Fanfics Brasil - Capítulo Um - Parte 02 Outra vez casados Adaptação (Autora Caty Coelho)

Fanfic: Outra vez casados Adaptação (Autora Caty Coelho) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo Um - Parte 02

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Na cozinha ignoro as panquecas de Jane. Elas cheiram bem, mas eu sei que ao virá-las do outro lado vão estar pretas como carvão. Digamos que minha irmã não nasceu para cozinhar. Tenho pena do Tyler, meu sobrinho e filho da Jane, que está sentado na bancada enfiando o café da manhã garganta abaixo com a ajuda de um pouco de leite.

— Bom dia, tia Dulce! — Tyler sorri para mim e eu passo por ele revirando seus cabelos e plantando um beijo estalado em sua bochecha gordinha.

— Bom dia, Tyler. Café da manhã gostoso? — pergunto com uma careta.

Tyler olha para os lados e verifica que Jane não está por perto, então balança a cabeça em um gesto negativo.

— Mamãe não sabe cozinhar como você, tia Dulce — ele sussurra.

— Tem barras de cereal no fundo do armário, são suas — sussurro de volta, e ele sorri como se eu tivesse oferecido doces.

— Tyler, você terminou seu café? Temos que ir! — Jane surge na cozinha pronta para o trabalho, vestida em seu uniforme de enfermeira. Pelo menos para cuidar das pessoas ela tem algum talento. — E você, Dulce, comeu alguma coisa?

— Ah, é, comi umas panquecas com Tyler — minto. — Já terminei, estou indo, tenho que correr.

Beijo Tyler mais uma vez e pisco, apontando para o armário. Ele pisca de volta. Sei que é errado o que nós fazemos, refiro-me a Tyler e eu, que fingimos gostar da comida da minha irmã quando, na verdade, odiamos. Até me sinto mal por enganá-la, mas a Jane simplesmente não aceita não ser boa na cozinha. Uma vez no Natal ela insistiu em fazer o peru. Era a primeira vez que Jane tentava cozinhar algo, e é claro que foi um fracasso. O peru se desmanchou, além de ter ficado insosso e queimado. Todo mundo notou que o peru estava horrível, menos a Jane. Nós até tentamos fazê-la entender que aquilo não era mais comestível. E ela escutou? Não, é claro que não. Desde então ela continua cozinhando como se fosse mestre, e nós apenas paramos de tentar impedi-la.

Tirando o fracasso na cozinha, minha irmã é boa em muitas outras coisas. Como no papel de ser a minha irmã mais velha e pegar no meu pé em tudo. Como esposa e também como uma ótima mãe para o Tyler. Jane é responsável e como ela mesma disse o papai a considera a realista da família. Perdemos nossa mãe muito cedo. Eu tinha apenas dez anos e Jane, que tinha o dobro, teve que cuidar de mim e ajudar o papai a passar por esse trauma tão doloroso em sua vida. Nós costumávamos morar no Brooklyn, em uma casa de tijolos vermelhos bem grande e bonita. Lembro-me de cada detalhe daquele lugar, onde fomos tão felizes. Infelizmente, depois que mamãe se foi, papai virou um alcoólatra, fizemos muitas dívidas e tivemos que vender a casa. Por sorte, a Jane era noiva do Rick naquela época e, assim que ela casou, nós viemos morar com ela nesse minúsculo apartamento no Bronx. O papai, no entanto, escolheu voltar para o Texas e viver com a irmã dele. Ele não era capaz de lidar com o fato de que tinha perdido a casa que foi o lar em que viveu com a única mulher que amou.

Sempre sonhei em conseguir aquela casa de volta. Sei que faria meu pai imensamente feliz se ele pudesse voltar a viver onde toda a história da nossa família começou. Acho que fiquei tão obcecada com a ideia de ter a casa de volta que vivo sonhando com ela, como aconteceu hoje. O motivo principal de eu ter feito uma lista de desejos foi por ela. Ficamos sabendo por acaso que a casa está à venda de novo e os proprietários estão pedindo quase quinhentos mil dólares por ela. Não temos como pagar, aliás, quase nem temos como pagar o aluguel de onde vivemos agora. Ainda assim, não consigo deixar de sonhar. Papai está certo. Jane é a realista. Eu sou a sonhadora.

Estou quase deixando o edifício com pressa para chegar ao metrô quando ouço alguém chamar o meu nome e, enquanto me viro em direção à voz, rezo para que não sejam elas.

Droga! São elas.

— Dulce, querida! — minha vizinha, Gertrude, grita e acena chamando minha atenção.

— Dulcezinha, espere! — Minha também vizinha e irmã de Gertrude, Gladys, acena com os braços no alto.

— Olá, Gertrude, Gladys — cumprimento-as com um aceno. — Estou um pouquinho atrasada, será que podemos conversar outra hora?

— Ah, mas é rápido, querida — Gertrude diz, parando à minha frente vestida em seu roupão rosa e pantufas da mesma cor. — É que este fim de semana nós vamos viajar com o Felipe e precisamos de alguém para ficar com o Bilbo.

— Dulcezinha, não queremos deixar o Bilbo no canil, ele fica com depressão naquele lugar — Gladys explica enquanto ajeita seus óculos de grau sobre o nariz. — Você pode ficar com ele, por favor?

— Ah, eu? Eu não sei… É que eu vou estar ocupada demais esse fim de semana — esquivo-me.

— Mas o Bilbo é bonzinho, não vai lhe dar trabalho, por favor — insiste Gertrude, referindo-se ao seu pinscher.

— Dulcezinha, você vai negar um favor para suas vizinhas idosas… doentes… e precisando de um descanso?

Argh!

— Tudo bem, eu posso ficar com o Bilbo — digo.

— Ai, querida, obrigada! — Gertrude me puxa para um abraço apertado e beija meu rosto, deixando saliva na minha bochecha.

— Ah, está tudo bem — digo, desvencilhando-me de seu aperto.

— Eu sabia que você era boazinha, Dulcezinha. — Gladys sorri e aperta as minhas bochechas com força. — Você não estava atrasada?

Merda!

— Eu estou! Tenho que ir, tchau! — grito, já correndo pela rua em direção ao metrô.

Tenho que revezar, às vezes correndo feito louca pelas calçadas, às vezes andando o mais depressa que consigo. Moro a três quadras do metrô, só que esse não é o problema. Morar no Bronx e trabalhar no centro de Manhattan é que é, mas não posso me dar ao luxo de abandonar esse emprego. Além disso, eu gosto da Uckermann.

Trabalho em uma grande construtora que atende apenas ao público de alto nível. Eles são especializados na construção de edifícios residenciais e comerciais. Todos os dias eu lido com várias pessoas importantes, sejam clientes ou funcionários. E quer saber de uma coisa? Eu não passo de uma pequena mosquinha comparada a eles. Pelo menos é assim que eles fazem com que eu me sinta naquele lugar. Principalmente os meus chefes, esses, sim, são uns babacas. É como se eu fosse uma escrava, e não uma funcionária com direitos trabalhistas. A única coisa boa de ter um trabalho inferior ao de uma secretária é não ter que lidar com a pressão que elas sofrem. Afinal, eu sou a copeira, ou como eles gostam de chamar: “a garota que serve cafezinhos”. Você pode ver o que eu sou? Secretárias pelo menos são notadas porque elas fazem um trabalho importante. Secretárias são necessárias e por isso elas não são insignificantes. Mas eu? Sou a mosquinha. Ninguém sabe o meu nome ou se preocupa em saber, porque meus malditos cafés não são indispensáveis. Eu odeio isso.

Às vezes imagino como seria se eu fosse mais do que uma mosquinha, se eu fosse como eles, um dos grandões. Eu andaria de cabeça erguida e as pessoas me notariam. Gostaria de ver como eles olhariam para mim com outros olhos, enxergando minha existência. Mas é claro que isso nunca vai acontecer, assim como os meus desejos daquela estúpida lista nunca vão se tornar reais. Nunca serei nada além da garota que mora no Bronx e toma café em uma mesa com carimbo de um ferro de passar roupa.

Chego ao metrô ofegante, passo meu cartão e corro para não perder o próximo trem. Meu telefone começa a tocar no momento em que eu estou passando pelas catracas. Lutando com o fecho, arranco o aparelho lá de dentro e olho para a tela. É a Jane. Aperto o botão verde para atender, e em seguida meu celular se foi. Em um momento ele estava na minha mão e no momento seguinte o cara que passou na catraca o levou. Eu fui roubada? Oh, merda, eu fui roubada!

                                                                                


— Ei, você! — Aponto para o garoto vestindo capuz e usando mochila. Ele não está correndo, mas está andando a passos largos. — Devolva o meu celular! Socorro! Peguem esse ladrão!

Ninguém me escuta. Ou melhor, escutam, mas preferem me ignorar. Típico. As pessoas continuam cruzando as catracas e seguem em frente, enquanto eu luto com a minha bolsa, tentando retornar ao outro lado. É impossível, portanto, pulo a barra de alumínio e por pouco não caio de cara no chão. Recomponho-me depressa e começo a correr. O garoto está apenas alguns metros na minha frente, porém quando ele olha por cima do ombro e me vê, começa a correr. Faço o mesmo.

— Por favor, eu preciso desse celular! Custou cinquenta dólares e já era usado! Você consegue roubar algo melhor! — grito esperando que ele tenha pena de mim. Ele não tem e continua correndo. Começo a ofegar e a suar também.

O garoto some no meio da multidão e eu desacelero os meus passos. Ótimo, que dia de sorte. Meu sonho é um sonho, não sou casada com Chris Evans — aliás, não sou casada. Minha irmã sabe da minha lista estúpida de desejos. Vou passar o fim de semana com um pinscher mimado, roubaram meu velho Nokia Asha e estou atrasada para o meu trabalho. O trem! Viro-me nos calcanhares e começo a correr novamente, não posso me atrasar mais do que já estou. Vou ser colocada na rua se os meus chefes não tiverem seus cafés sobre suas mesas. Tenho que pagar minha passagem novamente, passar pelas catracas e finalmente eu consigo chegar ao trem. Até consigo um lugar para sentar, o que é uma sorte. Posso respirar.

                                                                                     



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Autor(a): minhavidavondy

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Estou olhando para uma mulher sentada na minha frente com um garotinho no colo, ela está lendo para ele. Lembro-me de Jane e de que ela me ligou, então sei que precisa de alguma coisa. Faço uma nota mental de ligar para ela quando chegar ao trabalho. A mulher levanta os olhos do livro e olha para mim sorrindo. Sorrio de volta, mas o sorriso dela morre e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 10



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  • dada Postado em 02/10/2019 - 00:34:16

    desiste não cont...

  • beatris Postado em 08/01/2019 - 09:27:56

    Kkkkkkkk melhor entrevista adorei

  • bdulce Postado em 08/01/2019 - 08:41:08

    posta mais, to curtindo

  • rosasilva Postado em 08/01/2019 - 05:22:52

    Kkkkkkkkkkkkkķkkkkkkkkkkkkk ....cnttt

  • beatris Postado em 07/01/2019 - 19:55:17

    Amando posta mais

    • minhavidavondy Postado em 07/01/2019 - 22:02:06

      Que bom!!!!!

  • rosasilva Postado em 07/01/2019 - 18:38:00

    Cntttt

    • minhavidavondy Postado em 07/01/2019 - 22:02:21

      Deixa comigo kkk

  • vickrbd Postado em 06/01/2019 - 22:43:08

    Amei... Posta mais

    • minhavidavondy Postado em 06/01/2019 - 23:15:30

      Bem vinda!!! Vou postar o máximo que eu puder.


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