Fanfic: Adorável Impostora *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Mia não vai ficar Maite.

— Ora, e por que não?!

— Bem, eu... Eu não tinha planejado. — Anahí gaguejou, não querendo discutir o assunto em público.

— Não deixe que as atitudes das pessoas influenciem você, minha querida... — Maite indicou vagamente os grupos que se dispersavam. — Elas se esquecem que Oscar Herrera nunca fez o que esperavam dele. Se escolheu você, é porque tinha seus motivos, e isso é suficiente para nós, não é, Christian? — ignorando o constrangimento do marido e o silêncio de Alfonso, a mulherzinha continuou: — Poncho, não deixe essa garota ir embora ainda. Ela precisa nos conhecer melhor. Não somos tão maus, Mia, só um pouco insociáveis, às vezes. — e, com um sorriso amável, Maite despediu-se.

Um silêncio pesado caiu entre Alfonso, Juan e Anahí e se manteve durante todo o trajeto de volta à fazenda.

Quando a caminhonete estacionou em frente à varanda, Juan foi o primeiro a saltar, parecia aliviado, e se dirigiu imediatamente ao estábulo.

Alfonso retirou uma grande cesta do compartimento traseiro e a levou para a cozinha.

— Maite mandou isto para o almoço. Coma, se tiver fome. Juan e eu temos coisas a fazer lá fora.

Ele saiu, afrouxando a gravata, e atravessou o jardim em direção a outra ala da casa.

Bem, e agora?, pensou Anahí.

Ninguém dissera nada sobre sua partida, aliás, Alfonso nem mesmo a olhara durante todo esse tempo.

Isso parecia estranho a ela, habituada aos olhares de admiração masculina.

Apesar de ser um absurdo esperar alguma demonstração de interesse de um homem que acabava de enterrar o irmão, e que parecia ter motivos para odiá-la, sentiu-se um pouco frustrada.

Não podia negar que Alfonso Herrera era um homem muito atraente, não exatamente belo, no sentido clássico da palavra, mas de um magnetismo inquietante e uma postura felina que sugeria grande sensualidade.

Aquele rosto impassível com certeza seria capaz de mostrar emoções bem diferentes...

Como seria esse homem, apaixonado? Como ele seria fazendo amor?

Anahí corou.

Estava se deixando levar por fantasias, o que também era um fato novo em sua vida adulta.

Foi até a mesa e abriu o cesto.

Não sentia fome, mas talvez houvesse alguma coisa para guardar na geladeira.

A louça suja na pia também precisava ser lavada.

Que estranho, um homem como ele viver sozinho... Por que ainda não teria se casado? Ou seria divorciado?

Não, isso era improvável. Há muito tempo, com certeza, nenhuma mulher habitava aquela casa.

Guardou na geladeira alguns dos alimentos que poderiam estragar-se, e começou a lavar os pratos.

Viu pela janela quando Alfonso, já vestido com roupas de trabalho, caminhou para o estábulo.

Agora ela estava sozinha na casa, e aproveitaria a oportunidade para ligar para Petter.

Enxugando as mãos, saiu à procura de um telefone, no entanto, andando pelos vários cômodos da casa, esqueceu seu propósito.

Nunca conhecera uma construção tão típica dos primeiros tempos da colonização americana, embora várias alas parecessem ter sido construídas em épocas diferentes.

Em algum momento do passado, a família teria sido muito grande.

Vários quartos alinhavam-se ao longo do corredor, mas agora, os únicos que se demonstravam habitados eram o que ela ocupava, e um outro que estava com a porta entreaberta.

Anahí aproximou-se deste, e curiosa, entrou.

Os móveis eram antigos, de sólido carvalho, uma enorme cama de casal, uma cômoda pesada, uma estante com muitos livros e uma escrivaninha coberta de papéis espalhados.

A jaqueta de pele de carneiro de Alfonso pendia da porta do armário de roupas.

Distraidamente, Anahí alisou o macio acolchoado que cobria a cama, pensando no trabalho paciente da mulher que o havia costurado.

Leu alguns títulos dos livros, que iam de literatura clássica a assuntos técnicos, Alfonso parecia ser um homem bastante eclético e bem informado.

Havia um telefone na mesinha de cabeceira, e Anahí lembrou-se de Petter.

Sentou-se na cama, tentando imaginar os lugares em que poderia encontrá-lo.

Pediu ajuda à telefonista em Denver, que forneceu alguns números, e na terceira tentativa, falou com o barman de um restaurante que Petter costumava frequentar.

— Ele não esteve aqui, Anahí. Mas diga, o que está acontecendo? Uns caras estranhos andaram perguntando por você. Algum problema?

— Não, Marcus, está tudo bem, não se preocupe. Você sabe onde eu poderia encontrar Petter a esta hora?

O barman sugeriu outro número, e Anahí desligou, pensativa.

Talvez ela não tivesse feito um favor ao amigo, afinal, e se Gerald o ferisse, tentando forçá-lo a dizer onde estavam os papéis?

Lembrou o jeito alegre e a integridade daquele simpático contador de histórias, que a divertia em longas noitadas regadas a cerveja, reconstituindo os velhos tempos do "boom do petróleo", das grandes fortunas feitas do dia para a noite, dos personagens pitorescos que havia conhecido.

Petter tinha se tornado o substituto para o pai que ela perdera, devolvendo-lhe um antigo sentimento de família. Não queria vê-lo pressionado por Gerald.

Discou outro número, o do Lucy's, o bar favorito dos velhos e saudosistas executivos do petróleo.

Suspirou, aliviada, quando afinal ouviu do outro lado a voz preocupada de Petter:

— Anahí?! Onde você está, menina?! Você está bem?! Mas que loucura fazer isso com Lasker! Ele está procurando você por toda parte!

— Calma, está tudo bem. Sinto muito estar causando toda essa confusão, mas não pude aceitar vê-lo roubado dessa forma... Só não esperava ser descoberta tão cedo!

— A culpa foi minha, Anahí, fui muito descuidado. Eu sabia que Gerald era um operador esperto, e confiei nele além do que devia. Mas não são as opções que me preocupam, quero é vê-la fora disso.

— Não se preocupe, estou em lugar seguro. Mas, e você? O que está acontecendo?

— Bem, é claro que ele achou que éramos cúmplices, mas já não está tão certo. O maior problema são uns sujeitos mal encarados que me seguem o tempo todo. — abaixando a voz, Petter perguntou: — E os papéis, estão com você?

— Sim, eu pretendia...

— Escute, querida, aprecio muito o que está tentando fazer por mim, mas prefiro perder essas opções a vê-la machucada. Lasker é impiedoso, e não vai descansar enquanto não encontrá-la.

— Bem, agora é muito tarde para lamentações. E não estou arrependida simplesmente porque tudo não correu como eu pretendia. Vou esperar as coisas esfriarem um pouco, e depois entro em contato com você para decidirmos o que fazer com os papéis, certo?

— Sim, acho que é o melhor. Escute, vou desligar, aqueles sujeitos me viram ao telefone, e estão vindo para cá. — a ligação foi cortada.

Preocupada, Anahí desligou.

Com certeza, esse não era o momento adequado para devolver os papéis, ou para tentar outro contato. Mas, então...

— Alfonso!

Encostado ao batente da porta, com os braços cruzados sobre o peito largo e o olhar carregado de suspeita, Alfonso a observava.