Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Os outros não se moviam, sentindo que havia alguma coisa pouco natural na atitude deles.

— Meu Deus... — ele murmurou. — E você, quem é?

— Sou Anahí Portilla. — ela respondeu, tremendo, mas erguendo o queixo em atitude de desafio.

Os olhos verdes não se desviavam dela.

— Anahí Portilla... — ele repetiu, lentamente.

Mia mostrou impaciência:

— Bem, mas o que é isso?! Vocês ainda não se conheciam?!

— Quem faz as perguntas aqui sou eu, mocinha! — a voz cortante de Alfonso intimidou Mia e acordou o bebê, que imediatamente pôs-se a gritar.

Para Juan, que chegava para almoçar, o choro deve ter soado como um grito, porque ele entrou correndo, olhando em torno, ansioso.

— Poncho! O que está acontecendo?!

Anahí conteve uma risada histérica.

Aquilo já não parecia mais uma comédia. Era um verdadeiro teatro do absurdo!

Mia dominou a situação com sua voz aguda:

— Ah, já sei quem você é, o Juan! Oscar me falou de você...

Juan levou apenas um segundo para se recompor:

— E você deve ser a Mia real, não é?

— Juan! — Alfonso vociferou. — É melhor me contar o que está acontecendo por aqui! Mia acabou de me dizer que ela não é... — interrompeu-se, com a testa contraída, e ordenou: — Façam alguma coisa para essa criança parar de chorar!

— Eu cuido do bebê. — ofereceu-se Anahí.

Ela própria sentia vontade de chorar.

Lá se iam suas esperanças de uma conversa num ambiente tranquilo, quando poderia finalmente explicar tudo a um Alfonso calmo, terno, compreensivo.

Tirou do cesto a criancinha e se enterneceu.

— Ora, a pobrezinha deve estar cansada com todo esse barulho... Vou levá-la ao meu quarto, para vocês poderem conversar. A propósito, qual é o nome dela?

— É Antonella. — Mia respondeu. — Um nome italiano, como o da minha avó. É melhor levar junto a sacola de fraldas, você pode precisar.

Alfonso fez um movimento brusco com a mão, como se quisesse impedir Anahí de sair de cena tão cedo. Mas ela o ignorou.

Um pouco mais tarde, no silêncio do quarto, Anahí observava o pequeno rosto adormecido.

"As crianças, como sempre, são as vítimas inocentes das paixões dos adultos", pensou, entristecida.

Minha própria vida não é um exemplo disso? Muitos bebês crescem apenas para se tornarem adultos carentes e angustiados, sem saber o que significa amar e ser amado.

Talvez existam pessoas que sejam mais saudáveis emocionalmente, pessoas que não precisam erguer uma barreira imaginária contra os próprios sentimentos. Mas esse não é o meu caso.

No fundo, tinha medo de Alfonso, porque ele ameaçava suas defesas.

Flashes daquela noite ao lado do fogo se repetiam em sua mente.

Fazer amor com ele fora uma maravilhosa descoberta. Alfonso era um homem sensual e terno, a quem ela amava... E em quem não podia confiar, por temer ser desprezada.

Anahí sobressaltou-se ao ouvir passos no corredor, que pararam em frente à porta do quarto.

Levantou-se quando ouviu uma batida, e abriu-a.

— Oi... — disse Mia, espiando para dentro. — Que silêncio! Vocês dormiram? Vim buscar Antonella. Hora do banho.

A jovem entrou e pegou a criança com cuidado, procurando não despertá-la.

— Como estão as coisas por lá? — quis saber Anahí.

— Parece que estão meio resolvidas. Alfonso é muito compreensivo, afinal de contas. Vamos ficar aqui mais uma semana e quando o dinheiro do seguro sair, voltamos para Denver. — com o bebê nos braços, a garota estudou Anahí por um momento. — Você e Alfonso estão tendo um caso? Eu vi como ele olha para você. E que homem atraente, não?

Anahí sorriu, mas não respondeu.

— Certo, já vi que não é problema meu... — Mia deu uma risadinha e saiu.

Encostada na porta fechada, Anahí olhou em torno.

Já tomara uma decisão. Não poderia continuar ali, naquela posição insustentável.

Alfonso deveria estar tão chocado e revoltado com as revelações que provavelmente não iria querer vê-la.

Despediu-se dos móveis e dos pequenos objetos que durante pouco mais de três meses havia considerado seus.

Sentia profunda tristeza e uma sensação de fracasso.

Tentou fugir da depressão ocupando-se em arrumar suas poucas roupas na maleta, depois, preparou-se para dormir.

Quando apagou a luz, o luar inundou o quarto.

Ela não resistiu, levantou-se num impulso, abriu a janela e inspirou profundamente, tentando absorver a beleza da paisagem silenciosa.

Há muito não chorava, mas agora sentia as lágrimas caírem, quentes e inúteis, porque em nada aliviavam seu sofrimento.

Sabia que em qualquer lugar do mundo que estivesse não poderia ser feliz, se lá também não estivesse Alfonso.

E só podia imaginá-lo ali, fazendo parte daquela imensa beleza, o leão daquelas montanhas...

Soluçando, voltou para a cama e ficou muito tempo de olhos abertos, observando as sombras que a trajetória da lua aos poucos mudava de lugar.

Um movimento na cama a tirou de um sono profundo, mas não a despertou.

Como num sonho, sentiu o calor de alguém a seu lado, e com um sorriso incerto ergueu a mão, suspirando.

— Alfonso... — murmurou.

Alguém segurava sua mão e a beijava.

Flutuando em uma luz prateada, em perfeita paz, ela mergulhou de volta à inconsciência.