Fanfic: Destinos Cruzados AyD | Tema: Portiñón, Anahí e Dulce María

 

CAPÍTULO 04. 

Dulce estava pronta para o seu primeiro dia de trabalho, ou melhor, estava pronta para o seu dia de teste no trabalho. Vestiu-se elegantemente, afinal estava indo para um escritório de advogados!

Ela encontrou facilmente o endereço que Maite lhe dera e entrou no elevador confiante de que tudo daria certo.

Maite estava na recepção arrumando a mesa da ex-secretária de Anahí.

- Mai?

- Dulce? – Maite a encarou com um sorriso – É você?

- Quem mais seria? – Dulce abriu os braços e revirou os olhos.

- Ai, que bom que chegou! – se abraçaram – Nossa, como você tá maravilhosa, mulher!

- Obrigada, você também está linda. – Dulce respondeu ainda corada por causa do comentário de Maite.

- Obrigada. Bom, acho que você vai gostar de trabalhar aqui.

- Tenho um pressentimento de que vou mesmo, isso se eu passar no teste.

- Veremos. – Maite sorriu incentivando-a de que tudo daria certo - Bom, vou te mostrar tudo antes que minha irmã chegue da reunião. Depois falamos com ela. Venha por aqui.

Mai explicou tudo o que Dulce precisava saber por hora. Dulce era jovem, então tinha uma cabeça boa; gravou todas as instruções dela e já começou a organizar sua mesa de trabalho.

Maite partiu porque precisava levar uns papéis à sala de reunião do pai antes que a reunião dele se encerrasse e também porque precisava cuidar de seu próprio trabalho.

Dulce ficou sozinha. Organizou tudo o que tinha sobre a mesa. Ligou o computador e começou a olhar as planilhas deixadas pela secretária anterior. Ela pôde ver que a mulher era muito organizada. Não era em vão que a irmã de Maite estivesse totalmente perdida! A secretária fazia tudo por ela! As planilhas tinham até horários agendados para exames e consultas em nome de uma mulher chamada Luna Sophia. A antiga secretária devia cuidar de toda a vida dela!

Maite não voltou mais para ajudá-la, com certeza estava fazendo seu próprio trabalho. Dulce acabou se virando sozinha. Por vezes esclareceu alguma dúvida com uma das outras quatro secretárias que estavam por perto. As mesas de todas elas ficavam na mesma sala, na entrada do andar de advocacia. Cada uma, porém, tinha uma linha telefônica e atendia a um dos outros três advogados e uma das secretárias atendia Maite.

Dulce acabou arrumando tudo na mesa e viu alguns documentos pendentes que precisavam ser assinados pelo sua nova chefe.

Ela não tinha certeza se podia ou deveria fazer isso; mas certa de que era necessária a assinatura dela, ela foi até a sua aula. Claro que ela não estava lá, ela estava na reunião da qual Mai falara. Mas Dulce optou por deixar tudo na mesa dela para ser assinado mais tarde.

Como era nova ali, não podia deixar de especular sobre sua nova chefe, afinal ainda não a tinha visto. Dulce entrou na sala meio tímida, mas extremamente curiosa. A primeira coisa que percebeu foi o cheiro que o lugar tinha, era um cheiro maravilhoso, suave e muito bom.

Depois Maite reparou que a sala estava muito bem organizada. Só não sabia dizer se fora sua própria chefe que a organizara ou se foi Maite quem dera um jeito em tudo por ali.

Sobre a mesa, ao lado do computador, havia um porta-retrato com uma foto de duas mulher loiras e um bebê. O uma deveria ser sua chefe. Elas estavam estava tão felizes lado a lado na foto e Dulce viu uma aliança no dedo delas, isso indicava que devia ser a esposa dela. E o bebê era uma linda menininha, talvez fosse a filha delas.

Do outro lado da mesa havia mais uma foto. Dessa vez era apenas uma das mulheres e uma linda menina de três anos. Pela semelhança da menina de três anos com a mulher da outra foto, Dulce deduziu que a menina era aquele lindo bebezinho que estava no colo da mulher.

Enquanto ela olhava as fotos, deixou que as pastas em suas mãos caíssem no chão. Abaixou-se rapidamente para juntar tudo antes que alguém chegasse.

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Anahí saiu da reunião com os demais Portillas e Alfonso Herrera. Encontrou com Maite no caminho e ela a informou de que uma mulher estava fazendo o teste para trabalhar com ela.

- E quem deu autorização pra você contratar uma secretária pra mim? – ela fingiu estar brava.

- Eu mesma me autorizei. – Maite bufou – Se dependesse de você, iria ficar sem secretária o resto da vida, sua Portilla teimosa.

- Ok, morena. – ela a abraçou e beijou sua testa – Obrigado pela ajuda.

- De nada, maninha.

- Aliás, qual o nome da minha nova secretária? – ela perguntou.

- Dulce María.

- Ok. Obrigada.

Ela seguiu até a área do seu escritório. Esperava encontrar a tal Dulce Maríana mesa dela, talvez lixando as unhas ou mexendo nos cabelos já que ela não estava por ali - secretárias incompetentes costumavam fazer isso-, mas não a viu aonde esperava. Pensou que talvez, em mais um ato incompetente, ela tivesse ido ao banheiro retocar a maquiagem ou arrumar o cabelo que estaria minimamente desalinhado.

Dando de ombros e bufando debochadamente, seguiu para sua própria sala. Ao entrar em seu escritório, deu de cara com uma mulher ajoelhada no chão juntando alguns papéis. Anahí não costumava ser tarada ou indiscreta, mas foi inevitável não olhar para o corpo da moça e arquear a sobrancelha uma vez que ela estava de joelhos no chão e com o traseiro virado na direção dela. Ela tinha um corpo muito bonito, Anahí não podia negar isso. E ela estava resmungando, o que tornou a cena engraçada.

- Isso, Dulce. Começa mostrando o desastre que você é. Desse jeito não vai durar até o final do dia aqui. – ela dizia para si mesma.

Anahí rapidamente saiu dos seus devaneios, se xingando mentalmente por tal ato vergonhoso da parte dela em ficar observado o corpo da mulher, e pigarreou. Dulce levou um susto e se virou na direção dela.

- Oh, me desculpe, senhora. – ela disse já se colocando de pé, tentando arrumar a saia que estava torta e sua blusa que abrira um dos botões sozinha.

- Tudo bem. – ela voltou a pigarrear buscando um mínimo de concentração - O que aconteceu aqui?

- Eu sou a nova secretária, Maite me contratou. Quer dizer, ela me chamou para fazer um teste hoje. – ela se recompôs e ficou em sua posição profissional.

- Eu sei que Maite a contratou. Eu sou Anahí Portilla, muito prazer.

- Muito prazer, senhora Portilla. Sou Dulce María Saviñón.

Elas deram um leve aperto de mãos.

- Então, o que fazia aqui em minha sala? – ela perguntou enquanto dava a volta na imensa mesa e sentava em sua cadeira.

- Estava organizando alguns documentos na mesa da sua última secretária e achei estes aqui que precisam ser assinados. – ela passou as pastas para a Chefe.

Anahí deu uma olhada meio por cima e acenou com a cabeça.

- Ótimo. Vou assinar e depois chamo a senhorita para entregá-los ao doutor Portilla.

- Ok. Com licença.

Dulce já estava perto da porta e nem percebeu que sua nova chefe admirava a visão de seu corpo por trás.

- Senhorita Dulce María? – ela a chamou.

- Pois não... – Dulce se virou pra ela; a visão de seus cabelos balançando a atormentou mais ainda e tudo piorou ao ver o brilho dos olhos cor de mel dela.

- Se precisar de alguma ajuda ou explicação sobre seu trabalho me avise.

- Obrigada, Sra Portilla. – ela sorriu levemente.

Dulce saiu e Anahí voltou a se concentrar nas pastas que ela lhe trouxera.

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Dulce terminava de organizar as últimas pastas no armário atrás de sua mesa quando o telefone tocou indicando uma chamada interna.

- Escritório da Dra Anahí Portilla, bom dia. – ela disse.

- Dulce María, venha até minha sala, por favor.

- Estou indo, Sra Portilla.

Ela seguiu rapidamente até a sala da chefe. Não queria causar uma má impressão logo no primeiro dia.

- Os documentos estão devidamente assinados. – Anahí entregou as pastas a ela – Pode levá-los ao Dr Henrique Portilla.

- Claro. Deseja mais alguma coisa, Sra Portilla?

- Não, por agora é só isso. Obrigada.

- Com licença.

Dulce saiu e foi direto para a sala do outro advogado que por coincidência era pai da sua chefe. A secretária dele a anunciou e ela entrou na sala dele.

- Olá,  Senhorita Saviñón. – ele disse sorrindo – Finalmente estou conhecendo a contratada pela minha filha para trabalhar com a Anahí.

- Olá, Senhora Portilla. Muito prazer. Hã... Eu trouxe os documentos que a Dra Anahí Portilla  acabou de assinar.

- Que documentos? – ele pegou a pasta e analisou o conteúdo dela – Onde esses arquivos estavam, senhorita Saviñón?

- Na mesa da ex-secretária da Dra Anahí.  Eu estava organizando e achei eles, levei-os imediatamente pra que ela assinasse.

- Pois fez bem, muito bem mesmo. Estes documentos são extremamente importantes e acho que estavam perdidos pela empresa. Você os encontrou há tempo. Obrigado, senhorita Saviñón.

- De nada, Dr Portilla. Com licença.

Dulce saiu de lá satisfeita por ter feito algo tão certo logo no primeiro dia de trabalho. Podia chamar isso de sorte ou competência, tanto faz; mas ela se orgulhou de ter sido útil dessa forma.

Já era hora do almoço, mas antes de sair ela achou melhor ver se a chefe desejava mais alguma coisa.

- Senhora Portilla, - ela colocou a cabeça pra dentro da sala após dar duas leves batidas em sua porta – gostaria de saber se precisa de mais alguma coisa antes que eu saia para o almoço?

- Não, pode ir. Fale com Maite, ela deve lhe entregar o cartão para pagar seu almoço. Nos falamos depois.

- Ok. Com licença.

Dulce fechou a porta da sala dela e seguiu até sua própria mesa. Desligou o computador, conferiu se estava tudo no lugar, pegou a bolsa e o celular e foi para o elevador.

Enquanto ela aguardava, Maite apareceu acompanhada de Alfonso Herrera.

- Dul! – Mai gritou – Como foi?

- Acho que bem. – ela fez uma careta em sinal de dúvida.

- Que bom, então. Mais uma aliada feminina pra mim. – Maite quicou no lugar.

- Vai ser bom. – Dulce sorriu timidamente e olhou para Alfonso – Olá, Poncho. Ainda agüentando essa mulher na sua vida?

- Ruim com ela... Pior sem ela. - ele disse verdadeiramente, mas mesmo assim ganhou um beliscão e um beijo de Mai.

- Vai almoçar aonde, Dul? – Ela mudou de assunto.

- Aqui perto mesmo. Tenho que voltar logo pra colocar uns dados no computador.

- Presta atenção, eu vou te dizer duas coisas: primeira, você vai almoçar com a gente hoje e nada de reclamar, eu tenho mesmo que te passar um cartão pra pagar seu almoço; segunda, não fica dando esses mimos pra minha irmã porque ela vai acostumar e depois você vai se ralar pra dar conta de tudo sozinha. Já vi isso acontecer uma vez com Alice, não quero que se repita com você.

- Tudo bem. – Dulce riu do comentário de Maite – Eu estou gostando do que faço, não se preocupe.

- Ok, depois não diga que eu não avisei.

Os três foram almoçar no restaurante de costume ali perto. Dulce contou sobre a viagem de férias; Mai falou da empresa, da família; e Poncho contou sobre alguns casos complicados que estão resolvendo. O almoço foi agradável e logo voltou antes que o casal para a empresa.

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Durante a tarde, Dulce continuou a arquivar uns documentos no computador. Na verdade, fez isso a tarde inteira. Havia muita coisa para ser arquivada!

Anahí participou de outra reunião com os outros advogados e depois voltou para sua sala.

Pouco antes do fim do expediente, Christian se dirigiu a sala de Anahí para combinar uma saída para o bar. Antes de entrar, deu de cara com Dulce.

- Wow! – ele parou em frente à mesa dela, ergueu uma das sobrancelhas e sorriu pra ela – Posso saber quem é esse anjo que está aqui?

Dulce corou com o comentário dele. Percebeu rapidamente, e também se lembrou do que Maite lhe contara, que seu irmão mais velho era brincalhão, gentil e casado. Talvez por isso ele falasse com ela como se a conhecesse há anos.

- Sou Dulce María, muito prazer. – ela levantou-se para cumprimentá-lo.

- O prazer é todo meu. Sou Christian Portilla. Se precisar de ajuda com alguma coisa é só avisar.

- Obrigada.

- Ok. – ele sorriu e apontou na direção da sala de Anahí – Minha irmã ainda está na sala dela?

- Sim. Vou avisar que está aqui. Um minuto.

Dulce discou o número da sala dela e ela atendeu no primeiro toque.

- Senhora Portilla, seu irmão está aqui. Posso pedir que entre?

- Claro. Obrigada.

- Ok.

Ela desligou e voltou a olhar para Christian, que a estava observando analiticamente.

- Pode entrar, senhor Portilla.

- Obrigado. Até logo.

Piscou pra ela e entrou na sala da irmã. Dulce voltou a se concentrar no que tinha para fazer, inclusive anotou algumas datas importantes de exames agendados para aquela semana com o objetivo de avisar sua chefe depois. Enquanto isso, Christian conversava com Anahí.

- Loira! – ele disse ao entra na sala – Quem é aquela mulher ali fora?

- A secretária que Maite me arranjou. – Anahí disse de forma normal.

- E que secretária! – Christ riu – Uma mulher muito bonita.

- Chris, você é casado e está prestes a ser pai não tem vergonha de dizer isso?

- Eu não. – ele deu de ombros – Não há nada de errado em admirar uma mulher bonita. Você sabe que só tenho olhos pra minha Angel. Mas também não sou cego a ponto de não reconhecer quando vejo outra mulher bonita. Ela vai ficar?

- Quem? – Anahí estava distraída.

- A secretária. – Ele rolou os olhos – Gostou dela? Vai deixá-la no lugar da Alice?

- Acho que sim, pelo menos por enquanto. – ela deu de ombros – Ela está trabalhando desde hoje de manhã e já me trouxe vários papéis que estavam pendentes pra assinar e organizou boa parte das coisas que estavam na mesa da Alice. Parece esperta e eficiente.

- Legal. Maite deve estar feliz da vida por ter outra mulher que pode fofocar nessa empresa.

- Com certeza. – Anahí riu – Só espero que elas não misturem as coisas. São amigas há muito tempo, acho que desde a escola.

Chris iria fazer um comentário sobre Dulce, mas foi interrompido por ela que entrou no escritório.

- Senhora Portila, com licença. – ela aproximou-se da mesa dela e lhe passou uma folha de anotações – Estava organizando as planilhas no computador e notei que há algumas coisas pessoais agendadas para essa semana. Anotei seus compromissos aqui apenas para ficar de sobreaviso.

- Obrigado, Dulce María. – Anahí pegou a folha das mãos dela e analisou – São as datas para os exames da Luna. Obrigado por me lembrar disso.

- De nada.

- Bom, seu horário já está se encerrando. Antes de sair, quero que me diga se gostou do local de trabalho e se gostaria de permanecer aqui na Portilla´s Advocacia?

- Gostei do que fiz, senhora Portilla. Creio que não haverá problemas em me adaptar às minhas funções.

- Nesse caso, o emprego é seu. – ela sorriu – Maite acertará os detalhes com você amanhã. Alguma dúvida?

- Não, nenhuma, Sra Portilla.

- Ótimo.

- Obrigada. Até amanhã, Senhora Portilla. – Dulce se despediu dela e depois dele – Tchau, senhor Christian.

- Tchau. – Chris sorriu em resposta.

Dulce saiu contente da sala. Aparentemente, o emprego era dela. Ficou feliz por achar um serviço calmo, interessante e com pessoas tão educadas como os Portillas.

- Viu, ela te respeita muito. Sabe qual é o lugar dela aqui. – Ele comentou assim que ela fechou a porta.

- Por que diz isso?

- Ela te chamou de ‘Senhora Portilla’ todas as vezes em que se dirigiu a você. E a mim ela se despediu dizendo meu nome.

- E o que isso tem a ver?

- Ora, ela sabe que você é a chefe dela e te respeita como tem que ser. – Ele sorriu – Gostei dessa mulher.

- Você não presta, Chris. – Anahí tentou dizer isso séria, mas acabou rindo do irmão, os motivos de Christian às vezes só faziam sentido para ele mesmo.

- Que exames são esses? – Ele apontou para a folha que Dulce entregara a Anahí.

- Os exames que estão agendados para Luna esta semana. É apenas para controle semestral pra ver se ela desenvolveu alguma anormalidade como Sarah.

- Ah.

- Bom, vou indo então. – Ela se levantou – Tenho que buscá-la na casa da mãe, senão ela vai enlouquecer.

- Vai lá, então. – Chris também se pôs de pé – Também vou indo, Angel deve estar em casa me esperando.

- Sorte a sua. – Anahí suspirou.

Ela não podia negar que sentia inveja do irmão, do pai e da irmã. Todos tinham alguém com quem compartilhar sua vida, alguém para amar, alguém por quem voltar para casa.

Não que ela mesmo não tivesse. Luna era razão mais do que suficiente para que ela se sentisse feliz em voltar para casa. Mas o amor dela por ela era o amor de uma mãe por uma filha.

Ela sentia falta do tipo de amor que os seus familiares tinham. O amor por  sua metade. E esse amor fazia dois anos que ela não sabia mais como era senti-lo.