Fanfic: Prazer Misterioso *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo Um

— Tão bonita...

Ele viu o sorriso dela enquanto amarrava um pedaço de borracha em torno do bíceps de um paciente.

O sorriso era brilhante, bondoso, e cheio de incentivo quando ela deslizou uma agulha oca na veia. Ela murmurou palavras tranquilizadoras para aliviar os temores do seu paciente, e a força vital do homem começou a encher o tubo.

Mesmo de longe, ele podia ouvir cada palavra sua.

Ela falou sobre o tempo e perguntou sobre as crianças, uma conversa de levar a mente de uma pessoa do que estava acontecendo, para um lugar feliz.

Finalmente, ela terminou, e então lançou aquele sorriso glorioso, mais uma vez.

Perfeição.

Ninguém podia vê-lo enquanto caminhava pelo corredor atrás dela.

Ele tinha feito isso há semanas.

Ele viu o seu trabalho, e à noite, sentava-se fora de sua janela e assistia seu sono.

Sua beleza teve sua respiração imortal à distância.

A normalidade de sua vida lhe deu esperança para si mesmo.

Depois de milhares de anos, um erro fez dele quem era agora. Só um resgate poderia libertá-lo do tormento imortal, seu calabouço, sua maldição.

Invisível, ele se sentou ao lado dela enquanto ela escrevia, parada diante de sua mesa pequena em seu espaço, seu santuário, onde ela trabalhava.

Ele inalou o cheiro do seu cabelo como se fosse um vinho fino. Seus cabelos cheiravam a madressilva e especiarias baunilha.

Ele queria correr o dedo no ombro cremoso, que foi exposto quando ela tirou o jaleco.

Quando ela se virou, seu nariz estava apenas um fôlego a partir do seu, mas ela não sabia.

Sua respiração acariciou seus lábios. Tinha o cheiro do morango suave que ela gostava de lanchar em sua mesa.

Olhei em seus olhos que eram como a cor do mar, ou o azul do céu.

Seus lábios eram cheios, e ela usava gloss que tinha uma cor ligeiramente de ouro.

Seu escritório tinha fotos de família e amigos ao seu redor, bijuterias de sua vida humana que ela estimava.

Uma foto, ela apreciava mais, e olhava para esta todos os dias.

Ela acariciou a moldura de prata que dizia "avó" em relevo.

Ele a ouviu falar da mulher com frequência, mesmo as via sair para almoçar, e viu como ela abraçava a mulher mais velha com carinho e amor.

Ele ansiava por essa conexão emocional, o vínculo com outra pessoa que não pudesse ser quebrado.

Ele ansiava.

A chamada abalou-o de seu lugar ao lado dela. Era como uma marreta na cabeça.

Ele odiava quando isto vinha ao redor.

Ele odiava estar longe dela.

Mas se ele não fosse para suas funções, a repercussão seria grande, e no momento em que sua punição acabasse, cem anos teria passado e ela estaria muito longe.

A carranca escureceu seu rosto quando se afastou dela, e ele prometeu voltar a ninguém além de si mesmo.

Da próxima vez, iria revelar-se a ela devagar, e deixá-la conhecer o homem, antes que soubesse o segredo.

Da próxima vez.

Seu nome era Anahí.

Anahí. Anahí. Anahí. Ele repetiu o nome várias vezes em sua cabeça.

Ela seria a sua felicidade e sua salvação. Ele sentiu isso na fibra do seu ser.

Ele fechou os olhos e eliminou deste mundo a propriedade humana em um mundo que ninguém queria ver.

As paredes da rocha eram escuras com fuligem, e a terra arrasava as solas dos sapatos.

Enquanto caminhava, o calor causou a borracha o sibilar, como a água caindo em uma frigideira quente.

Ele endureceu o seu coração para os gritos de tormento em torno dele, os pedidos de misericórdia, ou até mesmo um copo de água para saciar a eterna sede.

Se ele tivesse demonstrado qualquer compaixão, as consequências seriam terríveis para ele e para a pessoa cujo apelo ele respondesse.

Não, era melhor fingir que não via os corpos acorrentados as paredes rochosas, ou ouvia os estalos do chicote de Qemuel contra a carne de seus cativos enquanto passava.

— Por que você demorou tanto tempo, Alfonso? — o rosnado veio dos lábios demoníacos de Beliel.

Seu rosto era quase perfeito na sua beleza, mas desmentia o mal puro que se escondia embaixo.

Não havia ninguém mais malévolo, mais cheio de ódio e destruição que Beliel.

Alfonso há muito tempo parou de temê-lo. Ele o olhou agora, com desinteresse total.

Ele inclinou o ombro contra a parede de pedra fumegante. Queimou um buraco no tecido de sua camisa preta, até a sua pele. Isto queimou sua carne, mas Alfonso nem sequer estremeceu, era a vida de um anjo caído no inferno.

— Então, nenhuma resposta? — Beliel perguntou.

— Por que eu deveria dar-lhe desculpas, Beliel? Você não é meu mestre. Você só dispensa atribuições. Você é basicamente um secretário. E logo que fui chamado, eu vim. — Alfonso respondeu suavemente.

Deu-lhe um grande prazer ver a raiva girar vermelho flamejante nos olhos do demônio.

— Sua insolência não será esquecida! Um dia desses, minha vingança será rápida...

— Disse o demônio para o anjo caído que vive no inferno com ele... — Alfonso zombou, despreocupado. — Por que eu fui convocado? Dá-me minha missão, secretário, e volte a fazer o café.

Com um rugido alto que lembrava o rugido de um leão, Beliel estava de pé. Sua cauda amarrada na mesa em frente a ele, e dividiu-a em dois. Gosma negra fluiu a partir da madeira, e garras brotaram das mãos de Beliel.

Foi-se o homem perfeito. Agora, o rosto de um demônio era puro e visível no seu ódio.

Alfonso tomou posição de batalha. Suas asas pretas rasgadas nas costas, e sua mão a caminho através do tecido de sua camisa. Em suas mãos apareceu uma espada preta.

Se Beliel queria uma briga, ele lhe daria uma, as penas contra a balança.

— Basta! — a potente voz cortou pela sala e apertou as pedras soltas do teto.

Ambos olharam ao redor, para a enorme figura que estava na porta de um escritório executivo.

Caim, o senhor desta parte do submundo, que só respondia ao próprio Lúcifer, olhou para trás e para frente entre os dois.

Alfonso se levantou e deixou cair suas asas para o seu lado. Ele sabia que era melhor não irritar Caim.

Beliel, ainda em forma de demônio, pronto para lutar com dentes rangendo, ficou obstinado.

— Beliel, eu tenho que falar novamente? — Caim perguntou friamente.

— Não, senhor.

Beliel voltou para a sua beleza impecável, e com um aceno de mão, sua mesa estava de volta à sua posição original e nem mesmo uma lasca de madeira estava faltando.

— Venha, Alfonso. Falaremos aqui. — disse Caim.

Ele falou como qualquer empresário teria falado, mas Alfonso sabia que o demônio sob o terno de negócio foi à causa de algumas das maiores quedas do homem.

— Por que você o irrita assim? Você sabe que Beliel tem pavio curto...

— Eu tenho que encontrar o meu prazer neste lugar de alguma forma. — Alfonso murmurou.

— A maneira como você diz, faria um demônio achar que você não está feliz aqui... — Caim fixou-o com um olhar escuro.

— Você está feliz aqui? — Alfonso perguntou incisivamente.

A questão causou Caim a rir.

— Porra não, é por isso que eu vou lá para cima, tanto quanto posso!

— Então, por que estou aqui?

— Seu desempenho tem faltado, Alfonso... Você deixou dívidas de duas almas não cobradas de ontem. Você sabe, o diabo sempre recebe suas dívidas, e você sabe como ele fica quando não recebe.

— Que almas?! Eu não recebi nenhuma chamada!

Alfonso sabia quem era o responsável, mas não disse nada.

— Beliel enviou a chamada. — Caim respondeu, batendo um dedo longo e com garras em sua escrivaninha de mogno.

— Oh, um demônio que não mente... — Alfonso disse sarcasticamente. — Beliel joga jogos infantis. Ele está sendo um imbecil!

— Lembre-se de quem você fala, Alfonso. Eu poderia ter você acorrentado à parede Qemuel com um piscar de olhos e do meu dedo.