Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Anahí sorriu com esforço, escondendo a apreensão.

— Ora, Damayanti, não se pode dizer que você não tenha imaginação...

Mas a porta bateu atrás de Damayanti, enquanto ela descia correndo as escadas.

Depois de montar com agilidade, viu Anahí parada no alto da varanda e gritou lhe, com o rosto afogueado:

— Por que não faz como Cláudia e volta para o lugar de onde veio?! Não percebe que ninguém quer você por aqui?! — torcendo as rédeas com violência, saiu em disparada.

Anahí permaneceu encostada ao batente, pensando sobre a revelação de Damayanti.

Quem seria essa Cláudia, que era "duas vezes mais bonita que ela"?

Um novo personagem misterioso entrava naquela história... e desse, particularmente, não gostou nada.

Mas como nada poderia fazer a esse respeito, encolheu os ombros e tentou pensar em seus problemas imediatos.

Entrou na casa, para procurar alguns selos para o envelope de Petter.

O carteiro rural passava todos os dias pela estrada e a caixa de correspondência não ficava a mais de um quilômetro dali.

Vencendo a relutância de entrar no quarto de Alfonso, decidiu começar pelas gavetas da escrivaninha. Teve sorte, os selos encontravam-se na primeira que abriu.

Já no próprio quarto, colou-os no grande envelope e escreveu o número da caixa postal que Petter havia alugado. Depois, saiu para remetê-lo.

No caminho, seus pensamentos sempre convergiam para um só, um casamento mal-sucedido explicava muitas coisas sobre o comportamento atual de Alfonso.

Mia e Cláudia eram mulheres da cidade, traidoras, cada uma a seu modo. Talvez esse fosse o motivo para a hostilidade que todos mostravam em relação a Mia, Alfonso, principalmente.

O sol começava a esquentar quando ela alcançou a caixa de correspondência, colocou dentro o envelope e levantou a bandeirinha de metal para alertar o carteiro.

Que alívio, livrar-se dos papéis!

De posse deles, e apoiado pelo advogado, Petter decidiria que atitude tomar contra Gerald Lasker. Quanto a ela, estava finalmente livre para seguir seu caminho.

Uma brisa leve agitou-lhe os cabelos, trazendo um perfume de pinho e flores silvestres. Anahí inspirou profundamente, tentando absorver a beleza tranquila da região.

Sentiu um aperto no coração.

Por que a perspectiva de partir não a excitava? Não era o que mais desejava?

Enfiou as mãos nos bolsos e começou a caminhar de volta.

Sabia que alguma coisa importante havia mudado nela nessas poucas semanas.

Trabalhar na fazenda era diferente de tudo o que já fizera na vida. Não se sentia uma reclusa, como num escritório, nem entediada.

Pelo contrário, cozinhar, limpar e reorganizar aquela casa dava-lhe uma sensação de continuidade com o passado, uma cumplicidade com as mulheres que a haviam habitado.

Riu baixinho de si mesma, desde quando começara a imaginar-se no papel de mulher de Alfonso?

Sua posição ali era insustentável, mesmo que ele também sentisse atração por ela, mesmo se a amasse, o que diria quando soubesse que alguém havia entrado em sua vida sob falsa identidade, invadido sua casa, ocupando um papel que talvez julgasse sagrado?

Permanecer naquele lugar por mais tempo seria atrair novos problemas, arriscar-se a contradições e a mais suspeitas.

O quanto antes ela partisse, melhor.

Em poucos dias, Alfonso estaria recuperado da queda do cavalo, ela poderia receber o salário e desapareceria sem deixar traços.

A menos que a Mia real aparecesse algum dia, nunca mais ouviriam falar nela.

Anahí descobriu que tomar essa decisão e executá-la eram coisas diferentes.

Os dias passavam e ela deixou de contá-los.

O verão no Colorado era agradável e a cada dia surgiam novos lugares para explorar, novas atividades que ela desempenhava com prazer.

Alfonso agora a tratava com uma espécie de cortesia neutra, o que, apesar de parecer um tanto estranho, permitia-lhe relaxar e ficar mais à vontade.

Numa das suas explorações pela fazenda, Anahí descobriu a casa de Juan, escondida entre as árvores, um lugar muito acolhedor, apesar de pequeno, cercado de gerânios.

"Parece a cabana de um caçador", ela pensou, compreendendo que Juan era um solitário por natureza, um homem simples que preferia morar naquele bosque entre as árvores a ocupar um quarto na casa grande.

Também visitava Candy e os outros cavalos sempre que podia.

A potrinha crescia a olhos vistos e Anahí acompanhava com interesse seu desenvolvimento.

Numa das visitas ao estábulo, pediu novamente a Alfonso que a deixasse cuidar dos animais, dessa vez, ele pareceu considerar a questão com maior seriedade.

— Bem, de fato você tem jeito com os cavalos... Se insiste em tratar deles, por mim está bem, vá em frente. Mas não acha que exagera um pouco nos seus cuidados?

— É, pode ser... Quando eu era menina, sonhava em ter um bichinho de estimação que me fizesse companhia e do qual eu pudesse cuidar, nunca imaginei que um dia teria um estábulo inteiro! — Anahí respondeu, sorrindo.

— Mas eles não são animais de estimação, são instrumentos de trabalho! — Alfonso retrucou, exasperado e ao mesmo tempo divertido.

— Ah, sim? E você tem o hábito de conversar com seus instrumentos de trabalho?

Um leve rubor subiu ao rosto bronzeado dele.

— Ora, naturalmente, os animais também precisam de atenção... Mas não é preciso exagerar!

— Ora, naturalmente... — repetiu Anahí, no mesmo tom.

Ela adorava o jeito afetuoso com que ele tratava os animais.

O movimento seguinte de Alfonso a surpreendeu.

Avançando dois passos, ele ergueu a mão para tocá-la.

— O seu cabelo está cheio de feno... Fique quieta, vou tirar para você.

Ela lhe sentia o calor do corpo, muito próximo, e dominou o impulso de tocar os pêlos que apareciam através da camisa aberta.

— Ai! — ela gritou, quando, junto com o feno, ele arrancou vários fios embaraçados.

— Eu disse para ficar quieta. Calma... Pronto, acabou. — Alfonso sorriu com aquele jeito espontâneo que sempre lhe tirava o fôlego. — Sabe, é tão arisca quanto Candy... E também tem uma crina quase tão bonita quanto a dela.

Os dedos de Alfonso corriam entre os longos fios de cabelo castanhos e sedosos e seus olhos pareciam fascinados pela boca suave que se erguia para ele.

— Você notou que a chamou de Candy? — ela perguntou, tentando resistir à sedução dos olhos verdes.

Alfonso aproximou-se um pouco mais e murmurou:

— Eu disse Candy? Não me lembro...