Fanfics Brasil - Os Demônios Que Nos Espreitam Trinity: O Despertar

Fanfic: Trinity: O Despertar | Tema: Originais


Capítulo: Os Demônios Que Nos Espreitam

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‘Até que é uma tarde bem ensolarada para um dia de inverno.’ Pensou Camille enquanto andava pela Nossa Senhora de Copacabana, no Rio de Janeiro, as nuvens de chuva só começavam a dar sinal agora no fim do dia e ela com certeza voltaria antes que a água caísse, mas, por precaução, trouxe consigo um guarda—chuva compacto que cabia em sua bolsa sem nenhum problema. ‘Se bem que o inverno desse lugar é bem tropical. Dias ensolarados, noites chuvosas...’


Ela se perdeu nos pensamentos por um momento até perceber que alguém a seguia, um homem de altura mediana e barbado, tinha pele branca e olhos azuis bem claros. Camille esticou os passos e dobrou a direita sentido Avenida Atlântica, como era uma rua de frente para a praia deveria ter um movimento maior de pessoas por lá. Porém, repentinamente, uma forte chuva começou e uma lufada de vento descomunal veio em sua direção, a menina apenas continuou seguindo enquanto via de longe as pessoas desesperadas saindo da praia. Dobrou novamente a direita e entrou no primeiro lugar que viu, era um boteco de esquina não muito sofisticado com apenas algumas mesas e um balcão com uma única funcionária, se sentou e a menina ruiva de olhos verdes logo percebeu a expressão agitada nela.


— Nossa. Aconteceu alguma coisa? — Ela debruçou levemente sobre o balcão, largando o copo que enxugava delicadamente. — Parece que viu um fantasma.


— Tem um homem me seguindo. Moça, você tem que me ajudar, ele... — Sua fala foi interrompida pela silhueta que refletiu no espelho, aquele homem se encontrava de pé na entrada do bar sorrindo pra ela.


— Já estamos fechando. — A mulher tomou a frente quando viu que ele se aproximava — Saia senão terei que chamar a polícia.


Ele não respondeu, apenas deu uma risada sarcástica e se aproximou dela num piscar de olhos, dando um golpe certeiro no seu peito com uma força que a atirou na parede atrás do balcão. Camille arregalou os olhos e conteve a vontade de perguntar que merda foi aquela. Ele continuou vagarosamente na direção da menina e passou a mão em seus cachos dourados.


— Nunca pensei que uma Kitsune pudesse despertar num lugar desses. — E continuava mexendo em seus cabelos, nada mais. Ela tirou a mão dele de si e tomou coragem para retrucar.


— Kitsune? Você só pode ser maluco. — Levantou a voz para ele, tentando entonar o máximo para parecer que não se importava. — Seja lá quem você for ou de quem está atrás, veio ao lugar errado.


Porém não surtiu efeito, ele gargalhou e se afastou um pouco dela — Lugar errado, você diz? Você nem sabe o que realmente é. Melhor ainda! Imagina o que irmão falar no colégio quando descobrirem que eu suguei a alma de uma Kitsune inocente. — Enquanto ele gargalhava sua aparência ia se modificando aos poucos, sua pele ia escurecendo e parando num tom acinzentado, seus dentes iam ficando pontudos e um único canino sobressaltava de sua boca, da lateral de sua cabeça nasciam chifres pontiagudos que se estendiam para frente até a sua testa apareceram e sua mão direita escurecia para uma cor mais do que negra, se transformando numa garra que exalava escuridão. — Me deixe me alimentar de você.


A cena que ela havia acabado de presenciar não deixava fazer nada. O homem se aproximou dela novamente e sua presença havia tornado a atmosfera do lugar pesada. — Tire a mão de mim. — Ela disse com a voz presa na garganta quando ele chegou perto e tocou em seu rosto, ele riu e levemente passou a língua em sua bochecha. Sua voz se soltou e ela pode gritar: — TIRA A MÃO DE MIM!


De repente um brilho muito forte a cegou e sua consciência se perdeu, sentia—se como houvesse caído na escuridão, mas ainda sentia os movimentos de seu corpo. Porém não podia controla-los. O movimento era constante, parecia uma dança ou algo assim, não conseguia distinguir, só tinha a certeza de que seu corpo não estava parado. Quando voltou a si, estava deitada em sua cama, como de costume, o quarto não era grande e não tinha muita decoração. Sua cama ficava abaixo da janela e encostada num armário junto de uma escrivaninha com um notebook repousado ali. Ela se levantou com o barulho de alguém abrindo a sua porta. Era a balconista do bar, mas não estava com as roupas de trabalho, usava uma saia preta que deixava parte de suas belas coxas à mostra e saltos também pretos, seu cabelo ruivo e artificialmente cacheado estava preso num rabo de cavalo com uma franja caída sobre a testa.


— Como entrou aqui? Como eu vim parar aqui? Quem é você? E como você tá viva? — bombardeou em cima da menina e ela riu docilmente.


— Parece que você não se lembra de nada mesmo. E parece que você também não sabe de nada. — Camille ouviu as palavras dela e entortou um pouco a cabeça, confusa. O que ela tinha que saber? Quem era aquela mulher e o que havia acontecido ontem? A ruiva se sentou no chão sobre as próprias pernas e direcionou o olhar para ela. — Bem, uma coisa de cada vez. Eu sou Annabell V. Vielmont e entrei aqui junto a você ontem à noite. Você estava consciente, ou eu pelo menos acredito que era você. Eu estou viva porque sou dura de matar, um empurrãozinho daqueles nunca seria suficiente.


— Você foi jogada do outro lado do balcão. Em cima de uma prateleira repletas de garrafas de vidro pregadas em uma parede.


— Eu sei, eu sei. Não me lembra dessa vergonha. — Ela deu de ombros. — Eu poderia ter matado aquele demônio eu mesma, mas quando ele falou que você era uma Kitsune eu fiquei esperando que você fizesse alguma coisa.


— Demônio? Kitsune? Cara você é drogada. — Ergueu uma sobrancelha, se pondo de pé. — Então você diz que aquele cara era um demônio? E que eu sou uma raposa mitológica milenar de nove caudas?


— Exatamente. — Annabell respondeu, como se tudo aquilo fosse normal. — Eu sei que pode parecer estranho porque você nunca lidou com nada fora do comum antes, mas eu vivo nesse meio tem mais de meio milênio.


— Certo. E como você pode me provar isso, Anciã? — ela cruzou os braços e esperou que Annabell fizesse algo. A garota se levantou e ficou de frente para ela, dando um chute giratório rápido demais para Camille desviar, mas o golpe foi absorvido por um manto espiritual que a envolvia dos pés à cabeça. — Uau...


— Você entende agora? Pode parecer muito para assimilar, mas você é sim uma raposa de nove caudas milenar. E esse foi o primeiro poder a despertar em você. É chamado de “O Manto da Raposa”. — Ela se recompôs e deixou que a menina loira assimilasse tudo o que estava acontecendo e notou que a mesma se encontrava pensativa. — O que te incomoda, querida?


— Acho um pouco estranho você ter estado lá na hora e no lugar certo. Você tem um objetivo?


— Já havia quase me esquecido. — Falou com certa empolgação. — Eu sou coordenadora de uma das escolas para pessoas como eu e você. Com habilidades sobre—humanas. Você, como toda Kitsune tem o manto da raposa e habilidades de combate excepcionais. Além de ter uma fácil associação com a magia.


— Calma, calma, calma. — Pediu erguendo novamente a sobrancelha. — Você quer que eu vá com você pra uma escola para descobrir o que eu sei fazer? Eu tenho família aqui, sabia? Eles não estão no momento porquê foram com urgência pra São Paulo cuidar de um caso.


Annabell concordou e passou a mão no queixo. — Eu sei disso. — Comentou com um sorriso breve, tirando de dentro do sutiã um pequeno pedaço de papel e estendendo pra ela — Eles já estão cientes desse caso. Parece que você era a única da família que nunca havia tido contato com a magia.


Camille tomou o papel em mãos. Era uma carta de sua mãe.


"Filha, eu sei que num momento como esse sua mente deve estar muito conturbada, mas Annabell veio até nós dizendo que seus poderes haviam despertado. Não esperávamos que isso acontecesse tão cedo. Agora você deve estar se perguntando como seu pai e eu temos conhecimento desse mundo. É que uma vez fomos salvos por um demônio e ele nos deu uma bênção muito especial que não cabe a dizer em uma simples carta. Espero que quando nos virmos novamente você esteja com seu poder dominado, pois agora você irá para uma escola maravilhosa onde aprenderá a ser essa menina original e única que sempre foi.


Nunca desista de tentar. Nós te amamos."


Camille riu. — Eles são mesmo dois sem noção. Eu queria saber de onde meus poderes vem, isso sim. Como eles conhecem a magia não me importa. — E entregou a carta novamente para a garota ruiva. — Onde iremos agora?


— Ainda tenho mais um recrutamento para fazer. — ela deu uma sacudida de mãos e uma nuvem vermelha espessa envolveu as duas, impedindo que Camille visse meio palmo à sua frente. Quando sua visão voltou estava sentada num gramado raso em meio a um campo aberto. — Bem—vinda à Serra de São Bento.


— Aquela no nordeste? Como viemos parar aqui?


— Rio grande do Norte, pra ser mais exta. — ela ajudou a menina a se levantar e apontou para uma pequena cidade abaixo do gramado — É lá que está o garoto que estamos procurando. Seu nome é Bryan e ele é uma fada.


— Fada? — Camille franziu o cenho. — Mas fadas não são só mulheres?


— Fadas na verdade são uma espécie de ser místico. Assim como as Kitsunes também podem ser homens, já que descendem de um mesmo ancestral. — Anna explicou e a menina apenas concordou. — Só tome cuidado aqui, é bem capaz de já ter um demônio perseguindo o garoto.


Ela mal havia acabado de terminar a frase e uma grande explosão ocorreu e um menino foi jogado praticamente do outro lado da estrada de barro que atravessava parte da cidade. Annabell pode ter certeza de que aquele menino magro e de olhos claros era quem elas duas procuravam. Do centro da explosão, ainda pouco visível graças à poeira levantada, saiu uma mulher de cabelos roxos e chifres múltiplos que formavam uma coroa pontuda por entre seus cabelos.


—Eu pensei que você fosse mais forte, desse jeito nem tem graça sugar sua alma. — ela se agachou e sorriu para o menino que tremia de medo, mas logo parou o que ia fazer para voltar o olhar azulado para as duas. — Mas parece que eu acabei de achar coisa mais interessante. — Seu olhar estava focado em Camille. — Você é a Kistune recém despertada que matou um demônio? Sabia que viria, não sabe o quanto a sua alma subiu de valor desde que assassinou aquele homem. Bem, acho que o banquete vai ter um acompanhamento.


— É mesmo muita audácia sua me ignorar aqui. Ou você não sentiu a minha presença? Você enfraqueceu desde a última vez que eu te apunhalei, Maeve. — Annabell se pôs na frente de Camille e conseguiu chamar a atenção da mulher.


— Annabell. — Ela falou com desdém — O que uma campeã da Trinity veio fazer aqui? Vocês nunca cansam de estragar banquetes?


— Você sabe que demônios não precisam se alimentar das almas, vocês podem comer qualquer coisa.


— Você não sabe como é o gosto de uma alma. Não sabe como é viciante sentir o toque suave do desespero e da agonia descer pela sua garganta ou escorrer da sua boca. — Ela riu e encostou de leve o dedo sob o lábio inferior, deixando à mostra um único canino afiado.


— Ai, credo, você é nojenta. — Ela falou com certo pesar e começou a caminhar na direção dela, mudando a sua postura levemente. — Eu devia ter matado você quando tive a chance. Mas não se preocupe, a oportunidade está bem na minha frente.


A outra mulher riu, lançando um olhar para Camille e disparando na direção dela com uma velocidade absurda, estática, a loira viu Annabell se pôr na rente dela e parar a corrida de Maeve com apenas um chute. A garota demônio foi afastada dela com facilidade. Mas logo desembainhou da cintura duas adagas e sorriu para Anna, a subestimando. A ruiva começou uma caminhada, tirando uma pequena chave que se fazia de presilha para seu cabelo. Ela a rodou entre os dedos e a mesma entrou em combustão. As chamas se alastraram, dando o molde de uma foice maior que a estatura do corpo dela. Camille deu um passo pra trás na presença daquela arma, ela emanava algum tipo de energia que ela podia sentir e seu instinto de proteção ativava o manto da raposa sem que ela quisesse.


— O que está acontecendo aqui exatamente? — O menino perguntou conseguindo escapar sorrateiramente das mãos da menina demônio. — A propósito, me chamo Bryan.


— Camille... E olha, sinceramente, há um minuto atrás eu achei que soubesse. — Camille arqueou uma sobrancelha e se manteve do lado dele. — Mas agora confesso que tenho um pouco de medo.


Bryan concordou com a afirmativa da garota e voltou o seu olhar para a luta que estava começando. Naquele momento Annabell avançava na direção de Maeve, que estendia as adagas preparada para o que viesse. Anna tentou um golpe direto com a foice, mas a outra desviou, firmou o cabo da arma no chão e se apoiou nele para disferir um chute direto contra o demônio, que se defendeu com as adagas. Camille reparava entre cada golpe que a ruiva não estava conseguindo acompanhar os movimentos de Maeve.


— Annabell, é inútil lutar contra ela dessa forma. — Ela alertou, fazendo a ruiva perceber que suas investidas eram inúteis.


— Acho que ela tem razão, Anna. Sua foice não funciona em curto alcance, não é? — Maeve girou o corpo e acertou um golpe com a adaga que por sorte não acertou o olho esquerdo de Anna.


— Tudo depende da utilidade que você dá pra arma. — Ela sorriu e passou a mão levemente sobre a lâmina da foice, fazendo um pequeno corte e fincando a arma no chão. O objeto começou repentinamente a emanar uma aura densa, muito mais assustadora e pesada que sua própria presença, e direcionar todo aquele poder para Anna. Os cabelos dela começaram a ganhar mechas brancas e marcas vermelhas começaram a percorrer seu corpo, como faixas aparecendo em sua pele. Seu olhar se tornou vermelho e dele só se podia sentir desespero.


— Então é aí que foi parar. — Maeve ria da situação. — A lâmina impregnada com sangue de demônio. Nunca pensei que você seria capaz de usá-la.


— Eu já causei muitas mortes por vários motivos Maeve... Raiva, rancor, desespero... — Ela se posicionou novamente em guarda. — Eu assumo toda a responsabilidade aqui e agora.


Maeve riu e foi para cima novamente, tentando cortar com a lâmina, mas uma aura de cor escarlate envolveu a garota e fez a adaga se quebrar, ela se afastou e estendeu a mão esquerda, invocando uma quantidade considerável de poder e estendendo para o céu, deixando aquele pequeno feixe de luz roxa se elevar e começar a exercer pressão num único ponto.


— O que é aquilo? — Camille gritou para ela, mas o tremor repentino no chão impediu a resposta, o solo começou a se rachar e ser levado na direção daquela luz, formando uma esfera aos poucos e ganhando uma enorme quantidade de massa.


Anna disparou na direção dela, evitando os pontos mais soltos da terra. Maeve, por sua vez, desapareceu de onde estava e reapareceu na frente dos dois, mostrando as garras da mão esquerda e avançando na direção de Bryan. Camille se pôs na frente dele e o manto da raposa se estendeu, ganhando forma e a protegendo. Ela olhou no fundo dos olhos da mulher e conseguiu, de alguma forma repelir seu ataque, desequilibrando—a e dando chance para que Anna atravessasse suas duas mãos em suas costas e a dividisse em dois pedaços.


— Vocês dois estão bem? — Annabell deu uma olhada dois, mas Camille não deu tempo para resposta.


— Temos um problema maior! — Ela apontou para a esfera que perdia a estabilidade e começava a cair. — A cidade vai ser soterrada!


— NÃO! — Bryan exclamou e uma onda forte de energia emanou dele, quase empurrando as duas do lugar, seus cabelos claros ganharam mechas esverdeadas e um par de asas de tom verde transparente surgiu em suas costas. Uma luz verde em forma de lágrima praticamente pingou de seu peito, caindo no solo. A força do ressoar fez que um par de troncos surgisse do solo e se ramificassem formando duas grandes árvores sobre a cidade, impedindo que a grande esfera caísse sobre ela. Logo em seguida o garoto caiu cansado no chão e voltou a sua forma interior.


— Viu só? Eu disse que ele era uma fada. — Anna riu pegando o menino em seus braços e indo na direção contrária a da cidade. — Agora vamos, você e ele acabaram de ganhar uma matrícula única na escola Trinity.



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Autor(a): dissimulada

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