Fanfic: Brilho Vermelho | Tema: Assassination Classroom

Instituto Futoshi Yuki, Distrito de Osaka, Japão

07h32min a.m., 14 dias antes da Cerimônia de Invocação.

Lanchonete Kobayashi

Manami comia calmamente seu pedaço de bolo de creme enquanto bebia seu café com leite, tentava passar uma imagem exterior que não revelasse a sua interior. Essa era uma das raras vezes em que ela não estava tomando seu café com Rio e/ou Kaede então todo o cuidado era pouco considerando que cerca de 70% das pessoas naquele lugar faziam parte do antigo "Grupo de Tormento à Okuda". Geralmente estar sozinha ali era o mesmo que repentinamente sua forma mudar para a de um lixeiro na visão dos presentes, ainda mais nas dos idiotas que gostariam de impressionar a Kanzaki de algum modo.

Por algum tipo de mensagem dos céus ela ainda não havia recebido nenhuma bebida ou comida na cabeça ou roupas, a míope sabia porque, a mesa de Yukiko estava repleta de outros alunos ao seu redor enquanto a garota  contava mais uma vez sobre quão incrível era a sua família por ter o recorde mundial de cinco demônios por geração e os feitos de seus pais. Excluída a participação dos servos naquilo tudo, é claro. Bruxos costumavam ser muito orgulhosos para admitirem que precisassem de qualquer ajuda em seus confrontos, mas era óbvio que isso seria ignorado afinal fora o avô dela sozinho que derrotada as tropas  de Jhun-Keng  em Pequim. 

Revirando os olhos a cada "E ele (a) conseguiu o melhor Servo da geração" ou "Ele (a) está morando no Castelo da Primeira Aliança" a química pôde apenas ficar calada pela arrogância óbvia de Yukiko, esta disfarçada apenas por um tom tímido e voz suave, quase tão bem colocado quanto o de sua tia Misako, na verdade, se não conhecesse o desprezo da família Kanzaki por outras inferiores, como a Okuda, apostaria que eram mestra e discípula. Passando a pequena colher de plástico pelo chantilly a morena se perguntou se isso de contar sobre a própria vida para um bando de desconhecidos ou gente sem afinidade nenhuma consigo não era algo chato.

Depois de dar seu último gole de café e colocar toda a sujeira em sua bandeja a garota se levantou ao mesmo tempo em que o suco de laranja de Terasaka encharcava sua blusa branca claro que aquilo iria acontecer hora ou outra, os alunos começaram a rir ou a tentar disfarçar o próprio sorriso incluindo a princesinha no meio de todos.

Antigamente Manami até saia correndo ou chorava, agora, com o pouco de dignidade que conseguiu juntar, apenas pegou sua bolsa e bandeja e continuou o seu caminho. 

Quando finalmente passou pelas portas do lugar ainda conseguiu ouvir o início de mais uma das histórias da outra. Caminhando até o banheiro mais próximo assim que entrou e não viu ninguém ela entrou em um dos cubículos e trocou de roupa, colocando o seu uniforme. Quando saiu do lugar começou a caminhar em direção a sua classe enquanto lia um pequeno livro sobre controle de maana que precisava devolver para a biblioteca ainda naquela tarde.

Estava tudo bem até que, pela janela, viu uma garota loira numa batalha de magia com outra garota que Manami já havia visto em sua classe para oferecer bolinhos do Clube de Culinária aos alunos. A loira em questão era sua amiga Rio que já havia avisado na noite anterior, quando as três se reuniram no quarto de Kaede para passar o tempo, que passaria o dia inteiro lutando para subir de nível o quanto antes.

Ela realmente estava cumprindo o que dissera.

Estudos eram uma boa forma de habilitar o controle e aprender novas coisas sobre maana, lutas eram uma forma ruim de aprender os dois. Apesar de demorar muito mais para um bruxo estudante passar de nível, como foi o caso para o colar de Okuda entrar no estágio Prata, era possível que qualquer um pudesse avançar apenas lendo e meditando, porém a maioria dos bruxos preferiam as lutas por lhes permitirem ao final dela pegar todo o maana restante do corpo de seu adversário ou parte dele. Isso iria depender do quanto um desejaria a morte do outro.

Isso aumentava o nível bem mais rápido que o aprendizado puro e a própria batalha já permitia que o corpo do praticante de magia se desenvolvesse para aguentar a energia que iria entrar. Fácil e rápido.

Voltando ao seu caminho depois que viu a outra garota jogada no chão e a Nakamura sobre ela junto com uma substância parecida com vapor e plasma rodando a mão da loira. Ela havia vencido e estava pegando o seu prêmio.

Quando entrou na sala viu que mais uma luta estava acontecendo no meio dela, dessa vez entre dois garotos que estudavam ali. A míope fez o recomendável, que era ficar fora de um raio de 3 metros da luta, e esperou até que o maior venceu e fez o mesmo que sua amiga com o derrotado.

A morena de tranças entrou na sala e se sentou em sua cadeira ao fundo dela onde dizeres nada amigáveis estavam escritos sobre a mesa. Com um suspiro ela apenas fechou o livro, pegou um pedaço de papel e fez um feitiço simples de limpeza, rapidamente todo o lugar por onde ela passava o papel se tornava limpo como novo.

Depois que a aula começou não era difícil perceber que ela era a única a prestar alguma atenção ao professor e lousa, os outros estudantes só falavam sobre a Cerimônia e isso já estava cansando-a.

Era normal que aquilo acontecesse, faltavam apenas duas semanas que passariam como uma suave brisa até que todos fossem levados para o Grande Salão do Instituto. Eles estavam preocupados com suas respectivas compatibilidades familiares e calculando a chance de conseguirem um demônio de classe alta, isso era quase que comum passe grátis para se tornar mais forte que qualquer um ou ao menos ter uma vantagem significativa perante os outros.

—... E então, em 1225 d. C., lorde Hendrickson III assumiu o poder e fundou no ano seguinte o Castelo da Primeira Aliança. Alguém pode me informar o motivo desse nome? — com apenas um aceno de mão ele calou e endireitou todos os alunos que conversavam, dormiam e/ou estavam virados para algum colega, com um sorriso paciente que dava a entender que se ele não recebesse uma resposta em menos de cinco minutos todos teriam um teste surpresa que contaria metade da nota na próxima aula dele.

— Porque foi onde ocorreu a primeira invocação de Servos. — a resposta vaga e errada foi dada por Terasaka que estava duas cadeiras à frente de Manami.

— Errado. Servos são criaturas demoníacas chamadas pelos bruxos desde as Primeiras Eras, deveria rever seus livros senhor Terasaka. — risos foram ouvidos por toda a sala enquanto o rapaz de cabelo bicolor corava sem graça e irritado —  Mais alguém? — Yukiko ergueu sua mão e o professor fez um aceno para que ela desse sua resposta.

— Porque foi o lugar onde se assinou o primeiro tratado de paz entre as famílias de bruxos, como uma medida de acabar com a iminência de uma Guerra. Para agradar os líderes foi decretado que os mais poderosos praticantes de magia deveriam morar por lá e isso se mantém até os dias de hoje. — ao redor dela era quase possível ver corações nas íris de todos os garotos e de algumas garotas.

— Resposta correta senhorita Kanzaki, mas está faltando uma coisa... — olhando pela sala ele foi capaz de ver a garota tímida anotando apressadamente os dizeres no quadro — Senhorita Okuda, poderia completar? — foi como se todo o sangue dela se transformasse em gelo, calafrios encheram o seu corpo ao notar que teria que falar para a sala inteira. Pelo olhar tentou implorar ao seu professor que não fizesse isso com ela, mas ela estava irredutível.

— F-F-F-Foi lá q-que a ra-rainha Jade e o r-rei Hendri-i-ckson se casaram... Eles u-uniram as fa-famílias Kelsey e Viryem pe-pela primeira vez... Me-mesmo que o cunhado-do dele tenha destruído tu-tudo na semana seguinte... — foi baixo e cheio de cortes, todavia ela conseguira completar sua reposta.

— E...?

— A da-data está errada. — o adulto sorriu orgulhoso, ao menos alguém notara aquilo — O Castelo foi fu-fundado em 1072 d. C., o rei e a ra-rainha se casaram em 1116 d. C. e o primeiro trata-tado foi assinado-do em 1127 d. C. — corada a garota voltou a se sentar, feliz por lembrar de tudo, mas podia sentir a recepção bem menos calorosa de sua reposta do que quando falada por Yukiko ou mesmo a de Ryoma, os cochichos começaram.

Poderia ter sido pior se ela errasse, teria que aguentar os cochichos e o olhar decepcionado do professor. Como costumava acontecer nas aulas de Latim quando não recitava o feitiço de forma correta e irritava a professora Irina, por sorte fazia a aula juntamente de Rio então se precisasse de alguma coisa poderia perguntar para a amiga.

— Não se esqueçam de que essa será a matéria do teste da semana que vem capítulos 16 a 19 do livro principal e todas as minhas anotações. — depois de escrever a matéria no quadro e ignorar as reclamações indignadas dos alunos de terem que estudar mais de 200 páginas ao todo o homem se sentou na cadeira, pronto para a entrada da próxima turma, não era uma coisa surpreendente considerando que haveria 100 questões na prova. Quando a míope já estava para sair ele a chamou — Senhorita Okuda, tenho a sincera impressão que minha aula deveria contar com a presença de sua amiga Kayano.

— S-Sim senhor, — "Rápido, pense em uma desculpa válida para a falta dela que não envolva ela ter saído em um encontro com um garoto que conheceu online." — E-Ela... Ela... Ela estava... Com... Com cólica! Isso, ela estava reclamando da dor e disse que não poderia vir nos primeiros horários. — a garota sorriu sem graça ao notar que era horrível inventando coisas.

— Claro, claro — ele anotou algo na prancheta em sua frente — Está liberada, desculpe o incômodo.

Fazendo uma pequena reverência a garota apenas saiu da sala curiosa com que tipo de conversa teria sido aquela e se fora realmente convincente, já estava a caminho de sua próxima sala quando um aviso foi ouvido pelos corredores. Em escolas normais seriam alto-falantes que notificariam as coisas, porém em uma escola de bruxos era um pouco diferente, a voz do diretor parecia entrar na cabeça de seus alunos fazendo até mesmo os que estavam de fone com o volume máximo escutar suas palavras.

"Todos os alunos de 16 ou 15 anos cursando o segundo ano de magia, compareçam ao pátio principal." A voz dele realmente se destacava de qualquer outro pensamento que alguém pudesse ter e apenas essa linha era necessária para os estudantes deixarem seus destinos anteriores de lado e seguir a ordem do senhor Lovro, independente de estarem ou não no instituto. A passos lentos, tentando evitar entrar no meio da multidão Okuda se perguntava o que teria sido tão urgente para serem chamados assim, do nada, e o motivo de estar tão reflexiva naquele dia. Suas amigas realmente lhe faziam falta.

Cerca de quinze minutos foram necessários até que todos já estivessem no lugar e se organizaram em filas de acordo com a ordem de inscrição, o que era mais organizado graças aos números existentes na parte de trás do colar e grafados no cimento do chão. No lugar havia um palco que, com toda a certeza, não estava ali quando Manami passou pela manhã antes de ir ao refeitório.

Apesar de não ser surpreendente a estudante ficou confusa pelo motivo que os levaria a fazer um palco do lado de fora sendo que no salão do Clube de Teatro existia um. Porém o dever dela ali não era questionar e sim apenas ouvir o anúncio repentino.

Quando todos se organizaram de vez ela começou a tremer de forma assustadora, não gostava de aglomerado de pessoas, nunca gostara. Tentando se focar em algo que não fossem os desconhecidos na frente e atrás de si ela passou a olhar para os lados procurando suas amigas que, com toda a certeza, não ousariam faltar a um chamado direto do diretor.

Pôde ver em algumas fileiras mais a frente à silhueta de Kayano, mas não a de Rio, talvez ela estivesse atrás e não seria ela quem se viraria para checar. Corria o risco de chamar a atenção. Alguns poucos minutos depois uma voz grave se fez presente por todo o lugar assustando todos os estudantes, algumas pessoas, que Manami não conseguiu distinguir muito bem graças a pessoa em sua frente que deveria ter no mínimo 1,70, estavam acima do palco e a segundanista julgou que o no meio deveria ser o senhor Lovro com seu clássico terno sob medida e uma aura imponente, o diretor realmente sabia chamar a atenção e provocar o medo:

— Caros alunos, tenho uma importante notícia que preciso anunciar a todos vocês que pretendem invocar Servos. — a Okuda sentiu vontade de rir ao ouvir a palavra "Pretendem", não era como se eles tivessem alguma escolha, era isso ou ser deixado para trás e tratado como escória mágica por toda a sua vida — Como chegaremos ao final da Terceira Etapa em menos de uma quinzena foi-nos recomendado iniciar as aulas de estudo intensivo para com vocês.  Em outras palavras em seis horas vocês terão a primeira aula com o senhor Tadaomi Karasuma, responsável pela BloodMoon. — as exclamações de surpresa foram inevitáveis.

As três maiores companhias de segurança do mundo, força de elite responsável por impedir que um residente do CPA (Castelo da Primeira Aliança) se revoltasse e começasse uma guerra em escala mundial eram BloodMoon, NewMoon e Zenith, respectivamente representavam os lados Leste, Oeste e Norte do globo. A parte mais chocante era ter alguém de tal nível dentro de uma escola e, ainda mais, se prontificando a ajudar estudantes a realizarem um ritual que qualquer professor poderia ensiná-los! 

— Poupem-me dessa reação exagerada. — a voz de Lovro voltou a ser o foco e ele parecia genuinamente irritado, de modo imediato cada um deles deixou de lado a surpresa, aquilo parecia mais uma Escola Militar que um Instituto de Magia — É de costume entre as escolas recebam um instrutor surpresa para indicar as coisas relativas a um encantamento tão importante. Não é algo para criar alarde com. — todos os estudantes abaixaram as cabeças com culpa — Agora, explicando um pouco melhor sobre seus novos horários, as aulas dadas pelo senhor Karasuma serão no período noturno e as aulas com a professora Jelavic serão agora de dez turnos semanais, desejamos que as coisas saiam perfeitas tanto para vocês quanto para nossa Instituição e por isso prezaremos esse aumento na quantidade de tempo em classe. Quaisquer reclamações passem-nas para a Conselheira Tsuchiya, durante o período das aulas os clubes estarão fechados para vocês — alguns suspiros de raiva ou injustiça foram ouvidos, mas ninguém levantaria a voz contra qualquer palavra dita ali — e faltas nessas duas disciplinas contarão como pontos negativos, se ao final estiverem com menos de 10 pontos não poderão entrar no Salão para a Cerimônia.

Todos travaram aquilo queria dizer muito, as escolas de magia poderiam coibir um aluno ou aluna de participar da Cerimônia com um argumento válido e perder a data correta para realizar a Invocação traria uma reputação ruim tanto ao bruxo quanto sua família. Após algumas palavras de despedida todos saíram do palco que desapareceu como fumaça depois do último adulto descer dele.

No momento que isso aconteceu os grupos de cochichos começaram a se juntar, Okuda olhou para os lados em busca da silhueta de Kaede que vira a pouco confusa agora por todos estarem se juntando e dificultando seu ângulo de visão. Quando já estava quase desistindo uma figura de cabelos verdes pulou em suas costas quase fazendo seus óculos cair seguida por outra loira que estava suada e cheia de hematomas nos braços, pernas e rosto, mas que não parecia se importar com eles o suficiente.

Com apenas um olhar compartilhado as três decidiram o que iriam fazer.

Precisavam mesmo bolar teorias juntas sobre aquilo tudo.