Fanfic: Junto a ti | Ponny (+18) | Tema: Rebelde, AyA

Narrado por Anahí.

Hoje faz um mês que Alfonso e eu nos divorciamos. Acordei com a falta dele socando fortemente, sem dó nem piedade, o meu coração. Sentia falta do corpo, do cheiro, do beijo, do olhar... De tudo. Simplesmente tudo.

Depois do divórcio, eu fiquei com a casa que era nossa. Eu dormia na cama que era nossa. Eu tomava banho no banheiro que era nosso. Tudo que eu fazia me remetia a ele, ao amor que um dia ele sentiu por mim. Não que eu ache que ele não me ama mais, muito pelo contrário, eu acho que ama sim. Tenho certeza que ele sente o mesmo que eu. Porém, como fui eu que terminei o que um dia eu jurei na frente de Deus que seria eterno, Alfonso devia sentir mais raiva do que amor no atual momento. Por mais que me doesse, eu não o criticava. Talvez eu, no lugar dele, também fosse possuída pela raiva. Eu não podia reclamar de nada, no fundo eu procurei por isso.

Por incrível que pareça, hoje é dia de festa. Faz um ano que Dulce e Christopher assumiram um compromisso sério – o que chega a ser irônico, uma vez que eles se amam a basicamente sete anos, como Alfonso e eu –. Dulce e eu conhecemos Christopher e Alfonso juntas, no mesmo dia e no mesmo lugar.

Flashback on.

7 anos atrás.

Era o aniversário de Christian. Dulce, Maite e eu viemos no meu carro. Por querermos chegar juntas e como o meu carro chama a atenção, elas vieram comigo. Não vieram pela minha companhia, mas sim pelo meu carro. Que isso fique registrado.

— Finalmente chegaram, minhas meninas. — ao nos ver, Christian se aproximou para cumprimentar e abraçar cada uma de nós. Em Maite, especificamente, além do abraço ele também deu um selinho demorado em seus lábios. Eles namoravam há três meses. Apesar de parecer pouco tempo, todo mundo sabia que eles morriam de amores um pelo outro. — Venham comigo, por favor. Quero apresentá-las dois amigos meus que acabaram de chegar de uma viagem pelo Brasil.

Dulce, Maite e eu nos entreolhamos com uma expressão insegura e duvidosa, mas mesmo assim o seguimos.

— Meninas, esses são Christopher e Alfonso, respectivamente. — Christian apontou primeiramente para um rapaz muito bonito que, aparentemente, também era simpático, já que não parava de sorrir. Depois, foquei no outro homem e puta merda, foi amor à primeira vista. Juro, ganhei o meu mais lindo amor ali, naquela hora e com aquele olhar. Eu sei que sempre fui uma romântica incurável, mas o que eu disse agora não tinha nada a ver com romantismo. Deus era testemunha disso.

— Como você se chama? — ele perguntou baixinho, com um sorriso de menino presente em seus lábios. Ah, esses lábios... Como seria beijá-los?

— A-Anahí.

— É um grande prazer te conhecer, Anahí. — ele passou a língua nos lábios e oh céus! Eu tenho tudo, menos estrutura para ver algo assim. Esse homem era lindo da cabeça aos pés... — Posso te dar um abraço?

Sim, você pode. Você pode fazer tudo que quiser comigo.

— Cl-claro que po-pode, por que não? — falei entre gaguejos. Nunca me senti tão nervosa perto de alguém.

No mais, ele me abraçou. Me abraçou forte, apertado, como se há muito tempo procurasse por esse abraço. Retribuí com a mesma intensidade, enlaçando meus braços em seu pescoço e o puxando um pouco mais para perto de mim. Me senti viva, calma e “em casa” em seus braços. Seu cheiro viciante tomou conta das minhas narinas e não permitiu que eu pensasse em outra coisa que não fosse em como eu queria sentir esse cheiro pelo resto da minha vida. Ah, Alfonso... Quem é você? Um feiticeiro?

Final do flashback.

Eu não sabia qual seria a minha reação quando o encontrasse hoje, porque, provavelmente, ele irá à comemoração de Dulce e Christopher. Na verdade, provavelmente não, ele vai. Poncho jamais furaria com os seus amigos mais próximos.

Terminei de me arrumar por volta das 18:30 e, como prometi ao casal, às 19:00 em ponto eu estava na casa de Dulce.
O encontro aconteceria apenas entre Christopher, Dulce, Christian, Maite, Alfonso e eu. Naquele dia em que Christian apresentou as meninas aos meninos, nós viramos um sexteto inseparável. Inseparável, no caso, até eu terminar com o Poncho. Esse era o primeiro contato do grupo desde a minha separação com ele. Uns estavam magoados comigo, como o Chris e a Mai, mas outros, como a Dul e o Ucker, entendiam perfeitamente o que me levou a colocar um basta no meu matrimônio. De fato, o casal Vondy, que foi como o grupo todo decidiu chamá-los, sabia mais sobre Alfonso e eu do que o casal Chaverroni.

— Oi, amiga. — Dulce me recebeu com um sorrisinho forçado. — Tu-tudo bem? — ela perguntou nervosa, com o corpo nitidamente tensionado. Automaticamente, só com essa recepção, o meu sexto sentido avisou que coisa boa não viria.

— Oi, ruiva. Estou bem, e você?

— Estaria melhor se o Alfonso não tivesse vindo com a intenção de estragar a nossa comemoração.

— Como assim? — nessa altura do campeonato eu já estava quase morrendo por dentro. Eu nem sabia o que era e as lágrimas já estavam se formando em meus olhos.

— Antes que você entre, eu preciso te avisar que ele veio acompanhado por uma piriguete de quinta. — ela falou “p” da vida, pois Dul, de certo, era a nossa shipper número um.

O que ela falou foi como um tiro no meu peito. Poncho, o meu Poncho, estava com alguém que não era eu? Não, isso não.

Meu corpo fraquejou e eu tive que me segurar em Dulce para não cair no chão. Eu estava em sua porta, nem sequer tinha entrado, e já sentia que essa noite havia chegado ao fim.

— Por favor, me diga que isso é brincadeira. Ele não fez isso. — a minha voz saiu baixa, como um sussurro. Eu estava fraca, fragilizada... Precisava dele, do meu marido.

— Eu queria muito te dizer que é brincadeira, mas não é, Any. Infelizmente não é. Até porque eu não seria louca de brincar com isso sendo que eu sei o quanto está sofrendo. — e então ela me abraçou. Eu a segurei tão forte que a tratei como se ela fosse a minha base, o meu mundo. — Se você não quiser ficar, eu entendo, amiga. Entendo tanto que vou te deixar em casa. Eu jamais permitirei que você vá embora sozinha assim, tão desolada. — Dulce afagava meus cabelos enquanto eu chorava copiosamente em seus ombros. Tudo que eu mais temia estava acontecendo. Por que ele não esperou um pouco mais para se envolver com uma qualquer? Por que ele a trouxe aqui, logo aqui? Ele sabia que eu vinha! Ele sabia que eu desabaria ao vê-lo com outra...
Eu não tinha certeza se o plano dele era me atingir, mas caso fosse, ele merecia os parabéns por ter conseguido.

— Eu vou ficar. — eu não sei o que me levou a dizer isso, visto que eu queria que alguém me matasse para poder aliviar essa dor. Era insano, Alfonso era a única pessoa capaz de fazer com que eu fosse do céu ao inferno em questão de segundos. Antes, eu estava contente porque depois de um mês sem nenhum contato, finalmente eu voltaria a vê-lo. Agora, ele é a última pessoa do universo que eu quero ver. — Eu vim por você e pelo Ucker, e é ainda por causa de vocês que eu vou ficar. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Eu sou Anahí Portilla, esqueceu? Eu sempre fico bem. — ao mesmo tempo em que me forcei a acreditar no que acabei de dizer, eu também forcei um sorriso. E o pior é que eu nem sei em qual parte eu falhei mais.