Fanfics Brasil - Habitat Linzsister

Fanfic: Linzsister | Tema: Bangtan Boys, BTS


Capítulo: Habitat

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Fanfic / Fanfiction Linzsister - Capítulo 1 - Habitat


 


Habitat


 


O que esta palavra representa para cada indivíduo? De fato, esta pequena palavra tem significado singelo e amplo espectro, mas o que de fato ela pode representar?


 


Pela ciência, Habitat pode ser definido como: “um espaço onde seres vivos vivem, e se desenvolvem, um ambiente natural onde nasce e cresce qualquer ser organizado”.


 


Como disse, uma definição singela, porém ampla, incisa e concreta.


 


Mas… Você, como criatura vivente da terra já analisou com mais afinco o significado por trás da palavra Habitat? Provavelmente não.


 


Podemos dizer que como humanos de um modo geral, nós não damos ênfase e muito menos crédito a isso, é uma mera banalidade reconhecer a nomenclatura do que nos cerca, não tem teor construtivo a menos que seja algo que sua profissão lhe obriga a conhecer.


 


Eu propriamente dito, sou uma das pessoas sobre a vasta terra que tem a obrigação de conhecer detalhes que muitos de vocês nem cogitam existir. Ecossistemas gigantescos, micropartículas celulares dentre n elementos de um ambiente, mutações genéticas, desenvolvimento bio-genético... De fato nem sempre pode ser interessante aos olhos comuns.


 


Eu me chamo Lee Chin-Sun, sou cientista e bióloga e, diferente do que muitos pensam, minha profissão não é tão chata e cheia de cálculos. Talvez seja por causa da minha paixão desde a infância pelo mundo da flora e fauna, ou talvez seja apenas algo que fui influenciada a adquirir, mas pouco me importa, afinal eu amo o meu trabalho.


 


Desde de muito nova meus dias foram dedicados a horas e mais horas na leitura de atlas com figuras que me faziam imaginar e suspirar a cada nova página virada. Eu amava aquele mundo microscópico escondido em cada canto por onde passava.


 


Era incrível saber que toda uma estrutura biológica poderia viver em um simples e velho tronco de árvore na floresta próxima de casa. Mas como disse, não sei se isso partiu de mim ou se fui de fato influenciada, meus pais são minha inspiração, são tudo aquilo que gostaria de ser e um pouco mais.


 


Meu pai era um lepidopterologista e antes que você ache que isto é um xingamento eu explico, lepidopterologista é aquele que é versado em lepidopterologia, esta se trata de uma área da entomologia que é a parte da zoologia que estuda os insetos lepidópteros, ou seja, as borboletas.


 


Portanto, um lepidopterologista é aquele que estuda especificamente as borboletas, mas que é versado no estudo dos insetos de modo geral. Meu pai era um amante da ciência assim como eu e por conseguinte foi o par perfeito de minha mãe.


 


Minha mãe é botânica, uma amante da natureza e sua morfologia, desenvolvedora de mutações genética para seleção de micro substâncias em produção assistida, uma mulher incrível. Sabedoria e singularidade pontuais, ela fez e ainda faz contribuições magníficas para a ciência de todo o mundo assim como meu pai.


 


Por tudo isso, às vezes me pego questionando-me se de fato adentrei tal mundo por instintos próprios ou pelos estímulos que sempre tive ao meu redor. Mas deixando tais fatos de lado, sou feliz e razoavelmente bem financeiramente graças ao meu trabalho.


 


Eu tenho atualmente meus 25 anos e tenho uma boa casa próximo do meu local de trabalho, nada de muito luxo e nem muito deficiente, a casa é confortável. Tenho meu próprio carro que comprei com muito custo e o que quase zerou minha conta bancária, mas que foi uma realização palpável, pois consegui com meu próprio esforço.


 


Já não moro com meus pais, pois me mudei de cidade por conta do trabalho, mas nada que me impeça de fugir vez ou outra para visitas repentinas. Viver sozinha é bom e também ruim, tem os dois lados da moeda por assim dizer.


 


É bom, pois tenho liberdade para fazer o que bem quiser dentro da minha casa, é aquela velha frase de “minha casa minhas regras”, aqui as coisas são do meu jeitinho, faço o que quero, quando quero e como eu quero.


 


Os lados negativos de se viver sozinha é que, bom, se eu não faço, não há quem faça por mim então, se eu não limpo a casa fica suja, se não cozinho ficarei com fome e assim por diante. Fora o fato que em alguns momentos da vida isto pode se tornar solitário dependendo do tipo de pessoa que você é.


 


Aliás, se você é uma pessoa melancólica não recomendo que more sozinho porque em certos momentos dá vontade de chorar em posição fetal, sim, isso acontece.


 


Pois bem, hoje é mais um belo dia de trabalho. Meu trabalho fica a poucos quilômetros de casa, cerca de vinte minutos de carro. Como sempre faço minha rotina, tomar banho, fazer minha higiene matinal, realizar o desjejum, me arrumar e ir para o trabalho.


 


O caminho é tranquilo e poucos carros encontro na pista, pois eu vivo na região das montas ao sul e o laboratório que trabalho fica ao leste da montanha. Sim eu trabalho em um laboratório. Um excelente laboratório estrategicamente construído em meio a floresta.


 


Fui contratada a cerca de um ano graças aos bons conhecimentos dos meus pais que souberam que um de seus amigos de velha data precisavam de alguns integrantes em sua equipe para trabalhar neste laboratório afastado da civilização.


 


Com meu currículo mediano e a indicação dos meus pais foi fácil entrar já que poucos se dispõe a vir morar nestas regiões afastadas da cidade, tudo é tão pequeno por aqui que torna as coisas paradas e de certa forma irritante aos olhos de jovens. Por isso aqui a grande maioria dos moradores são idosos, eles gostam da calmaria tanto quanto eu.


 


De início achei que se tratava apenas de pesquisas sobre plantas, como a área possui uma vasta gama de espécies seria um local maravilhoso para desenvolver tais trabalhos, teríamos a fonte de todo nosso trabalho em nosso quintal.


 


Se a montanha não vai a Maomé, que Maomé vá até a montanha; é o que eles dizem.


 


De fato assim que ingressei neste laboratório tudo parecia relativamente normal, tirando o fato que havia tecnologia avançada demais para meros estudos. Porém pouco tempo depois que ingressei entendi que as coisas não eram bem assim.


 


De pequenas análises na estrutura molecular de plantas logo fui designada a escudos celulares animais, nada que fugisse do meu campo de trabalho. Estranhei, eu confesso que não foi bem pra isso que aceitei o trabalho, mas preferi não me prender a isso e apenas segui o fluxo.


 


As células em análise eram tão distintas, tão incríveis, tão absurdamente únicas… Eu não sabia do que se tratava, mas elas eram completamente diferentes de tudo o que eu já havia visto na minha vida acadêmica. Não era apenas eu, alguns dos meus colegas de trabalho se encantavam tanto quanto eu, aquilo fugia de qualquer normalidade que poderíamos ter em outros laboratórios de pesquisa.


 


Juntos nos dispomos a aprimorar aquilo que nem nós mesmos tínhamos noção do que era, mas era algo grande e de valor para as empresas Kim, os três sócios sempre ficavam a olhar e ditar como deveríamos proceder com a pesquisa, eles nos diziam onde deveríamos chegar, mas nunca nos diziam o que era aquilo e para o que seria usado.


 


Era um segredo, um segredo absurdo.


 


Como pessoas normais vocês devem achar que somos burros para aceitar criar algo que nem se sabe o que é, mas infelizmente esse é um defeito de nós cientistas, a curiosidade pelo desconhecido às vezes extrapola os limites.


 


Foi um erro de fato, um erro irreparável, um erro gigantesco e principalmente sem solução aparentemente.


 


Os Kim entenderam que nós estávamos no caminho certo, um caminho desconhecido, mas que era o almejado por eles. Por esta razão nos transferiram de setor e foi aí que tomamos noção do que se tratava tudo aquilo que já estava desenvolvido e andando a todo vapor.


 


18 cientistas estavam envolvidos no projeto inicial que nos fora dado. Um contrato nos foi apresentado que marcaria o início da segunda etapa da pesquisa, somente os que aceitassem os termos sem pé nem cabeça daquele contrato poderiam seguir.


 


Entre as cláusulas contratuais tínhamos:


 


- É terminantemente proibido falar para terceiros o que é visto e feito no laboratório;


 


- É terminantemente proibido pesquisas individuais com conteúdo do laboratório;


 


- É terminantemente proibido gravar, computar, arquivar, entre outros, qualquer dado de pesquisa sem o consentimento dos chefes de equipe;


 


- É terminantemente proibido encobrir, omitir, esconder, entre outros qualquer informação adquirida dentro do laboratório;


 


- É terminantemente proibido contato com os espécimes em estudo sem consentimento prévio;


 


- É terminantemente proibido usar o estudo do laboratório em uso próprio;


 


- É terminantemente proibido sair do laboratório sem aviso e consentimento prévio;


 


- É terminantemente proibido tomar decisões sem o conhecimento e avaliações dos chefes de equipe;


 


- É terminantemente proibido sair do país ou cidade sem o conhecimento e autorização da empresa;


 


- É terminantemente proibido desistir do projeto após o início do mesmo.


 


As cláusulas não tinham fim e uma peculiaridade nelas era o início com “É terminantemente proibido…”, conforme o contrato era lido, eu podia ver a cara de amargura e repudia de muitos da equipe, de fato com tantas cláusulas e exceções, não seria qualquer um que aceitaria os termos, tudo parecia muito “secreto”.


 


Pouco a pouco a sala onde estávamos se tornou quase vazia, obsoleta e silênciosa, e com os contratos assinados em mãos, dos 18 cientistas do projeto inicial permaneceram apenas 5 contando comigo.


 


Os três sócios, Kim Namjoon, Kim Seokjin e Kim Taehyung estavam lá. Fitando a todos os que começaram e todos os que terminaram, ainda tiveram que ouvir algumas poucas ofensas de alguns que se indignaram com aquilo e até mesmo ameaças de processo por terem sido “usados” durante as pesquisas e agora não poderem continuar.


 


Mas sejamos verdadeiros, a escolha era individual de prosseguir ou não no projeto, mas como todo trabalho tinha suas regras. Confesso que eu não era tão receptiva a tudo que tinha ali, mas como cientista que sou minha curiosidade falou mais alto que o orgulho e por isso traço após traço meu nome foi tilintando no papel.


 


Eu planejava ter uma vida calma e corriqueira, casar com um bom homem, ter um ou dois filhos, morar em uma casa aconchegante e trabalhar com aquilo que eu amava, não era algo tão grande, não almejava riquezas como a grande maioria das pessoas e nem ser reconhecida como um gênio da ciência.


 


Eu queria uma vida simples, nada regado a luxos e facilidades, gostava de lutar para ganhar o que queria e me esforçar para alcançar objetivos. Mas não foi isso que adquiri como futuro quando assinei aquele contrato, se arrependimento matasse…


 


Poucos dias depois daquele contrato ter sido assinado fomos encaminhados a um andar desconhecido por nós, no subsolo daquele lugar funcionava algo completamente surreal.


 


Chocada é pouco para descrever como fiquei após ver tudo aquilo e, posso dizer com convicção que não foi um chocada no bom sentido, foi no péssimo mesmo. Queria desistir de imediato, mas não era mais permitido, não depois de ter assinado o contrato, não tinha saída, para sair existia uma cláusula, a última para ser específica.


 


“É terminantemente proibido sair do projeto ou desistir após a assinatura do mesmo. Em caso de quebra de contrato a diretoria não se responsabiliza por eventuais acontecimentos com o contratado nem com as ocorrências sucessivas de represália, tendo por conseguinte autorização para tomar medidas cabíveis de exoneração, expulsão, exclusão, represália do dito cujo que descumprir ou deixar de seguir as normativas”.


 


Aquilo era quase como um aviso de que você não sai de lá vivo se tentar desistir e, sinceramente acho que eles eram capazes de fazer algo em caso de algum maluco inventar de fazer besteira e sair contando as coisas ou simplesmente desistir no meio do processo.


 


Eu que não os colocaria a prova.


 


Presa a um maldito contrato fui obrigada a seguir suas ordens e finalmente pude adentrar aquele mundo e enfim entender o que tudo aquilo significava desde o princípio.


 


A cor predominante era branca, o cheiro de mercúrio impregnava minhas narinas, o gélido do lugar nos dava a sensação de vazio, a luz eminente era cegante e a frieza no olhar dos trabalhadores era desolante. Triste, isso definia aquele lugar.


 


Conforme nossos passos se propagavam no lugar um calafrio percorria minha espinha, era de dar arrepios. O problema maior só veio depois, nos foi dado um resumo das atividades exercidas por aqueles cientistas, experiências com as nossas pesquisas, elas estavam servindo de base de apoio para que eles seguissem adiante com aquela atrocidade.


 


Meu coração se fechou para aquilo de imediato, não era possível, minha amada ciência estava sendo usada de forma tão rude e displicente, sentia nojo de mim mesma por ter, mesmo que de forma involuntária, contribuído com aquilo.


 


As teorias criadas por eles eram surreais, ouvir os Kim ditar tão animadamente aquelas pesquisas que estavam sendo feitas sem o conhecimento da sociedade era absurdo, impossível, cruel e desumano.


 


Digerir tudo no início foi difícil e desistir não era uma opção, portanto só me restava seguir com aquilo e ajudar o mínimo possível. Eu não queria ter minhas mãos sujas com sangue inocente, sim, sangue inocente.


 


Os Kim se achavam revolucionários, mas não passavam de lunáticos do meu ponto de vista. Eles foram capazes de tudo, tudo e mais um pouco apenas para chegar ali, naquele ponto crucial onde nos encontrávamos.


 


Tudo era feito apenas para enriquecimento próprio, dinheiro, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Maldito dinheiro! Ganância estúpida, homens esdrúxulos! Miseráveis aproveitadores!!


 


Muitas vezes senti vontade de berrar aos quatro ventos toda a barbaridade que acontecia naquele matadouro disfarçado de laboratório, pouco dava importância ao que aconteceria comigo posteriormente, mas se ao menos pudesse salvar meia dúzia de vidas inocentes...


 


Toda a desgraça que me cercava dentro das paredes sem vida daquele lugar se chamava projeto Linzsister.


 


Linzsister era um projeto que vinha sendo desenvolvido a exatos dez anos, pouca informação nos era dada sobre a sua origem, mas pelo que descobri indagando a um e outro era que este na verdade foi o primeiro projeto desenvolvido pela empresa Kim.


 


Ao que entendi, Linzsister foi criado pelos próprios Kim ao início de tudo, suponho eu que talvez a empresa tenha sido criada neste propósito, pois eles sabiam que isto poderia lhes trazer grande fortuna em um futuro.


 


Mesmo que agora tivéssemos acesso a parte do desenvolvimento do projeto, ainda havia muita restrição de informações, era como trabalhar às cegas. Até onde sabia apenas os mais próximos dos Kim tinham as informações completas do projeto, uma meia dúzia de senhores de idade que viviam isolados futucando em suas papeladas velhas, nós os denominamos como chefes de equipe.


 


Nós não tínhamos permissão para lhes dirigir a palavra a menos que eles nos instruíssem a isso, uma hierarquia maldita e desnecessária.


 


Ah e tinha ainda um detalhe muito incomum em nossos laboratórios, a “área restrita”, se tratava de uma porta que dava acesso a sabe se lá o que. O lugar era pouquíssimo frequentado e para matar-me mais ainda de curiosidade e questionamentos apenas os Kim e os chefes de equipe adentravam o lugar que era muito bem vigiado por 4 brutamontes que quase rosnavam só de nos pegar observando a porta misteriosa.


 


Para onde ela dava? Não faço a mínima ideia, mas como boa apuradora de fatos que sou, acredito que lá esteja a fase 3 do projeto. A primeira foi no antigo laboratório com o grupo de 18 cientistas, a segunda é aqui no subsolo com as equipes previamente montadas e os 5 que aceitaram o contrato, por isso suponho que ali ocorra a terceira fase.


 


Você talvez esteja pensando que sou dramática por achar os Kim repugnantes e coisa e tal, mas deixe-me lhes contar o que encontrei naquele subsolo. Os Kim não apenas dirigiam projetos secretos, se fosse apenas isso não faria esdardalhaço, afinal qual empresa não faz o mesmo?!


 


No mesmo dia em que fomos levados ao subsolo para conhecer nossa nova área de trabalho nos deparamos com algo deveras inusitado. Crianças.


 


Sim, isso mesmo, crianças.


 


De vários tamanhos, das mais pequeninas as mais desenvolvidas, mas crianças que não passavam dos seus 10, 12 anos. Fiquei boquiaberta com aquilo, elas eram tão acuadas, tão submissas… Estavam longe de crianças normais.


 


Elas apenas ficavam na sua grande maioria andando aleatoriamente dentro de um grande salão vazio. Todas usavam roupas uniformes nas cores cinza e branco, era uma calça e uma blusa surrada de mangas longas. Elas ficavam descalças e todas possuíam um bracelete negro preso firmemente em seus pulsos delgados.


 


Eram prisioneiras.


 


Não havia explicação no mundo que me fizesse entender aquilo, era desumano. Elas não tinham qualidade de vida e muito menos tinham noção do que acontecia com elas ali, presas como o gado para abate. Todas seriam usadas, devoradas e descartadas logo em seguida.


 


Assim como eu, meus colegas foram contra aquilo, ninguém ali era a favor daquele projeto estúpido, onde já se viu usar crianças para testes de substâncias estranhas?! Nunca na face da terra houve pessoas tão cruéis quanto aqueles que eu denominava como chefes.


 


Talvez Hitler sinta inveja deles, sim, se o nasista estivesse aqui é provavel que se choque com o que está a acontecer.


 


Relutante a prosseguir com aquilo dois de cinco dos meus colegas de trabalho se opuseram, renegaram e pontuaram que não prosseguiram com a atrocidade. Eles foram encaminhados de volta como desejaram, mas quebraram a última regra e portanto concordaram com os termos.


 


Eles sumiram do mapa, um a família abriu registro de desaparecimento dois dias depois de sua desistência e o outro sofreu um acidente de carro onde aparentemente seu carro explodiu sem causa aparente de defeito e agora ele se encontra internado com 83% do corpo com queimaduras.


 


Ficou bem claro para quem ficou no projeto que os Kim cumpriram suas palavras e as cláusulas contratuais, afinal eles “não se responsabilizam por eventuais acontecimentos com o contratado nem com as ocorrências sucessivas (...)”  


 


Temerosos com os acontecimentos nenhum de nós tentou se opor posteriormente, não só por medo de morrer, mas também por medo de algo acontecer a algum ente querido e a culpa nos matar pouco a pouco por saber que poderíamos ter evitado.


 


Sem muitas saídas permanecemos, mas concordamos em não favorecer em nada a pesquisa, tanto que fomos tachados como “inúteis” por todos os que já trabalhavam lá. Apenas ficávamos mexendo em uma coisa ou outra, eu mesmo até tentei prejudicar seu progresso errando alguns cálculos, mas como eles eram revisados pelo resto da equipe não adiantou muito.


 


Eu gostaria de dizer que eles nos descartaram por não os beneficiar, mas eles não o fizeram. Não podiam nos descartar por já sabermos muitas coisas daquele lugar e a única maneira de se livrar de um de nós agora era nos eliminando de vez.


 


Confesso que meu plano inicial para aquilo era sustentar meus dias sem fazer nada, iria me manter quieta xingando e amaldiçoando cada geração dos Kim que prosseguisse com os projetos, mas… É, sempre tem um “mas”.


 


Eu não tinha o que fazer naquele lugar, então para passar meus dias eu fiz o que mais gostava de fazer, ler. Passei a ler todos aqueles relatórios do projeto estranho, li e reli cada linha, cada fórmula, cada mutação, cada código genético… Tudo que era permitido a mim ler eu li.


 


Mesmo sem desejar de fato acabei me aprofundado naquilo, mas por mais que juntasse todos os fatos e informações que obtive, as coisas não se encaixavam como um todo, algo faltava. E algo me dizia que o que faltava estava detrás daquela porta.


 


Meses já se passaram nessa pesquisa estúpida que ainda persisto em prosseguir, mas meus ânimos já beiram o zero, nem sei bem o que de fato me instiga a prosseguir. Agora mesmo já próximo do meu local de trabalho eu acredito que talvez desistir seja o melhor, estou farta de passar tantas noites em claro tentando montar uma linha de pesquisa sobre toda informação que adquiri.


 


Sei que o que estou fazendo é proibido, estou quebrando mais de uma regra do contrato, mas ainda assim algo em mim gritava e ainda grita para que eu vá mais a fundo e descubra para que está sendo usado tudo o que desenvolvemos, afinal a pergunta que não me fazia parar de pensar era, de onde eram aqueles genes? Não havia nenhum dado daquele tipo nem na internet.


 


Eu sei muito bem o que eu havia visto pelo microscópio, era único demais para ser esquecido, mas não havia nenhum dado previamente existente ou similar, portanto eu não fazia ideia do que aquilo era.


Estou farta de chegar todos os dias ao laboratório e permutar tantos minutos dentro do carro me perguntando se realmente devo entrar e prosseguir me arrastando sobre isso, mas sem muitas escolhas, assim como todos os outros dias eu me forço a sair do carro e seguir para o prédio simplista de cores amenas.


 


Como sempre a recepcionista me sorri alegremente, a menina é jovem e tenho por certeza que sequer passa por sua cabeça o que ocorre andares abaixo do seu. Ando pelos corredores pouco movimentados e onde encontro boa parte dos meus antigos colegas de trabalho, mas agora nenhum me olha mais aos olhos, talvez tenham ressentimento por me ver aceitar prosseguir no projeto.


 


O longo corredor de poucas portas me indica o elevador no fim do mesmo e é nele que me permito entrar ao apertar seus botões. O trajeto é curto e a musiquinha que ressoa chega ser semelhante a uma trilha sonora de filmes macabros de terror, ela me indica que logo estarei desperdiçando mais um dia de minha vida em prol de nada.


 


As portas que se abrem me dão ampla visão que me cega momentaneamente, pois passe o tempo que passar, nunca me acostumarei com a luminosidade cegante do lugar. Resmungando pelo desconforto dos meus olhos me dirijo a minha bancada.


 


Ela é pequena se comparada com as dos demais cientistas, mas é cem vezes mais organizada e limpa. Ajeito minha bolsa e meus pertences no local e logo me espreguiço em minha cadeira, como sempre observo meus colegas em seus afazeres até decidir o que terei como distração no dia, mas algo na manhã de hoje me chama atenção.


 


O laboratório está movimentado, movimentado demais.


 


Vejo caras novas por um lado e por outro, os cientistas andam de um lado para o outro, vasculham as papeladas, mexem em arquivos dos computadores, reviram os livros no nosso pequeno arsenal, eles literalmente bagunçam o lugar das mais varias formas e isso me perturba. Odeio bagunça.


 


Não gosto de bagunça tanto quanto não gosto do barulho que eles fazem questão de fazer com tamanho falatório que se estende pelo lugar. Bufo indignada com aquilo, mas não deixo de constatar que aquilo foge muito da tranquilidade e monotonia que o lugar é nos seus dias normais.


 


Até questionaria a algum colega se tivesse a oportunidade, mas todos estão em grupos debatendo sobre assuntos que acredito serem importantes. Os minutos se arrastam e o desespero dos que me cercam aumenta, vejo o desespero estampado em seus olhos e isso de certa forma me assusta.


 


Eu estava louca para ouvir sobre o que conversavam, mas com tantos falantes ao mesmo tempo o que predominava em meus ouvidos era um grande ruído sem forma. A movimentação se intensificava ao que um ou outro passava correndo por mim com papéis e mais papéis escorregando por seus braços até que tudo se silenciou e o medo se alastrou.


 


O silêncio conturbador tomou o lugar de poucos minutos antes barulhento, olhei para meus colegas petrificados e me questionava o que teria acontecido, parecia que todos haviam congelado.


 


Atônita varri o lugar com meus olhos e petrifiquei-me com a mesma visão de meus colegas e terminei por engolir em seco.


 


O olhar caçador sobre minha figura me arrepiava, minhas pernas amoleceram e internamente agradeci por já estar sentada, caso contrário cairia me estabacaria no chão gélido.


 


Eram eles, eram os irmãos Kim.


 


Vi alguns dos chefes de equipe ressoar algo ao pé do ouvido de um deles e lhes mostrar algo em um tablet, o olhar raivoso e impiedoso do mais velho para com meus colegas era devastador, parecia nos estrangular, um a um sem um pingo de dó.


 


Os outros Kim trocaram olhares após observarem algo no mesmo tablet que deixou o mais velho raivoso e debateram algo entre si, algo que não pude compreender, mas que só de ver a cara feia de alguns dos chefes de equipe pude saber que não era algo bom e só então me vi encurralada.


 


Todos os olhares se voltaram para mim de supetão e o Kim mais velho bufou, meu chefe de equipe o senhor Shinzui mesmo que focado no que lhe era falado me olhou meio que com desgosto e revirou os olhos.


 


Mesmo sem entender uma vírgula do que acontecia minha respiração se tornou falha e por um momento a única coisa que se passou na minha cabeça foi que eles teriam descoberto sobre minhas pesquisas e que por isso pagaria as consequências agora.


 


Desesperada e aflita nem mesmo um fio de voz me escapava, meus batimentos se tornaram irregulares ao que o primeiro passo foi dado em minha direção, os sapatos marfim envernizados que refletiam com magnitude a claridade do lugar me fizeram olhá-los apavorada, e por fim quando já não havia mais chances de fuga, minhas safiras se chocaram com os castanhos obliterado dos Kim.


 


Sou uma presa fácil, um alvo parado, a mira deles é distinta e pontual, não há erro, sou seu foco. Minhas mãos suam e me sinto acuada, tenho medo e a adrenalina escorre por minhas veias desenfreadamente, sinto que estou a beira de um colapso quando a voz do mais velho respinga em mim seu desprezo.


 


- Hmpf! Espero que você seja tudo isso que eles falam mesmo… Mas se não for o suficiente, esteja ciente que este é o fim da linha para você garota... - seu tom de ameaça me rasga, sinto os calafrios percorrerem a extensão do meu corpo e é como se todas as palavras me escapassem de uma vez, não sou fugaz o suficiente para lhe replicar com uma má resposta que por tanto tempo arquitetei.


 


- Hyung não seja assim - o segundo homem pede com calma, sua voz é limpa e clara e seus óculos quadriculados lhe dão um ar de intelectualidade inegável, é o segundo irmão que intercede por mim, Kim Namjoon é o seu nome - você deve ser a senhorita Lee, correto? - sua pergunta foi praticamente retórica ao que eu fui sequer capaz de acenar a cabeça positivamente - bem, espero que esteja em um bom dia porque…Sei que pode ser um pouco repentino e que talvez as coisas por aqui estejam meio agitadas, mas a senhorita acaba de ganhar uma promoção - ditou com uma animação forçada.


 


- O-o qu-quê?! - balbuciei automaticamente ao ouvir tal afirmação e a resposta veio por intermédio do Kim mais novo.


 


- É o que ouviu Lee, meus parabéns, você acaba de adentrar o corpo científico do projeto de número 001 - afirmou com um sorrisinho no canto dos lábios para finalizar em seguida - de agora em diante você não fica mais nesta área minha cara, a partir de hoje seu trabalho está atrás daquela porta, seu trabalho agora é experimentar o renascer; tudo agora está além do que você acredita e sabe, portanto Lee Chin-Sun, seja bem vinda ao nosso mundo, seja bem vinda ao Linzsister.


 


Continua...


 



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Autor(a): manwol

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