Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo XI

Quando Anahí despertou lentamente na casa ainda silenciosa, as primeiras luzes da manhã mal atravessavam as janelas embaçadas.

Em sua mente entorpecida permanecia uma vaga sensação de sonho, que aos poucos foi sendo substituída pela amarga percepção da realidade.

Virou-se na cama e cobriu a cabeça com o travesseiro, não querendo enfrentar o dia longo e difícil que teria pela frente.

Sua única certeza era que em poucas horas deixaria a casa, e que então nunca mais veria Alfonso.

Sentindo o coração pesado e o corpo dolorido, ergueu-se devagar, olhou para a janela, e, com um nó na garganta, pensou que não tivera tempo para fazer as cortinas.

A manhã estava muito fria. Anahí apressou-se a vestir o jeans e a jaqueta que ganhara de Alfonso.

Depois, foi para a cozinha, preparar pela última vez o café da manhã. Fritava o bacon e a cebola quando sentiu um súbito enjôo, que a fez tirar com rapidez a frigideira do fogo e sair para a varanda.

Inspirou profundamente. Apesar do frio da manhã, sua testa porejava de suor.

Apoiou-se ao pilar de madeira, abalada pela dúvida repentina que a assaltou: "Meu Deus, será que estou grávida?!"

Há dias sentia náuseas pela manhã, e agora bastou lembrar-se do calendário para que sua certeza aumentasse.

Um filho de Alfonso!

Apoiou a mão no ventre, mas ele continuava liso, como sempre.

Foi nessa posição que Alfonso a encontrou, quando abriu a porta de tela.

— O que foi, Anahí? Não se sente bem?

Ela ergueu para ele os olhos brilhantes de lágrimas.

Como era bom ouvi-lo dizer seu nome!

Endireitou-se e tentou controlar a voz:

— Não, senti apenas uma tontura, mas já passou. Venha, vou servir seu café.

Anahí aproximou-se da porta, mas antes que entrasse Alfonso a segurou.

— Não fuja de mim... Precisamos conversar, você não acha?

— Mas este não é o momento, Alfonso. Olha o Juan chegando... Falaremos mais tarde, está bem?

— Mais tarde, quando?! Escute, vou ter que sair logo depois do café, mas vou fazer o possível para não demorar. Não podemos mais adiar nossa conversa!

Juan subiu a escada olhando-os com apreensão.

— O que há? Brigando, tão cedo?

— Ora, nada disso, apenas conversando. — disse Alfonso. — Venham, vamos entrar, está frio, aqui fora.

Quando chegaram à cozinha, Mia e Miguel já estavam sentados à mesa, com os olhos vermelhos de sono.

— Bom dia, crianças... — disse Juan, pendurando o chapéu no cabide. — Onde está o bebê?

— No quarto, dormindo. — respondeu a garota. — Puxa, vocês sempre acordam tão cedo? — acrescentou, bocejando.

Juan sorriu, parecia muito solícito nessa manhã.

Notou o prato ainda vazio de Anahí, e observou:

— Você parece estar sem apetite, Anahí... Ontem à noite também comeu muito pouco.

— É, acho que estou precisando fazer um regime, minhas roupas estão ficando apertadas. — Anahí respondeu, tentando disfarçar a depressão.

Alfonso estudou seu corpo com interesse e sorriu com malícia.

Ela corou e levantou-se da mesa para pegar o bule e esconder a confusão.

O que ele faria, se soubesse da possibilidade de ter um filho? Isso mudaria em alguma coisa a situação?

Controlou-se para não chorar ali mesmo.

Tentou comer um pouco, sob o olhar vigilante de Juan, mas sua cabeça doía e o mal-estar continuava.

Quando Juan e Alfonso saíram, ela suspirou, aliviada, esse era um bom momento para pôr em prática o que planejara na noite anterior.

Voltou-se para Mia e Miguel, que ainda comiam com apetite.

— Escutem, quero lhes propor uma coisa, meu contrato de trabalho com Alfonso terminou e pretendo partir agora de manhã. Como vocês ainda vão ficar por mais uma semana, por que não me deixam levar o carro até Prospect? Eu poderia quitar o que vocês devem, e quando quiserem partir, Juan poderá levá-los à rodoviária.

— Alfonso sabe que você está indo?! — perguntou Mia, surpresa e curiosa. — Vocês nem se despediram...

— Não gosto de despedidas. — respondeu Anahí, sem nenhuma vontade de prolongar a conversa.

— Ora, para nós ficaria ótimo, não é, Miguel? Resolveria nosso problema e ainda economizaríamos o aluguel do carro!

O rapaz concordou prontamente. Estava com melhor humor essa manhã, e queria sair logo, para conhecer a fazenda.

Anahí arrumou devagar a cozinha, sentindo-se cada vez mais deprimida.

Depois de enxugar e guardar a louça, foi para a sala de visitas e ficou um longo tempo encolhida no seu canto do sofá, olhando através das lágrimas a lareira enegrecida.

Ali, o filho de Alfonso fora concebido, naquela noite de amor apaixonado que ela jamais esqueceria.

O som das vozes de Mia e Miguel chegou até ela, sem condições de falar com ninguém, levantou-se depressa e correu para o quarto.

O pequeno espelho da cômoda refletia um rosto pálido e abatido.

Anahí tirou a jaqueta, acariciou-a contra o rosto, e a colocou sobre a cama, vestiu a capa larga, e com um último olhar para o quarto, apanhou a maleta e saiu para o corredor.

Passando pelo quarto de Alfonso, hesitou, abriu a porta, e viu a enorme cama coberta com o acolchoado de Ruth, a escrivaninha como sempre coberta de papéis a fez lembrar o dia em que Alfonso a surpreendera ali.

Foi até lá, e, num impulso, escreveu num bloco uma nota de despedida.

"Alfonso,

Acho que não é preciso explicar o motivo da minha partida, mas quero que saiba que lamento a forma que nos conhecemos. Não tive a intenção de enganá-lo e espero que me perdoe.

Apesar de tudo, passei aqui os melhores momentos de minha vida. Obrigada pela acolhida.

Anahí".

Destacou a folha e a colocou ao lado do telefone, que nesse exato momento começou a tocar.

Sobressaltada, tirou o fone do gancho.

— Alô?

— Anahí, aqui é Petter.

— Oh, Petter! Que bom ouvir você! Como vão as coisas?!

Do outro lado, a voz dele soou maliciosa:

— Acho que não tão bem quanto as suas... Ouvi dizer que se apaixonou por um brutamontes, é verdade?