Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Seus corpos quase se tocavam.

Anahí começou a tremer.

Não percebeu que sua voz também se reduziu a um sussurro.

— Ela agora só responde por Candy, já percebeu?

— Não, ela responde também por "querida", "doçura", não é assim que você a chama?

O tom zombeteiro não concordava com a voz acariciante, que parecia chamá-la pelos mesmos nomes afetuosos que ela dizia à potrinha.

A emoção bloqueou a garganta de Anahí.

Como era bom ouvi-lo dizer palavras tão doces...

Quando a boca de Alfonso desceu lentamente para a sua, ela ofereceu os lábios e se abandonou ao longo e emocionado beijo.

Tudo o que desejava no mundo era continuar assim, para sempre, entre os braços poderosos do homem que amava.

Porque agora compreendia, não podia mais tentar enganar-se, fingir que seus sentimentos por ele se resumiam a uma grande atração física.

Suspensa num estado entre o pânico e uma profunda alegria, Anahí soube, pela primeira vez, o significado de estar perdidamente apaixonada.

— Mia? Você está bem? — a voz de Alfonso parecia vir de longe.

Ela mal sentiu as mãos fortes que apertavam seus ombros.

— Você está bem? Por que está tão pálida?

Os olhos azuis, muito abertos, afastaram-se com dificuldade do rosto preocupado dele.

— Oh, Alfonso, desculpe... — ela balbuciou. — Acho que não estou me sentindo bem... Preciso ir para casa...

Soltou-se das mãos que a prendiam, enquanto ele a olhava, ofegante e intrigado.

— Espere, vou acompanhá-la...

— Não, por favor, não é preciso. Prefiro ir sozinha. — e saiu do estábulo sem nada ver, lutando contra as lágrimas que a cegavam.

A angústia a perseguiu durante todo o dia, seu rosto refletia tristeza e desorientação, e durante o jantar os dois homens olharam-se repetidas vezes.

Quando, um pouco mais tarde, Alfonso foi atender um telefonema no quarto, Juan, que a ajudava a lavar a louça, perguntou:

— Algum problema, Mia? Nunca a vi tão quieta... Você e Poncho tiveram outra discussão?

— Não, Juan, foi apenas um dia meio cansativo. Estou caindo de sono.

Anahí sorriu para ele, mas não respondeu à segunda parte da pergunta.

Se ao menos tudo se resumisse a uma discussão...

Sabia agora que tinha sido uma estupidez ficar ali por tanto tempo. Sem controle sobre as emoções, sentia-se desamparada.

— Sabe, Mia... Oscar não nos contou muita coisa sobre seu casamento, mas disse que você traria um pouco de vida a esta casa. Quando a conheci, soube que isso era verdade. — a voz de Juan reveleva afeição e uma certa ansiedade.

Anahí tentou reter as lágrimas. Era só o que fizera, durante o dia inteiro.

Gostaria de poder se abrir com esse homem tão bondoso, contar-lhe suas dificuldades.

Colocou mais um prato no escorredor.

Ele não podia ver seu rosto, escondido pelos cabelos compridos, e interpretou lhe mal o silêncio.

— Eu sei que o Poncho às vezes é uma pessoa difícil, mas aos poucos você irá compreendê-lo melhor, Mia...

Num impulso, Anahí fez a pergunta que a atormentava desde a manhã.

— Juan, você acha que eu me pareço com Cláudia? — e, mesmo notando o olhar de estranheza dele, completou: — Por favor, diga-me o que aconteceu entre eles.

Juan estudou-a por um breve momento, e depois falou com calma, em tom paternal:

— Foi Damayanti quem lhe contou sobre Cláudia, não é? Mas não há mistério algum nessa história, foi apenas mais um casamento que não deu certo. Incompatibilidade de gênios, não é como se diz? Poncho e Cláudia conheceram-se na universidade e se apaixonaram, eram muito jovens, e como todo jovem, muito precipitados. Cláudia era uma boa menina, mas muito ligada à cidade, se ela tivesse tido antes a oportunidade de saber o que é a vida numa fazenda, acho que eles nunca teriam se casado. Brigavam muito, e ficaram juntos pouco tempo. Depois do divórcio, Poncho voltou para a universidade, e Cláudia foi para Nevada. Deve viver lá até hoje.

— Alfonso sofreu muito?

— Bem... Digamos que no começo, um pouco. Mas parece bem, agora, você não acha?

Esse último comentário foi acompanhado por um sorriso malicioso.

Anahí colocou o último prato no escorredor e enxugou as mãos.

Na realidade, Juan não esclarecera muito coisa.

Foram juntos para a sala, e lá encontraram Alfonso, que acendia a lareira.

Anahí não conseguia desviar os olhos da alta silhueta inclinada sobre o fogo, querendo gravá-la na memória, em todos os seus detalhes.

Como se atraído pela intensidade desse olhar, ele se voltou diretamente para ela, endireitando-se.

— O que Maite queria ao telefone, Poncho? — Juan perguntou.

— Ela vai promover uma reunião no sábado à noite, e estamos todos convidados.

Anahí caminhou para perto do fogo e parou ao lado de Alfonso, sem desfitar seu rosto, disse com simplicidade:

— Acho que não vou poder aceitar o convite, Alfonso. Pretendo partir sábado de manhã, se você ou Juan puderem me levar até à cidade.

O pesado silêncio que acompanhou suas palavras, foi quebrado pelo ruído metálico do atiçador, atirado sobre o suporte pela mão nervosa de Alfonso.

Juan apenas a olhava, de boca aberta.

— Ah, Mia, essa não! Eu pensava...

Com um curto suspiro, Anahí voltou-se para ele.

— Desculpe, Juan, eu realmente acreditava que poderia ficar um pouco mais. Mas agora Alfonso está recuperado e a fazenda voltou ao ritmo normal. Na verdade, já não sou mais tão necessária. Então, bem... É melhor eu ir.

Juan fez menção de argumentar, mas Alfonso, com um gesto, pediu-lhe que se calasse.

Seu olhar não se desviava do rosto de Anahí.

— Não faça escândalo, Juan. Acho que a Mia já ficou tempo demais longe dos amigos e quer voltar à vida a que está acostumada.

Anahí conteve um protesto.

De que adiantaria negar o que ele dissera, se não podia contar o motivo real da sua partida?

— Bem, então... — ela acrescentou, com falsa alegria. — Já que estamos combinados, que tal uma partida de baralho?!

Com o rosto contraído, Juan nada disse.

— Vocês não sabem, mas sou ótima no pôquer, tradição de família.