Fanfic: Prazer Misterioso *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo Oito

Anahí olhou para o prédio que se levantava para o céu.

Era a única coisa que mostrava o artesanato no meio da pequena cidade de Merry, Carolina do Norte. A torre do relógio.

Ela foi projetada para se parecer com Big Ben em Londres, exceto em uma escala menor.

Ele ficou branco contra a escuridão do céu, com seu relógio iluminado e algarismos romanos espreitando em toda a cidade.

E agora, ele assustou o inferno fora de Anahí, porque sabia que seria aqui, que iria encontrar seu amor e sempre estar com Alfonso, ou ela iria ser deixada sozinha e cheia de tristeza por tê-lo perdido.

Após a visita de improviso de Beliel, Anahí não viera despreparada.

Tinha uma cruz de ouro agora pendurada no pescoço, e uma garrafa de plástico de água potável abençoada pelo capelão da capela da igreja.

Seus olhos tinham realizado perguntas quando ela lhe pediu para abençoar a água potável, mas firmemente manteve a boca fechada.

Se tivesse se abrido, ela teria dito tudo a ele, e mesmo que os padres tivessem que manter a confiança, não tinha dúvida de que ele teria chamado alguém para levá-la até o hospital psiquiátrico.

— Não adianta demorar mais tempo... — ela murmurou quando atravessou a rua.

A garoa começou quando empurrou contra a porta de madeira que levava para as escadas da torre.

Ela não tinha dúvidas que não seria pega ao entrar no edifício. Em Merry, às nove horas da noite, os proprietários das lojas puxavam suas mercadorias da calçada e iam para casa.

A porta rangeu assustadoramente quando deslizou para dentro.

Estava quente no interior da parte inferior da torre. O cheiro de madeira e mobiliário polonês era um conforto familiar, ainda que não fizesse nada para diminuir o nervosismo no estômago.

Ela não tinha dúvida de que Alfonso era o que ela queria. O medo era que ele não estivesse lá e que ficaria com o conhecimento que ele estava no inferno sendo torturado e em dor para sempre.

Seus passos ecoaram surdamente na escadaria de madeira envernizada quando subiu ao topo da torre.

Quando Anahí olhou para o horizonte, ela podia ver o limite de onde Merry terminava, e as luzes de todos os lares e negócios na cidade.

A chuva estava descendo agora em um fluxo constante, e as nuvens pareciam ameaçadoras e zangadas quando um relâmpago cruzou o céu.

Anahí olhou para a escuridão e envolveu suas mãos em torno de seu corpo, na esperança de manter um pouco do calor dentro dela.

Ela sentia tanta falta de Alfonso... Desejava que estivesse sendo envolvida em seus braços na cama, como haviam estado apenas algumas horas atrás.

Um barulho batendo por trás dela a fez girar ao redor com olhos assustados.

Do outro lado da sala, Alfonso estava deitado no chão. Ele tinha batido um dos candelabros baixos quando apareceu, e Anahí podia ver instantaneamente que estava ferido.

— Alfonso! — ela correu em direção ao seu corpo imóvel.

Ela colocou a mão em suas costas, e ele se encolheu e gemeu.

Quando retirou a mão, estava coberta de sangue.

— Oh, meu Deus... Alfonso, o que aconteceu?! Você já é humano?! É por isso que você está sangrando?!

— Anahí... — a palavra foi um gemido, embora seu rosto estivesse enterrado em suas mãos.

— Sim, querido, sou eu! — Anahí podia sentir as lágrimas caindo pelo rosto. — Por favor, diga-me que o sangue é porque você é humano...

Ele rolou e chegou até acariciar seu rosto. Ela podia ver a carne, sangrenta rasgada em seus pulsos e dedos.

Ele não era humano, apenas ferido, muito ferido.

— Oh bebê, o que eles fizeram com você?!

Ele tentou sorrir, mas veio transversalmente como um careta.

— Eu disse que nada iria me afastar... Nem mesmo algemas feitas no fogo do inferno. — escovou as lágrimas de suas bochechas. — Não chore, meu amor... Tudo vai ficar bem daqui em diante. Que horas são?

— Cinco minutos até meia-noite. — Anahí gemeu baixinho enquanto olhava para suas feridas. — Oh Alfonso...

— Vai estar melhor, Anahí... Essas feridas não significam nada, enquanto eu tiver você. Minha dor foi da ideia de nunca mais vê-la novamente.

Anahí se abaixou e beijou os lábios inchados mais e mais.

— A minha também. Eu não podia suportar a espera...

— Bem se isso não é doce... Um reencontro entre os amantes...

A observação falsa e o riso oco que se seguiu fez o sangue de Anahí correr frio.

— Bem, eu não poderia deixá-lo ir, Alfonso, sem uma despedida adequada... Você deixou o inferno em um tal alvoroço, que eu só tinha de vir encontrá-lo. — o sorriso doce de Beliel nada fez para mascarar a má intenção em seus olhos.

Anahí ficou de repente com as pernas dobradas e prontas para defender Alfonso, se ela tivesse que fazer.

— Beliel, deixe-o sozinho, seu bastardo! Ele não é seu mais! Eu vou matar você, se tiver que fazer! Você não vai tocá-lo!

— Anahí, não... — Alfonso se levantou de joelhos. — Sai do meu caminho, esta é a minha luta.

Beliel olhou Anahí com leve interesse e colocou um dedo nos lábios.

— Shhh, paciência, Anahí querida... Eu vou lidar com você mais tarde de forma muito interessante. Agora eu tenho que dizer adeus a um amigo.

Quando Beliel, com sua intenção clara mortal, caminhou em sua direção, Anahí sentiu o terror em seu coração escalar.

Apenas alguns minutos antes da meia-noite.

As chances de Alfonso pareciam mais escassas, com cada escala do relógio.

“Isto irá acabar”, Alfonso pensou cansado.

Ele não queria mais lutar. Ele só queria viver, amar e ser feliz.

Tentou mover Anahí atrás dele, para Beliel não poder pegá-la ou tocá-la com as mãos sujas.

Ela se atrapalhou com a parte superior de sua garrafa de água, antes que jogasse no rosto de Beliel.

Seu grito de dor foi horrível, e Alfonso poderia dizer isso quando uma parte da água esguichou sobre ele.

Era água benta, e enquanto as gotas queimavam um pequeno pedaço de pele em seu braço, não era nada comparado ao que isto fez a cara de Beliel.

A pele derretida desligava para mostrar o verdadeiro monstro embaixo.

Suas outrora belas características estavam sendo corroídas pela água abençoada. Os lábios que poderia ter beijado uma mulher e fazê-la assinar pela sua alma penduravam soltos e deslizando para um lado.

A água continuou a derreter a carne do demônio, até o osso, em meio a sua gritaria.

Ele olhou para Anahí e Alfonso com um olho pendurado e outro vermelho, com raiva.

Com um uivo furioso, agarrou Anahí antes de Alfonso poder detê-lo e a enviou deslizando sobre o chão com força inumana.

A força a mandou batendo na parede, e ela estava lá, gemendo baixinho.

Vê-la deitada no chão como uma boneca de pano lançada fez uma raiva diferente de tudo que ele já tinha experimentado fluir através de Alfonso.

Com uma força renovada, ele foi atrás de Beliel, enquanto os segundos que selariam seu destino marcavam.

Ele pegou Beliel ao redor da cintura e empurrou-o para a parede distante.

Beliel virou-se, um demônio completo, e a ponta de sua cauda tinha uma farpa afiada que era como uma lança.

Ele chicoteou ao redor em Alfonso, que mal se esquivou quase chegando em sua cabeça.

Já não era o falador doce que usava um terno de negócio na frente dele. Beliel tinha se transformado em uma besta selvagem cujas mandíbulas estavam cheias de caninos tentando morder a jugular de Alfonso.

Alfonso agarrou-o na garganta, antes que ele pudesse mordê-lo em seu ombro e bateu sua cabeça contra a parede, e o gesso quebrou com a força, antes da cauda de Beliel dar-lhe uma rasteira.

Ele bateu no chão em suas costas, e a dor de suas feridas atiraram através de seu corpo.

Ele teve que se mover rapidamente, porque a cauda de Beliel estava chegando para ele, com a intenção de passar por seu coração.

— Alfonso, há apenas um minuto sobrando! — Anahí gritou.

Ela desviou sua atenção da luta, e por isso, o rabo farpado de seu inimigo demônio cortou uma faixa de seu ombro.

Anahí gritou quando viu o jorro de sangue de seu ferimento.

— Basta! — Alfonso gritou.

Ele pegou a cauda Beliel na mão e mandou-o caindo no chão.

— Eu estou terminando com isto... Volte para o inferno! Não, melhor ainda, você deixará de existir!

Ele pegou a cauda e manteve transformando-a em sua própria arma, enviou-o diretamente no torso de Beliel. Não iria matá-lo, Alfonso sabia.

Olhava ao redor para encontrar algo para terminar o trabalho.

O relógio marcava o primeira badalada da meia-noite quando Anahí chamou-o.

— Alfonso, use isso!

Badalada número dois.

Anahí rasgou algo em torno de seu pescoço e jogou-o em sua direção.

Alfonso levantou a mão e agarrou.

No instante em que bateu com a palma da mão, queimou sua pele.

Ele olhou para sua mão, e lá estava uma cruz de ouro espesso.

Badalada número três.

Alfonso agarrou a boca de Beliel e empurrou a cruz em sua garganta.

Ele soltou um guincho gorgolejando quando o ornamento religioso queimou seu caminho para baixo em seu esôfago.

Anahí mexeu para o seu lado, e, juntos, eles assistiram como Beliel afundou em si mesmo e seu corpo estremeceu na agonia da morte.

Badalada número quatro.

O cheiro nauseante de carne podre de enxofre encheu o ar, enquanto o corpo de Beliel era decomposto na frente deles.

Anahí balançou Alfonso urgentemente quando o relógio soou pela quinta vez.

— Você tem que fazê-lo agora, bebê! Não há mais tempo!

Alfonso apoiou-se com as pernas trêmulas e acariciou seu rosto.

— Obrigado...