Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Alfonso entrou por uma delas e disse, sem olhá-la:

— Vou mostrar o quarto em que você vai dormir esta noite.

Anahí ficou subitamente alerta.

A casa estava em silêncio, e parecia meio abandonada. Será que havia se enganado sobre ele ser casado?

Mas, então, quem seria o "nós" a que ele se referira na estação?

Perturbada por ver-se sozinha com um estranho na casa deserta, ela o seguiu até uma sala de grandes proporções, iluminada apenas por uma luz lateral.

Uma das paredes era quase toda ocupada por uma lareira de pedras, já enegrecida pelo uso.

Tudo naquele lugar era imenso, como os móveis antigos espalhados pela sala.

— Mia!

O chamado impaciente a fez correr para a porta ao lado, Alfonso a esperava ao fundo de um largo corredor, em frente a uma porta iluminada.

Aprensiva, caminhou para lá.

A simplicidade espartana do quarto e a expressão distante de Alfonso a fizeram esquecer os receios.

Um acolchoado já desbotado cobria a cama estreita, e além dela só havia uma cadeira, uma cômoda, e uma pequena penteadeira.

As duas janelas laterais não tinham cortinas e os vidros refletiam sua imagem contra a noite escura.

Anahí cruzou os braços, tentando dominar o tremor.

Alfonso colocou a mala no chão, ao lado da cama.

— Acabei de ligar o aquecimento, o quarto estará quente em poucos minutos. Se precisar, o banheiro fica na porta ao lado. Quer comer alguma coisa antes de dormir?

Apesar do estômago vazio, Anahí recusou, constrangida.

— Não, obrigada, acho que só preciso mesmo dormir um pouco. Foi uma viagem longa.

Com a mão no trinco da porta, a testa franzida, ele a observou por um momento.

— Vou trazer-lhe uma bebida quente. Você parece estar precisando. — saiu, fechando a porta.

Olhando em torno, Anahí tirou a capa e a pendurou no armário, desatou o lenço, fazendo uma careta ao seu reflexo no espelho, e sentou-se na cama para tirar os sapatos.

Que alívio, o conforto de um quarto aquecido...

Inclinou-se, jogando os longos cabelos para a frente, e massageou os músculos tensos da cabeça e do pescoço.

Nesse momento, Alfonso bateu e entrou, segurando uma caneca fumegante.

— Coloquei um pouco de conhaque. Eu pensei... — e parou, olhando-a com expressão incrédula.

A massa de cabelos soltos, castanhos e desalinhados, emoldurava a face pálida de Anahí, destacando os olhos incrivelmente azuis.

O lenço havia escondido o contorno bem definido de um rosto perfeito e expressivo, e o vestido preto e justo de malha modelava um corpo longo, sensual, de curvas perfeitas.

Os seios apareciam, perturbadoramente firmes e cheios, revelados pelo decote profundo.

Sem o disfarce anterior, surgira a mulher sedutora, habituada a ver nos olhos dos homens a mesma expressão que Alfonso mostrava, parado ali, ao lado da porta.

Com um ligeiro sorriso, ela estendeu a mão para a caneca que ele ainda segurava.

— Obrigada, Sr. Herrera.

O rosto dele endureceu novamente.

— Vou chamá-la amanhã bem cedo. Esteja pronta. — foi seu comentário final, antes de sair.

Anahí sentiu-se revigorada com a bebida quente e cremosa.

Apanhou a camisola na maleta e escondeu melhor o envelope, pensando se não deveria tentar chamar Petter imediatamente.

Não, seria arriscado demais sair pela casa procurando um telefone, além de muito suspeito, talvez, pela manhã, ela tivesse uma chance.

Pouco depois, aquecida e acomodada sob as cobertas, Anahí suspirou, pensando no terminal rodoviário e na cadeira dura onde poderia estar naquele momento, enregelada, tentando dormir.

Sentiu-se grata pela noite de sono que o destino e a estranha Mia lhe proporcionavam.

Por que essa mulher misteriosa não teria vindo, depois de mandar um telegrama?

Que situação mais absurda, encontrar-se ali naquele momento, tão longe de casa, de sua cama, de seus amigos...

E o que aconteceria no dia seguinte, como seria esse terrível funeral do qual participaria como a viúva, a mulher que Alfonso Herrera não conhecia e mesmo assim recebia tão mal?

Estranho homem esse Herrera... Apesar das palavras e olhares hostis, ele também parecia capaz de gentilezas, lembrou-se do braço dele em sua cintura, do calor e força que sentira no corpo em que se apoiara por um breve instante.

Não se considerava uma mulher fria, mas nunca antes o simples olhar de um homem a perturbara tanto, e nenhum corpo masculino a fizera sentir-se tão agudamente consciente da própria feminilidade.

Estranhos pensamentos lhe ocorriam, cada vez mais esparsos e fragmentados.

Adormeceu finalmente, e em seus sonhos um severo rosto masculino aos poucos se transfigurava, tornando-se suave e apaixonado.