Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Voltaram no final da tarde e já em casa, durante um demorado banho, ela se descobriu cantando feliz embaixo do chuveiro.

Quando saiu, de cabelos molhados e enrolada na toalha, Alfonso a esperava no corredor, encostado à parede.

— Achei que você talvez quisesse uma massagem terapêutica para relaxar... — ele disse, com ar inocente, parecendo encantado em admirar os ombros nus e as longas pernas que a toalha curta mal cobria.

— Não, muito obrigada, a única terapia de que preciso é para a cabeça, e não acho que você tenha também essa habilidade. — ela respondeu, segurando com firmeza a toalha sobre os seios.

Alfonso apoiou a mão na parede, impedindo-lhe a passagem.

— Por que ser desmacha-prazeres? Eu não deixei você me enrolar em todas aquelas compressas?

— Ora, Alfonso, aquilo foi diferente!

Ele se inclinou, para cheirar a pele macia dos ombros ainda úmidos.

— Hum, adoro esse perfume, minha dama de olhos violeta. Sabe, acho que estou precisando...

Dando um passo pra trás, Anahí o interrompeu com o rosto afogueado:

— Sei muito bem do que você precisa! — brincou, não conseguindo evitar um sorriso. — Quer sair da frente, para eu poder me vestir? E se você não tomar logo seu banho, vamos acabar chegando atrasados para a festa de Maite!

Com um movimento rápido, ela passou sob o braço de Alfonso e correu para o quarto, antes de bater a porta ouviu o "desmancha-prazeres" que ele repetiu, rindo.

Quando chegaram à grande casa dos Chávez, a festa já havia começado, Maite cumprimentou Anahí com efusão e puxou Alfonso pelo pescoço, para beijar-lhe o rosto.

— Que bom que vocês chegaram! Mas e o Juan, por que não veio?

— Ele insistiu em ficar com Belle, que não está muito bem. É provável que não possamos ficar muito tempo, Maite, caso ele precise de ajuda.

— Ora, que pena... Então é melhor vocês aproveitarem enquanto podem. Vão encontrar comida no aparador, e se quiserem dançar, podem passar para a outra sala. Venham, vou preparar-lhes uma bebida. Mas, Mia, nunca a vi tão bonita! Sabe que está parecendo uma artista de cinema?!

A admiração ingênua de Maite comoveu Anahí.

Sabia do efeito que o vestido preto de malha causava sobre os homens, mas era raro que outra mulher não se ressentisse com a sua aparência quando o usava.

A princípio, receara que a roupa fosse ousada ou sofistificada demais para uma festa provinciana, mas o comentário da amiga a tranquilizou.

Pela primeira vez desde que chegara à fazenda ela se vestira e maquiara como costumava fazer na cidade.

Os cabelos compridos brilhavam, deslizando sobre os ombros, e os olhos azuis discretamente pintados cintilavam, destacados pela espessa franja de cílios escuros.

As mesmas pessoas que a haviam hostilizado no funeral a cumprimentavam agora, algumas ainda com certa reserva.

"Principalmente as mulheres solteiras", pensou Anahí, sentindo-se analisada por uma garota de longos cabelos louros, que Alfonso apresentou como Sue Ann.

— Oi. Já ouvi falar de você. — foi o lacônico comentário da loirinha.

Anahí percebia o empenho de Sue Ann e de outras mulheres para atrair a atenção de Alfonso, mas não se perturbava.

Em nenhum momento ele a havia deixado sozinha, mantendo sempre uma atitude protetora e carinhosa.

Maite revelava-se uma ótima anfitriã. Com muita diplomacia, apresentou Anahí às principais pessoas na comunidade, que pareciam conhecer em detalhes suas atividades na fazenda e as mudanças que operara na velha casa, parecia haver um acordo tácito em evitar perguntas sobre sua vida passada.

Há muito tempo Anahí não se sentia tão feliz. Conversava com animação, percebendo que numa região rural as pessoas também se interessavam por outros assuntos que não fossem terras ou animais.

Conheceu um juiz, médicos, advogados, construtores e até mesmo um pintor de quadros abstracionistas que expunha em várias galerias do país!

As mulheres, sem dúvida, não mostravam os mesmos interesses culturais ou políticos dos maridos, mas, de modo geral, eram pessoas de grande participação na vida da comunidade.

O padrão de vida dos convidados parecia elevado, embora primassem pela simplicidade no seu cotidiano.

Anahí verificava que a casa dos Chávez, apesar da arquitetura rural típica, que, aliás, a agradava muito, era moderna, equipada com o luxo e conforto dos grandes centros.

Comentou isso com Alfonso, num momento em que ficaram sozinhos. Ele riu e correu o dedo pelo contorno bem definido do rosto dela.

— É essa a ideia que você tinha sobre a vida numa fazenda? Luz de lampião, água de poço? Não acha que está um pouco atrasada no tempo, mesmo para uma dama da cidade?

Anahí reclinou a face contra a mão que lhe acariciava levemente o lóbulo da orelha num gesto de intimidade.

Os olhos brilhavam com a excitação provocada pela proximidade dele.

— Ora, Alfonso, você sabe que não foi isso que eu quis dizer...

— É claro que eu sei, sua bobinha. Diga-me, por que está sempre na defensiva?

— Na defensiva?

— Sim, não percebe o quanto é reservada? Não digo agora, porque hoje você está aberta como uma flor. Mas de modo geral, acho que não confia nas pessoas.

Anahí retraiu-se um pouco, pensando nos seus segredos.

Alfonso riu, descontraído:

— Está vendo?! Fechou de novo! — pegou-a pela mão e foi puxando-a para a outra sala. — Venha, minha menina, vamos dançar um pouco...