Fanfic: Fera - Trendy (finalizada) | Tema: Trendy, HOT

Dulce

Antes mesmo de abrir os olhos, um aroma vívido e familiar me atinge.

Rosas selvagens.

Eu estou cercado por rosas selvagens.

Eles são a primeira coisa que noto quando chego. E eles estão em todo lugar. Veludo vermelho e macio empoleirado em hastes delicadas crivadas de espinhos.

Meus olhos estão secos e pesados, mas uma lágrima vaza do canto e cai na minha bochecha. Eu não quero aceitar minha realidade. Eu não quero aceitar que isso seja mais do que um sonho. Mas os altos tetos de vidro arqueado apenas confirmam que estou presa em um pesadelo. Um belo pesadelo, com estrelas até onde os olhos podem ver.

É um conservatório. Eu estou em um conservatório. Em uma cama. Cercado de rosas e estrelas.

Este não é um lugar que eu já estive. E, no entanto, parece familiarizado comigo. Um lugar das minhas lembranças.

Meu pai costumava falar de um lugar como esse. Uma mansão na floresta. Moldávia, ele disse que foi chamado. Eu não sabia onde ficava. Às vezes, muitas vezes me perguntava se existia, como ele falava.

Mas eu reconheço o estilo arquitetônico. Eu reconheço as árvores do lado de fora das janelas. São coisas que eu sei que não podem ser uma coincidência. Não tenho dúvidas de que estou na Moldávia. E a pessoa que estava deixando pétalas de rosa na minha porta o tempo todo era realmente Alfonso.

O mesmo homem que se recusou a me encontrar. Aquele que eu estava tão desesperado para encontrar antes.

Eu me pergunto agora se Art sabia. Se ele soubesse o quão perigoso Alfonso era e ele estava apenas tentando me proteger. Eu não entendo isso. Nada sobre isso faz sentido.

Tem sido Alfonso o tempo todo? Foi ele quem assistiu todos os meus movimentos para...

Eu estremeço ao pensar em quanto tempo tem sido.

Esse terror se infiltra em cada um dos meus ossos quando tento me mover e não posso. Estou preso pelos meus pulsos ao estrado da cama.

Meus pulmões queimam com a necessidade de ar e eu não consigo pensar. Eu quero gritar, mas estou paralisada.

Alfonso assassinou sua própria mãe. Foi o que o arquivo dele disse. E agora ele vai me matar também. Lágrimas brotam nos meus olhos e silenciosamente amaldiçoo meu pai, imaginando por que ele trouxe Alfonso para sua vida. Em nossas vidas.

Com um solavanco, ando na montanha russa de emoções. Ódio. Raiva. Paranoia. E então, finalmente, determinação.

Eu estou lutando para me livrar das minhas amarras quando o som de uma porta ecoa através do espaço cavernoso. Um rascunho cobre o quarto antes que eu veja a forma dele.

Mesmo assim, é tudo que posso ver.

Ele espreita ao redor do perímetro como o predador que ele é, permanecendo envolto na escuridão. Seu capuz está levantado e sua cabeça está inclinada para baixo. Uma barba descontrolada é o único detalhe desobstruído sob a sombra de sua capa.

A magnitude do seu quadro aumenta à medida que ele se aproxima, vestido com jeans e botas de motociclista. Cada passo é um tiro nos meus ouvidos.

Minha respiração parou e meus pensamentos estão descontrolados.

Eu preciso convencê-lo a não me machucar. Eu preciso machucá-lo primeiro.

Eu preciso fugir.

Ele para ao lado da cama, e essas noções morrem uma morte rápida e brutal.

Um tanque.

O homem é um maldito tanque. E eu vou morrer sem piedade sob o peso daquelas patas de urso que ele chama de mãos. Eu não tenho chance.

"Por favor", eu imploro a ele. "Por favor, Alfonso. Você não precisa fazer isso."

Seu nome nos meus lábios o assusta, pelo menos momentaneamente.

"Você sabe de mim?" Sua voz ecoa pelo espaço e envia outra onda de terror diretamente através do meu peito.

O arquivo de Alfonso dizia que ele não fala com ninguém. Isso é o que Art me disse. Foi o que meu pai me disse. Para toda a agência sabe, ele não pode falar verbalmente. Mas isso não é verdade.

Não é verdade.

Suas palavras são acentuadas com uma cadência espanhola. Lindamente. E ele disse para mim. Um rosnado baixo se eleva de seu peito e tento me enrolar.

"Como você sabe de mim?" Ele exige. "Como você sabe meu nome?"

"Seu arquivo", eu sussurro. "Eu li o seu arquivo."

Outro rosnado.

Eu fecho meus olhos, mas não bloqueia isso. Eu ainda posso ouvi-lo. Ele dá um passo mais perto. Então outro. E então ele está sentado na cama ao meu lado.

Quando eu abro meus olhos novamente, ele alcança para mim. Seus dedos tocam meu rosto. Rude. Imenso.

Letal.

Eu espero por sua ira. Pela minha morte. Mas isso não vem.

Sua palma desce pela minha bochecha e sobre a carne sensível da minha garganta antes de mergulhar no meu peito arfando. Ele está a apenas um centímetro do meu peito quando ele para e se afasta.

O impacto desloca seu capuz ligeiramente, e eu posso vê-lo agora. Veja seus olhos selvagens e dourados olhando para mim.

A cicatriz que corta a sobrancelha. Ele tem a estrutura óssea de um viking. Aquele que parece a qualquer momento, ele pode pilhar a minha alma.

"Alfonso", eu sussurro.

Mais uma vez, seu nome em meus lábios parece desorientar seus sentidos.

Ele se levanta e desaparece, apenas para retornar um momento depois, colocando uma rosa recém-cortada no travesseiro ao meu lado.

"Por que você está fazendo isso?" Eu imploro. "Por favor, diga."

"Você está pronta, linda?"

"Pronta para que?"

Ele sorri. E os dentes dele são perfeitos. Seus lábios sinistros.

"Para cantar uma música para mim." Ele toca meu braço com uma leve carícia. "Com palavras que só eu possa ouvir."