Fanfic: Fera - Trendy (finalizada) | Tema: Trendy, HOT

Dulce

Alfonso vem novamente no almoço para entregar um sanduíche, e como as minhas refeições antes, ele me diz que eu devo ganhá-lo. Eu não tenho que perguntar como ele veio preparado. Com uma xícara de arroz seco.

Ele me faz ajoelhar nos grãos por vinte minutos antes que ele me permita comer. Ele me observa o tempo todo. Silencioso. Envolto em trevas e segredos.

Eu cerro os dentes pela dor e me pergunto como ele se tornou assim. O que aconteceu para torná-lo um monstro? Eu não pergunto a ele, e ele não fala comigo de novo, exceto para me dizer que eu posso comer antes que ele saia logo depois.

E assim continua minha vida na próxima semana. Eu leio o dia todo, todo dia, e faço pouco mais.

Depois de verificar o banheiro para câmeras e encontrá-lo vazio, eu tomo alguns banhos também. Quando me cansei de ler e preciso de algo mais para me manter ocupada, peço um caderno e uma caneta de Alfonso. Mas o que ele entrega esta noite tem o sangue drenado do meu rosto.

É meu diário. Meu diário já meio cheio. Ele entrega para mim e tenta sair. Minha voz o detém.

"Você leu isso?"

Suas costas estão viradas para mim, os ombros tensos. Ele não fala e eu sei... só sei que ele tem.

"O que há de errado com você?" Eu exijo. "Você percebe o quanto isso é fodido? Você está me olhando nas câmeras e me ouvindo em minha própria casa. Me sequestrando... e agora isso... lendo meu diário..."

Eu me engasgo com as palavras e, estranhamente, isso parece o pior de suas ofensas. Porque essas palavras são privadas.

Muito particular.

Muito vergonhoso.

Meu rosto está quente, mesmo pensando nele explorando os cantos mais escuros e íntimos da minha mente.

"Você não tinha o direito!" Eu grito com ele. "Me deixar ir."

Ele se vira deliberadamente no calcanhar. Lento. Muito devagar. Mortal e maciço. Pairando sobre mim como uma nuvem negra. Eu recuo, mas não há para onde ir. Estou presa entre ele e a cama.

"Eu não tinha o direito?"

Sua voz é enganosamente suave. E por um momento, acho que estou seguro. Isso vai ficar bem. Até que ele chega e me pega pelo queixo, prendendo meu rosto em sua mão inflexível.

"Eu tenho todo o direito", ele troveja. "Você pertence a mim!"

Meus pulmões lutam por ar quando ele me arrasta para mais perto, o pulso no meu pescoço batendo um staccato selvagem contra a minha pele delicada. Alfonso vê isso. Ele vê tudo. E ele gosta do que vê.

Ele gosta de sentir meu medo.

Mas não é só mais medo. É outra coisa também. Uma força da natureza que não pode ser contida. É uma emoção. Uma descarga de adrenalina. Uma montanha-russa de desejo e necessidade e ódio e repulsa.

Sua respiração sussurra sobre meus lábios enquanto ele se inclina em meu rosto. E eu não sou a única em desacordo com meus sentimentos. Alfonso está andando na ponta da navalha de controle, seus olhos balançando de destruição para obsessão e vice-versa. Eu nunca sei qual lado dele vai ganhar. Então fico quieto e quieto, esperando a tempestade passar.

Seus dedos passam pelo meu rosto. Suave e gentil e cheio de reverência. Eu não entendo

Além do mais, não entendo minha resposta a ele. Ele me condicionou a aceitar seu toque tão livremente. Não só eu aceito isso, mas também encontro consolo. Prazer mesmo.

"Eu lhe disse para ser uma boa menina", diz ele. "Eu te avisei."

"Eu sinto muito."

"Apenas um gosto", Alfonso sussurra para si mesmo. "Apenas um."

Ele me beija.

Isso me choca de volta à vida antes que eu morra novamente em seus braços. Eu não consigo entender o que está acontecendo. Ele nunca me beijou antes. E parece tão diferente. Seus lábios são macios e quentes até que não estejam.

Quando meus lábios se separam, sua língua invade e conquista. Ele me absorve. Ele nutre sua obsessão. E ele me devora. O que começou como um simples sabor agora parece que ele está tomando uma parte da minha alma. Seus braços me seguram prisioneiro para que ele possa tirar de mim o que ele quer.

Ele não precisa. Não mais. Não quando estou me dando livremente. Não quando estou beijando-o de volta. Bebendo-o e nutrindo minha psicose.

Sem aviso, ele se afasta. Sem fôlego, nos encaramos. Desejos febris inflamam o ar entre nós. Tenho sede dele ainda. E ele tem fome de mim. Mas Alfonso não pode e não vai admitir isso.

O desejo em seus olhos queima, e nuvens de tempestade malevolentes entram. Este é sempre o caminho com ele. Ele me enrola e me joga fora.

Eu não consigo descobrir o que ele quer de um minuto para o outro. Tudo é um campo minado e eu não tenho forças para navegar.

Eu estou sacudindo minha cabeça já. Implorando a ele para não fazer isso. Mas meus pedidos caem em ouvidos surdos. Ele me arrasta do quarto. Eu corto meus calcanhares no chão. Eu luto de volta dessa vez. Mas é fútil.

Ele me leva para outra parte da casa. Frio e isolado. E nesta sala, não há nada mais do que uma gaiola de arame.

Eu me agarro ao moletom quando ele tenta me afastar.

“Por favor, Alfonso. Por favor não. Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa que você quiser. Por favor, não faça isso.”

Ele sorri sob a sombra do capô e seus lábios são cruéis.

“Bom, doce Dul. Porque é isso que eu quero.”

Ele me empurra para dentro da gaiola - grande o suficiente para um cachorro - e prende a fechadura da porta antes que eu possa resistir ainda mais.

"Por que você está fazendo isso?" Eu pergunto através das minhas lágrimas. "Por quê? Meu pai te amou! Ele fez tudo por você.”

Esta é a coisa errada a dizer. E eu nunca poderia ter conhecido o impacto desta afirmação. Eu nunca poderia saber o que isso provocaria nele.

Seu punho dispara pela fenda e envolve minha garganta sem aviso. E desta vez, não é um jogo.

Ele está me sufocando. Observando a luz fraca dos meus olhos enquanto eu coço as mãos dele. Eu acho que isso é realmente isso. É assim que vou morrer. Eu nunca vi isso chegando. Minhas mãos caem ao meu lado e perco a vontade de lutar. Só então ele me liberta. Chocalhando a gaiola com os punhos e rosnando no meu rosto.

Eu pulo de volta para o canto e me enrolo, inesperadamente grato pela fechadura que nos separa.

"Ele fez tudo por mim?" Ele ruge. “E é por isso que você está aqui, linda. Porque você é cega para os monstros reais. Os que você viveu com toda a sua vida.”

Lágrimas descem pelo meu rosto enquanto eu balanço minha cabeça em recusa. Negação.

"Meu pai é um bom homem."

"É?" Alfonso zomba. "Que esperançosa de você acreditar que seu coração ainda bate."

"Foi você?" Eu acuso. "Você o matou?"

Ele ri e é insensível.

“Se eu tivesse matado ele, Dul, você saberia. Pois eu o teria entregue de volta para você em pedaços.”

Agora sou eu quem está desequilibrado. Eu agarro o arame da gaiola e sacudo quando grito em seu rosto.

"Te odeio!"

"Bom", ele responde. “Esse ódio vai te servir bem, meu doce. Esse ódio será a única coisa que você vai deixar quando eu terminar com você.”