Fanfic: A Noiva do Capitão - Adaptada Vondy; Finalizada | Tema: Vondy, Época
Christopher não gostava de ociosidade. Fazia uma semana que Dul tinha partido com o Sr. Orkney e ele já estava quase enlouquecendo de tédio. E, é claro, sentindo muita falta da esposa. Ele não sabia como fazer para sobreviver a seis meses daquela forma. Pelo menos os homens pareciam perceber que ele precisava de companhia. Foi como nos velhos tempos de campanha. Eles se sentaram ao redor da lareira à noite, bebendo uísque e falando dos amores perdidos e do futuro de suas vidas.
Christopher levou a mão ao bolso e tocou o canto de um papel dobrado. Ele o encontrou enfiado em sua bolsa na noite em que Dul partiu com o Sr. Orkney. A mera visão de um papel com a caligrafia dela fez sua cabeça reviver certas lembranças. Seu coração deu um salto familiar. Seria aquilo mais uma carta? Ele desdobrou o papel e encontrou algo muito melhor. Um desenho. Aquela gatinha marota. Ele não abria o desenho quando estava na companhia dos outros, mas estava sempre com ele. O esboço em carvão parecia quente como uma brasa no bolso do seu colete, ameaçando queimar o tecido do forro.
Ele destampou a garrava de uísque para servir mais um copo. Então pensou melhor e pôs a garrafa de lado. Depois de coçar o queixo, ele decidiu que deveria tomar banho e se barbear. Se ele não tomasse cuidado, quando Dul voltasse encontraria um bêbado maluco com barba de um metro de comprimento. E ela iria voltar para ele. Christopher tinha que acreditar nisso ou enlouqueceria.
De repente, Grant ficou agitado.
— O que é isso? O que aconteceu?
Christopher pensou se deveria pronunciar sua ladainha habitual para tranquilizá-lo: estamos na Escócia, a guerra acabou, vamos para Ross-shire amanhã, etc. Mas então ele pensou melhor. Em vez disso tudo, ele pôs a mão no ombro do amigo.
— Você sofreu um ferimento, mo charaid. Isso atrapalhou sua memória. Nós voltamos da guerra a salvo. Sua família não teve a mesma sorte. Mas eu estou aqui e sempre vou lhe dizer a verdade. Pergunte-me o que quiser.
Mas Grant o surpreendeu.
— Eu sei onde estamos, capitão. E estou começando a encaixar as peças do restante. Eu só queria fazer uma pergunta. Onde está Dulce?
Ninguém conseguiu responder. Se os outros se sentiam como Christopher, estariam se perguntando se ouviram direito.
— Onde está Dulce? — ele repetiu.
— Ela... bem, ela foi viajar.
— Viajar? Por que ela faria uma coisa dessas?
— Eu falei para ela ir. — Christopher coçou o rosto. — Eu a mandei para as Bermudas para desenhar criaturas marinhas com um naturalista.
Grant ficou quieto por um instante e então falou as palavras que todos – inclusive Grant – pareciam estar pensando:
— Seu vagabundo estúpido.
Christopher ergueu as mãos em um gesto de autodefesa.
— O que mais eu poderia fazer? Ela tem talento. E sonhos. Eu não quero atrapalhá-la. Ela vai voltar.
Ele tinha que se agarrar a esse pensamento. Ela iria voltar. Ela iria. Ou não?
Christian coçou a cabeça.
— Bem, eu entendo por que você queria que ela fosse. Mas não consigo entender por que você não foi com ela.
Ir com ela. Christopher teve que admitir que essa ideia nunca lhe ocorreu.
— Eu não podia ir com ela.
— Por que não?
— Nós acabamos de nos acomodar em Lannair. Eu sou o senhor do castelo, agora. Alguém precisa cuidar da propriedade. E vocês, rapazes, precisam de mim aqui. — Ele olhou para os homens. — Não precisam?
A única resposta que ele obteve foi uma série de pigarros e uma bota raspando o chão de pedra para frente e para trás. Então, os homens não precisavam dele.
— Entendo — ele disse, contrito.
— Não é que nós estamos querendo você longe — Christian disse. — Mas nós somos adultos, todos nós. Podemos nos defender. As casas estão quase prontas; as sementes estão plantadas. Até Grant está melhorando.
As palavras foram ditas para consolá-lo, mas Christopher se sentiu vazio por dentro. Se os verdadeiros sonhos de Dul estavam escondidos nas margens das cartas, os dele estiveram escondidos nas bordas de seus planos. Não era terra que ele queria. Era uma família. Laços de sangue. Amor. Aquele bando de soldados destroçados à volta dele era a única família que Christopher conhecia. Ele cuidava deles do mesmo modo que cuidaria de seus parentes. Com Dul fora e os homens sem precisar dele... quem era Christopher, mesmo?
— Pensei que nós éramos irmãos — ele disse. — Um clã. Muinntir .
— Claro que somos — Alfonso disse. — E isso que é bonito nos laços de irmandade, mo charaid. Eles se estendem. Por milhares de quilômetros, se for preciso. Você pode contar conosco para cuidar deste lugar enquanto leva sua esposa para uma lua de mel.
Uma lua de mel. Que ideia. Christopher não tinha pensado nisso. Homens que saíram de onde ele saiu não têm férias. Só podem pensar no agora. Viajar de navio com Dul através de águas azuis cristalinas, vendo a brisa remexer o cabelo moreno e solto dela. Fazer amor em praias de areia branca. E, finalmente, eles poderiam fazer aquele passeio pela praia.
— Que dia é hoje? — ele perguntou.
— Quarta-feira — Christian respondeu.
Christopher ficou em pé e chutou a cadeira para o lado.
— Então ainda dá tempo. Eu posso alcançar o navio antes que ele zarpe.
Os homens entraram em ação.
— Esse é o espírito! — Alfonso disse. — Vou preparar seu cavalo.
Christian trouxe o casaco dele, que Logan vestiu com cuidado. Ele passou as mãos pelas mangas vermelhas antes de ajeitar o cabelo com os dedos. Ele não estava de meia nem colete ou gravata. Não havia tempo para nada disso.
— Como eu estou? — ele perguntou para Christian enquanto enfiava o pé esquerdo na bota.
— Você parece uma coisa que um gato selvagem arrastou pelo pântano — Christian respondeu.
Christopher deu de ombros. Não havia nada que ele pudesse fazer no momento. Ela precisava aceitá-lo do jeito que estava. Ou não.
— Espere, espere. — Eddy bloqueou o caminho dele. — Para ter alguma chance de chegar de carruagem a Glasgow a tempo, você teria que partir... — o médico de campo consultou seu relógio de bolso — ...doze horas atrás. Como seu médico, não recomendo que vá cavalgando. Não com esse ferimento recente.
Christopher encarou Eddy com um olhar duro.
— Médico ou não... se dá valor à própria vida, não vai tentar me segurar.
— Como eu disse, estava falando como seu médico. — Eddy lhe deu um sorriso maroto. — Como seu amigo e irmão, eu lhe desejo boa viagem. Vá com Deus.
Christopher agradeceu a Eddy com um aceno de cabeça.
— Mas a probabilidade maior é que você não consiga alcançá-la.
— Eu sei. Mas tenho que tentar. E se for tarde demais... — Ele enfiou o pé direito na outra bota. — Acho que só vai me restar escrever cartas para ela.
— Cartas? — uma voz feminina ecoou pelo salão. — Oh. Que pena, bem que eu gostaria de tê-las recebido.
Dul.
💌
Oh, a expressão no rosto de Christopher quando ele se virou. Ela a guardaria no coração para sempre. Os olhos dele estavam vermelhos, como se não dormisse há dias. Ele também não tinha se barbeado. O cheiro de uísque pairava no ar. A camisa estava desabotoada e o cabelo desgrenhado. Sem Dul ele era o retrato do abandono. Ela adorou aquilo. E o amou mais que nunca.
— Você está aqui — ele disse, parecendo confuso.
— Estou aqui.
Ele se aproximou. Devagar. Como se tivesse medo que, caso se aproximasse demais, rápido demais, poderia afugentá-la. Dul sorriu. Ela não iria a lugar algum. Ele parou a alguns passos de distância. Então ficou ali durante um momento, deixando que seu olhar passeasse por toda ela.
— Você está linda — ele disse, passando a mão no rosto.
— Você está horrível — ela respondeu, sorrindo.
— Por que você está aqui? A expedição foi adiada?
Ela negou com a cabeça.
— Cancelada?
— Não.
— Você não está gr... — O olhar dele desceu para a barriga de Dul.
— Também não. — Ela sacudiu a cabeça e sorriu.
— Então você mudou de ideia quanto a viajar com o Sr. Orkney?
— Na verdade, eu nem mesmo cheguei a Glasgow.
O rosto dele assumiu uma expressão sombria.
— Aquele vagabundo do James não...
— Christopher... — Ela deu um passo à frente e pôs a mão no peito dele. Quente e duro como sempre. Era tão bom tocá-lo. Tão essencial e necessário. — Isso vai ser mais rápido se você parar de tentar adivinhar e apenas me deixar falar. Ele abriu a boca para retrucar, e então a fechou. Dul aproveitou a deixa. — Você me pediu para pensar no que eu teria respondido ao Sr. Orkney se ele tivesse me convidado para ingressar na expedição dele dois meses atrás. E eu soube de imediato qual teria sido minha resposta. Teria sido não. Eu estaria intimidada demais, receosa demais. Eu teria ficado presa como um espécime morto. Minhas asas teriam murchado e virado pó. O único motivo de eu sequer pensar em ir... foi você.
— Então por que voltou?
— Porque você queria que eu fosse atrás do meu sonho. E meu sonho não está em Glasgow nem nas Bermudas — ela explicou. — Eu fiz o que deveria ter feito na noite do Baile dos Besouros. Pedi desculpas ao Sr. Orkney e fui para Edimburgo, onde apresentei meu portfólio para o Sr. Dorning. Ele é o editor que está trabalhando na enciclopédia, como você deve se lembrar.
Christopher concordou com a cabeça.
— Você estava certo, Christopher. Eu tenho ambição. Eu quero fazer algo grandioso com meu talento. Mas a enciclopédia era o trabalho que eu queria desde o começo. Então mostrei meus desenhos ao Sr. Dorning e coloquei meus serviços à disposição do projeto dele.
— E...? — Christopher arqueou as sobrancelhas.
— E... — Ela sorriu. — Ele me deu o trabalho.
Christopher não conseguiu mais se segurar. Ele a pegou nos braços e a tirou do chão, girando-a em um círculo. Dul sentiu como se estivesse voando. E mesmo quando ele a colocou de volta no chão, seu coração continuou nas alturas.
— Suas costelas — ela disse, lembrando-se de repente. — Tenha cuidado. Lembre-se do que Eddy falou sobre seus pulmões.
— Meus pulmões estão ótimos. É o meu coração que vai explodir. De orgulho. Isso é maravilhoso, mo chridhe! — Ele se virou para os homens. — Rapazes, a Sra. Von Uckermann vai ilustrar uma enciclopédia. Quatro volumes inteiros. Deem os parabéns a ela.
Os homens a parabenizaram com sinceridade, o que deixou Dul muito feliz.
— Agora despeçam-se dela — ele disse.
— Despeçam-se? — Dul olhou para ele, confuso.
— Sim. — Ele a puxou para perto e sussurrou em seu ouvido: — Depois que eu a levar para o nosso quarto, eles ficarão sem vê-la por duas semanas.
— Oh! — Ela sentiu o rosto esquentar.
Ele acompanhou aquela promessa com um beijo ardente doce e com gosto de uísque. Ela correspondeu mergulhando no abraço dele. Ela não precisava de rede de proteção nem cabos de segurança. Daquele momento em diante ela iria se jogar com tudo. Dul se recusou a deixar que ele a carregasse para o quarto. Mas ele a puxou pela mão, deixando-a sem fôlego enquanto subiam a escadaria em espiral. Quando os dois chegaram ao quarto, finalmente, ela estava tonta de alegria e desejo.
Eles caíram juntos na cama. Christopher atacou o vestido dela no mesmo instante, soltando os botões com uma das mãos e levantando as saias com a outra. Eles fizeram amor com movimentos lentos e cautelosos. Em parte devido ao estado de saúde dele, e em parte para saborear a intimidade. Nenhum dos dois tinha pressa para acabar. Ao terminar, ele continuou dentro dela, enquanto Dul o abraçava bem apertado.
— Você está pensando mesmo em me manter aqui por duas semanas? — ela sussurrou.
— Talvez mais.
— Não posso ficar na cama para sempre, sabe. Tenho trabalho a fazer. E eu acho que preciso avisá-lo... que em breve meu estúdio vai estar lotado de besouros, libélulas, mariposas e muito mais.
Ela o sentiu estremecer.
— Não se preocupe. A maioria vai estar morta.
Ele fez uma careta para ela.
— A maioria?
— E as pessoas quase nunca morrem de picadas de insetos.
— Quase nunca?!
Dul o provocou passando o rosto no peito dele.
— Respire. Apenas respire.
Christopher encostou a testa na dela. Por um instante, foi só o que eles fizeram: respirar. Trocar o ar, inspirando e expirando, até que não havia mais a respiração dele ou dela, mas deles.
— Eu te amo — ele disse.
— Eu também te amo.
— Eu senti muita falta de você, mo chridhe. Fui um imbecil ao deixá-la partir.
— Oh, você foi o Capitão Von Imbecil.
Ele deu um pequeno sorriso. Depois sua expressão ficou séria.
— Eu só não queria impedir que você fosse atrás dos seus sonhos.
— Mas é isso. Você nunca conseguiria fazer isso. — Ela o encarou no fundo dos olhos, tão azuis quanto o céu das Terras Altas. — Christopher, você é o meu sonho. Sempre foi. Você sabe disso. O maior desejo do meu coração. E embora a fantasia que eu criei seja maluca... — ela passou os braços pelo pescoço dele — ...a realidade de nós dois é muito melhor.
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Autor(a): Srta.Talia
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Ele ainda precisou de alguns meses, mas depois que se recuperou dos ferimentos, e quando o sol do verão esquentou o ar, Christopher finalmente conseguiu arrastar a esposa para uma lua de mel de verdade. Ele a levou para o litoral. Nove anos depois que eles se "conheceram" na praia de Brighton. Antes tarde do que nunca. Ele conseguiu encontrar um chalé bem decor ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 91
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vicunhawebs Postado em 22/03/2019 - 14:43:52
Aaaah acabei de ler essa história e queria dizer que eu amei
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jucinairaespozani Postado em 28/01/2019 - 22:48:16
Linda história
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capitania_12 Postado em 28/01/2019 - 22:02:24
Aaaaaaah,já terminou. Naaaaaaaaao
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dul0609 Postado em 28/01/2019 - 03:01:08
Chorei com esse final 😭😭 Amei a história, muito boa ❤❤
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rosasilva Postado em 27/01/2019 - 05:28:47
O meu deus que história perfeita morrendo de emoção
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vondyvida Postado em 27/01/2019 - 02:02:53
Gente eu amei muito essa historia! Foi maravilhosa! Obrigada por compartilhar!
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anacarolinavondy Postado em 26/01/2019 - 22:45:07
Amei parabéns que história maravilhosa li ela do começo ao fim é uma linda história tô apaixonada por ela vou ler de novo e de novo e de novo parabéns 😭
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dul0609 Postado em 26/01/2019 - 01:27:33
Continua
Nat Postado em 26/01/2019 - 21:16:56
Continuei!:)
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dul0609 Postado em 25/01/2019 - 00:07:12
Essa história é muito maravilhosa. Não vejo a hora do Christopher dizer q ama a Dulce logo. Continua 😍
Nat Postado em 25/01/2019 - 21:31:55
Que bom que gosta da história! Ah! Ele disse que a ama e foi no momento(na minha opinião) bem inesperado! :)
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rosasilva Postado em 24/01/2019 - 22:29:28
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