Fanfic: In Love With Wednesday | Tema: Captão America, Captain America, Soldado Invernal
É sempre a mesma coisa.
Toda quarta-feira pela manhã, ele entra, procura pelas edições novas da semana e vem até o caixa. Munido de um latte grande com o famoso logo da Starbucks, ele larga os quadrinhos em cima do caixa e lança ao atendente um sorriso de canto. Para esse atendente, o mundo pára por um instante, mas ele mantém a postura e permanece registrando os quadrinhos de um por um. Essas novas edições do Quarteto Fantástico estão... Bem, fantásticas. Hoje, esporadicamente, ele também está levando uma edição dos X-men.
Típico nerd. Mas ele não é do tipo rechonchudo com bochechas rosadas e óculos fundo de garrafa. Não... Ele é bonito. Bonito demais para a sanidade mental do atendente. Ele tem os olhos incrivelmente azuis, daqueles tão profundos que parecem atravessar a alma. Os cabelos escuros e compridos às vezes preso num coque frouxo, hoje estão soltos. Ele tem a barba cerrada, mas bem aparada, e um sorriso que tira qualquer um do prumo. E é claro que ele sabe disso, porque não parece ter problema nenhum em usar todo esse charme a seu favor.
“Vinte pratas.” O atendente diz depois de contabilizar todos aqueles quadrinhos com a velocidade de uma Folivora apenas para que ele permaneça por mais algum tempo ali. “Essa edição está o máximo.” E o comentário obviamente faz parte do atraso, porque a verdade é que ele não teve tempo de ler ainda; os quadrinhos chegaram essa manhã. Mas ninguém precisa saber disso.
“Você é rápido,” O outro responde enquanto adiciona, como sempre faz, uma embalagem de chicletes de menta sobre o caixa, “mas esta é a vantagem de trabalhar na banca de revistas, certo?”
“Esse é por conta da casa." O atendente diz enquanto coloca o chiclete junto das revistas numa sacola de papel. Se o Sr. Moore soubesse que toda quarta-feira seu atendente de caixa distribui chicletes de graça para o cara charmoso dos quadrinhos, ele estaria perdido.
“Obrigado, Steve.” Ele responde depois de entregar uma nota e lhe lança mais um daqueles sorrisos devastadores. Seus olhos se fixam no outro por mais alguns segundos e ele se vira para ir embora junto de seu latte e um estoque de quadrinhos que, o atendente não tem ideia, mas ele nem sequer lê. É claro que os quadrinhos não passam de uma desculpa muito conveniente para visitar a banca de revistas do Sr. Moore toda semana. Definitivamente, não é por elas que ele vai até lá.
“Até semana que vem, Bucky." E torna-se uma verdade secreta que as quartas-feiras são o dia da semana que Steve mais gosta. E por várias semanas que se seguem, a rotina é a mesma. Exceto pelo fato de que um dia ela acaba.
Esta é a primeira quarta em que ele não aparece. É quase 6:00pm, e Steve ainda sente uma euforia nada moderada toda vez que a sineta da porta toca para indicar que alguém está entrando. Mas nenhum dos rostos lhe é familiar. Derrotado, ele tira o avental verde do uniforme, fecha o caixa e decide encerrar o expediente. Bucky não vai aparecer hoje. Foi um dia perdido.
A próxima quarta-feira leva o que parece ser uma eternidade para chegar. As horas passam de vagar, e novamente, ele não vem. Nem na próxima, nem na outra também. E neste ponto, Steve já desistiu de esperar.
As quartas não são mais o seu dia favorito. Para dizer o mínimo, ele passa a odiá-las.
Mas as quartas-feiras têm uma tendência a serem especiais na vida de Steve Rogers, e não foi por pura coincidência que Bucky Barnes retornara numa delas.
“Vocês ainda vendem aquele chiclete de menta por aqui?”
Aquela voz é familiar demais para Steve. Falta pouco para 6pm e ele está de costas para o caixa organizando algumas revistas antes de encerrar o expediente, e não sabe se é o fato de não estar esperando ouvi-la ou o fato de nunca mais ter feito o pedido de chicletes de menta, considerando que Bucky era o único a comprar aquelas coisas – e, bem, ele nunca comprava exatamente -, mas o coração de Steve está disparado agora. E então ele se vira para o caixa e encontra as orbes mais azuis que já vira, acompanhadas de seu sorriso favorito. Sobre o balcão, Steve espera encontrar as últimas edições dos quadrinhos que ele não comprara nas semanas anteriores, mas não há nada. Hoje também não há latte, e para dizer o mínimo, há algo de diferente em seu olhar. Steve só não sabe o que é, mas algo em seu estômago lhe causa uma sensação estranha. Não chega a ser ruim, mas muito estranha.
“Ahm,” Steve não sabe em que momento sua voz desapareceu, mas essa definitivamente não é a forma como ele havia imaginado esse momento, “claro, aqui está.” Foi tudo o que conseguiu dizer quando encontrou uma única embalagem verde no meio de tantas outras rosas, como se aquele chiclete de menta estivesse ali, camuflado entre os de tutti-frutti há semanas, só esperando por ele.
“Obrigado.” Bucky disse por fim, e seu único instinto foi retirar da carteira uma nota de $1 e depositá-la sobre o caixa; aparentemente, aquele não seria por conta da casa dessa vez. Ele não espera pelo troco, ou que Steve diga qualquer outra coisa, apenas pega a embalagem de chicletes, guarda em seu bolso depois de enfiar um deles na boca e se vira para sair. “Até mais, Steve.”
A irritação na voz de Bucky é evidente e leva mais do que alguns segundos para Steve processar este momento. Esse babaca sumiu durante semanas! Ele não tem o direito de estar bravo comigo por não saber o que dizer quando ele aparece novamente. E a próxima coisa que sabe, é que está tirando o avental do uniforme e caminhando em passadas rápidas em direção a porta por onde Bucky acabara de sair.
“Bucky,” ele chama e outro se vira antes de dobrar a esquina, seu semblante surpreso dando lugar ao cenho franzido com o qual estava indo embora, “porque veio?” e aparentemente toda a irritação antes na voz de Bucky, agora encontra-se no tom indagante de Steve. Ele está mais do que só um pouco puto. Por mais ridículo que possa parecer, Steve sente que merece uma explicação.
Se a enorme bola de chiclete que Bucky faz e estoura antes de voltar a mastigar a goma calmamente é uma resposta, Steve não tem certeza. Mas a verdade é que Steve não tem certeza de absolutamente nada agora, a não ser da imensa determinação que lhe guia até o outro e o faz parar a centímetros de seu rosto. Este é o mais próximo de Bucky que Steve jamais esteve.
“Por todas aquelas quartas-feiras eu esperei que você aparecesse, mas as semanas foram passando e você simplesmente sumiu. Porque voltou, se não vai levar droga de quadrinho nenhum?!” Steve pergunta, tropeçando nas palavras antes de fixar seus olhos no de Bucky, como se esperasse por uma resposta. E como da outra vez, pelos longos segundos que se seguem, Bucky não responde. Mas para Steve, o silêncio também é uma resposta.
Ele está prestes a deixar tudo para lá e se convencer de que todos aqueles flertes e olhares e sorrisos trocados por tempos longos demais não passavam de bobagens criadas em sua cabeça, quando ele sente o hálito refrescante de menta tomando posse de sua boca. A mão de Bucky segura sua nuca enquanto a outra o puxa pela cintura e o mundo passa a girar em câmera lenta por um instante. De olhos fechados, os pensamentos de Steve se esvaem e tudo o que ele sente agora é o sabor adocicado dos lábios de Bucky enquanto suas línguas dançam prazerosamente em suas bocas. O coração massacra sua caixa torácica e martela em seus ouvidos enquanto o ar lhe é roubado de seus pulmões num beijo que, dessa vez, foi exatamente como imaginara.
“Achou que eu viesse aqui só pelos quadrinhos?” Bucky diz num fio de voz contra os lábios de Steve quando lhe falta fôlego e repousa sua testa contra a dele na tentativa de compassar sua respiração. O contato minimamente quebrado permite que os olhares se conectem e Steve possa admirá-lo por um instante.
“Achei que fosse pelos chicletes de graça.” Steve responde com inocência fingida, um sorriso simplista curvando seus lábios rosados para cima para quando o sol do entardecer reflete nas orbes azuis de Bucky com uma graça invejável.
“Por favor, Steve. Eles vendem essa droga em qualquer lugar. E para ser honesto, o gosto é horrível!” A risada de Bucky é imersa em sua própria alegria e faz com que Steve queira beijá-lo novamente.
“Não seja cruel. Não é tão ruim assim...” E o sorriso nos lábios de Steve deixa claro que não isso não se trata do sabor do chiclete, apesar de que o sabor de menta presente no beijo ficará gravado em sua memória para o resto da vida.
“E o que isso deveria significar?” Bucky arqueia uma de suas sobrancelhas, e por Deus, Steve se sente um adolescente de 15 anos se apaixonando pela primeira vez.
“Que você me deve pelo menos uns trinta dólares. E que eu espero que a próxima quarta-feira não demore a chegar.”
Mas nenhum deles precisaria esperar até lá. Afinal, o expediente de Steve já havia acabado e a noite estava apenas começando.
E mais tarde ainda naquela noite em algum restaurante qualquer no meio da cidade, Steve observava Bucky e o ouvia contar efusivamente sobre como ele havia desistido de comprar as malditas revistas em quadrinho quando achou que Steve jamais perceberia que isso não passava de uma oportunidade descarada para vê-lo, mas que algo o trouxera para aquele lado da cidade e o fizera entrar naquela tarde apenas para ver seu atendente favorito mais uma vez. E enquanto Bucky finalizava a história confessando que jamais leu qualquer um daqueles quadrinhos, Steve carregava um sorriso emoldurado em seus lábios e a certeza de que, sim, ele amava as quartas-feiras.
Autor(a): buckmebarnes
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