Fanfic: Our Destiny | Tema: Bangtan Boys, BTS
6 de Junho de 2018, Madri 5:13 a.m.
Não há mais necessidade de usar um despertador, meu corpo sozinho me alerta que já é hora de despertar ainda que o cansaço contínuo me faça desejar a cama macia abaixo de mim.
Abro os olhos ainda sonolenta e um muxoxo sobressai de meus lábios em pura manha. Me espreguiço entre os lençóis e sento observando ao meu redor, constatando que dessa vez realmente não poderei ficar mais um pouco na cama.
Eu gostaria de lhes explicar quem sou eu afinal e, porque estou aqui citando o meu despertar, mas a única coisa que resume tudo nesse momento é que, bem, é complicado.
Para critério de conhecimento meu nome é Marie, Kim Marie. Atualmente tenho 23 anos e sou mãe de uma linda menina chamada Soomin de 4 aninhos, sim, isso mesmo, eu sou uma mãe nova e engravidei aos 19 anos.
Não se preocupe se você já pensou neste momento algo como “nossa por quê você não se preveniu?”, bem, digamos que todos sabemos como devemos nos prevenir na teoria, mas que na prática os hormônios falam mais alto.
Eu não culpo quem me julga porque no fundo sei que absolutamente todo mundo faz isso e quem sou eu na fila do pão para dar uma de santa e dizer que nunca fiz o mesmo?
Minha vida era muito calma em minha juventude e confesso que assim como aqueles que me rodeavam jamais imaginavam que eu me tornaria mãe tão jovem eu estou junto deles, ser mãe sequer passou em minha mente como uma possibilidade, mas cá estamos nós não é mesmo?!
Para que tudo seja compreendido com clareza e para que vocês possam acompanhar essa nova fase da minha vida eu devo primeiro voltar no tempo e explicar o que aconteceu para que eu chegasse até o dia de hoje.
A primeira coisa que vocês precisam saber é que venho de família coreana, digo, sou coreana e meus pais também, contudo minha avó materna é espanhola e por tanto tenho raízes tanto orientais quanto ocidentais.
Aliás minha família é meio bagunçada já que minha avó e espanhola, mas sua mãe era francesa e lhe deu nome francês que por acaso é o meu nome.
Mas deixando isso de lado, como lhes disse venho de família coreana e sou nascida e criada lá. Meus pais são pessoas amáveis e gentis, posso dizer que nossa relação é muito diferente de outras famílias porque meus pais simplesmente não são irracionais como a maioria dos coreanos daquele lugar.
Na Coreia do Sul foi onde tudo começou na minha vida, primeiras palavras, primeiro andar, escolinha, amigos de infância, primeiro amor, gravidez, casamento arruinado… Sim, são muitas coisas para assimilar, não lhes culpo, eu me pergunto ainda como tudo isso aconteceu.
Sabe acredito que tudo tenha mesmo começado na infância, sim, tudo teve início lá. Desde que me entendo por gente um belo par de olhos castanhos me fazia refém de sua doçura. Não sei ao certo quando começou, mas sempre que me recordo dessa época a única imagem que se forma em minha mente é do seu lindo sorriso.
Park Jimin, meu melhor amigo, meu doce confidente e minha paixão. Jimin e eu crescemos juntos, desde o fundamental pois eu pulei algumas séries ainda muito nova e poderia definitivamente ter pulado outras se não fosse por um mero sorriso roubar meu coração.
Não importava a série que fosse, vivíamos grudados o tempo inteiro para cima e para baixo. Até mesmo quando calhava de ficarmos em salas separadas, fugíamos e assistíamos a aula um do outro apenas para desfrutar da companhia do amigo inseparável.
Tudo fazíamos juntos, matávamos aula juntos, saíamos juntos, brincávamos juntos, comíamos juntos e até mesmo dormíamos juntos. Absolutamente tudo nosso era junto. Desde coisas simples como trabalhos de escola até fazer merdas grandes como pichar o carro do professor de matemática ou jogar papel higiênico no jardim da ex-diretora.
Éramos uma dupla de pestinhas por assim dizer, mas posso dizer que o destino colaborava para nossa aproximação extrema. Nossos pais por exemplo sempre trabalharam na mesma empresa e incrivelmente também eram amigos desde os tempos de faculdade.
Por esta razão além do fato de termos uma conexão inexplicável, nossa amizade cresceu inabalável por anos. Na época da adolescência era complicado, pois apesar de idades diferentes estávamos na mesma série e sempre haviam piadas infames a nosso respeito por causa de nossa grande proximidade.
Era irritante, isso porque nossa relação era quase fraternal, afinal nenhum de nós tinha irmãos, então tanto eu quanto ele, nos víamos quase como irmãos de outra mãe. Nós nunca tivemos algo na época da adolescência, nada até chegarmos na faculdade que foi o nosso ponto inicial de separação.
Bem, como disse nossos pais eram amigos e por tanto nossa amizade tinha valor para eles, posso dizer que eram os primeiros da torcida para rolar um romance que na época não existia, a coisa para ficarmos juntos era tão louca com eles que quando um ou outro arrumava um namorado (a) eles simplesmente não davam bola nenhuma para pessoa e ficavam falando coisas erradas para gerar brigas e terminarmos.
Pais… Vai entender!
Não importava quem fosse a pessoa, se eu apresentava um novo namorado aos meus pais eles o ignoravam e ficavam falando de Jimin ao pobre rapaz, ele poderia ser um príncipe encantado, mas na concepção deles nenhum era tão bom quanto Jimin. Da mesma forma os pais de Jimin detestavam qualquer menina que fosse colocada na frente deles.
Por isso nossa adolescência não foi regada a namoros como a de outros adolescentes normais apenas para evitar conflitos de nossos pais. Nada que nos impedisse de ter uns peguetes e tal, éramos cúmplices afinal.
Nossos pais sempre trabalharam com eventos e por isso lembro que desde muito nova estava em festas de arromba com pessoas da mais alta classe. Afinal eles são produtores de evento e portanto sempre estão envoltos dessa bagunça. Os pais de mochi - como costumava chamar Jimin - da mesma forma que meus pais trabalham na mesma empresa de produção de eventos e por isso nas festas ainda bem novos ficávamos juntos dormindo nos bastidores dos eventos.
Nossa vida era boa de fato, apesar de todas as confusões que já nos metemos e de tudo que passamos foi uma vida boa, uma juventude cheia de alegria e energia.
Só que tudo estava bom demais para ser verdade, então ao chegarmos na faculdade, a dura realidade nos fez entender que apesar da amizade e pontos em comum tínhamos porém sonhos diferentes. Jimin desejava cursar música, pois sempre teve talento para tal área enquanto eu seguiria a carreira dos meus pais.
Foi realmente duro na época a separação, me sentia incompleta dentro da enorme faculdade em Busan já que tive que me mudar, eu estava em uma cidade nova sem ninguém para chamar de amigo ou família enquanto mochi estava em Seul próximo aos nossos pais. Mochi no entanto sempre ligava nos intervalos da faculdade para jogar conversa fora e matar a saudade, mas com o tempo tudo foi ganhando espaços maiores.
Quando vimos, ganhamos o esquecimento um do outro.
Não ligávamos mais, não trocávamos mensagens, não mandávamos cartas, não nos visitávamos… Ninguém entendia o afastamento e sempre que questionados simplesmente jogávamos na culpa da falta de tempo por causa da faculdade, mas não passava de uma grande mentira.
No fundo sabíamos que aquilo era importante para as pessoas entenderem de uma vez por todas que entre nós havia apenas e unicamente amizade, as pessoas tinham que entender definitivamente que Jimin jamais me viu como uma mulher, eu era apenas uma amiga, uma confidente, nada além daquilo.
Para mim no entanto, foi apenas durante nosso afastamento que tomei ciência da sua figura na minha vida. Não queria aceitar, mas meu mundo parecia preto e branco sem a presença de mochi, tudo estava estranho e monótono. Era como viver um eterno inverno, me faltava o seu calor, a doçura de seus abraços, me faltava a melodiosa voz cantarolando ao meu ouvido para o despertar nas manhãs de domingo.
A realidade foi chocante e me neguei com total veemência a aceitar, mas no fim das contas a ficha caiu como um grande bloco de cimento no meu coração teimoso. Foi esmagador. Eu sempre fora apaixonada por Jimin, meu doce mochi.
Foi um custo aceitar, mas no fim percebi que todos que namorei tinham traços que o lembravam, quando não isso eles transpareciam a calmaria presente na voz de Jimin, ou seja. Sempre busquei por Jimin.
Depois dessa constatação não sei se foi mais fácil ou difícil conviver com a separação. Até porque agora não era a dor de uma amizade que se deteriorava com a distância, era um amor platônico a se deteriorar com a distância. Algo que na minha concepção era 100% pior do que a primeira situação.
A dor só aumentou quando um ano havia se passado sem qualquer notícia sua que não fosse dada por meus pais em ligações periódicas, aparentemente Jimin desejava me esquecer enquanto eu choramingava aos céus para ter aquele sentimento arrancado de meu peito, para que a dor da rejeição sumisse enfim. Tudo piorava quando sabia que estava com uma nova namoradinha, diferente de antes agora não soava interessante aos meus ouvidos essa afirmação, era apenas doloroso.
Todos notavam minha mudança, minha apatia, meu emagrecimento, minha queda nas notas… Meu mundo se apagava mais conforme o de Jimin brilhava.
Tudo ia mal para mim na época, mas chegou a um ponto que não dava mais para manter e quando me vi sem vida morrendo dentro de um minúsculo quarto de faculdade, tomei a decisão da minha vida. Eu esqueceria Jimin de uma vez por todas!
Foi o que fiz, juntei o pouco de orgulho e vergonha na cara que me restava e pouco a pouco retomei minha vida. Voltei a focar nos estudos, pois eu deveria voltar ao topo que sempre fora o meu lugar. Voltei a me arrumar e, com a vida agitada, a sorte por assim dizer me bateu a porta.
Um aluno de intercâmbio surgiu na minha vida, confesso que não o olhei de tal forma de primeira vista, mas pelo que ele dizia, se apaixonou assim que me viu na sala de aula. Nossa aproximação foi rápida, pois ele era da Espanha e obviamente me vi interessada por ter raízes lá. Tínhamos assunto e uma química mais do que interessante.
Não demorou nem dois meses desde sua chegada e nos demos ao luxo de atarmos um relacionamento. Eu não tinha sentimentos por ele, ainda amava Jimin plenamente, contudo queria e deveria esquecê-lo da mesma forma que havia feito comigo, por isso não me importei em dar uma chance a Ruan que estava mais do que disposto a dar-me toda a atenção que precisava.
Ruan era um homem perfeito - em todos os sentidos -, traços fortes, másculo, olhar sedutor, a beleza do espanhol era inegável, era tão belo quanto Jimin, e sim, quase sempre me pegava comparando os dois. Era mais que errado fazer isso, mas era involuntário.
Além disso Ruan era doce e atencioso comigo, amava me mimar mais do que qualquer outro e tinha todo aquele charme espanhol para me fazer pecar deliciosamente. Ah claro, devo dizer que perdi minha virgindade com ele e, não me arrependo em nada! Ele fez tudo ser perfeito como nos contos de fada.
Minha vida estava ganhando rumo e tudo entrava nos eixos mesmo sabendo que Jimin ainda era uma incógnita interna, tentei deixar tudo fluir e quando me dei conta eram dois anos sem ver seu rosto e sem sua presença. Eu queria muito esquecê-lo de vez, mas algo ainda impedia e eu apenas não sabia o quê era.
No meu aniversário Ruan me pediu em casamento e eu lhe aceitei, seria uma forma de retribuir tudo o que havia feito por mim… Sabia que havia tomado a decisão no impulso e que poderia machucar seriamente Ruan, mas preferi ignorar todos os sinais de que isso daria errado e segui adiante.
A notícia do noivado foi dada por telefone aos meus pais que ficaram em choque e sem ânimo, mesmo que eu esboçasse felicidade mentirosa eles simplesmente aderiram à minha decisão. Apenas dois meses de noivado e o casório já estava marcado para 3 meses a frente, por esta razão em nossas férias da faculdade resolvemos que ele retornaria a Espanha para preparar a família para a viagem - já que o casamento ocorreria em Seul - e eu resolvi por fim retornar a casa de meus pais para terminar os preparativos.
Confesso que a vontade de fugir berrava na minha mente quando o táxi parou em frente ao portão de casa porque sabia que seria bombardeada de questionamentos sobre a pessoa que justamente desejava esquecer. Meus pais não sabiam do meu retorno repentino em meio às férias já que eu basicamente não voltava para casa à dois anos.
Lembro que juntei uma coragem que não tinha para sair do carro do senhor de idade que me olhava curioso pelo tempo que estávamos parados em frente a casa na minha indecisão de fugir ou por um dito fim naquela história. Mas entre recuar e terminar de uma vez por todas com a angústia, eu saí do veículo.
Foi uma decisão difícil, mas que não tinha mais volta a partir do momento que o carro atrás de mim se foi e me encontrei sozinha no meio da rua cheia de malas. Olhar a vizinhança era nostálgico ao mesmo tempo que apavorante sabendo eu muito bem que os Park moravam uma quadra a frente e que poderiam passar e me ver igual uma árvore estacada na calçada.
O carro parado na garagem indicava que como suspeitei meus pais mantiveram o costume de não trabalhar aos domingos e portanto deveriam estar almoçando. Eu já havia viajado por um longo período, já tinha enfrentado trânsito, tinha juntado coragem até do buraco então não me restava outra opção se não adentrar minha antiga residência.
Pensei em tocar a campainha tipo nos filmes em que sua mãe te vê na porta e começa a gritar e todo mundo brota do nada achando que alguém tá morrendo e tal, mas acho que era uma cena desnecessária a vizinhança então arrumei minhas bagagens na pequena varanda da entrada e me direcionei a porta a abrindo, obviamente o costume de meus pais de deixá-la destrancada não havia mudado.
Entrei sorrateiramente me guiando pelo corredor até começar a ouvir vozes e risadas altas, sim, meus pais definitivamente estavam em casa, porém ao contrário do que imaginei havia companhia. Travei no mesmo lugar ao ouvir vozes familiares além das dos meus pais e praguejei o universo por me sacanear tanto, porém enquanto eu socava silenciosamente a parede do corredor com minha cabeça uma voz doce se propagou fazendo as vozes cessarem imediatamente.
- Marie..?
Puta.
Que.
Pariu.
Valeu em universo! Obrigada!
Eu posso me considerar uma pessoa sortuda ou até mesmo azarada neste caso, mas aquela voz era inevitavelmente conhecida por mim, por anos ouvi meu nome ser pronunciado pela melodiosa voz e… Céus! Como pôde mudar tanto em meros dois anos?!
Ele estava mais alto - ou eu havia encolhido? - mais branco por assim dizer, cabelos agora tingidos de castanho claro, lábios mais carnudos, olhos avidamente puxadinhos com leves bolsinhas embaixo, o tronco estava mais definido e as coxas… Oh pai eterno... Que coxas são essas?! Ele realmente tinha essa aparência desde os tempos de escola? Como pude ser tão cega a ponto de negligenciar tudo… Tudo isso…
- Marie… Não acredito que é você! - um largo sorriso vindo de uma gargalhada gostosa me fez desfocar das coxas e me perder no sorriso que a tanto tempo não via - Oh céus é Marie!!
Não tive tempo de assimilar as coisas subsequentes, lembro de Jimin se agarrar a mim como um filhote de coala e logo em seguida a gritaria da família ao me ver presa no abraço do velho amigo.
Fora um longo dia em que tive que contar minuciosamente os detalhes de minha vida em Busan e ouvir de todos como eu estava diferente em todos os sentidos, a frase marcante era “agora você parece um pouco mais menina e menos moleca". No fundo ninguém me via como mulher ou até mesmo adulta.
Porém conversa vai, conversa vêm, o assunto chegou e o clima mudou juntamente. Quando a palavra casamento foi citada pude ver a cara de infelicidade de todos a minha volta. Meus pais pareciam conformados, mas ainda assim chateados. O senhor e senhora Park estavam decepcionados e tristes, desolados os definia naquele momento. Contudo Jimin, aquele meu melhor amigo que por dois anos se tornou um estranho e agora parecia a mesma criança travessa de anos atrás estava com o olhar nublado.
Jimin fitava-me de forma indescritível, estava distante como nunca esteve, não esboçava reação nem mesmo se pronunciava entre os mais velhos, apenas corroía-me com os olhos lacerantes.
Era incômodo e não sabia se detalhava os preparativos do casamento ou se me perdia na imensidão castanha, quase negra, que eram os olhos de Jimin. Até mesmo os mais velhos notaram a atmosfera pesada que Jimin criava com a atitude fria, ele se mantinha neutro até o momento que o nome de Ruan foi dito.
Nosso contato foi quebrado quando ele abaixou a cabeça pressionando os lábios com força. O nome de meu noivo o incomodava, Jimin se remexia na cadeira ao ouvi-lo, aquilo parecia tortura-lo e eu não entendia o motivo. Até que ele pôs um basta se levantando bruscamente percebendo a atitude grosseira.
Lembro que gaguejou afirmando que havia se esquecido de um compromisso e que portanto iria embora. Ele se despediu de todos com beijos e abraços, porém comigo foi um aceno junto de um olhar de estranheza. Ele me repudiava por agora pertencer a outro, era óbvio que ele estava com raiva de mim pelo noivado. Todos entenderam isso quando ele passou por aquela porta e o silêncio se instalou no lugar antes barulhento.
Foi conflituoso e todos tentaram justificá-lo, eu os ouvi, mas ignorei da mesma forma que fui ignorada por anos. Ele não tinha direito, o perdeu quando foi ganancioso a ponto de me excluir da sua vida mesmo eu sendo sua melhor amiga.
Não havia volta, eu me casaria independentemente da birra de Jimin e seu orgulho tosco. Dois meses se passaram ali na casa dos meus pais onde nasci e cresci, decidi ficar e aproveitar o aconchego do meu lar antes de enfrentar minha futura nova vida de casada.
Lembro que Ruan falava comigo todos os dias e faltando um mês para o casamento ele me pediu “permissão” para ter uma despedida de solteiro. Já deveria ser algo esperado por mim já que Ruan era o filho mais novo e tinha quatro irmãos mais velhos. Eles estavam colocando pilha como esperado, era quase um pedido para trair, mas ele veio até pedir então a única coisa que fiz foi concordar.
Afinal de qualquer forma no fundo sabia que ele faria com a minha permissão ou não. Homens e suas tolices. Não havia outra opção no meu caso, era melhor ser chifrada consciente do que ser pelas costas.
Meus pais estavam trabalhando mais do que o normal alegando que era para ficarem livres na data próxima ao meu casamento, os Park faziam o mesmo já que mesmo com todo desandar de seus planos eles ainda me viam como uma filha. Jimin não havia dado as caras nem dado notícias desde o desastrosoalmoço de domingo e portanto não sabia seu paradeiro.
Sem meus pais em casa, sem os Park para me perturbar, sem faculdade para me preocupar e sabendo estar sendo chifrada diretamente da Espanha, não me restou outra opção senão beber vinho para me distrair do futuro amargurado e enfadonho que teria.
Lembro de estar já na terceira garrafa de vinho e mais alegre do que de costume e talvez até mesmo um pouco cambaleante quando a campainha tocou e tive que fazer o grande esforço de me levantar do sofá para atender e ter uma surpresa.
Oh, Park Jimin.
Sim, ali estava ele, bonito e gostoso como sempre, com as bochechas mais rosadas que o normal e um cheiro forte de Vodka misturado ao seu perfume enquanto me olhava sem pudor, olhar que jamais vi direcionado a mim e me fazia duvidar se era efeito do meu vinho, da sua Vodka ou da nossa imaginação momentânea.
Ele olhou para mim e abaixou a cabeça parecendo pensar se foi correto ir até a minha (ex) casa, mas ao elevar o olhar junto do seus suspirar ele sibilou um “me desculpe". Não sabia exatamente do que era a desculpa, mas pelo constrangimento junto do arrependimento entendi que era de tudo, desde o fato de seu deslize no almoço até seu afastamento repentino com a desculpa tola de falta de tempo.
Não lhe respondi com palavras, mas sim com uma atitude que nem mesmo eu esperava de mim. Nunca fui o tipo de mulher ousada, o que gerava grandes reclamações de Ruan por ele sempre ter que tomar a iniciativa e não podermos inventar coisas novas em nossa intimidade, mas acho que se tivesse um botão bem grande em nosso cérebro escrito um foda-se para vida eu tinha acabado de esmurra-lo.
Puxei Jimin pela gola da jaqueta que usava para dentro de casa fechando a porta em seguida. Foi rápido e sem dar tempo para a hesitação de Jimin, o prensei na parede e roubei o beijo que tanto almejei. Jimin congelou ao meu ato e não foi capaz de corresponder ao beijo, apenas constatei seu choque ao afastar nossos lábios com um leve estalar e encontrar os olhos castanhos buscando uma resposta pelo meu ato.
Vamos deixar claro que eu estava meio bêbada, porém consideravelmente alterada e que Jimin sempre foi meio lerdinho, mas estava mais bêbado do que eu. Resultado da história? Bem, eu apenas disse:
“Se quer o meu perdão me faça sua pelo menos uma vez…”
Moral da história, nunca diga isso a um homem bêbado porque eles levam tudo a sério. Com esse pedido infame ao pé do ouvido Jimin não pensou duas vezes para poder corresponder. Fui agarrada e torturada deliciosamente pelos lábios de meu melhor amigo, sim, definitivamente aquele foi o melhor porreque eu havia tomado na minha vida.
Eu gostaria de detalhar a noite que tivemos, contudo… É algo para se contar em outra situação talvez. O que acontece é que pode ter sido mera imaginação de um ser bêbado - que no caso sou eu -, mas não parecia uma transa casual que ocorreu pela situação alcoólica em que estávamos. Tínhamos uma sincronia perfeita, um encaixe perfeito. O sentimento transmitido era um amor reprimido, literalmente nos amamos em uma noite, nos tornamos um.
O problema veio no dia seguinte em que um Park risonho em minha cama demonstrava medo e alegria pelo ocorrido, mas quando me viu apenas agindo como se tudo não tivesse significado nada, seu sorriso murchou e a postura ficou rija. Não podia negar que havia sido a melhor noite da minha vida, mas a situação era diferente do que pensei, uma noite não concerta o erro de anos.
Criei uma casca para fingir que tudo não passou de uma bebedeira com sexo. Posso dizer que foi a minha despedida de solteira, não é mesmo. Ainda que tenha sido com o homem que amei por anos, ainda que não tenha sido sexo e sim amor.
Amargurei-me e transportei o sentimento ao homem na minha cama que ao ser tratado como nada depois de uma noite tão especial para ambos se foi, aquela fora a última vez que vi o semblante de Jimin. Ele recolheu as roupas que largamos pelos cantos se vestindo de qualquer forma e fechando a porta do quarto brutalmente, com uma força que sequer pensei ter ao que tudo ao meu redor estremeceu.
Minha vida ruinou daquela noite em diante.
Um mês para o casamento passou voando e, quando menos pude esperar estava diante do altar com meu braço enlaçado a meu pai que me entregava ao meu futuro marido. Eu deveria estar feliz, mas não estava porque ele não estava lá. Achei que no fim se arrependeria da pirraça e que me veria me tornar enfim uma mulher aos olhos da sociedade.
Mas ele não foi.
Como disse, nunca mais vi a face de Jimin, até mesmo para os pais ele se negou a dar seu paradeiro, afirmou apenas que estava bem por telefone.
Foi em meio a esta confusão que iniciei minha vida de casada, sob a mentira de um amor, sob a omissão de uma traição, sob a pressão de meu novo marido de ser uma boa esposa submissa… A vida não estava fácil para mim até que os sintomas vieram.
Tonturas, vômitos, sonolência, enjoos, dores de cabeça e no corpo, apetite consideravelmente maior… Ah claro, não esqueçamos a dita cuja menstruação que havia desaparecido desde o casamento.
No início achei que era uma doença ou que era fadiga e estafa pelo estresse do recém casamento. Mas não era bem isso não. Depois de muitos sustos de quase desmaio eu resolvi ir ao médico para descobrir o que era aquele “mal estar” repentino, mas a resposta veio rápida como raio e me partiu no meio sem dó.
POSITIVO
Ah, nada é tão assustador como essa minúscula palavra na folha de papel depois de quase uma hora de espera dentro de um hospital. Isso, porque você não sabe se chora de medo ou de alegria, não sabe se ri de felicidade ou nervoso, não sabe se grita de emoção ou se entra em desespero - principalmente no meu caso.
Eu estava inegavelmente feliz, mas a dúvida que se instalou no meu peito pouco depois da bela notícia era… Quem é o pai?
Certo, vou explicar, vocês devem estar tipo “como assim quem é o pai?”. Olha, primeiro que eu não deveria estar grávida, porque sempre tomei anticoncepcional e quem o toma não engravida certo? Certo. Por isso nem cogitei a hipótese de gravidez, mesmo com sintomas tão… Evidentes?
Agora vem o ponto, certo porque Deus quis eu engravidei mesmo me precavendo, mas acontece que eu me deitei com dois homens… Eu lembrava bem as datas, depois de duas semana que havia ficado com Jimin eu também havia ficado com Ruan após o mesmo ter voltado para Seul. Então como raios iria saber quem era o pai?!
Os exames diziam que estava entre 12 e 14 semanas de gestação e para o meu mais puro azar a diferença era exatamente de duas semanas. Ou seja, mesmo que contasse nos dedos as semanas em que me deitei com um ou com outro, as duas opções eram válidas. Poderia ser uma gestação de 14 semanas e o filho ser de Jimin ou uma gestação de 12 semanas e o filho ser de Ruan.
Francamente eu estava em uma situação desesperadora, mas era uma situação sem solução aparente. A solução estava a crescer em meu ventre com força e vontade, a resposta só viria quando a criança nascesse e me mostrasse qual beleza havia herdado, a coreana ou a espanhola.
A notícia chegou para a família quando eu já me encontrava do 4° para o 5° mês de gestação alegando que não tive sintomas e que para mim era uma surpresa tão grande quanto para eles. Foi com esse segredo que levei a gestação adiante, com todas as dificuldades por ainda ser nova e meu corpo não estar totalmente pronto para conceber uma vida.
No meu 8° mês sofremos um acidente de carro, nada tão grave, por um distraimento de Ruan nosso carro colidiu com a lateral de um caminhão e pelo susto, porém não pelo impacto minha doce Soomin quis nascer…
Continua...
Autor(a): manwol
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27 horas e 45 minutos.Este foi o tempo que marcou o início da melhor e mais difícil fase da minha vida. Meu trabalho de parto durou exatas 27 horas e 45 minutos. Desde o momento em que passei mal e minha bolsa estourou repentinamente logo após a batida de carro, tudo mudou. A dor foi indescritível e somente de ...
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