Fanfic: Corações Sangrando - Trendy | Tema: Trendy, HOT

"Dulce?"

Eu olhei para Nicole, que estava olhando para o meu cereal intocado na minha frente. Eu não sabia quanto tempo tinha ficado lá, mas estava encharcado agora.

"Você está bem? Você tem agido muito estranha nos últimos dias.”

Eu bufei porque ela era uma para conversar. Seu rosto estava um pouco pálido nos últimos dias, e depois do nosso encontro na outra noite, ela quase não disse duas palavras para mim. Isso não me incomodou, já que minha mente estava preocupada, mas eu me perguntei por que nossa amizade estava tão tensa.

"Eu estou bem." Eu dei-lhe um sorriso fraco quando me levantei e raspou o conteúdo da minha tigela no lixo. "Eu só tenho algumas coisas de família acontecendo."

Era uma mentira, mas eu tinha certeza que ela acreditaria. Ela nunca compartilhou nada muito pessoal, e funcionou para nós. A última coisa que eu queria era alguém fazendo perguntas sobre minha família.

Seu celular tocou, e ela franziu a testa antes de bater em ignorar. Outra coisa que ela tem feito muito ultimamente. Minha curiosidade pegou o melhor de mim enquanto ela voltava para a cafeteira, e uma rápida olhada no nome me surpreendeu. Alfonso estava ligando para ela, e o fato de ela ter escolhido ignorá-lo me fez pensar se havia algo mais acontecendo entre eles. Eu tentei engolir a amargura repentina que cobria minha língua enquanto eu caminhava para o meu quarto.

Eu não tinha nenhuma reclamação sobre ele, claro. Era ridículo eu sentir qualquer ciúme. Um homem de seu calibre certamente nunca namoraria uma garota como eu, e mesmo se ele quisesse, eu não poderia. Eu tinha meu chantagista para lidar agora, e seria assim no futuro previsível. Eu prometi a mim mesma que deixaria de pensar em Alfonso Herrera.

Hoje era quinta-feira, o que significava que eu tinha algo mais importante para me preocupar. Algo sombrio e aterrorizante esperando por mim dentro de um quarto de hotel. Ele me prometeu uma punição, e eu não duvidei que estaria recebendo. Mas o que ele planejava distribuir, eu não tinha ideia.

Quase como se na sugestão, meu celular tocou.

Envie-me uma foto de uma das marcas que deixei em você.

Engoli em seco quando olhei para o meu reflexo no espelho, meus dedos traçando sobre as marcas desbotadas no meu ombro. Sempre que eu olhava suas marcas no meu corpo nos últimos dois dias, algo estranho aconteceu. Mesmo agora, meu coração batia violentamente no meu peito. Minha pele estava quente e corada, mas eu não conseguia entender o porquê. Eu deveria estar furioso. Repulsa. Com nojo. Horrorizada. Mas eu não era nada disso.

Sua marca de torção estava me marcando de todas as maneiras possíveis que ele conseguia pensar. No começo, eu achava que era uma maneira cruel de me lembrar que eu pertencia a ele, mas agora o pedido dele me fez pensar de outra forma. Ele era quem queria o lembrete.

Eu não conhecia esse homem. Eu não tinha ideia de como ele era, além de que ele era sólido e forte. Ele era um completo estranho, e ainda assim parecia que ele conhecia meu corpo intimamente. Como se ele soubesse coisas sobre mim que nem eu conhecia. Coisas que eu gostaria. Coisas que eu não deveria.

O pensamento era perturbador em um nível que eu nem conseguia processar. Mas uma vez que eu superei a minha vergonha naquele quarto de hotel, percebi uma coisa. A vergonha não poderia ter um lugar dentro de mim se não houvesse uma parte de mim que tivesse gostado. Apreciamos as coisas terríveis que ele fez para mim. Que tipo de pessoa isso me fez?

Fechei os olhos e soltei um suspiro trêmulo, e o telefone tocou novamente.

Não me faça perguntar duas vezes, Dulce.

Eu peguei com um brilho e liguei a câmera, inclinando-a para o meu ombro. De jeito nenhum eu estava enviando o que ele deixou na minha coxa. Enviei o texto e joguei o telefone na minha cama, resolvi não pensar nisso pelo resto do dia.

Quando eu fui ao meu closet, escolhi uma roupa que refletia o meu humor. Preto. O vestido era um tamanho grande demais e meio que parecido com um saco de papel. Custou-me cinco dólares em uma prateleira de pechinchas há três anos, e realmente tinha visto dias melhores. Mas tive prazer em usar a coisa mais desagradável que eu possuía. Ele não merecia minha preparação.

O que me levou a minhas decisões sobre maquiagem e cabelos. Eu raramente usava muita maquiagem de qualquer maneira, mas hoje eu optei por apenas o mínimo de rímel. Meu cabelo foi jogado em um coque bagunçado e eu removi meu colar e brincos. Eu queria que ele soubesse que eu não estava fazendo um esforço para ele. Ele queria o controle do meu corpo? Bem. Mas ele não controlava quanto tempo eu gasto na minha aparência.

Eu segurei minha cabeça enquanto saía pela porta e saía para o trabalho. Quanto mais distante e frio eu pudesse permanecer nessa situação, melhor. Eu até consegui dar um sorriso quando entrei no elevador. Um dos meus colegas de trabalho mal conseguia esconder seu desdém pela minha escolha de roupas. Foi tudo muito engraçado até que cheguei à minha mesa.

Um envelope em branco esperava por mim. Foi a sua corrida típica do moinho de manila, mas meu estômago se encolheu com a falta de qualquer coisa na frente dele. Com certeza, quando abri, encontrei um cartão-chave do hotel juntamente com uma data e hora. Sete horas esta noite.

Eu olhei ao redor do escritório com as bochechas vermelhas, me perguntando se alguém tinha visto quem entregou isso. Mas eles estavam todos andando sem aviso prévio. Ou pelo menos foi o que pensei até ver Matt.

Seus olhos castanhos escuros encontraram os meus através do escritório, e eles seguraram uma sugestão de preocupação. Meu olhar caiu, e um momento depois, ele estava na minha frente.

"Dulce, você está bem?"

Ele envolveu suas grandes mãos em volta dos meus braços de um jeito que me fez lembrar de Christopher. Eu tive a súbita vontade de abraçá-lo. Confessar tudo e pedir-lhe para me ajudar. Só que ele não podia, e eu estava sendo ridícula.

"Estou bem." Eu dei-lhe um sorriso aguado.

Ele abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, uma voz aguda quebrou a tensão. Nós dois nos viramos para ver Alfonso convocando-o de seu escritório com um sorriso gelado.

Matt amaldiçoou em voz baixa quando ele me soltou e foi embora. Eu esperava vê-lo novamente no almoço porque eu poderia ter usado uma boa dose de seu humor alegre. Mas ele frustrou essas esperanças quando me disse que precisava sair do escritório para trabalhar em um projeto.

Passei o resto da tarde na minha mesa, trabalhando até na hora do almoço. Não foi até que Alfonso colocou um iogurte e uma banana na minha frente que eu quebrei o meu transe.

"Você precisa comer, senhorita Espinoza."

O calor em sua voz me surpreendeu, mas quando eu olhei em seus olhos, vi uma pitada de desconforto lá. Ele estava tornando muito difícil não pensar nele quando ele continuou a me pagar pequenas visitas como estas. Ele poderia ver através do meu ato tão claramente? Era estranho, considerando que ele nem lembrava de mim. Ele não era o tipo de homem que esqueceria nomes ou rostos. Quanto mais eu o observava, mais eu sabia que era verdade.

Mesmo agora, ele estava ajustando a pilha de papéis na minha mesa, alinhando-os com as bordas. Eu duvidava que ele percebesse que estava fazendo isso. Eu olhei para seus dedos por muito tempo antes de me recuperar.

"Obrigada, Sr. Herrera." Eu sorri para ele.

"Por favor, me chame de Alfonso." Ele se inclinou contra a minha mesa, me examinando.

"Alfonso", eu corrigi. Se ao menos ele soubesse que eu estava ligando para ele o tempo todo... dentro da minha cabeça.

"Stacey me disse que você não tinha almoçado", explicou ele. "Espero que ela não esteja trabalhando muito com você."

Apenas a menção de Stacey fez meus músculos enrijecerem. Graças a Deus ela me aliviou na última semana. Eu não teria sido capaz de lidar com ela em cima de todo o resto.

"Claro que não", respondi. "Eu só não estava com tanta fome hoje."

"Bem, você deveria comer", ele encorajou. “E faça uma pausa. Eu não quero que as pessoas comecem a pensar que sou um motorista de escravos.”

Havia uma sugestão de um sorriso em seu rosto agora, e meu coração deu um pequeno pulo dentro do meu peito. Nossos olhos se encontraram e, por um momento, fui transportado de volta para cinco anos atrás. Eu estava na minha varanda de trás, completamente sob o seu feitiço. E se ele continuasse me olhando daquele jeito, então talvez ele também me beijasse...

Eu sai da minha cadeira e quase derrubei meus clipes de novo. Alfonso franziu a testa.

"Eu vou dar um tempo agora", eu soltei. "Obrigada novamente pela comida."

Alfonso assentiu, mas ele não saiu. Eu queria que ele fosse. Eu não podia ficar lá com ele olhando para mim desse jeito. Fazendo-me sentir coisas que não eram boas para mim. E, no entanto, meus olhos vagaram por seu corpo, imaginando como seria ter suas mãos em mim novamente. Para sentir seu calor e sua força e saber que os havia convidado. Que não foi algo que eu fui coagido a fazer. Era uma fantasia que eu poderia entreter, mesmo que apenas brevemente.

Pela primeira vez, a Stacey apareceu em um bom momento, tomando uma caneca de café para Alfonso.

"Sr. Herrera, eu tenho esses arquivos que você pediu.”

Ele não tirou os olhos de mim enquanto empurrava o queixo em direção ao seu escritório.

"Aproveite o seu almoço, senhorita Espinoza."