Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo X

Anahí estava sozinha em casa. Alfonso não dera notícias e ela mal conseguia controlar a impaciência.

Pensava em ir até o estábulo, quando seu coração disparou, alguém chegava de carro.

Alfonso poderia ter deixado o cavalo em algum lugar e apanhado uma carona.

Pela porta de tela, viu uma garota saltar de um carro preto, espreguiçar-se longamente, olhar em volta, indecisa, e depois caminhar em direção à varanda.

Vestia uma jaqueta amarela, calças de jeans muito justas e uma bota de cano longo e saltos altos, que não conseguiam disfarçar sua pequena estatura. Não poderia ter mais de vinte anos.

A jovem aproximou-se, e, com um estranho pressentimento, Anahí abriu a porta.

— Esta é a casa dos Herrera? — a voz da garota soou aguda e infantil.

Antes mesmo que ela continuasse, Anahí já sabia quem era.

— Sou Mia Herrera.

— Mia, naturalmente. — Anahí sentiu-se um pouco atordoada e apoiou-se ao pilar da varanda.

— Vim procurar Alfonso Herrera. Ele está?

Os momentos seguintes foram um tanto tumultuados.

A porta do carro abriu novamente e um rapaz saltou, carregando uma cesta enfeitada de babados.

O choro vigoroso de um bebê chegou até a varanda.

— Miguel, seu desastrado, você a acordou!

Apesar de notar a dificuldade do moço, que procurava alcançar uma sacola no banco do carro, a verdadeira Mia nada fez para ajudá-lo. Parada nos degraus da varanda, observava com impaciência o jovem se aproximar, caminhando desajeitadamente.

A estranha comitiva entrou na cozinha e a cesta do bebê foi colocada sobre a mesa.

O choro aumentou, e Anahí aproximou-se para observar a pequena figura, que esperneava com vigor, vermelha de tanto chorar.

— Ela está com fome... — disse Mia, de modo casual, observando a cozinha. — Acho melhor esquentar a mamadeira. Eu não tenho leite suficiente, sabe? — acrescentou, passando em seguida a analisar Anahí, sem nenhum constrangimento.

— Temos leite, sim. — disse o rapaz, que as olhava com as mãos nos bolsos. — Trouxemos duas la... — percebendo o olhar fulminante de Mia, ele se calou, mal-humorado.

"Que dupla!", pensou Anahí. "Isto aqui vai virar uma comédia..."

Ninguém parecia se interessar pela criança.

— Eu posso esquentar a mamadeira, mas não seria melhor trocá-la, também? Talvez esteja molhada. — aventurou-se Anahí.

Colocou uma panela no fogo, e enquanto a água aquecia, ficou observando Mia lidar com a filha.

Apesar da atitude indiferente, ela se mostrava muito cuidadosa. Mudou a fralda com eficiência, e embalou-a com ternura.

Um pouco depois, já alimentado, o bebê dormiu.

Um silêncio pesado caiu sobre eles.

Mia e Miguel trocaram um olhar rápido e significativo.

— A que horas o Sr. Herrera volta? — perguntou Mia.

— Não sei exatamente. Mas Juan Fuentes, o sócio de Alfonso, logo estará aqui e poderá dizer-lhe.

— Ah, sei, o velhote. Oscar me falou sobre ele. Mas é com Alfonso que eu preciso falar. — Mia já não parecia tão segura. — Vamos ter de esperar, não é? Tomara que ele chegue logo, por causa da diária do aluguel do carro. — mudou subitamente de assunto: — E você, quem é? Alfonso não é casado, pelo que eu sei...

— Sou Anahí Portilla. Estou cuidando da casa para ele.

— Você conheceu o Oscar?

— Não, infelizmente não cheguei a conhecê-lo.

— Ah, pois é. Ele morreu, você sabe. Sou a viúva. — Mia lançou um olhar para o rapaz. — Eu deveria ter vindo para o funeral, mas o bebê nasceu antes e eu passei um bocado mal. Oscar sempre quis que eu viesse conhecer a fazenda, mas eu disse a ele: "De jeito nenhum! Isso de ar puro não é comigo!". Eu gosto mesmo é de cidade, entendeu? — os traços infantis de Mia se alteraram ligeiramente. — Eu não sabia que ele ia morrer tão cedo, sabe? Fiquei chocada com aquele telegrama. Mas eu passei mal mesmo, naquele hospital. E de que adiantava vir, se não podia mais ajudar em nada, não é? Mas ele era um homem muito bom e nunca vou esquecer que deu seu nome à minha filha, só para me ajudar.

— Mia... — advertiu Miguel.

— Eu pensava que Miguel não ia voltar, mas ele voltou. O hospital queria receber e eu mandei as contas para Alfonso. O que mais podia fazer?!

— Cale a boca, Mia! — disse o rapaz. — Eu voltei, não voltei?! Não prometi que ia cuidar de você?!

— Cuidar como, pode me dizer?! Sem emprego, sem dinheiro, sem casa para morar?!

A discussão logo iria se transformar em briga.

Anahí levantou-se, procurando um pretexto para mudar de assunto, mas não foi preciso.

A voz de Damayanti Quintanar chegou até eles e logo ela entrou na cozinha, seguida por Alfonso.

Todos ficaram imóveis, olhando para eles.

O silêncio foi rompido pela voz vacilante de Miguel:

— Você é Alfonso Herrera?

— Sou. E você é...?

Anahí reteve a respiração.

— Eu sou Miguel. Quero dizer, Miguel Arango, e esta é minha noiva, Mia. — ele esperou um momento pela reação de Alfonso, mas este apenas o encarava. Então continuou, nervoso: — Mia Herrera. A mulher do seu irmão, você sabe...

Alfonso não movia um músculo, olhou para Anahí.

Ela o encarou.