Fanfic: Skip Beat Caminhos Do Coração | Tema: Skip Beat

Em sua casa kyoko acorda com o despertador e se arruma para uma entrevista ao vivo. Hinata chega para buscá-la.

–Ohayo kyoko.

–Ohayo, desculpa a demora.

–Deixe-me carregar suas coisas. E aí, você está nervosa?

–Já estive mais, acho que estou começando a me acostumar com as entrevistas, mas sempre bate aquele frio na barriga.

–Você se sairá bem garota, logo vai se enjoar de dar tanta entrevista – ela sorriu

–Eu não sou tudo isso ainda... É a sua primeira vez como empresária?

–Sim, por isso estava meio insegura.

–Sério, por que?

–Faz um tempo que eu queria me mudar para o Japão, meu pai e meu tio são japoneses e vivem lá nos Estados Unidos, eles me incentivaram para vir para cá. Precisava de um emprego então o tio me recomendou trabalhar como empresária do precioso "filho" dele.

–Tio? Ah, é, o presidente me contou aquele dia, kuu Hizuri é seu tio hum?

–Sim, o marido da minha tia.

–Uau, e o que você fazia por lá?

–Eu era atriz, nada de mais, era apenas uma iniciante.

–Você era atriz? – ela pergunta com os olhos cintilando

–Sim, é de família.

–Mas por que? Você é tão bonita e extrovertida, tenho certeza que se daria bem no ramo, especialmente aqui.

–Obrigada, mas eu já larguei dessa vida, tenha outros sonhos - ela suspirou meio decepcionada – Agora vamos, não queremos que você se atrase.

Elas continuaram conversando até chegarem ao estúdio. Hinata a esperou dar a entrevista e a levou em seguida para a casa de kanae. Elas se despediram e kotonami a convidou para entrar. As duas se abraçaram.

–Mo, eu preciso lhe contar algo- ela diz sem saber como começar

–O que foi Moko-san? – perguntou preocupada

–Eu não queria falar sobre isso mas sinto que devo contar para você, eu... Fui a um encontro com um cara, ele é um colega seu.

–Um encontro? Então, Shota-san conseguiu afinal. – ela relaxou ao saber do que se tratava

–Afinal? Como assim, você sabia que ele estava atrás de mim? – ela fica furiosa com a amiga –Mo!

–E-ele meio que pediu minha ajuda – mordeu os lábios esperando o resto da bronca

–Então aquilo tudo foi uma armação sua? – ela perguntou histérica – E você ainda se considera minha amiga? Onde está sua fidelidade?

–Moko-san, não fique brava! Me desculpe! Eu só o ajudei porque ele estava extremamente interessado em você e me jurou que estava sério quanto a você! E eu achei que seria uma boa idéia juntar vocês dois – "eu poderia lidar com o ciúme, se fosse Shota-san"

–Mo! Mesmo assim, você devia ter me contado, e que idéia é essa de me arranjar alguém se você não arranjou nem para você? Eu poderia muito bem fazer isso com você! Eu já sei até com quem poderia juntá-la.

–Eu sou um caso sem esperança Moko-san, por isso estou depositando tudo em você. Se eu tivesse lhe contado você nunca daria uma chance a ele.

–Não mesmo.

–Viu? E como foi o encontro?

–Foi...bom... – ela desviou o olhar enquanto corava – Mas isso não vem ao caso e não quer dizer que eu a tenha perdoado!

–Moko-san! Eu... sou uma péssima amiga, não sou? Agora você nunca vai me perdoar? – ela começou a chorar desolada

–Ai, Mo. Pare de chorar, você é minha melhor amiga – ela se sente culpada ao vê-la chorando – Eu perdôo você, apenas pare de chorar! – ela sacudiu a amiga

–Verdade? – ela se recompõe em um segundo – Mas sabe, Moko-san, ele gostou muito de você, eu não teria feito isso se não tivesse certeza.

–Eu sei, deu para perceber. Ele é um fofo, e é bem metido mas conseguiu me arrancar boas risadas. Eu até passei vergonha na frente de um monte de gente por causa dele. – ela ergueu os punhos no ar

–Parece que você se divertiu – ela riu

–Um pouco – ela se fez de indiferente – Mas acho que quem se divertiu mais durante esses dias foi Tsuruga-san provavelmente.

–Que nada, ele provavelmente estava entediado por ter que ficar uma semana inteira comigo.

–Você quem pensa – ela soltou uma risada – Foi por você estar lá que ele não ficou entediado – kanae pressionou o indicador na ponta do nariz da amiga – E o que vocês dois fizeram? Eu quero detalhes.

–Hum, Vimos filme, andamos de cavalo, pescamos, ensaiamos, vimos uma apresentação de dançarinos, nadamos no rio... – ela se lembrou da imagem dele sem camisa e ficou abobalhada por alguns segundos

–Ah é? E o que mais aconteceu? – kanae percebeu a mudança de cor em seu rosto e se interessou

–Fomos para a nascente, eu me perdi na floresta caçando vaga-lumes, ele m encontrou e... – ela ficou enrubescida ao relatar

–E aí? – ela se inclinou e a encarou sem piscar, repleta de curiosidade

–Ele me abraçou e começou a me beijar.

–Ren Tsuruga lhe beijou? – ela berrou e se levantou da cadeira, já pronta para comemorar – "aleluia irmãos!"

–Não entenda mal! – ela falou antes que kanae se precipitasse mais ainda - Não foi nos lábios, ele estava apenas preocupado comigo e tentou me acalmar – "não significou nada a mais, afinal ele veio da América e é normal para eles beijarem casualmente, não posso me confundir"

–Ah, foi isso – disse claramente desapontada – "achei que ele tinha se confessado, era bom demais para ser verdade. Esses dois só me dão dor de cabeça" – Tem certeza que ele beijou só para tranquilizá-la?

–Claro, teria outro motivo?

–Sei lá, talvez ele quisesse? Ele é um homem adulto, precisava lhe beijar para isso?

–Acho que não? Mas isso não faz sentido Moko-san, é tudo tão confuso quando estou com ele.

–Você gostou de estar com ele lá?

–Sim, eu gosto de estar com ele.

–Você gostou quando ele beijou?

–Ei, o que você está querendo insinuar? – ela se desviou envergonhada da pergunta

–Gostou ou não gostou? – ela indagou séria

–Eu gostei, mas aonde você quer chegar?

–Oras, só acho que você devia abrir seus olhos, está claro que o que você sente por ele.

–C-como assim? Isso é impossível Moko-san, é inadmissível imaginar alguém como eu ter interesse por alguém do nível dele, ainda mais quando ele já ama outra pessoa. Sugerir isso é três vezes pior do que imaginar! – "devo parar de pensar besteiras, ela já sabe quem quer e essa pessoa não sou eu e jamais serei"

–"Aff, kyoko ainda não sabe que está falando de si mesma" – Por que você se menospreza tanto? Você é Kyoko Mogami, minha melhor amiga, a 5ª garota mais prestigiada por todo o Japão, os rapazes enlouquecem para ficar com você, de mais crédito a si mesma. Onde foi parar aquela garota cheia de vitalidade e empenho que conheço há três anos? E daí se ele gosta de outra, o que importa é o que você sente.

–Não é assim, Ren tem que se feliz, seja com quem ele estiver " Mesmo que não seja eu. Mesmo que? E por que seria eu? Moko-san está tentando me incentivar, mas tudo que ela disse não vale nada se tratando dele"

–Quer dizer que você se importa mais com ele que consigo mesma?

–Sim, ele pode parecer inexpressivo na maioria das vezes, mas sei que é porque ele guarda tudo para si mesmo, ele não quer parecer fraco na frente de ninguém e teme qualquer aproximação. Sei que ele sofre muito por dentro e tem dificuldades, sempre preferindo resolver tudo sozinho, é por isso que me preocupo, quero vê-lo bem, o resto não importa.

–Falando assim, você não se deu conta de que essa seria uma prova de que você o ama? Não acha que seria feliz se estivesse com ele?

–Não faça perguntas difíceis Moko-san. Eu não sei mais o que pensar, acho que preciso de um tempo para clarear minha mente – " eu não o vejo assim, vejo? Arg, estou me confundindo de novo, isso está totalmente errado " – ela sacudiu com força a cabeça

–Então eu tenho dois conselhos a você, descubra como se sente e de quem ele gosta.

–Mas você já sabe, por que não me diz?

–É algo que você deve descobrir por si só.

–Isso não vai mudar nada.

–Mesmo que não mude, há sempre a possibilidade de você se surpreender.

A jovem atriz chegou ao castelo com seus colegas de trabalho, estava pronta para voltar aos ensaios. Ela queria falar com Ren mas ele estava de folga naquele dia. Cada um se vestiu de acordo com seus personagens e começaram as filmagens.

Estenderam o expediente até o fim da tarde. Os atores e o diretor voltaram de ônibus. Tsuna os havia convidado para jantarem em sua casa e pediu para kyoko convidar Ren, ele já sabia o endereço e poderia levá-la. Takumi recusou o convite, pelo visto teria outra reunião com o clube.

Já de noite, Ren aceitou o convite e passou na casa de kyoko para buscá-la. Chegando à casa do Kobayakawa os outros três atores estavam reunidos no sofá da sala conversando. Quando os viu chegar Shota teve uma idéia.

–Ei, vamos jogar " eu nunca" - Shota disse animado

–"Eu nunca"? Nunca joguei isso – Kyoko confessou

–Isso kyoko-chan, já pegou o jeito da coisa – Shota separa um copo para cada – Tequila, patrão?

–Sí, Patrón, la mejor – disse Tsuna

–Tequila? Eu preciso dirigir, o que esperam depois de umas rodadas? – perguntou Ren

–Se ficarmos mal vamos dormir aqui – Shota afirmou

–Bom saber que você se auto-convidam, mas de boa, mi casa és su casa - ofereceu Tsuna

–Fechou! Abro a Patrón ou você prefere um Hapsburg Premium Reserve Ren-san?

–Tequila, definitivamente.

–Kyoko-chan iria gostar da fada verde - Shota brincou

–Fada verde? – "Sininho?" - ela pergunta curiosa

–Não é nada fantasioso, é apenas o apelido da bebida – ele a alertou antes que pudesse se interessar - Não acredito que vou participar disso – " eu vim aqui para entrar em rodinha e beber? Ao lado dela? Isso não vai prestar,até porque eu nem comi antes de vir para cá"- Acho melhor ficar de fora.

–Nada disso, só as meninas ficam fora da bebida, você senta e vira com a gente – implica Shota

–E você precisa beber para se divertir Shota-san, será que é tão superficial assim?

–Superficial?- ele riu – Bobagem, só acho que você não agüenta o tranco e estou apostando nisso.

–Ah, então você quer me desafiar? – ele sorriu entrando no jogo

–E você aceita outro desafio meu? – ele ameaçou

–Encha os copos, pegue o limão e o sal – Ren cruzou os braços e se sentou

–Ahn, Yukina, Mogami-san peguem o suco que o Shota fez, aquela vai ser a bebida de vocês.

–Aquela gororoba batida? Eu não vou tomar aquilo, é nojento!

–Ei, não fala mal do meu suco.

– É aquele negócio marrom ali na mesa? – Kyoko perguntou receosa

–Exatamente, vamos ter que tomar isso – explicou Yukina

–Olha só, está borbulhando! – disse kyoko assustada – " Só não é pior que a culinária do Ren "

–Parece ter vida. Se me der indigestão eu vou processá-lo Onozuka! – reclamou Yukina

–Ano, mas eu ainda não sei do que se trata, vou ter que beber o seu suco?

–Kyoko-chan, é assim: cada um recebe um copo cheio, no turno de uma pessoa ela confessa algo que nunca fez na vida e se alguém da roda já tiver feito isso deve virar o copo.

–Então eu vou ter mesmo que beber isso? – ela fez uma careta – E por que vocês três vão beber tequila?

–É um desafio entre nós homens – ele bateu no peito

–Eles só gostam de fazer pose de machão – Yukina sacudiu a cabeça – Vamos logo com isso gente.

–Tudo bem, eu começo. Eu nunca namorei oficialmente.

Shota e Ren viram uma.

–Eu...- Yukina para pensativa – nunca bebi.

Shota, Ren e Tsuna viram.

–Essa é para você Ren-san. Eu nunca gostei de alguém e não me confessei.

Ren bufou irritado e virou.

–Vou usar minha frase de antes, nunca joguei eu nunca.

Shota, Ren e Tsuna viram.

–Eu nunca fingi gostar de outra pessoa Shota-san – Ren confessa áspero

–Ah, então você descobriu? Haha – ele vira – Que triste, minha diversão durou tão pouco.

–Eu, nunca fiz aquilo – pausa - com mais de uma pessoa – Tsuna coça a cabeça

–Tsunayoshi! – ela tampa o rosto envergonhada

–Gomen, acho que já está me subindo – ele riu sem graça

Ren e Shota viram.

–Fala sério... – diz Yukina ainda constrangida - Eu nunca me apaixonei por alguém mais novo.

Ren, Shota e Tsuna viraram.

–Eu nunca me apaixonei por colegas de trabalho! – disse Shota insinuante para Ren

Ren faz uma careta e vira junto com Tsuna. Yukina tampa o nariz e engole a bebida asquerosa.

–Eca! O gosto é pior que a aparência – ela disse fazendo cara de enjoada

–Yukina-san, tudo bem deixá-los continuar? – Kyoko pergunta preocupada

–Acho que sim, é uma oportunidade única ver esses três alterados.

–Kyoko-chan! É sua vez querida.

–Se você chamá-la de querida outra vez eu vou- Ren é interrompido pela mão de kyoko

–Minha vez! – disse abruptamente para evitar uma futura briga – Eu nunca – ela pensa e suspira – tive um sentimento mútuo – " e provavelmente nunca irei ter"

Todos se voltaram para Ren, ele encarou intensamente os olhos âmbares e puxou seu copo virando com vontade. Ele se levanta apoiado no braço do sofá e fala olhando para a atriz

–Eu nunca precisei ser tão direto.

–Ren-san isso parece mais uma declaração, tente outra vez – incentivou Shota

–Eu nunca amei tanto uma pessoa – ele tampa o rosto com uma mão e com a outra se apóia na parede

–Continua Ren-san solta tudo que você tem aí dentro cara - Shota ergueu seu copo e brindou com ele

–Eu nunca me senti tão incapacitado! – ele esbravejou com raiva de si mesmo

Todos se entreolharam assustados. O ator pousou a mão na cabeça e com a outra esfregou o rosto, tonto com o movimento brusco. Ele se sentou com certa dificuldade e encarou Shota e Tsuna.

–E eu nunca fiz graça de alguém apaixonado.

Tsuna e Shota viraram sem comentar nada.

–Cara, o Ren está mal bagarai, vamos zoar com o Shota agora – Tsuna diz empolgado

–Ei! Não é junto Tsunayoshi, eu não zoei com você – ele ficou emburrado

–Só lamento, eu estou com Ren-san, você está sobrando entre os casais – ele balança a cabeça

–Ca-casais? – kyoko pergunta confusa

–Liga não kyoko-san, ele está bêbado. Vamos acabar com essa palhaçada Tsuna – ela pede irritada – Daqui a pouco vamos ter de cuidar desses bebuns – ela bufou entediada

–Só precisa cuidar de mim amor, Mogami-san cuida do Ren-san, e o Shota... ele se cuida – ele ri do amigo – Shota, quantas foram para você ? Foram umas 5, 6? Eu nunca fiz com 7 ou mais.

–Droga cara, foram 7! – Shota vira - Se bem que você não perguntou a freqüência e... Ren o que você está fazendo com esse copo?

–Ué, não é para virar se fossem mais de 7? – ele perguntou com uma naturalidade espantosa

–Quantas foram homem de Deus?

–Quantas? – ele começou a contar nos dedos – Ah, não me lembro de todas agora – ele fez força tentando se lembrar

Os três colegas o encararam incrédulos, com os queixos caídos. Kyoko ficou paralisada, descrente, só podia ser mentira, mas o pior era que ele estava tão mal que nem se lembrava de todas. Ela sabia que Ren já havia saído com várias garotas antes, mas não tantas, ainda mais para esse nível de contato físico. Por que ele havia se deitado com elas se não amava nenhuma? Sentiu suas pernas ficarem bambas, as forças lhe faltaram, seu corpo petrificou. Ela imaginou oito garotas formosas e sedutoras envolvendo Ren, elas o acariciavam e tiravam sua roupa enquanto ele ficava hipnotizado por elas. Fúria e tristeza a invadiram, em que elas seriam melhores? Por que estava tão incomodada, tão machucada? Aquilo tudo estraçalhou a imagem que tinha de Ren, doeu perceber que ele não era só um senpai, mas um homem com desejos e temores. Mas aquilo era inexplicável, se ele tinha experiência por que nunca ficara com a tal? Ainda que não tivesse sentimentos pelas outras ele até havia se deitado com elas, então como ele não conseguia progresso com sua garota? E o que haveria de tão excepcional nela? Era um absurdo só de pensar que mesmo naquele ponto nunca havia experimentado um amor verdadeiro antes. Ela deveria ser mais bonita que as oito juntas, o extremo oposto de uma menina plana e tapada como ela. Sentiu seus olhos arderem e quando elevou sua mão percebeu estar molhada em lágrimas que ainda lhe escapavam os olhos. Os três estavam focados em Ren quando voltaram suas atenções para o lado e escutaram a voz trêmula e falha da jovem.

–Mais de sete? – ela consegue proferir, pedindo que negasse

Ren ficou pasmo ao vê-la, não conseguiu dizer nada, sua mente estava imersa em culpa e arrependimento, por que havia dito aquilo? Seu coração se despedaçou ainda mais quando ela se levantou e saiu da sala. Ele se ergueu com esforço, nem a tontura o impediu de segui-la. Kyoko apressou o passo mas Ren conseguiu alcançá-la, ele segurou seu braço e a fez se virar para ele.

–kyoko, me perdoe – ele pediu suplicante

–Por que? E daí que você fez isso com elas? Eu não me importo, isso não tem nada a ver comigo – ela disse exaltada

Reconhecendo a mentira por trás de suas falas, ela franziu o cenho e fechou os olhos. Ele enrijeceu e ficou perdido ao notar sua expressão. Seria desgosto? Decepção? Ódio? Talvez fosse tudo junto e misturado. Se sentiu o pior dos excrementos, era o fim para ele, havia feito a maior burrada do mundo e por causa de uma brincadeira ridícula. Perdera a admiração, a confiança e o respeito, todos jogados por água abaixo, por causa de uns copos de tequila, inacreditável. Mas ele não deixaria acabar assim, não, ele a amava demais para isso e precisava esclarecer, fazê-la entender que aquele era seu passado e que não havia mulher para ele senão ela.

–Me perdoe – ele pediu novamente quase se quebrando ao meio - Foi há muito tempo, fiz isso só para poder acompanhar um amigo meu chamado Rick, ele tinha namorada e vivia tentando me arranjar para eu não sobrar – e para eu tentar encontrar alguém para esparramar sua mágica em mim - Eu ia junto e mesmo depois que virei ator, sair com elas não significava nada para mim e nunca significará porque para mim só existe uma. Eu era um jovem ingênuo e nunca havia amado alguém antes, e agora que amo ponho tudo a perder. Por isso não me diga que não se importa, que não tem nada a ver, que posso ficar com quem eu quiser porque se pudesse já o teria feito.

–E por que você está dizendo isso para mim? Você não precisa me dar satisfação porque eu nem sei quem é essa garota!

–Jura? Você não sabe mesmo? – ele a encostou contra a parede e apertou seus ombros

–Não! Deve ser uma idiota por não estar com você ainda. Ela deve ser bem estúpida para não ver o quanto você a ama – ela disse irritada, com lágrimas ainda escorrendo

– Ela só não quer enxergar meu amor, não é uma idiota e muito menos estúpida,.

–Ah, não? E eu quem sou.

–Como disse, você não é nada disso.

–Hum? Você não quer me contar?

–Não. Não agora, não quero lhe contar nesse estado.

–E que diferença faz?

–Toda.

–Então eu vou perguntar pros outros, não deve ser difícil arrancar algo deles agora.

–Não, eu quero que você saiba por mim e por ninguém mais, já que é tão difícil para você deduzir.

–Mas por que todos podem saber e eu não?

–Por que você ainda não está pronta.

–Pronta para que?

–Para amar. Mas deixa isso de lado, só preciso saber se você me odeia e se consegue me perdoar.

–Eu não o odeio, e porque perdoar se você não fez nada para mim?

–Fiz sim, eu acabei com a imagem idealizada que você tinha de mim, mas esse sou eu Kyoko, um homem imperfeito, cheio de segredos, fingimentos e falhas. Quero que conheça todos os meus lados, ainda que tenha que dizer isso dessa forma lastimável, porque só sei que estou jorrando as primeiras palavras que me vem a cabeça e provavelmente esquecerei quase tudo amanhã – ele suspirou - Então estou tentado agir o mais racional possível e não fazer outra besteira, porque não há nada mais angustiante que vê-la chorar, pior ainda quando é por minha causa, me da vontade de morrer, juro, seu sofrimento é minha maior tortura. Então não me odeie se não isso seria ainda mais insuportável.

Ren se deixou cair,suas mãos tremiam e umas lágrimas soltas escorriam enquanto ele olhava para o nada espremendo sua dor e incapacidade. Kyoko ficou chocada, após aquele discurso mal sabia como interpretá-lo, sequer respondê-lo. Estava confusa, não sabia como lidar com ele assim, tão emotivo e sincero, era a primeira vez que o vira chorar na vida real. Isso a entristeceu tanto chegando ao ponto de lhe causar pânico e sofrimento. suas lágrimas voltaram a cair, elas não secavam nunca? Ela se agachou e timidamente o abraçou.

–Eu nunca poderia odiá-lo, é simplesmente impossível, mesmo se quisesse não conseguiria, não tenho motivos, não tenho direitos, você é muito bom para mim.

Ao escutá-la o ator a apertou ainda mais em seu abraço e começou a acariciar suas costas. Ele secou suas lágrimas com a mão e beijou sua bochecha, seu queixo, seu pescoço. Para ela não importava se aquela era a forma dele agradecer ou se desculpar, ela apenas queria continuar ali junto a ele, sentindo seus lábios lhe darem calafrios, a pele arder e se arrepiar com o toque, inconscientemente ela cravou os dedos em seu cabelo e lhe beijou na bochecha. Foi quando Ren a empurrou abruptamente. A rejeição a destruiu por dentro, não estava preparada para essa reação e isso a despedaçou por dentro.

–Go-gomenasai Ren, eu não – ia se desculpar quando foi interrompida

–Kyko eu estou enjoado.

–Eu sei , não foi minha intenção e... nani?

–Acho que vou vomitar, me leve ao banheiro.

Kyoko ficou surpresa após entender a mensagem. Ela o ajudou a se levantar e o guiou até o banheiro, ia entrando com ele quando foi barrada.

–Você não vai ver isso. Por favor, fique aí fora.

Antes que ela pudesse retrucar ele fechou a porta na cara dela. kyoko esperou e bateu na porta pedindo para que ele abrisse, porém não houve resposta. Ela voltou ao salão para pedir ajuda, mas só encontrou Shota dormindo sobre a mesa com a Patrón na mão. Ela o sacudiu com força até acordá-lo.

–Kyoko-chan! – a voz vinha lenta

–Shota-san, me ajude, acho que Ren está preso e inconsciente no banheiro.

–Ahá, eu sabia que ele não agüentava, mas você se preocupa demais com ele. Tem certeza que não o ama Kyoko-chan? – ele fez uma cara insinuante

–N-não! Vamos logo, ele pode estar passando mal lá.

–Hai, eu vou lá com você, afinal lhe devo muito por me apresentar a kanae. Já sei, quando nos casarmos você será nossa madrinha e nos dois ficaremos na torcida esperando seu camento com Ren.

–Já disse que não o amo! Ele ama outra então por que todos continuam a falar coisas insinuantes sobre nós?

–Por que será, não é? – ele riu com graça – Sabe kyoko-chan, dizem que toda brincadeira tem um pingo de verdade.

–Tanto faz, você está mal Shota-san, apenas me ajude a tirar Ren daí.

Eles bateram na porta e gritaram por ele novamente, sem obter resultado.

–E agora, o que faremos?

–Se afaste, vou arrombar.

–Claro você... Você vai o que? – ela pergunta espantada

Mas ele não respondeu, apenas deu alguns passos de distância para se lançar contra a porta com toda sua força, escancarando-a. Shota não conseguiu controlar a velocidade e acabou batendo na pia e caindo. Ele ficou se remoendo com a dor da batida. Kyoko ficou preocupada com ele mas se lembrou do motivo de estar ali e viu um braço saindo para fora da banheira. Era Ren com suas roupas encharcadas e enrolado com a cortina. O ator mais velho grunhiu ao ouvir o barulho estrondoso, ele percebeu o movimento e tentou se levantar mas esqueceu que estava enrolado e caiu todo atrapalhado. Kyoko correu para socorrê-lo.

–Ren! Você me deixou preocupada, por que se molhou?

–Porque eu estava com dor de cabeça.

–Ai meu deus, como vocês conseguem ser tão irresponsáveis?

–Porra! – Shota gritou por trás deles

–Shota-san? – ela pergunta espantada

–Meu dente quebrou, merda! Meu dente... – ele começou a chorar

–Que barulheira é essa? Vocês não... – ela para e avalia o redor – Meu Deus o que houve com seu dente?

–Eu não sei – ele começou a chorar mais ainda

–Kyoko-san, tire aquilo do Tsuruga-san e pegue a escova de dente do Tsuna!

–Ren! Larga isso.

–Que gosto ruim tem essa pasta.

–É creme de barbear!

–Não tem problema, a gente mistura e dá na mesma.

–Ai caramba... – ela bateu a palma da mão na testa

–Kyoko-san, eu vou levar ele para a cozinha, pegar um gelo, você fica ai com Tsuruga-san?

–Sim, eu cuido dele.

–Ah é? Então estou sob seus cuidados – ele sorriu bobo

–Ren, você não está nada bem...- ela suspirou

–Você não quer cuidar de mim? – ele fez sua cara de cachorrinho sem dono.

–N-não faça essa cara!

–Então venha cá, quero lhe mostrar algo – ele se sentou na beirada da banheira

–O que foi?

–Mais perto- ele pediu

Ela se aproximou e ele ligou o chuveirinho bem na cara dela. Ren desligou e riu de sua expressão irritada e surpresa. Kyoko olhou desafiante e partiu para cima tentando pegar dele mas os dois acabaram caindo dentro da banheira, ela em cima dele. Depois de sair de cima e se certificar de que Ren estava bem, kyoko não perdeu a oportunidade e ligou o chuveirinho até ele voltar a ficar ensopado. Ren apenas franziu a testa e em seguida ergueu uma sobrancelha. Ele sorriu e a segurou enquanto apoiou na parede ligando o chuveiro de cima, molhando os dois completamente. Ela se apressou em fechar a torneira, os dois pararam em silêncio até desabarem em risos. Ainda rindo, Ren se sentou no canto da banheira e a puxou em um abraço gentil.

–Os melhores momentos da minha vida são aqueles em que passo com você - ele sussurrou em seu ouvido.

–Ren... – ela corou e se arrepiou inteira com a frase e por escutá-lo de perto – Não são os que você passa com ela? – kyoko sentiu uma dor no peito ao perguntar

–Shhh – ele pousou delicadamente um dedo em seu lábio - Você faz perguntas demais – apoiou o queixo em seu ombro

Eles ficaram naquela posição por alguns minutos, a atriz estava tensa, com os dois corpos molhados e colados ela tinha certeza que ele escutaria as batidas fortes e descontroladas de seu coração. Quando ergueu a cabeça para encará-lo, visualizou sua face adormecida, um sorriso no canto da boca e uma expressão plena de paz. Ela ficou admirando aquela figura e pousou a mão em seu rosto, o acariciando. Quando se deu conta do que fizera, as retirou rapidamente envergonhada. Ela sacudiu a cabeça com força e o olhou mais uma vez. Kyoko se sentiu culpada quando pousou seu tronco no dele e apoiou a cabeça em seu peito. Logo toda culpa se dizimou, seu corpo ficou leve e o sono chegou. Seus olhos pesaram e se fecharam involuntariamente assim como seus lábios se dobrando em um sorriso.