Fanfic: Prazer Misterioso *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Alfonso assistiu a esta nova alma ser tomada para o processamento e, em seguida, a uma eternidade de tortura.

Ele sabia que, eventualmente, o homem se tornaria tão doente e escuro como o lugar onde ele morava. A sujeira e os atos degradantes da casa do diabo iriam infiltrar-se nele.

Qualquer que fosse o amor, que alegou que iria segurar por sua esposa estaria perdido.

Alfonso tinha visto tudo isso acontecer antes, e nunca ficou mais fácil.

Estava acontecendo com ele também. Ele lutou contra uma interminável batalha interna para manter a centelha de bondade deixada nele e não deixar que fosse corroído pela vileza do inferno.

Ele deixou o submundo, o cheiro de enxofre, podridão e morte, e voltou a engolir acima no ar fresco e limpo.

Quando ele chegou a chuva começou a cair em Merry.

Ele caiu na terra molhada, e seus dedos escavaram através da grama, no solo.

Ele olhou para os céus com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Por quê? Por favor, por que você não pode ver que eu estou arrependido?! Eu peço o seu perdão...

Mas ele sabia que não haveria resposta.

Em mil anos, nunca houve.

Alfonso bateu as mãos na terra macia, uma e outra, enquanto chorava por todas as almas que tinha levado para o inferno, soluçando por causa das lágrimas que tinha visto pessoas derramarem.

Na escuridão, ele ouviu uma voz dizer uma coisa que o ajudou a recuperar parte de sua compostura.

"As lágrimas que derramou ajudam você a manter sua alma viva. Encontre a sua alegria nas trevas, Alfonso. É sua única esperança."

Sua alegria nas trevas, sua bem-aventurança...

Alfonso se levantou da terra encharcada e começou a caminhar para o lugar que poderia trazer-lhe conforto no tumulto.

Ele não precisou de orientações.

Ela era como um farol de regresso a casa, uma luz que sempre o atraiu para ela.

Ele bateu em sua porta um minuto depois.

Ela abriu a porta com a corrente ainda ligada.

— Alfonso! — seus olhos se arregalaram ao vê-lo ali na chuva.

— Eu preciso... Eu preciso de você, Anahí... — sua voz foi quebrada com a emoção. — Por favor...

Ela fechou a porta, e ele ouviu o deslizar da corrente da trava.

A porta abriu-se rapidamente, e ela o puxou para dentro e em seus braços, embora estivesse molhado da chuva.

— Oh, Alfonso, você está tremendo, bebê! Vamos lá... — ela puxou-o junto em seu quarto, e Alfonso olhou para baixo para ver que ele estava deixando um rastro molhado em seu piso de madeira.

Ela não disse nada enquanto o despiu, e ele a deixou.

Enxugou sua pele e o fez sentar-se em sua cama, antes que ela subisse atrás dele para secar o cabelo.

Sua nudez não era uma preocupação nesse momento. Ele poderia senti-la querendo aliviar a ferida dentro dele.

— Eu estou tão cansado, meu amor, tão cansado... — Alfonso disse suavemente sob seus cuidados.

Anahí murmurou palavras de conforto quando deixou os dedos e a toalha fazerem o trabalho.

Alfonso sentiu seus ombros relaxarem.

Anahí empurrou-o de volta para a cama, ele não protestou. Ela puxou os cobertores para fora sob ele e cobriu-o até o pescoço antes que subisse ao lado dele e o trouxesse em seus braços mais uma vez.

Ele deixou suas mãos envolverem em torno das curvas de seu corpo, seu calor penetrando- o, tirando-o do frio da chuva e aliviando seu coração.

— Eu não posso mais fazer isso, Anahí... Eu preciso escapar da escuridão. Por favor, me ajude! Eu não posso fazê-lo sem você...

— Shhh, querido, apenas durma agora. Vamos descobrir isso amanhã. — Anahí beijou sua bochecha suavemente.

— Digamos que eu tenha você, Anahí... Digamos que você vai ser minha... Não posso deixar o escuro sem você no meu caminho de iluminação. — ele gemeu.

Pela primeira vez em anos, Alfonso sentiu a calma do sono começar a ultrapassar a nuvem de sua mente.

Não importa o quanto ele estivesse cansado, nunca poderia encontrar descanso.

Até agora, nos braços de sua amada.

— Você me tem, Alfonso. Agora o sono, querido... — seu tom acalmava.

Ela continuava a sussurrar e falar com ele, falando de nada importante, apenas deixando sua voz levá-lo embora.

Adormeceu ouvindo seu batimento cardíaco e, apesar da chuva e trovões lá fora, ele encontrou a paz no meio da tempestade.