Fanfic: Corações rompidos +18 (Vondy) | Tema: Vondy; Dulce María y Christopher Uckermann

Tudo estava uma verdadeira bagunça. Era roupas espalhadas pelos móveis do quarto e sapatos espalhados pelo chão. Natália tinha tantos pares de sapatos que me fazia pensar no quanto custaria vender cada um. Acredito que daria uma boa grana, já que mulheres têm gostos peculiares para roupas. Para mim bastava uma calça jeans e camiseta. Esse era o lado bom de ser homem, não havia muito com o que se preocupar, no sentindo de moda.

Antes de sair do aconchego da cama, pensei se deveria arrumar tudo ou deixava para minha esposa fazê-lo. Ela sabe exatamente aonde vai cada coisinha sua. Eu não tenho paciência para organizar do jeito que ela gosta, por cores e modelos. Se não fosse por ela, minhas roupas estariam todas misturadas, calça com blusa, bermuda e casacos. Natália sempre deixou tudo em ordem. Ela não era maníaca por limpeza igual minha irmã, Any. Ainda bem. Já não era fácil ter que tolerar minha irmãzinha quando morávamos na casa dos nossos pais, imagina agora...

Decidi deixar essa bagunça para Natália.
Olhei para o relógio na cabeceira da cama, era 13h49 da tarde de sábado. E parecia ser seis horas da manhã de segunda-feira. Meu corpo implorava por mais um tempo na cama e os meus olhos queriam se fechar. Resisti e lutei contra minha própria preguiça. Eu sei que merecia dormir um pouco mais ou até o dia inteiro. Ser professor de inglês em uma escola pública para adolescentes, não era nada fácil. Nunca foi fácil. O pior era ser obrigado a ir nos finais de semana para ajudar os benditos "anjinhos" na recuperação. Dessa vez, eu estava livre. Claro, começo de ano, todo mundo parece que adora minhas aulas. Vamos ver até quando vai durar.

Arrastei meus pés dentro dos chinelos de borracha que eu detestava, mas sempre me esquecia de comprar outros. Na verdade, eu estou esperando ansiosamente esses quebrar para comprar novos. Sou apenas um professor, e não um banco. É preciso economizar, e muito. Pois queremos nos mudar para um apartamento maior. Natália e eu estamos pensando seriamente em ter filhos. Confesso que estou ansioso e com medo de algo dar errado.

Entrei no banheiro do nosso quarto, tirei o meu pijama — camiseta e cueca —, e joguei tudo no cesto de roupas sujas. Antes de tomar banho, escovei meus dentes e observei o meu rosto. Meus cabelos precisavam urgentemente de um corte e minha barba precisava de um retoque.
Ponderei sobre minhas opções:
1. Podia dar uma de cabeleireiro e barbeiro, e fazer eu mesmo.
2. Podia pedir para minha esposa cortar o meu cabelo e depois eu fazia minha barba.
3. Pedi para ela fazer os dois por mim. Mas na última vez que tentamos isso, sai com o rosto cheio de cortes e a barba torta.
4. Poderia ir em um salão fazer tudo isso e ainda mais, não teria erro algum. — A não ser que o profissional estivesse bêbado.

Terminei de fazer minhas higienes bucal e nem tinha tomado a decisão ainda. Eu sei que Natália iria adorar fazer minha barba, ela sempre pedia para fazer, mas meu medo era maior. Se eu saí cortado da última vez, quem como eu ia sair dessa vez. Melhor não.

Uau. Eu ainda estava em forma. Faz um mês que deixei de ir para academia por causa do meu trabalho. Minha barriga continuava sarada e meus bíceps musculosos. Sei que não vai durar tanto tempo assim se eu continuar sem treinar.

Resolvi afastar esses pensamentos para longe. Hoje o dia seria de folga. Poderia abusar da comida, da televisão, do que quisesse.

Tomei um banho rápido. Sai do banheiro com uma toalha branca enrolada na cintura e outra nos cabelos. Pensei no que eu mais queria fazer quando tivesse o apartamento somente para mim. Há. Tinha tantas coisas... Quando é uma coisa rara de se ter, você acaba criando várias "fantasias" de como aproveitar o seu momento sozinho. Vesti apenas uma samba canção e joguei as toalhas para longe. Fui até a cozinha carregando meus pensamentos comigo, sem saber o que fazer primeiro, e ao chegar lá, fiquei desanimado.

Natália havia deixado uma pilha de louça suja. Na noite anterior, após o nosso jantar diferente das sextas-feiras, não havíamos deixado nada na pia. Organizamos tudo. Percebi o que ela tinha feito. Um livro de receitas estava sujo de massa; caixa de ovos vazia; farinha derramado por pela mesa; caixas de leite vazias e panelas meladas de massas; chocolate e outra coisa que não consegui identificar. Ah, e formas. Uma estava queimada e a outra não.  O que ela fez? Será que foi pra mim? Dei uma olhada no forno, na geladeira e no microondas, e nada. Não havia nada para mim. 

Percebi que tinha um papel grudado na geladeira, peguei o mesmo e li.

"Amor, você terá a casa inteira pra você. Aproveite. Eu saí com a Belinda, chegarei tarde. Beijos. Naty"

Belinda. Ótimo. Desde que nos casamos, Natália era sempre sozinha, suas amigas tinha se casados e algumas nem moravam mais perto. Minha esposa acabava andando comigo e com meus amigos, e eu sabia que ela não se sentia muito à vontade. Ela precisava ter sua própria turma para poder conversar do que quiser e ser ela mesma. Então sugeri que ela saísse e fizesse amizades, no yôga; acadêmia; pilates; Enfim, ela o fez. E conheceu a Belinda.
Elas duas se tornaram um grude. Fiquei feliz por ela. Natália estava precisando disso.

Me virei para procurar alguma coisa para comer, optei por cereais. E lá estava mais um bilhete.

"Desculpe, amor. Os ovos acabaram. E deixei uma montanha de louças pra lavar. Hoje é aniversário da Be, Então resolvi fazer um bolinho pra ela. Enfim, mais tarde te faço uma `massagem`. Beijinhos"

— Lavar a louça, nunca valeu tanto a pena. — comentei, olhando para o papelzinho amarelo.  Soltei uma risada. Peguei a caixa e coloquei cereal com leite, comi assistindo um programa humorístico na TV.

Quando terminei, liguei o som e fui enfrentar o pesadelo de qualquer dono(a) de casa. Não sei quanto tempo demorei para terminar, acabei me entretendo com a música. Foi divertido.
Aproveitei o embalo e arrumei o restante da cozinha e sala de estar. Assim que tudo ficou brilhando, me joguei no sofá com uma garrafa de cerveja nas mãos, pacote de batatinhas e uma televisão imensa somente para mim.

Minha mente estava tão cheia de ideias para fazer que parecia que não daria tempo de nada. Peguei o controle remoto e procurei algum canal que fosse chamar minha atenção.

"Um dos mais prestigiados escritores mexicanos, Paco Álvarez, irá se casar..."

— Grande coisa!! não precisa virar notícia. Eu me casei e nem por isso anunciei pro mundo todo. Que imbecil. — murmurei, como se ele pudesse ouvir minha opinião. Revirei os olhos e mudei de canal.

Deixei em um canal que homem gosta. Não era minha intenção, mas ele estava desbloqueado por algum motivo, e não foi por minha causa. Será que o aparelho reiniciou? Natália não curte essas coisas e é por isso que só ela sabe a senha, para eu não acabar mexendo. Já que estava liberado... Resolvi assistir um pouquinho.

— Duas mulheres? UAU. Ganhei na loteria e não tô sabendo? — olhei ao redor. O meu dia estava muito estranho. Nunca tive tamanha liberdade desde que me casei. — bem, então vamos lá...

A única peça que estava no meu corpo, foi parar em algum canto da sala. Minha mão ganhou um rumo diferente do pacote de salgados e a cerveja ajudou bastante a molhar minha garganta. Minha mente me levou ao delírio, até parecia que eu estava com ela dentro da TV. Foi incrível, e assustador.

Quando finalmente cansei. Meu estômago roncou feito um leão. Saltei do sofá e dei uma organizada em tudo que eu tinha "bagunçado". E troquei de canal. Peguei o telefone e pedi uma pizza enorme de pepperoni e outra de queijo. Enquanto esperava o pedido chegar, liguei meu videogame e tratei de zerar o jogo que deixei parado por meses, The last of us.

Estranhamente o meu dia foi perfeito.

— Christopher, cheguei. — gritou Natália, batendo a porta com força.
Acordei assustado. Eu tinha caído no sono no meio de uma pilha de provas para corrigir, depois de ter finalizado o jogo.

Natália tirou a capa de chuva e deixou o guarda chuvas no armário da porta de principal.

— Ah, oi, amor. — Sorri, me sentando no sofá. Ela abriu um sorrisinho fraco sem mostrar seus dentes, percebi que algo tinha acontecido.  — Aconteceu alguma coisa?

Ela não respondeu. Seu olhar estava cheio de preocupação e medo, pensei que fosse chorar ou descontar sua raiva em mim. Natália se aproximou vagarosamente e sentou-se ao meu lado. Ela não conseguia manter o seu olhar no meu, os seus procuravam um lugar para fixar. Isso estava me deixando assustado.

Meu coração acelerou e minha mente imaginava mil coisas horríveis. Será que ela foi assaltada? Passou mal? O quê?

— Aconteceu...

Natália mordeu seus lábios, sem olhar para mim, passou a mão nos cabelos. Parecia apreensiva.

— O quê?

— Eu sou lésbica.

| Continua...

Até o próximo capítulo, amores|