Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Anahí estremeceu sob o impacto dessas palavras.

— O... funeral... Quando será? — perguntou, desconcertada.

— Amanhã, às dez horas.

Anahí sentiu-se afundar.

A situação era mais séria do que imaginara.

Será que deveria contar a verdade agora, e lhe pedir que a levasse de volta à estação?

Mas já estavam a muitos quilômetros da estrada principal, e ele poderia ficar tão zangado que a faria descer ali mesmo.

— Mandei o telegrama notificando a morte de Oscar porque era meu dever informá-la, mas nem acreditava que você ainda morasse no mesmo endereço. Fiquei surpreso quando recebi seu telegrama, dizendo que se encontrava a caminho.

— Eu... Eu não pude vir antes. Eu...

— Você sabia que ele estava morrendo!

— Eu nunca... Olhe aqui, eu...

— Mas agora não importa... Ele está morto. E você veio para saber o que lucrou com a morte dele, não é?! Acredita que se tornou uma viúva rica, Mia?!

— Não! — ela protestou com veemência.

Aquilo já tinha ido longe demais.

— Escute, é melhor eu contar a você. Eu não...

— Se você casou com Oscar pensando que ele era um fazendeiro rico, cometeu um erro grave. A fazenda é de minha propriedade.

Como ela não reagiu, Alfonso continuou:

— Você pode assistir ao funeral. Mas apenas isso. Vai embora em seguida, e deve esquecer que algum dia conheceu alguém chamado Herrera!

Anahí tentou reprimir a náusea, mas já não controlava o estômago.

— Pare! — tentou dizer, com a mão na boca, a outra já segurando o trinco da porta.

Alfonso brecou tão rápido que ela foi jogada contra o painel.

Escorregou para fora da caminhonete, e os espasmos a dominaram.

O estômago vazio se contraia inutilmente, e as pernas trêmulas mal a sustinham.

Sentia-se fraca, doente de tensão e cansaço acumulados.

Um braço forte a segurou pela cintura, e um lenço foi posto em sua mão.

Quando finalmente acenou que estava bem, Alfonso a ajudou a voltar para a caminhonete, e a acomodou no assento.

Ele bateu a porta e deu a volta. Subiu para a cabine, mas não deu a partida.

Seus dedos tamborilavam no volante.

— Você está bem?

— Sim... — ela respondeu com voz abafada, apertando o lenço contra os lábios.

— É a consciência incomodando, talvez?

— Esqueça a droga da consciência! — ela respondeu, empertigando-se. — Se você precisa guiar como um maníaco numa estrada como esta, deveria dar remédio contra enjoo para seus passageiros! — disse, revoltada, mas no fundo envergonhada com a traição do seu corpo.

Sentia-se observada com atenção, e mesmo a luz tênue do painel, ele deveria estar percebendo seu rubor.

— Não posso entender como uma mulher possa... Oh, inferno! — ele pareceu desistir, e ligou o motor, exasperado.

Voltou para a estrada, mas, desta vez, guiando com cuidado.

Viajavam há uma hora, quando alcançaram o ponto mais alto da estrada sinuosa.

A lua cheia surgia entre as nuvens, e a fria luz prateada banhou as terras altas do Colorado, lavadas pela chuva, o luar delineava silhuetas escuras de abetos e pinheiros, e estranhas formações rochosas desenhavam sombras no asfalto.

Acima de tudo, erguiam-se, maciçamente, surrealisticamente, as Montanhas Rochosas.

Mas Anahí não viu a estranha beleza do cenário. Ela dormia, aninhada entre o banco e a porta.

O homem a seu lado olhava absorto a estrada banhada pelo luar.

Anahí sentiu que a sacudiam, e abriu os olhos pesados de sono.

Alfonso esperava ao lado da porta aberta, a maleta na mão.

Confusa, ela afastou a manta enrolada nas pernas.

Ele a pegou pelo braço com impaciência, e a ajudou a descer.

O choque do vento frio a despertou, e percebeu à sua frente a silhueta de uma casa.

— Cuidado!

O aviso não evitou que ela tropeçasse no primeiro degrau da escada, mas a mão nervosa que lhe segurava o braço a impediu de cair.

Pertubada com o calor do grande corpo masculino muito próximo do seu, sentiu-se guiada para dentro da residência escura.

Ele parou, soltou-a, e disse em tom brusco:

— A tempestade deve ter interrompido o sistema elétrico. Espere aqui até eu ligar o gerador.

Sozinha na escuridão, Anahí começou a tremer.

Tentou dar um passo, mas bateu contra um móvel pesado, e sentiu um cheiro estranho de mofo que vinha de algum lugar próximo ao seu nariz.

A luz se acendeu de repente e ela gritou de susto, ao deparar-se com o enorme focinho de um animal, que seu cérebro pertubado só reconheceu um instante depois, era a cabeça empalhada de um grande alce, pendurada acima da mesa em que tinha batido.

Tanto a peça como a mesa encontravam-se cobertas de poeira.

Ainda meio ofuscada com a súbita claridade, Anahí percebeu estar num hall que dava acesso a várias portas.