente só poderia ser casado.

Se a Sra. Herrera não fosse do tipo ciumenta, talvez até pudesse ajudar outra mulher em dificuldades...

A caminhonete deixou a estrada principal e começou a subir em direção ao canyon, numa sucessão interminável de curvas.

— Oscar chamava você de Mia. É um diminutivo? — Alfonso quebrou o pesado silêncio.

Ela precisava responder alguma coisa, mas ainda era cedo para explicações.

— Não. — disse afinal.

De que outro nome "Mia" poderia ser apelido?

— Bem, Mia, o que a fez decidir vir? Um pouco tarde, não acha? — a voz dele estava carregada de ressentimento.

Anahí novamente não encontrou uma resposta segura.

— Você não poderia ter escrito ou telefonado? Só mandou o telegrama quando já era tarde demais! Oscar procurava justificar sua ausência, mas... — Alfonso interrompeu-se e, à luz do painel, as mãos fortes apertaram mais o volante.

Depois de um momento, continuou, com amargura:

— Eu sei que você recebeu a última carta dele. Eu a enviei registrada, para ter certeza de que chegaria a suas mãos. Mas você não veio, como ele pediu, nem mesmo mandou um postal! Que espécie de mulher é você, afinal?!

Anahí percebeu estar em um terreno perigoso.

A tal "Mia" envolvera-se em alguma situação desagradável, e com certeza não era bem-vinda.

Apesar da decisão de ficar calada, não pôde reprimir a curiosidade.

— Se você acha isso, então por que foi me buscar?

Ele virou a cabeça e a encarou.

Anahí sustentou o olhar severo com dificuldade, e suspirou aliviada quando ele voltou novamente a atenção para a estrada.

Pensou no abismo negro que havia a seu lado, e na curva seguinte sentiu o estômago embrulhar.

Mal percebeu que ele respondia à sua pergunta.

— Por que fui buscá-la? Porque, apesar de nunca ter se incomodado em conhecer a família e os amigos de Oscar, você é, ou era, a mulher dele. A esposa de Oscar tem o direito de participar de seu funeral.