Fanfic: Outra vez casados Adaptação (Autora Caty Coelho) | Tema: Vondy

— Você disse que a minha vó está vindo pra cá? — Christopher pergunta-me em pânico.

— S-sim, foi o que e-eu disse — gaguejo.

— Merda! — Christopher resmunga, em seguida dá um suspiro. — Tracy, cai fora, a vovó está vindo!

Cinco segundos depois Christopher escancara a porta e a secretária deixa a sua sala completamente vestida, mas com uma expressão de quem acaba de ser fodida. Christopher caminha até a sua poltrona e puxa de lá sua camisa branca toda amassada.

— Humm, eu acho que eu já vou indo — murmuro constrangida.

— Não, não — Christopher diz, vestindo a camisa. — Traga o meu café.

Faço uma careta, mas não digo nada. Volto para fora e pego a bandeja sobre a mesa da secretária. Tracy parece completamente perfeita, retocando apenas o batom como se o seu trabalho estivesse terrivelmente entediante. Ela nem se importa com a minha presença, como se eu não tivesse acabado de admitir que sei o que ela e o seu chefe estavam fazendo naquele escritório. Volto para a sala de Christopher e coloco a bandeja sobre a sua mesa.

— Precisa de mais alguma coisa? — pergunto.

— Não. — Christopher  balança a cabeça. — Na verdade, se você puder manter… Segredo.

— Não se preocupe, senhor Uckermann, eu não sei de nada.

— Obrigada, Janie. — Ele nem olha nos meus olhos quando me agradece, pronunciando o meu nome errado outra vez.

— É Dulce, senhor, meu nome é Dulce — digo entredentes.

— Foi o que eu disse — ele resmunga enquanto ajeita os botões da camisa.

— Que imbecil — penso, e apenas quando Christopher levanta a cabeça e olha diretamente para mim é que percebo que acabei falando alto demais.

— O que foi que você disse?

— Que o senhor tem uma marca de batom no seu pescoço, foi o que eu disse. — E ele tem mesmo, uma marca bem grande e borrada de batom rosa. Christopher me lança um olhar desconfiado, mas não diz nada. Ufa, foi por pouco!

— Cadê a merda do espelho?! — Christopher reclama, procurando sobre sua mesa e dentro das gavetas. Ele esfrega o pescoço e faz uma sujeira maior ainda, espalhando a marca. De repente ele congela e eu também, quando ambos ouvimos a voz de Tracy e Elizabeth do lado de fora do escritório. — Me ajuda aqui!

— O quê? — indago confusa.

— Venha aqui, Janie, limpe essa porcaria do meu pescoço — ele exige.

Não me movo.

— Tudo bem, Sr. Uckermann. Vamos fazer um acordo aqui, você pede por favor e usa o meu nome corretamente, e eu até posso ajudá-lo — esclareço. Não acredito que essas palavras saíram da minha boca!

Christopher arregala os olhos com a minha ousadia, porém quando ouve novamente a voz de sua avó sua expressão muda de surpreso para desesperado. Ele lança um olhar para o meu crachá e um leve sorriso irônico surge em seus lábios.

— Dulce, é claro, desculpe. — Ele franze o cenho e eu fico me perguntando se alguma vez ele já teve de pedir um favor a alguém. — Dulce, você pode, por favor, me ajudar a retirar essa mancha do meu pescoço?

— Mas é claro que eu posso, Sr. Uckermann. — Sorrio sarcástica e caminho até ele. Puxo o lenço de papel que ele tem nas mãos e uso para esfregar sobre a sujeira que ele fez. O cheiro do perfume dele é forte e almiscarado, simplesmente delicioso, sem querer eu inclino-me um pouco mais para sentir essa delícia.

— Christopher! Dulce! — A voz de Elizabeth chega até mim e eu me viro rapidamente para encará-la. Ela está no escritório, seus olhos vagam entre mim e Christopher.

— O que vocês estão fazendo?

— Eu é… Eu estava… Humm — gaguejo.

— Dulce estava limpando a minha camisa, eu virei um pouco do meu cappuccino. — Christopher diz rapidamente, percebo que ele enfatizou o meu nome. Sorrio por dentro.

— Limpando a camisa? — Ela arqueia levemente uma sobrancelha e olha para a camisa amassada, mas impecável, de Christopher. Depois ela olha para mim, próxima a Christopher e segurando o pequeno lenço sujo de rosa.

— Vó, eu não sabia que você ia passar aqui hoje, por que não me avisou? — Christopher pergunta desviando o foco da conversa e afastando-se de mim. — Dulce, você já pode ir.

— Sim, senhor — digo e passo por Elizabeth. — Vou buscar seu café, senhora.

— Obrigada, Dulce — Elizabeth agradece olhando-me desconfiada. Saio a passos largos do escritório e depois peço para Janice levar o cappuccino de Elizabeth. Não tenho coragem de voltar para aquela sala sabendo que de alguma forma, a partir de hoje, eu não sou mais uma mosquinha, pelo menos não para o mulherengo Christopher Uckermann .