Fanfic: Corações rompidos +18 (Vondy) | Tema: Vondy; Dulce María y Christopher Uckermann

Meu coração. Bastava apenas saber o que ele queria de fato. E parecia ser impossível decifrar seus códigos. Era como se ele só soubesse se comunicar comigo em Tailandês. E eu não sei falar tailandês. Puta merda. Já nem posso sumir para à Tailândia.
Respirei fundo. Dessa vez, fechando os meus olhos e tentando se concentrar no eu interior. Por favor, diga-me alguma coisa. Dá-me uma resposta. Preciso tanto saber o que realmente quero. Não posso deixar minha vida mudar dessa forma.

Blanca ainda estava sentadinha nos pés da cama, certamente, seus olhos esbugalhados estavam sobre mim. Consegui senti sendo analisada durante minha tentativa frustrada de meditação.

— Er... Já está pronta? — a voz grossa e bastante família, me fez levar um susto e abrir os meus olhos. Por um segundo pensei que fosse o Paco. Meu coração congelou. Foi um alívio imenso ver que era apenas o meu pai. Acredito que nunca fiquei tão feliz em vê-lo na minha frente.

Sai do meu lugar sem pensar duas vezes. Papai continuou parado na porta, olhando com seus olhos marejados. Ele não era de demonstrar suas emoções em público, só quando alguma coisa mega importante fosse acontecer, nascimento; casamento e morte. Depois de ter chorado horrores ao ter que deixar Cláudia nas mãos de outro homem, ele estava pronto para passar por tudo outra vez. Fernando estendeu seus braços para me receber sem dizer nada.

— Pai... — abracei-o com força, querendo permanecer para sempre ali. Sendo protegido e amada pelo único homem que sempre me amou de verdade. Sei que nem sempre fui uma filha perfeita e nem segui os seus sábios conselhos. Mas, de qualquer forma, só queria que ele não me deixasse ir.

— Você está muito linda! — ele sussurrou, me apertando nos seus braços grandes e fortes. — Lembro do dia em que você nasceu, parece que foi ontem...

Ele fungou. Deixou um beijo no topo da minha cabeça e afastou-se.

— Melhor irmos logo, não quero que Dona Blanca suba aqui com um cabo de vassoura nas mãos. — ele riu, limpando seu rosto.

Assenti com um sorriso. Minha irmã pegou o buquê de girassóis. Fiquei espantada, ele era tão amarelo, chamava atenção e era tão exagerado. Quando escolhi aleatoriamente o nome da primeira flor que veio na cabeça, eu não lembrava o quanto elas eram tão amarelas. Cruzes. Peguei-o de sua mão, como se fossem um bicho de sete cabeças prestes a morder. O que eu poderia fazer?  Já escolhi. Não tinha mais como trocar ou devolver. 

Segui meu pai e a minha irmã pelo corredor,  quanto mais nos aproximávamos da escada,  mais o meu ar parecia faltar. Meus pulmões lutaram desesperadamente por oxigênio, abri a boca e suguei o máximo que podia e soltei rapidamente, fazendo sem parar. Desci as escadas cuidadosamente segurando no braço do meu pai, com medo de tropeçar e meter a cara no chão, pois o sapato de salto era bem alto e me deixava desconfortável. Queria usar um par de tênis all star,  mas mamãe não deixou. Diz ela que é deselegante e horrível. 

Parei em frente a porta, ela estava fechada,  esperando o momento perfeito para ser aberta.

— Boa sorte, mana. — ganhei um abraço doce e quentinho de Blanca. 

Ela afastou-se e foi avisar a todos que já estava na hora. Papai sorriu, não consegui fazer o mesmo. A porta abriu-se relevando um longo tapete vermelho e várias cadeiras ocupadas pelos convidados, que ficaram de pé com o toque da marcha nupcial. Era aquela tradicional música. Não tive ideia para escolher uma música romântica e com letra significativa.  Paco queria que tocasse alguma de Lionel Richter. Eu recusei. Não tínhamos uma música, quero dizer, ele escolheu uma e disse que era nossa.

Pisei no tapete vermelho,  meu coração disparou de vez. Senti todos os pares de mais de duzentos convidados, caindo sobre mim. Meu rosto ardeu por sentir vergonha, minhas mãos estavam suadas e geladas. Papai murmurou algo como "Relaxa, princesa, estou aqui com você". Suas palavras não adianta foram suficientes para me ajudar, não dessa vez.

Paco estava parado no altar,  aguardando ansiosamente por mim. Quando nossos olhares se cruzaram, senti uma dor no meu peito, uma angústia, una vontade enorme de desaparecer naquele momento. Ele sorria de orelha a orelha, mostrava o quanto estava feliz e tudo o que eu não conseguia sentir. Isso é tão errado, mas não consigo forçar o meu coração.

Papai me entregou ao Paco, dizendo para que ele cuidasse de mim, na mesma hora afastou-se e foi sentar-se ao lado de mamãe.  Todos sentaram-se concentrando suas atenções para o cerimonialista. Ele começou a falar muitas coisas, das quais nem prestei atenção. Minha mente só sabia pensar se deveria ou não continuar parada ali; o que aconteceria comigo depois do casamento? o que eu faria se não estivesse nessa situação? quantos filhos íamos ter? Será que ele seria um bom marido? Será que seríamos felizes?  Esse é o meu "felizes para sempre"?

— Aceito.  — a voz de Paco me fez voltar ao planeta terra. 

Em câmera lenta, pude ver o rosto do cerimonialista virar-se na minha direção,  seis olhos encontraram os seus e seus lábios abriram-se. Prendi minha respiração. "É minha vez", pensei. Senti minhas mãos ficando geladas e o coração batendo bem mais forte que um motor.

— Dulce María Espinosa Saviñón, você aceita
Francisco Álvarez como seu legítimo marido,
Prometen ser fiel, amá-lo e respeitá-lo,
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza,
Por todos os dias das suas vida até que a morte os separe? — Perguntou-me, abrindo um sorriso branco e gentil.

Desviei o meu olhar dele. Girei minha cabeça,  dando uma olhada rápida em cada um; meus pais, amigos e colegas. Também havia pessoas desconhecidas, que eram parentes do Paco. Voltei a respirar,  afastando minhas mãos das de Paco, dei um passo para trás e olhei nos seus olhos.

— E- e-eu não posso. Me desculpe. — sussurrei. 

Sem pensar duas vezes, sai correndo daquele lugar, evitando qualquer contato visual e ignorando o silêncio perturbador. Senti um peso enorme nas minhas costas, era como se eu tivesse carregando uma mochila cheia de pedras. Não dentro dentro da casa para não ter que explicar o motivo da minha fuga. Tive que tirar os saltos para conseguir sair o mais rápido possível. E eu Corri, como nunca havia feito antes, minha respiração já estava ficando ofegante. Mas não importava, quanto mais longe fosse,  melhor seria. 

Meus olhos estavam embaçados e eu não conseguia ver muita coisa. Minha mente trabalhava a todo favor, só para mostrar o que estariam fazendo sem mim,  o que estavam falando e o que eu faria da minha vida.  Eu não poderia mais voltar pra casa depois do que fiz. Meus pais eram melhores amigos dos pais de Paco, como eu ia encarar todos depois da escolha que fiz?  Não tinha condições. Eu teria que procurar um lugar ou ficaria na rua. Durante uma discussão interna,  acabei esbarrando em alguém, sem querer, assim que nossos corpos se chocaram, caímos no chão. 

| continua... 

Até o próximo capítulo, amores ‹3|