Fanfic: O Cálice do Desejo e o Sabor Amargo da Traição - 4ª Temp [+18] [Hot] (Saint Seiya) - Finalizada | Tema: Saint Seiya

*** - Mansão Kido – Quarto da Atena - ***

Eu estava perto da janela, olhava a chuva fina lá fora e esperava a chegada do meu cavaleiro. Poseidon não aceitaria nada menos que uma noite inesquecível como ele enfatizou... eu não poderia ficar preocupada com os amores da minha vida... só o fato de me imaginar explicando o que aconteceu era terrível! Meu coração estava apertado, mas eu tinha que fazer o que era certo, por eles!

Com poucos minutos a porta do meu quarto se abriu e vi o Kanon, de uniforme preto, entrar no meu quarto e fechar a porta. Ele se aproximou de mim e eu diminuí a distância entre nós e o abracei, senti o calor do seu corpo e o seu cheiro delicioso de maçã-verde e sândalo. Ele passou a mão nos meus cabelos.

(Kanon)- Tudo bem, Princesa?

Só balancei a cabeça em negativa.

(Kanon) – Está tudo bem, estou aqui!

Ele me abraçou mais apertado.

Isso seria bem mais difícil do que eu imaginava!

Apertei-o mais ainda nos meus braços. Me afastei com relutância do seu corpo forte, peguei na mão dele e o conduzi para se sentar na minha cama, ficamos de frente um para o outro.

(Atena) – Eu quero que me escute com atenção, tudo bem?

Ele confirmou com a cabeça.

(Atena) – Eu quero te pedir perdão, nessa viagem aconteceu um fato que eu não deveria ter permitido, mas permiti. Eu permiti que o Julian me beijasse!

Kanon me olhava esperando eu terminar de falar. Falei sobre as circunstâncias em que o beijo foi me pedido.

(Atena) – Fui ingênua o suficiente para achar que o beijo não seria nada de mais... mas foi além do que eu imaginei... e por isso espero que me perdoe!

Kanon passou a mão nos cabelos e falou calmo:

(Kanon) – Por mim tudo bem, te perdoo... é por isso que está assim, tão triste?

(Atena) – Não, não é...

Segurei as duas mãos dele e o olhei nos olhos.

(Atena) – Você sabe que eu te amo, Kanon! Você é maravilhoso! Maravilhoso até demais...

Deslizei a mão pelo seu rosto e senti meus olhos lacrimejarem.

(Atena) – Não é justo ficar em um relacionamento onde você não recebe toda a atenção que merece, onde corre o risco de se magoar com atitudes como essa que eu cometi... fui muito egoísta em pedir que aceitasse um relacionamento assim...

Enxuguei as lágrimas que caíram.

(Atena)- Me perdoe, Kanon!

Kanon respirou fundo e fechou os olhos.

(Kanon) – Atena, por favor, não faz isso... eu te perdoei.

Deslizei a mão pelo seu rosto.

(Atena) – Olha para mim, por favor...

Ele abriu os olhos azul-esverdeados e me olhou.

(Atena) – Eu preciso te libertar disso... eu não o mereço...não percebe isso?

(Kanon) – Princesa, que bobagem! Você é muito mais do que eu imaginei na vida!

Eu tinha que conseguir...

(Atena) – Mas eu não estou feliz com essa situação, Kanon!

Kanon falou com calma:

(Kanon) – Então você já tinha tomado essa decisão antes de falar comigo?

Confirmei com a cabeça que sim.

Kanon respirou fundo e enxugou o resto das minhas lágrimas que caiam.

(Kanon) – Não faz sentido, Princesa,  você não parece feliz com isso! Mas, tudo bem, vou aceitar a sua decisão!

Respirei aliviada.

Kanon em um movimento rápido trouxe as suas mãos em direção aos meus braços machucados e eu involuntariamente, recuei na hora do seu toque.

Kanon olhou para as suas mãos que pararam no meio do caminho com a minha reação.

(Atena) – Me desculpe, não tive a intenção de ...

Kanon olhou sério para mim.

(Kanon) – Está machucada?

Fiquei em silêncio.

(Kanon) – Me permite?

Kanon abriu o meu casaco e desceu devagar pelos meus braços, até que viu as marcas neles.

Kanon respirou fundo e me perguntou:

(Kanon) – Meu irmão fez isso?

Apenas confirmei que sim com a cabeça.

Ele se levantou, olhou nos meus olhos e disse claramente:

(Kanon) – Para mim, não adianta você tentar me libertar de um relacionamento se o meu coração está preso a você, sempre estará!

Kanon saiu do meu quarto e levou com ele um pedaço do meu coração.

Agora que ele não estava, me permiti chorar novamente, isso seria mais difícil do que eu pensava! Libertá-los acabaria comigo!

Depois de uns minutos me acalmando, respirei fundo.

“(Atena) – Milo, pode vim ao meu quarto, por favor?”

“(Milo) – É claro!”

Eu estava sentada na minha cama e alguns minutos depois o Milo, usando seu uniforme preto, abriu a porta do meu quarto, entrou e fechou a porta. Sinalizei para que ele sentasse e assim ele o fez.  O abracei, queria ter essa sensação na memória, seu calor e o seu cheiro delicioso de canela, rosas e baunilha. Ele retribuiu o abraço e passou a mão nos meus cabelos. Com relutância me afastei do seu corpo.

Milo, com a expressão preocupada me perguntou:

(Milo) – O que você tem, Linda? Está tudo bem?

(Atena) – Vou ficar bem, não se preocupe... preciso confessar um erro que cometi com você.

Milo me olhava atentamente. Contei sobre o beijo que aconteceu na viagem, a circunstância que envolveu o beijo e do quanto foi além do que eu esperava.

(Atena) – Por isso Milo, peço que me perdoe!

(Milo) – Te perdoar por isso? Se for só por isso, está tudo bem, te perdoo! Obrigado por contar! É por isso que está tão aflita?

(Atena) – Não, não é... estou assim por outros motivos e um deles é que eu não posso permitir que fique em um relacionamento desses comigo, Milo! Não é justo com você! Você merece uma dedicação que eu não posso te dar e é egoísta da minha parte ter pedido isso a você, me perdoe!

Milo passou a mão nos cabelos.

(Milo) – Linda! Você não acha que EU é quem deveria se incomodar, caso sentisse isso? Mas não é o caso, por mim nós estamos bem!

(Atena) – Milo, mas para mim não dá mais! Eu não tenho forças para continuar! Me desculpe!

(Milo) – Eu não vou questionar a sua decisão, tenho certeza que pensou nisso e chegou a essa conclusão! Sou um cavaleiro de Atena e isso não vai mudar! Continuarei a ser seu de qualquer jeito, Linda!

Ele colocou as duas mãos no meu rosto e disse:

(Milo) – Eu te disse uma vez e vou repetir, sempre a tive como a minha musa, em nada do que me propôs foi ruim para mim, adorei cada momento ao seu lado!

Milo beijou os meus lábios.

(Milo) – Meu amor por você não mudará com esse término, saiba disso!

Milo se levantou da minha cama e saiu do meu quarto. Levando mais um pedaço de mim!

Eu tenho que ser forte para concluir isso! Eu dizia para mim mesma. “É para o bem deles! Pense neles! É para o bem deles! Pense neles!”

Olhei para o criado mudo ao lado da minha cama e vi a concha linda que eu havia ganhado do Mu, me lembrava claramente de cada palavra dita por ele: “ Para mim, essa concha representa exatamente o amor que sinto por você, meu amor por você é único, e sempre será seu, por toda a minha vida!”

Voltei a ficar de frente para a janela e abracei a mim mesma.

Pelos deuses! Eu não vou conseguir!

Enxuguei as lágrimas e respirei fundo.

“(Atena) – Mu? Poderia vim ao meu quarto, por favor?”

“(Mu) – Sim!”

Não precisei me virar para saber que ele, no mesmo segundo, estava no meu quarto, seu cheiro de lírios recém-cortados me dizia isso! Como eu amava esse cheiro!

Me virei para ele e ele me deu um sorriso lindo, com direito a covinhas, tentei mostrar um sorriso de volta.

(Atena) – Oi...

(Mu) – Oi, meu anjo!

Mu olhou além de mim e perguntou preocupado:

(Mu) – O seu cosmo está oscilando!

Com certeza estava! Eu me sentia uma bomba de emoções! Ele se aproximou de mim e me abraçou. Como eu precisava disso! Desse abraço maravilhoso, quente e aconchegante! O abracei de volta e comecei a chorar! Ele passou a mão nos meus cabelos e deu um beijo na minha testa.

(Mu) – O que aconteceu, anjo?

Eu não conseguia falar, não ainda!

Mu me conduziu para a minha cama, se sentou encostando na cabeceira e me puxou para o seu colo, eu tinha que me acalmar e o Mu era a pessoa ideal para conseguir fazer isso. O abracei e inalei seu cheiro e respirei fundo! Aos poucos me sentia mais calma! Poderia passar a noite assim, no colo dele, mas eu não tinha tempo!

Com relutância, me afastei do seu colo e olhando para os seus olhos verde-escuros, ele enxugou o meu rosto.

(Atena) – Obrigada!

Ele sorriu docemente.

(Mu) – Disponha, anjo!

Respirei fundo.

(Atena) – Preciso falar com você, Mu...

Mu prestava atenção.

(Atena) – Na viagem, quando no final da compra do terreno com o Julian, ele me pediu um beijo e eu permiti que ele me beijasse! Por isso eu estava diferente no helicóptero... me perdoe...

Ele deslizou a mão pelo meu rosto e respirou fundo.

(Mu) – Tudo bem, anjo! Não há o que perdoar! Somos falhos...

Desviei o olhar do seu.

(Mu) – Isso mudou alguma coisa entre nós dois?

(Atena) – Não, não mudou... só serviu para me mostrar o que eu já sabia.

Olhei nos seus olhos.

(Atena) – Eu não te mereço, Mu!

Ele respirou fundo.

(Mu) – Anjo... não fala assim...

As minhas lágrimas começaram a escorrer.

(Atena) – É verdade, Mu... e por mais que me doa, eu preciso consertar as coisas... preciso te libertar desse relacionamento tão injusto com você...

Ele abaixou a cabeça e vi uma lágrima escorrer pelo seu lindo rosto.

(Atena) – Mu, por favor, não faz isso comigo...

Pude ver as lágrimas escorrerem e descobri que quando ele ficava triste, assim como suas lágrimas desciam as coisas também levitavam. Ele olhou para mim e disse, com a voz triste que nunca eu tinha ouvido.

(Mu) – Você me pediu que te avisasse quando me magoasse... está fazendo isso agora...

Que os deuses me dessem forças, porque isso estava me matando por dentro!

(Atena) – Me perdoe por isso, mas você merece muito mais do que eu posso oferecer...

Ele abaixou o rosto e as lágrimas desciam, assim como as minhas. As coisas leves ainda levitavam.

Como era difícil!

Enxuguei as suas lágrimas.

(Atena) – Nunca vou me perdoar por fazê-lo chorar, Mu... mas eu preciso fazer isso, por mim e por você...

Ele só confirmou com a cabeça, respirou fundo e as coisas voltaram a seus lugares.

(Mu) – Me perdoe se fiz alguma coisa que a magoou...

(Atena) – Pelos deuses, Mu! Você NUNCA fez nada que me magoasse... não percebe que EU sou o problema???

(Mu) – Não, está enganada, você é a solução e razão da minha vida!

Mais lágrimas molhavam o meu rosto, eu não ia conseguir desse jeito. Eu praticamente implorei:

(Atena) – Mu, por favor...

Ele respirou fundo.

(Mu) – Me perdoe, Atena! Não vou mais insistir...

Mu enxugou as minhas lágrimas.

(Mu) – Vou respeitar a sua decisão.

Ele beijou a minha testa.

(Mu) – Sou muito honrado por ainda me permitir ser um cavaleiro de Atena! E como tal, se precisar, estarei a sua inteira disposição! Com licença!

Mu se levantou para sair do meu quarto e eu não tive coragem para olhá-lo ir embora ele levava o meu coração com ele.

Os meus olhos estavam turvos pelas lágrimas e ao olhar para as minhas mãos elas estavam tremendo.

Senti o seu toque suave e quente segurando as minhas mãos trêmulas. Ele me puxou para o seu corpo me mantendo perto de si. Eu ouvi sua voz suave falando no meu ouvido:

(Mu) – Por favor, não me peça para ir embora e te deixar assim sozinha neste estado!

 * * *