Fanfic: Fera - Trendy (finalizada) | Tema: Trendy, HOT

Dulce

Art concorda em falar comigo enquanto eu estou de volta na Virgínia.

A casa em que cresci fica a cerca de uma hora do lado de fora de Fairfax, que é onde a Art pede para se encontrar. É na mesma lanchonete que nos encontramos várias vezes antes, onde a garçonete o conhece pelo nome, e ela não faz mal algum em ficar segurando a mesa por horas a fio.

Eu passo a tarde com ele. Ele me alimenta com informações da investigação e tenta fazê-las parecer promissoras. Eles não parecem promissores.

Eu ainda não acredito no que ele está me dizendo. No entanto, continuo a perseguir minha única esperança. Eu imploro a ele para considerar permitir que eu entre em contato com Alfonso.

No final, o resultado é o mesmo.

Eu passo horas com ele. Grelhando-o. Implorando a ele. Desejando qualquer pedaço de esperança que ele pudesse me dar. Isso nunca vem. E eventualmente, ele se torna cansado e antipático.

Ele me deixa com a mesma linha que ele sempre faz. Eles continuarão trabalhando nisso.

O caminho para casa é longo e frustrante. Estou exausta e sei que tenho que voltar para o Pablo em breve, mas é a última coisa que quero pensar agora.

Quando eu giro o botão na porta da frente, ele está destrancado. Minha mão hesita no cabo e não me lembro de deixar assim. Eu racionalizo. Eu mal consigo lembrar o dia da semana, quanto mais precauções básicas de segurança.

Mas quando eu entro, eu sei. Eu sei que algo não está certo, antes mesmo de virar a esquina e ver a bagunça.

Alguém esteve aqui. Alguém destruiu completamente a casa em busca de alguma coisa. O que eu não sei.

Meu primeiro instinto é chamar a polícia. Mas então penso em Art.

Isso pode ser importante. Isso poderia ter algo a ver com o desaparecimento do meu pai.

Eu pego a lata de spray de pimenta que eu carrego na minha bolsa e ando pela casa, verificando se quem quer que seja se foi.

Quando tenho certeza de que estão, ligo novamente para Art. Ele responde com um suspiro.

"Alguém invadiu a casa", digo a ele. "Eu acho que eles estavam procurando por algo."

A outra linha fica quieta por um minuto e depois "você está bem?"

"Estou bem. Eles não estão mais aqui.

“Você precisa arrumar suas coisas e ir embora, Dul. Eu cuidarei disso."

"Você acha que isso poderia ter algo a ver com..."

"Eu não sei", ele me diz. "Estou me virando agora. Eu estarei aí em breve, mas não espere por mim. Apenas guarde suas coisas e volte para a cidade.”

"OK."

"Deixe-me saber quando você chegar lá."

Ele desliga e eu faço o que ele diz. Eu empacoto. Mas eu não posso sair assim. Eu não posso sair sem verificar para ter certeza de que algumas das posses do meu pai ainda estão bem.

Há coisas em todo lugar, espalhadas pelo chão. Meus livros foram retirados das prateleiras. As fotos que permanecem na parede são tortas e as que não foram quebradas no chão.

Até a foto do meu pai.

Minhas mãos tremem quando eu pego os pedaços e os substituo um por um. É um processo longo. Eu salvo as bugigangas quebradas no chão até o final. Mas quando eu me movo para varrê-los, algo estranho me chama a atenção.

E por causa de quem meu pai era, eu sei exatamente o que é antes que a realidade tenha tempo de afundar.

Um dispositivo de escuta.

Um gotejamento gelado rasteja pela minha espinha e se instala em minhas mãos trêmulas.

Alguém tem me escutado.

Antes que eu possa compreender o horror da minha situação, estou destruindo o lugar.

Procurando nas paredes. Abaixo dos contadores. As aberturas.

Coisas que meu pai costumava fazer.

Quando terminei, não são apenas os dispositivos que escuto, mas também as câmeras. As ondas de choque tomaram o controle do meu corpo inteiro agora. Meu batimento cardíaco bate nos meus ouvidos. Meus dedos tremem e meus pulmões lutam para respirar.

Não é a agência.

Não pode ser a agência.

Certo?

Mas se não eles, então quem?

As câmeras estavam no meu quarto. Na minha porra do quarto. Onde eu mudei. Onde eu... me toquei.

Oh Deus.

Eu acho que vou ficar doente.