Fanfic: INVASÃO DE INTIMIDADE - Portinon HOT - Finalizada | Tema: AyD

- Angelique, pare com isso. – Maitê falava mais para si do que para a outra.

            Elas estão mais uma vez no escritório da casa dos Boyer se agarrando. Dessa vez no famoso sofá da loira. Angelique chegou da empresa e chamou a morena para conversar, mas acabaram desse jeito. A maior está por cima da morena, enfiando sua mão por dentro da blusa, acariciando a barriga, buscando contato com o seio.

- Não me peça para parar agora.

- Angel, não podemos. – A mais velha geme.

- Diga-me que não quer, May, se disser eu paro. – Agora a loira encara a morena.

- É claro que eu quero, muito, mas não funciona assim. Eu te amo, Angelique, sempre amei. Mas não serei mais uma das que você leva para a cama. Não estou te cobrando compromisso, mas eu não sou assim e você sabe disso.

- Eu... May, não é tão fácil.

            Nesse momento Maitê entende que nunca terá a loira para si. Isso é uma realidade. Seus pais nunca permitirão esse relacionamento, Angelique nunca irá novamente contra a vontade dos pais, não depois de tudo que eles fizeram por ela. Ela consegue sair debaixo da outra, arruma sua roupa e vai saindo do local sem falar nada.

- Aonde você vai?

- Voltar para o meu lugar, na cozinha.

            Ela sai e deixa Angelique ainda mais zangada consigo mesma. Depois de anos ela volta a se envolver com alguém que seus pais não aprovariam. Dessa vez não sabe se terá força de vontade para lutar contra eles. Nem sabe ao certo o que sente pela morena, é algo especial, um carinho, ela é linda, mas e se for apenas carinho e desejo? Precisa entender seus sentimentos primeiro para tomar uma decisão. Mas antes de tudo terá que resolver outra situação do passado para seguir em frente. Ela pega o celular e digita uma mensagem, depois de enviada ela sente seu celular tocar. Suspira e escuta a voz de sua secretária das empresas Boyer.

- Consegui a reunião, você terá um encontro na segunda-feira com Anahí Portilla.

- Perfeito.

Então desliga. Está tudo indo como planejado, agora é só conseguir contato com a milionária, assim pode ter um panorama de como está a situação entre as mulheres.

- Eu vou pegar você, Dulce, juro que vou ferrar com a sua vida!

            Angelique está sendo movida por ódio e vingança, esses são sentimentos que em grande parte destroem todos os lados envolvidos.

..........*****..........

            - Voltei. – Anahí fala ao entrar em sua sala e assustar novamente a noiva que dessa vez deixa o celular cair, estando deitada no sofá.

- Hey. – Dulce responde nervosa pegando seu celular no chão e levantando.

- Tudo bem? – A empresária fica desconfiada.

- Sim, baby. Como foi sua reunião? – A mais velha se aproxima da noiva e segura-a pela cintura, lhe dando um selinho, porém seu nervosismo é evidente, ela se martirizava porque sabe que não está conseguindo escondê-lo.

- Amor, o que está acontecendo?

- Eu já disse, apenas negócios mal investidos.

- E você precisa...

- Não. – Ela a corta rapidamente. – Eu já disse que não quero o seu dinheiro.

- Tudo bem. – Anahí suspira. – Dul, você sabe que tenho muito dinheiro, não é?

- Sim eu sei.

- Não, amor, eu quero dizer que tenho muito dinheiro, muito mesmo. Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu tenho muito dinheiro. Só para você ter uma ideia, em minha conta particular da poupança entra cerca de uns cinco milhões mensalmente, em um ano eu tenho sessenta milhões livres. Some isso durante oito anos, tenho cerca de mais de quinhentos milhões de reais, fora os milhões que meus pais me deixaram antes morrer que chega a ser o dobro disso, dezenas de imóveis, carros e outras propriedades dentro e fora do Brasil. Da última vez calculados, sem contar as empresas, somavam quase um bilhão de reais. E tem mais o capital empresarial que possuo, que avaliados ultrapassam a marca dos bilhões. – Dulce escuta tudo sem entender o porquê disso agora. - Isso tudo é meu. – A loira fala, olhando fixamente para a noiva.

- Porque está me falando isso tudo? Você acha que...

- Não! Claro que não. Eu sei que não está comigo por dinheiro, eu sei que tem o seu. – Anahí suspira. – O que eu quero dizer é que você irá se casar comigo, Dulce, será minha esposa, você também será dona disso tudo, você será minha parceira, então terá todo o direito em usufruir de tudo. É muito dinheiro. Eu doo, dou, invisto, gasto, mas parece que ele mina como água, eu não estou reclamando, meus pais trabalharam muito por isso, depois meu tio continuou trabalhando e agora eu. O que quero dizer é que você também será rica, a partir do momento em que assinar aquele papel e tiver meu sobrenome.

- Você está querendo dizer que...

- Sim, eu vou casar com você em comunhão de bens, eu quero que você confie em mim, quero que veja isso como uma prova de que eu estou com você para qualquer coisa. Eu sei que está com algum problema, não vou insistir, vou esperar você me falar, mas saiba que eu confio em você.

- Anahí, merda, eu não mereço você. – As palavras da noiva pegam Dulce de surpresa, martirizando-a ainda mais sobre seu passado.

- Não fale isso. Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Você me tirou da escuridão em que eu vivia. Você mostrou-me o que é ser feliz. Então por favor, confie em mim também.

- Se eu te contar... se eu contar vou te perder. – Dulce deixa uma lágrima cair.

- Hey. – Anahí enxuga a lágrima da noiva. – Você nunca vai me perder. Eu estou aqui, sempre estarei.

- Você não entende. Meu passado, ele não é...

- Apenas confie em mim, no nosso amor, em como eu te amo e posso perdoar qualquer coisa.

- Não, Anahí! – A mais velha se afasta da noiva, dando-lhe as costas. – Você nunca me perdoaria. Você nunca mais olharia para mim. Eu sei disso.

- Dulce. Amor. Você tem um segredo que está te corroendo por dentro e nos afetando, eu sei disso. Você não acha que assim conseguirá me perder?

- Você irá terminar comigo se eu não contar? – Dulce vira de frente e encara a outra.

- Não, amor, eu não vou. Mas ficarei magoada. Estará me mostrando que não confia em mim. Não estou pedindo que fale agora, só quero que confie.

- Eu confio. – A voz de Dulce é firme.

- Não, não a esse ponto. – Anahí suspira e se aproxima da noiva. – Tudo bem. Eu te amo, vamos esquecer esse assunto. – Ela beija os lábios da morena, porém Dulce percebe uma diferença naquele toque e não gosta disso.

- Eu amo você, só espero que me perdoe um dia.

            Dulce diz e abraça apertado a mulher que ama. É um caminho sem volta. Amar e perdoar. Será que Anahí seria capaz de perdoar o passado de Dulce? Será que ela acreditaria em seu amor se contasse toda a verdade? E quem seria essa pessoa do seu passado que veio apenas para estragar o seu futuro? Elas passaram o resto do dia na empresa, saíram de lá só no início da noite e Anahí informou a Dulce que viajaria para Miami “sozinha”, voltaria em dois dias. Isso deixa Dulce ao mesmo tempo que temerosa, também aliviada, encarar a milionária todo esse tempo seria horrível.

..........*****..........

 (26 de agosto de 2017, Sexta-feira)

- Ela está em Miami. - Dulce está em sua antiga casa, bebendo vinho, enquanto o pai bebe cerveja.

- Volta que dia?

            - Amanhã. – Ela suspira.

- Você tem ideia de quem possa ser?

- Não. Até pensei em você, mas você não precisa de mensagens para me ameaçar, faz isso pessoalmente.

- Eu nunca te ameacei, Dulce. Eu apenas te alertei. Você está completamente apaixonada por essa garota.

- E qual o problema? Ela é rica, terei o dinheiro. – A mulher grita as palavras.

- Será que terá mesmo? – Nesse momento eles se encaram.

- Terei. Sabe o que ela me disse antes de ir embora? Que casaríamos em comunhão total de bens. Então parabéns papai, serei rica. – Ela fala em tom irônico.

- Então qual o seu problema? – Fernando grita, irritado.

- Você tem coração? De verdade, você um dia já amou alguém? Porque se você nunca amou, não saberá o que eu estou sentindo.

- Você dizia a mesma coisa da outra lá.

- Sim, e eu a amei, só não tive coragem e força. Mas pelo que eu sinto por Anahí serei capaz de jogar toda essa merda no ralo.

            Fernando chega perto dela e novamente a encosta na parede, segurando seu pescoço. Mas Dulce apenas sorri, não sabe se por ironia ou apenas o álcool fazendo efeito.

- O que? Vai me bater? Vai em frente. Tudo já está uma droga mesmo. Se quiser até me mate. Será um favor que me faz.

- Você é uma burra. Está tão apaixonada que nem liga se ficará sem dinheiro ou não. – Ele diz, soltando a filha.

- Dinheiro, dinheiro. Tudo a você se resume a isso. Por isso vai morrer sozinho. – A ruiva fala, pegando sua chave do carro e saindo do apartamento.

            Fernando encara a porta, tendo uma conclusão. Terá que agir logo, agora mais que antes. Primeiro porque Dulce estragará tudo, estava óbvio e segundo porque tem essas mensagens desconhecidas, e quem quer que seja pode chegar primeiro que ele até a milionária.

- Prefiro morrer sozinho rico do que pobre. – Ele diz, bebendo o resto da cerveja.

..........*****..........

            Dulce não se encontra totalmente bêbada, mas com certeza não está em seu estado normal. Sua cabeça gira e os pensamentos são fortes e dolorosos. Ela só quer sumir, esquecer, voltar no tempo, ou até mesmo morrer. Com essa sensação ela sente uma pancada no carro. Luzes fortes são as únicas coisas que a mulher consegue ver, sem usufruir dos sentidos corretamente. Tem um único pensamento agora: Anahí Portilla .

- Ela bateu forte a cabeça.

- Coloquem-na na maca.

- Ela já está estabilizada.

            Os paramédicos da ambulância gritam. Dulce ouve, mas sem conseguir abrir os olhos.

- É Dulce Maria Saviñon .

- Ela é a noiva de Anahí Portilla .

- O que aconteceu?

- Ela morreu?

            Vários repórteres já se fazem presentes no local do acidente. Apesar de aparentemente não ter sido nada grandioso, pessoas estão próximas, paparazzi tiram fotos e tentam uma exclusiva.

- Afastem-se.

- Levem logo ela para o hospital.

            Policias tentam controlar a situação. Dulce geme ao ser colocada na maca. Cerca de quinze minutos já está no hospital mais próximo do local. É particular, como sabem quem ela é, logo tratam de atendê-la.

A morena não entende nada, sente dor na cabeça e em sua perna direita. Abre de leve os olhos, mas ainda não sabendo onde está.

- Anahí... – Chama pela noiva.

- Hey, calma aí. Sou eu, a Carla. Anahí já está vindo. Você está bem. – A ruiva diz, segurando e apertando a mão da mulher.

- Eu... Eu ...

- Não se esforce. Você sofreu um acidente. Bateu a cabeça forte, mas está bem. Levou nove pontos na perna, mas também nada demais, você teve sorte. Eu vi pela internet e reconheci seu carro, além de várias fotos suas saíram. “A noiva de Anahí Portilla  sofre um grave acidente”. Assim saiu a notícia. Imagino como Anahí se sentiu ao ler isso. Ela adiantou o voo para hoje, deve chegar em breve.

- Ela... Ela me odeia.

- Ela nunca te odiaria, Dulce. – Carla diz, como se fosse algo óbvio.

- Sim. Ela odeia. Você não entende, ninguém entende.

- Eu não sei o que aconteceu entre vocês. Mas ninguém que odeia a outra ameaça processar uma companhia aérea por não conseguir um voo, tenta bater na atendente ou pedir para chamar nem que seja o presidente dos EUA só para chegar ao Brasil ainda hoje. Então ela com certeza não te odeia. – As duas sorriem com isso.

- Que horas são?

- Nove da noite.

- Eu... – Dulce geme pela dor na cabeça que está enfaixada pelo curativo.

- Sim, você dormiu esse tempo todo. Por que você estava bebendo pela manhã? E por que dirigiu bêbada?

            Dulce ia responder, mas nesse instante Anahí entra afoita no quarto, acompanhada do seu motorista e segurança, necessitou dele para conseguir entrar no hospital. Ela não fala nada, apenas vai até perto da cama e abraça a ruiva forte. As duas derramavam lágrimas.

- Você me assustou. – A milionária diz, baixo, com o rosto contra o pescoço da noiva.

- Desculpa. Eu...

- Shiii, não fale nada. Apenas me abrace.

            Elas permanecem assim por longos minutos. As lágrimas são inevitáveis. Em todas as formas de reencontro, essa com certeza não estava nos planos delas.

- Eu vou deixar vocês a sós. Vamos, José. – Carla fala ao homem musculoso. Logo o casal está sozinho.

- Nunca mais me dê um susto desses, por favor, eu não posso ficar sem você. – Anahí se afasta e encara a noiva, acariciando seu cabelo.

- Estou bem, foi só um acidente.

- Amor, você estava bêbada. O que deu em você? – A loira fica séria.

- Eu... – Dulce abaixa o olhar, não consegue encarar a mulher. – Desculpe-me.

- Dul, eu te amo. Entenda isso, eu não vou terminar com você, eu só precisava de um tempo. O que você me disse foi muito para processar. Vamos falar disso depois, só... por favor, não faça mais isso. Nunca mais.

- Perdoe-me, eu prometo, nunca mais serei irresponsável.

            Anahí se abaixa e beija a sua mulher, elas precisam sentir esse toque para saberem que está tudo bem. A milionária sente mais uma vez a experiência de ver a pessoa que ama em uma cama de hospital. Quando soube do que aconteceu, imagens de sua família vieram à mente, foi terrivelmente doloroso. Perder Dulce com certeza não é uma opção, nesse momento não importava nada do passado. Ela só quer saber do agora e do futuro.

- Eu amo você mais que tudo nessa vida. Você será a minha esposa. Nada mais importa. – Anahí diz, encostando sua testa à da morena.

- Eu... Eu não mereço você, nunca vou merecer.

- Você merece o meu amor, é isso que estou lhe dando. Só me prometa não o jogar fora por nada.

- Eu prometo o que você quiser, desde que esteja ao meu lado. Eu te amo mais que qualquer coisa e pessoas, Anahí, até que a mim mesma. Se for para ficar sem você eu prefiro morrer.

- Não fale isso. Nunca mais repita isso. – E então beija os lábios da outra de leve. – Vamos superar isso juntas. Sempre juntas.

É uma promessa que a milionária acabara de fazer para a noiva. Elas só precisam estar juntas para passarem por qualquer obstáculo, é isso que elas farão a partir daquele momento.

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 (27 de agosto de 2017, sábado)

- Você terá alta hoje, mas preciso que volte se sentir dores de cabeça. – A médica morena diz para Dulce.

- Ela virá, pode deixar. – Anahí se apressa em dizer.

- Tudo bem. Você está liberada. Apenas cuide desses curativos e em oito dias volte para tirarmos os pontos.

- Tudo bem. Obrigada. – Dulce diz e recebe um olhar diferente da médica que sai do quarto.

- Ela te quer. Nunca vou me acostumar com outras pessoas te desejando desse jeito. – Anahí fala estando irritada, mas ajuda a noiva a descer da cama.

- Você está exagerando. Além de não ser verdade.

- Você finge que não é verdade e eu finjo que não me importo.

- Anahí, se você não estiver confortável eu posso ir para a casa do meu pai. Eu posso voltar para o meu...

- Nem ouse terminar essa frase. Você ainda não entendeu? Eu estou com você. Magoada, mas com você. Eu confio em você, estou provando isso, e agradeço que tenha confiado em mim. Vamos para a “nossa” casa. – Ela beija os lábios da mulher e a ajuda a ficar de pé. A perna dói bastante, é um ferimento profundo, mas nada que alguns pontos e medicamentos não deem jeito.

            Elas se encaminharam para a saída, tem vários paparazzi dando cliques. José ajuda Dulce e então entram no carro.

- Vamos para casa, meu amor.

Anahí diz, beijando os lábios da noiva. Sentam no banco de trás e a loira faz carinho no cabelo de Dulce que tem a cabeça deitada em seu ombro. Os remédios ainda têm efeito em seu organismo, induzindo o sono. Ela não consegue lutar contra, pois logo está adormecida nos braços da mulher que ama.

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- Com licença. Aqui está seu suco.

Maitê entra no escritório onde Angelique está e se depara com a loira lendo uma revista onde tem a notícia do acidente de Dulce. A morena suspira, deixa a bandeja sobre a mesa e logo se volta para sair do cômodo.

- Espere. – Angelique corre até ela e a segura pela cintura, encostando-a na porta. – Desculpe-me. – Fala bem próxima dos lábios da morena.

- Você não precisa me pedir desculpas por nada. Está tudo bem. Estamos onde devemos estar.

- Não faça isso. Não é assim. Você sabe que não ligo para isso.

- Mas eu sim. Por favor, senhorita, me deixe voltar para a cozinha.

- May. – Angelique quer beijá-la, mas essa incerteza é horrível.

- Por favor, Angelique, me deixe ir.

- Eu não quero... eu não posso.

- Não, Angelique. Você não sabe o que quer. Você está aí olhando para essa maldita revista a manhã toda. Você pode até gostar de mim, mas não consegue se livrar dela. Você ainda a ama.

- Não! Eu a odeio. – As palavras saem firmes, mas ainda incertas.

- O que é pior. Pois o sentimento de ódio e vingança estão fazendo você ficar cega. Só, por favor, me deixe sair.

            A loira suspira e a solta. No fim sabe que a morena tem razão. Aquela história toda é uma merda. Ela não consegue parar de se envolver nesse inferno. Será que ainda sente alguma coisa por Dulce Maria Saviñon ? E se sim, como lidará com isso? Mais perguntas sem respostas para a loira.

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- Mãe. Eu quero te pedir algo. – A morena fala assim que chega a cozinha.

- Claro, filha, se eu puder fazer.

- Quero sair daqui. Morar em outro lugar.

            Nesse momento Maria tira sua atenção do que fazia e vira-se para a filha que está no meio da cozinha encarando a mãe.

- Mas... Porque isso agora?

- Você sabe o porquê. Eu só não consigo mais. Eu sei que ainda temos o nosso apartamento. E não se preocupe com gastos. Eu consegui um emprego em um curso de inglês. Darei aulas. Eu fiz cursos nos EUA. Tenho capacitação para isso, só preciso sair daqui. E para te dar um bom motivo para me deixar fazer isso, eu farei faculdade. Quero fazer isso agora.

- Eu... Deus! Isso é maravilhoso, você sabe como eu sempre quis isso, filha, nunca é tarde. – Maria abraça a menor. - Mas quero que faça isso por você. – Elas se afastam.

- É por mim, eu juro. Eu quero conseguir dar uma vida melhor ao meu irmão, não posso mais ficar aqui. Você sempre teve razão, isso nunca dará certo, para superar preciso ficar longe.

- Você tem certeza? Querida, não temos problemas com dinheiro. Eu nunca tive gastos, temos uma boa quantia guardada e...

- Não, mãe, não quero o seu dinheiro. Eu também tenho. Só quero o apartamento. Guarde o dinheiro para o Pedro. Vamos lutar para ele conseguir fazer uma boa faculdade e ser um grande advogado como ele deseja. Por enquanto eu só quero sair dessa casa e recomeçar. Prometo vir sempre visitar vocês. E também agora terá para onde ir na sua folga. – A morena diz, sorrindo.

            Maria estava convencida da decisão da filha na primeira tentativa. Ela sabe que aquele sorriso é apenas uma máscara, mas também acredita é o melhor. Ela seguirá em frente, seu papel como mãe é ajudá-la com isso.

- Claro que você tem o apartamento, filha. Ele é seu, sempre foi. Fico feliz que tomou a decisão certa.

- Obrigada, mãe. – Ela abraça a mais velha. – Amanhã falarei com a senhora Boyer. Os patrões voltam amanhã da fazenda e pedirei demissão. Quero resolver logo isso. – Continua ao se separarem do abraço.

- Tudo bem. Se precisar de mim para algo estarei aqui.

- Eu sei, mãe. Eu sei.

            Maitê está decidida a esquecer tudo aquilo. Angelique nunca irá amá-la, nunca irá contra seus pais novamente. Se ela continuasse ali nunca será feliz. Viverá na sombra desse amor, essa com certeza não é vida para uma pessoa.

..........*****..........

- Merda. Desgraçada. – Fernando grita, jogando a revista que tem a notícia do acidente da filha na parede. – Você está jogando tudo no lixo, Dulce. Maldita hora que se apaixonou. Inferno. Tenho que agir o mais rápido possível. 

            O homem está desesperado. Sua filha se mostra pronta para acabar com tudo. Por isso acredita que o amor sempre atrapalha. Ele se apaixonou apenas uma vez e o resultado estava nesse momento em um hospital, querendo estragar sua aposentadoria. Mas não irá permitir. Não dessa vez. Ele pega seu celular e liga para o outro fora da lei.

- Oi.

- Preciso que agilize as coisas. Quero esses documentos o mais rápido possível.

- Vamos com calma. Não é tão fácil assim. Se fizer isso eles vão pedir mais dinheiro.

- Não importa, Eduardo. Eu quero o mais rápido possível.

- De boa, cara. Farei o que posso.

- Faça até o impossível.

- Certo. Eu ligo avisando.

            Então eles desligam. Eduardo está em sua sala, onde funciona o escritório do seu negócio de prostituição. Ele olha a mesma revista da notícia. Confuso e cheio de dúvidas.

- O que ele disse? – Adriana pergunta.

- Ele quer os documentos. Com certeza essa rapidez tem a ver com esse acidente. – Ele analisa tudo. – O que você está aprontando, Fernando? Deve ter muito dinheiro envolvido.

- O que pretende fazer? – A mulher volta a perguntar, agora envolvendo o pescoço do homem por trás da cadeira onde ele está sentado.

- Ainda não sei. Mas tenho que descobrir logo qual é a jogada. Está evidente que a filha não tem nada a ver com isso.

- E se tiver?

- Aí saberemos de onde vem o dinheiro. Você fará algo para mim.

- Claro. O que você quiser.

            O homem não fala mais nada. Apenas olha fixamente para a revista. Esse dinheiro com certeza viria da fortuna de Anahí Portilla, ele só precisa descobrir de que modo.