Fanfic: Frozen heart | Tema: Frozen, tragedia
Da sacada de seu castelo Elsa podia ver toda a montanha e as terras além. Seus servos, golens de cinco ou seis metros de altura, criaturas colossais feitas de gelo e neve, caminhavam pela montanha e na floresta patrulhando os domínios de Elsa.
Elsa era uma bela mulher de pouco mais de vinte anos, sua pele era branca, os olhos azuis e os longos cabelos loiros claro soltos desciam como uma cascata congelada por detrás de seus ombros. Vestia um longo vestido de cores negras e azuis, um azul tão escuro que lembrava as águas profundas de um lago.
Ela deu meia volta saindo da sacada e se recolhendo ao aconchego de seu quarto solitário. Esse quarto, assim como todo o castelo, era feito inteiramente de gelo. Elsa gostava daquele castelo, era frio, silencioso e solitário assim como seu coração que ela congelara a muito tempo atrás para evitar o sofrimento e a dor.
Antes ela não era uma pessoa assim, melancólica e triste. Houve um tempo, há muito tempo atrás, em que Elsa fora feliz. Ela tinha uma família, seus pais e sua irmã mais nova. Ela os amava, mas eles haviam morrido, primeiro a irmã quando Elsa era muito pequena, e depois, a sete anos trás, seus pais. Desde então ela nunca mais sorriu.
Sua irmã mais nova, Anna, havia morrido quando as duas eram bem pequenas. Elsa ainda se lembrava como aquilo havia acontecido. Como poderia esquecer? Aquela lembrança a atormentava a anos e Elsa sabia que iria continuar a atormenta-la até o fim de seus dias. Elas estavam brincando, duas crianças inocentes mexendo com magia. Naquela época Elsa amava seus poderes, se sentia especial em tê-los. Como era tola, nem fazia ideia que aquele dom era na verdade uma maldição.
Elas deviam ter uns cinco anos na época. Elsa criava pequenos montes de neve e Anna pulava neles com toda a pureza da felicidade infantil. Foi então que aconteceu, sem querer Elsa acertou sua irmã com sua magia. Um disparo exatamente no coração. Anna caiu no chão, fraca e tremendo de frio. Elsa se lembrava de como entrara em desespero. Gritou pelos pais e chorou compulsoriamente. Seus pais vieram logo em seguida, eram os reis de Arendelle e Elsa nunca os havia visto perder o controle. Naquele momento ela viu.
Seu pai disse que ficaria tudo bem, que eles dariam um jeito. Saíram em disparada do castelo em uma carroça puxada por dois vigorosos cavalos brancos. O pai de Elsa guiava o veículo, ele não queria que mais ninguém soubesse daquele incidente, por isso dispensou o cocheiro e soldados para escolta-los. Viajaram por duas horas até muito além dos limites do reino. Foram até as montanhas aonde os trolls viviam. O pai de Elsa entregou Anna a eles, a garota tremia de frio, uma criancinha miúda e frágil.
O rei dos trolls fez tudo o que pode, mas no fim nem sua magia pode fazer algo contra a magia de Elsa. Ele falou que Anna havia tido o coração congelado e que nada podia fazer para salva-la. Disse que só um ato de amor verdadeiro poderia descongelar seu coração. Anna morreu algumas horas em Arendelle, tremendo de frio e delirando enquanto Elsa segurava a sua mão e chorava pedindo perdão pelo que fez. Não havia ato maior de amor do que as incontáveis lagrimas que a pequena Elsa derramou pela sua irmã, mas nem elas foram o suficiente para descongelar o coração da garota que morreu nos braços de Elsa.
Elsa nunca se recuperou daquilo. Matara sua irmã e ainda teve que viver acreditando que seu amor por Anna não era verdadeiro e por isso a garota não sobreviveu. Foi ai que o coração de Elsa começou a congelar e ela se fechou para o mundo, assustada demais com a possibilidade de ferir mais alguém. Seus pais encobriram tudo, a noticia que chegou a todos era de que a princesa Anna havia falecido por causa de uma epidemia fatal. Todos acreditaram e ninguém questionou essa explicação, mas Elsa sabia da verdade. Não houve epidemia nenhuma e fora ela quem matara Anna.
Os pais de Elsa fecharam o castelo para o resto da cidade e reduziram ao máximo o numero de empregados. Elsa cresceu solitária e assustada, temendo tudo, mas, acima de tudo, temia a sua magia. Fora uma criança infeliz e uma adolescente infeliz. Seus pais eram seu único consolo, os únicos que sabia de sua magia. Quando ela tinha quinze anos eles precisaram fazer uma viagem de navio a um reino próximo. O navio naufragou e eles nunca mais voltaram. Os corpos não foram encontrados.
Foi nesse ponto que o coração de Elsa congelou por completo. Ela fugiu de tudo, deixou Arendelle e se isolou nas montanhas aonde ninguém poderia encontra-la, onde ela não machucaria mais ninguém e onde poderia viver sua tristeza e seu luto.
Foi lá que pela primeira vez na vida ela se permitiu explorar seus poderes. Elsa manipulou o gelo e a neve, aprendeu a moldar objetos de gelo tão belos que pareciam ter sido criados por um mestre artesão. O vento e a neve obedeciam ao seu comando, e, quando ela queria, conseguia fazer nevar e até mesmo criar fortes nevascas.
Elsa passou alguns dias explorando os limites de seus poderes e aprendendo a domina-los para nunca ferir mais ninguém. Quando já se sentia segura e confiante utilizou sua magia em grande escala. Com muito esforço e dedicação criou seu enorme castelo de gelo no topo da montanha. Maior e mais belo que seu antigo castelo em Arendelle.
Aquele novo castelo se tornara seu novo lar. Em seus sete anos ali porem muitas mudanças foram feitas, Elsa expandiu sua morada adicionando mais cômodos. Criou também uma larga e grossa muralha envolvendo o castelo e torres de vigilância aonde seus servos estavam sempre a postos. Mas os servos e as fortificações vieram com o tempo e a necessidade. Por um certo tempo aquele foi apenas um castelo comum e não uma fortaleza impenetrável como viera a se tornar no futuro.
Em seus anos de solidão Elsa criou servos, criaturas humanoides de estatura mediana que cuidavam de manter o castelo sempre limpo ou então saiam pela montanha afora em busca de frutos e animais para servirem de alimento a Elsa.
Ela gostava dos servos, eles eram fieis a sua vontade, não questionavam, não refletiam, apenas seguiam ordens. Sendo feitos de gelo e neve se tornavam quase invisíveis no castelo glacial, confundindo-se com a própria mobília.
Mas havia quem não gostasse de seus servos. Os humanos de Arendelle, em especial caçadores, lenhadores e coletores de gelo. Ele iam para as montanhas com frequência e se assustavam ao deparar-se com as criaturas de neve criadas por Elsa. As temiam embora nenhuma delas tenha tentado lhes fazer mal.
Foi ai que começaram os ataques. Elsa se lembrava bem deles. No inicio achou que o fato de seus servos não voltarem estranho, mas deu pouca importância, afinal havia criado tantos deles que era compreensível se alguns morressem atacados por algum animal ou em algum acidente. Era essa a explicação que lhe ocorria quando dava pela falta de um deles.
As coisas porem só pioraram. Os homens de Arendelle se reuniram em grupos e, armados com foices, machados, lanças e tochas, desbravavam a montanha matando os servos de Elsa até chegarem ao castelo. Ela saiu assustada e, quando viu os homens com raiva e agindo com violência a sua frente entendeu que eles haviam matado seus servos, que eles temiam sua magia e que, mais importante, eles a temiam.
Os homens se assustaram ao verem a antiga princesa que julgavam perdida e morta. Ela lhes deu ainda mais motivos para ter medo dela, pois, em sua fúria, criou o maior e mais poderoso servo que já havia feito até então, um gigantesco golem de cinco metros de altura. A criatura rugiu em fúria e atacou os homens. Alguns morreram, mas houveram os que conseguiram fugir. Estes homens voltaram a Arendelle e contaram a todos que a antiga princesa não havia morrido, que se tornara uma feiticeira e abandonara Arendelle para se tornar uma rainha que vivia em um castelo de gelo no topo da montanha. Foi a partir dai que começaram a chama-la de Rainha da Neve.
Os humanos se prepararam e um novo ataque foi realizado, mas dessa vez não apenas por lenhadores e coletores de gelo, mas também pelo exercito real de Arendelle. Mas Elsa também e preparou, criara mais servos e armas de gele para que usassem: clavas, machados e lanças. O confronto se iniciou em uma noite escura e Elsa assistiu a toda a batalha do alto de seu castelo, na sacada. Seus olhos estavam sombrios e seu coração congelado enchia-se de rancor e ódio por aqueles homens que antes foram o seu povo. A luta fora árdua e demorada, muitos morreram. Quando Elsa percebeu que suas forças estavam sendo derrotadas enviou seu campeão: o golem gigantesco de neve. Com ele veio o caos.
A criatura abatia soldados e lenhados com golpes poderosos. Sozinha derrotou um terço dos inimigos, mas até mesmo o gigante fora derrotado. O golem cairá, morto por um coletor de gelo. Elsa ainda lembrava do nome do rapaz, um loiro chamado Kristoff. Mas apesar da vitória os humanos já haviam sofrido graves baixas. Os servos de Elsa conseguiram dar cabo do restante deles, mas alguns fugiram. Kristoff conseguiu escapar carregado por seus companheiros, pois não conseguia andar devido aos graves ferimentos recebidos em combate. Elsa soube que ele morreu dois dias depois devido as feridas.
Desde então Elsa fortificou suas defesas e criou mais servos, inclusive criou mais golens, tão ferozes e destrutivos quanto o primeiro. Os ataques continuaram, cada vez mais fortes e violentos, mas Elsa repeliu a todos e sua fama como rainha cruel espalhou-se pela região. A batalha mais difícil ocorreu a cerca de três anos. O exercito de Arendelle reuniu todos seus soldados e muitos jovens se ofereceram para se unir na batalha. Das terras distantes, das ilhas do sul, veio um príncipe estrangeiro, Hans, ele trouxera consigo um grande exercito e prometeu destruir a rainha de neve com as próprias mãos. O que ele não falou a ninguém é que almejava conseguir fama com o ato e assim se proclamar novo herói e rei de Arendelle.
A batalha foi cruel e sangrenta, não haviam apenas soldados a pé, mas também cavaleiros e poderosas catapultas trazidas ali para romper as muralhas do castelo de Elsa e abater os temidos golens.
Elsa lançou todos seus servos para o combate. Eram centenas de soldados de neve e dezenas de golens. A batalha foi tão árdua que ela própria, pela primeira vez, participou do combate. Elsa estava cheia de ódio e determinação e trouxe consigo a fúria de uma nevasca incontrolável. Sozinha matou dezenas, empalando-os em estacas de gelo. Sua nevasca porem matou muitos mais. Em determinado momento ela e Hans se encontraram em combate. Ele brandiu sua espada e a atacou, mas encontrou seu fim quando uma estaca de gelo criada por ela perfurou seu coração.
A batalha parecia vencida para Elsa, mas então um novo inimigo surgiu para o combate. Eram os trolls, normalmente vivam isolados nas montanhas e nunca inferiam nos assuntos dela, mas dessa vez era diferente. Eles se uniram em um poderoso feitiço, o rei dos trolls os liderava e, junto com seus companheiros, lançou um feitiço que dissipou a nevasca de Elsa. Mas o custo dessa magia fora alto e muitos foram os trolls que morreram por conjura-la.
Elsa então encarou o rei dos trolls que ainda vivia e o amaldiçoou com todas suas forças. Ela o culpou por não ter salvo a vida de Anna anos trás e por ter disfarçado sua incompetência colocando essa responsabilidade nos ombros dela, dizendo que só um ato de amor poderia salvar Anna.
O feitiço dos trolls não serviu apenas para desfazer a nevasca, mas também enfraqueceu drasticamente os poderes de Elsa. Mesmo assim ela não recuou. Foi em direção ao rei dos trolls disposta a mata-lo com as próprias mãos. Elsa se movia com uma fúria gélida nos olhos, matando os soldados que se atreviam a entrar em seu caminho. Com sua magia enfraquecida porem não conseguiu lutar tão bem e acabou sendo acertada por uma flecha no ombro. Elsa gritou de dor e, furiosa, matou o arqueiro que a feri-la. Mas era tarde demais, o estrago já havia sido feito e todos a vieram sangrar. Debilitada Elsa se viu forçada a recuar para dentro das muralhas de seu castelo deixando assim que o rei dos trolls escapasse.
Elsa se escondeu no seu quarto, debilitada e assustada, sabia que se seus servos fossem vencidos ela seria capturada e morta, ou, talvez, eles fizessem algo com ela pior que a morte.
Ficou por muitos minutos naquele quarto, mas para ela pareceram horas. Esperou angustiada o fim da luta enquanto gemia de dores. Finalmente seus servos venceram. Seu corpo se recuperou com o tempo assim como sua magia. O sacrifício dos trolls fora em vão.
A partir de então os ataques cessaram, Elsa recompôs seu exercito e reinou absoluta como a rainha da neve. Ninguém mais fora tolo de entrar em suas terras, que agora se estendiam por toda a montanha e muito além. Seus servos se tornaram tão numerosos que se espalhavam construindo pequenos vilarejos ao redor da montanha.
Relembrando tudo isso em seu quarto Elsa concluiu que, apesar de ter derrotado todos seus inimigos, ela ainda era uma pessoa vazia e infeliz. A dor causada pela perda de sues pais e sua irmã nunca a havia abandonado. Elsa tinha tudo que queria menos a mais importante das coisas: a felicidade.
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