Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo VII

— Alfonso? — Anahí murmurou, incapaz de qualquer movimento.

Os braços dele a enlaçavam e os dedos preguiçosos afagavam-lhe os cabelos revoltos.

— Hum? — ele resmungou, de olhos fechados.

Na lareira, o fogo se reduzira à luz tênue das cinzas incandescentes.

Pacificada, aninhada no calor do corpo que com tanta perícia a libertara dos mistérios de sua própria sensualidade, Anahí sussurrou:

— Alfonso, eu te amo.

Ele deslizou a mão sobre o ombro macio, numa carícia possessiva e terna.

Erguendo a cabeça para olhá-lo, ela completou, com ênfase:

— Qualquer coisa que possa acontecer... Nunca se esqueça disso.

A mão de Alfonso interrompeu o movimento.

— Por que diz isso?

Pensativa, ela acariciava os pêlos macios em que apoiava o rosto.

— Acho que o amor nunca esteve entre meus planos. Minha ideia de felicidade sempre foi ser livre, viajar pelo mundo, conhecer lugares... O amor me assusta, porque me faz ter medo de partir.

— Você não vai partir. — ele disse, em tom calmo.

Ela tentou erguer-se, mas Alfonso a reteve.

— Não percebeu que eu também tentei me proteger de você, desde o primeiro dia? Eu poderia tê-la mandado embora quando percebi o perigo de me envolver, disse a mim mesmo que precisava provar que meu preconceito tinha fundamento, até perceber a inutilidade disso tudo. O motivo real para não deixá-la ir, e nós dois sabemos isso agora, sempre foi apenas um, o mesmo que a fez ficar.

— Não, não é assim tão simples...

— E por que não? Você diz que me ama. Então, de que tem medo? Sei que você me esconde alguma coisa e que não confia em mim. Mas, acredite, não vou forçá-la a nada. Agora entendo o que o Oscar queria dizer quando pediu para tratá-la com cuidado, para não assustá-la.

Anahí tentou novamente se libertar e novamente ele a impediu.

— Não vá! — ele pediu, com urgência na voz. — Fique, e lhe darei o tempo que quiser para se acostumar com a ideia. Você acha que eu também não preciso disso? Mas não podemos nos negar essa chance...

Ela ficou em silêncio.

Tudo o que queria, naquele momento, era continuar nos braços dele, sabendo que também era amada.

Ergueu os olhos, ele sorriu, e havia sinceridade e ternura em seu rosto.

Anahí capitulou:

— Certo, Alfonso Herrera... Afinal, você ganhou aquela partida. Enquanto você me quiser, eu fico. — e quando ele a apertou num grande abraço, gritou: — Pare, seu urso! Ainda precisa ouvir minha condição!

— Ah, eu sabia...

— É sério, Alfonso. Eu vou ficar, mas, entenda, será para nos conhecermos melhor. Prometa que não... Eu preciso pensar e não vou conseguir, se você... Se nós...

— Certo, doçura. Sei o que você quer dizer e ainda acho que está errada. Mas se é de tempo que precisa, se a sua condição é não fazermos amor, eu aceito. Afinal, tempo é o que não nos falta.

A semana passou, veloz.

Um novo relacionamento, mais tranquilo e afetuoso, se estabeleceu entre Anahí e Alfonso.

O velho Juan, feliz, sorria a qualquer pretexto, encontrando as desculpas mais absurdas para deixá-los sozinhos.

Alfonso insistiu em ensinar Anahí a montar e ela descobriu, com enorme prazer, e apesar dos músculos doloridos, que adorava cavalgar.

No sábado, pela primeira vez, saíram para um longo passeio pela região. Levaram provisões para um lanche nas montanhas, sanduíches de atum, queijo e vinho.

Anahí cavalgava o dócil Sonny, um baio que Alfonso destinara como sua montaria.

"Isso é a felicidade!", pensava, inspirando profundamente o ar muito fresco da manhã, observava, maravilhada, os primeiros raios de sol que douravam a bucólica paisagem, e voltava-se para Alfonso, feliz, para comentar qualquer coisa que servisse de pretexto para olhá-lo.

Ele vestia um velho jeans desbotado e uma camisa azul que ressaltava o brilho dos cabelos escuros, tornando-o mais atraente que nunca.

Ele a fitava com um olhar travesso e às vezes ficava na retaguarda para apreciar-lhe o movimento provocante dos quadris, que ondulavam a cada passo de Sonny.

— Isso não vale! — ela gritava para trás, rindo. — Você está se aproveitando por eu não saber montar direito!

— Nada disso, senhorita... Juro que nunca vi ninguém cavalgar tão bem! É um grande espetáculo... — passava, então, à sua frente, para observá-la sob outro ângulo: — E de frente é melhor ainda!

Anahí ria, encantada com o jeito brincalhão dele, com as atitudes de amante apaixonado que assumia para diverti-la.

Alfonso revelava-se um homem terno, muito diferente daquele rancheiro rude e hostil que conhecera.

Cavalgaram durante quase toda a manhã até chegarem a um lugar que Alfonso desejava mostrar-lhe, à beira de um riacho de águas cristalinas.

A relva entremeada de pequenas flores das montanhas tornava o espetáculo da natureza tão belo, que Anahí, extasiada, ficou vários minutos sem conseguir dizer nada.

Depois, com os olhos úmidos, virou-se para Alfonso:

— Obrigada... Nunca vi nada tão belo. É um lugar encantado.

— Pois era assim mesmo que os índios que habitavam esta região o chamavam: O pequeno vale encantado. Achei que valeria a pena você conhecê-lo, mesmo sendo tão longe.

As horas passaram sem que Anahí notasse.

Almoçaram à sombra de uma árvore, num clima de perfeita camaradagem. Em nenhum momento Alfonso tentou cumprir as ameaças maliciosas de violentá-la, ali mesmo, à beira do riacho.