Fanfic: Corações rompidos +18 (Vondy) | Tema: Vondy; Dulce María y Christopher Uckermann

Christopher

— Aí, Christopher, cala a boca. — May soltou uma risada e jogou um guardanapo em mim. Nossas taças foram parar na mesa enquanto tentava decifrar o look que Christian decidiu usar.

— Eu sabia que vocês estavam aqui. — disse ele quando chegou na nossa mesa. — E aí, o que estão fazendo? Cadê os outros?

— Estamos bebendo, como sempre. Não faço ideia aonde o Poncho se enfiou dessa vez, deve estar com aquela garota lá... Sabrina... Eu acho.

Tomei um gole da cerveja.

— E você, Chris, que roupa são essas? — perguntei morrendo de curiosidade. Calças cáqui, cinto de zebra, camiseta roxa e com uma boina francesa amarela na cabeça. — Veio de algum circo?

Maite e eu nos entreolhamos e rimos.

— Não. Essa é a nova tendência para conquistar as gatinhas, sacou? — Respondeu com toda a segurança do mundo, até parecia que ele tinha noção alguma sobre moda. Christian pegou minha garrafa sem pedir e bebeu. — Sabia que, técnicamente, acabamos de nos beijar?

Ele riu.

Não, Chris. Não fala isso, pedi mentalmente. Eu tinha me esquecido da Natália lésbica e agora ele me fez lembrar.

— Você não deveria ter dito isso, Chris. — Avisou a May.

— Por que não? — Chris ficou confuso. — Só foi uma brincadeira, não vamos ter que nos casar por isso. Me desculpe... Você não gosta de gays?

Christian indagou, olhou-me fixamente esperando uma resposta.

— Não... Não, cara. Não é isso... Eu gosto, quero dizer, não tenho nada contra. — Passei a mão no rosto. — Não é culpa sua ter feito esse comentário... Er... Minha esposa é lésbica. — Falei de uma vez. De qualquer forma, ele ia acabar sabendo.

— Legal. — Foi o que ele disse, mostrando uma animação por ela ser o que é. — Agora você terá duas, o sonho de qualquer homem, ter duas mulheres nuas... Você ganhou na loteria, Bro.

— Até parece que uma mulher ia cair nua do céu, para mim. — revirei os olhos.

Christian fez uma careta rapidamente, pareceu ficar na dúvida se realmente era uma boa ideia ter duas mulheres na cama. Não questionei. Chris era meio pirado das ideias mesmo.

— Não, Chris, isso não é nada legal. — May interveio, fazendo-me lembrar que ela ainda estava ali. — Isso significa que será apenas duas mulheres nuas, sem ele.

— Obrigado pela ajuda, May. — Levantei minhas sobrancelhas e peguei minha garrafa, bebi outra vez.

— Nos beijamos de novo. — Christian comentou para quebrar a tensão que ficou sobre a mesa. — E o que você vai fazer?

— O que você acha? — Perguntei. Chris abriu a boca para dizer algo, tive que ser mais rápido — Não responda. Já sei o que vai sugerir. E se quer saber, vamos nos divorciar. Natália pediu.

— Pô, cara. Sinto muito. — Chris tocou no meu ombro. — Se ela é lésbica... Você é o quê?

— Continuo sendo hétero, Chris. Isso não muda minha sexualidade.

— Vou pedir mais cervejas pra gente... Ou melhor, tequila. — Maite saiu da mesa e foi até o balcão.

— Ooh, Entendí. Como ela descobriu isso? Ela sempre foi? Começou a sentir atração por mulheres agora?

— Não faço ideia... Não entendo nada sobre esses assuntos. Não sei te dizer.
Christian assentiu.

— Você acha que isso tem a ver com a nova amiga dela?

Paralisei. Então era isso. Natália se tornou lésbica por causa da Belinda? Ah, não. Isso é tudo culpa minha.

— Agora eu acho que sim. — Respondi sentindo meu sangue ferver mais uma vez. — Chris, fique aqui com a May, vou pra casa da Anahí me deitar um pouco... Não estou me sentindo bem.

Ele assentiu dando um tapinha de leve no meu braço. Sai o mais rápido possível. Minha mente me fez lembrar dos dias que Natália chegou tarde em casa com alguns arranhões nos braços e dizia que não estava se sentiindo bem para transar comigo. Ou simplesmente, estava "naqueles dias". O que eu poderia fazer? Forçar? Não. Então era isso... Ela fazia tudo com a outra. Merda. Como fui tão otário? Como fui tão cego?

Subi os lances de escadas e cheguei no apartamento. A porta estava destrancada, isso significava que tinha gente em casa, minha irmã já deveria ter voltado. Entrei e procurei uma garrafa de vodka. Anahí sempre guardava uma para ocasiões "especiais"para corações rompidos. Nesse caso, eu merecia umas três garrafas até entrar em coma alcoólico.

— Ana...— ouvi uma voz e levei um susto por ser pego no flagra. Meu coração acelerou, batia forte, tão forte que sentia sua pulsação atravessar meu peito.

Senti minha garganta secar e a temperatura do meu corpo mudar drasticamente. Minha mente ficou em branco de repente, esquecendo o motivo do meu sofrimento. Seu corpo estava incrivelmente molhado, cada gotícula de água descia lentamente por todas as partes, mas todos pareciam ir em uma direção apenas. E eu não consegui deixar de olhar para lá, sem pensar nas coisas que poderia fazer para levar ao delírio. Ela parecia uma escultura bem desenhada para enlouquecer qualquer homem. Seios grandes e fartos, impossível não sentir vontade de tocá-los. Será que era um anjo que caiu do céu? Não pode ser. Essas coisas não acontecem na vida real.

Sai dos meus pensamentos eroticamente absurdos quando ela correu. Pisquei freneticamente tentando entender o que acabara de acontecer. Talvez eu estivesse ficando louco, só talvez. Fui obrigada a me mexer. Aproximei da porta do banheiro, e bati.

— Ah... Olá... Me desculpe pelo que aconteceu... Se você existe mesmo, perdoe-me. Eu não sabia que tinha gente em casa.

Silêncio.

— Ótimo. Estou enlouquecendo e falando com uma porta. Muito bem, Christopher. — Falei pra mim mesmo.
— Christopher, o que você tá fazendo aqui? — A voz de Annie me fez saltar de susto. Ela estava com uma sacolinha branca nas mãos.

Soltei um suspiro e me afastei da porta, passando a mão na cabeça.

— Eu só vim aqui para me deitar um pouco.

— Não pode fazer isso na sua casa?

— Não. Não mais. Não sei se aquela ainda é minha ou da amante lésbica. — fiz uma careta e me joguei no sofá.

— Amante lésbica? O que deu em você? Bebeu tequila outra vez? Já disse para não exagerar  nas doses... — Anahí revirou os olhos. — Você viu a Dul?

— Quem?

— A Dulce María, uma amiga do colégio. — continuei sem entender. Anahí ficou irritada e aumentou o som da sua voz para dizer, como se eu fosse surdo. — Lembra daquela menina ruiva que andava comigo? Só dizia que o cabelo dela tinha cheiro de morango só porque era vermelho.

— E-e-ela tá a-a-aqui? — gaguejiei, desejando que aquele corpo nu fosse uma miragem.

— Sim. Qual o problema?

— Nada.

— Dul? — gritou minha irmã. — Dul? Cadê você?

— Annie, estou no banheiro. Você pode me dar uma toalha? Eu esqueci. — gritou a tal da Dul.

Senti meu corpo gelar quando seu corpo veio na minha mente. Puta que pariu. Eu não ia se esquecer tão fácil. Ótimo.

Minha irmã fez o que ela pediu. Não demorou para a ex-ruiva sair de lá, enrolada na toalha. Não adiantou de nada para mim, já que vi o seu corpo do jeito que veio ao mundo. Evitei olha-la. Eu não estava no clima de fantasiar e neme excitar por nada, mas o meu corpo físico não entendi o que se passava no meu coração. Agarrei uma almofada e coloquei no meu colo.

— Christopher, o que você faz aqui? — Anahí perguntou enquanto tirava o casaco e senta-se ao meu lado. — Aconteceu alguma coisa? Sua cara não me parece bem, embora você já tenha nascido assim, trágico, mas está pior.

— Ah, cala a boca. — tentei rir. — Natália é lésbica e pediu o divórcio.

A boca da minha irmã abriu-se em um O. Ela ficou muda, pela primeira vez na vida. Dulce María saiu do quarto; seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado e ela usava um vestidinho branco e cheio de flores amarelas. Quando nossos olhares se cruzaram, senti meu rosto arder e o seu ficou vermelho. Ela desviou na mesma hora e sentou-se na poltrona, na minha frente. Respirei fundo e ajeitei a almofada no meu colo.

— Anahí, o que foi?

— A esposa dele é lésbica. — Respondeu como se eu não estivesse ali. — Acredita? Bem que eu desconfiei na vez que fomos comprar sutiãs... Ela tocou nos meus se... Ah, não importa. Mamãe já sabe disso?

— Não. Ainda não.

— Temos que fazer um jantar para você poder contar. E eu já sei o que farei. Mamãe vai adorar o prato francês que aprendi a fazer. — Anahí ficou empolgada, não por mim, por ela mesma. Anahí sempre tentava ganhar uma aprovação da nossa mãe.

— Não preciso de jantar para contar. Não estamos comemorando nada, Annie.

— Sinto muito... — Dulce María disse baixinho. Olhei para ela e pá, seu corpo veio na mente. Desviei meu olhar dela. — pelo seu casamento...

— Oh, quase esqueci. Dulce María, este aqui é o meu irmão, o Christopher. Lembra dele? Ele vivia dando uma de irmão mais velho tentando proteger a gente na escola. — ela riu. — Você parecia um galo tentando espantar raposas. — Gargalhou.

Revirei os olhos.

— Tenha mais coração, estou sofrendo.

— É, eu estou me lembrando de você... — Dulce María me olhava pensativa, mordendo seu lábio inferior. Isso, me tortura mais. Não consegui desviar daqueles lábios vermelhos. Era tão sexy.

—Você andava com um carinha de cabelos cacheados com luzes... Tô lembrada. 

— É, isso mesmo. O Poncho tinha os cabelos bem estranhos... — soltei um riso, super sem vontade. Naquela época, eu era apaixonado pela Dulce. Aqueles cabelos vermelhos me deixava louco. E na noite de Halloween, ela se fantasiou de vampira; usou um corselete preto com detalhes vermelhos e uma saia longa com a lateral aberta, sua perna esquerda ficava visível quando andava e mostrava a meia arrastão. Ela ficou tão sexy. Mas outro garoto teve a sorte grande...

— Você também tinha. — Ela riu. — Enfim, Annie, posso me deixar um pouco?

— Não antes da gente tratar das suas feridas.

— Que feridas? — Fiquei curioso. Dulce María me contou tudo o que aconteceu com ela. Fiquei sem resposta. Enquanto ela deixou um cara no altar, minha esposa me deixou. Que mundo louco, não?

Depois que Anahí fez curativos nas feridas, Dulce foi dormir no quarto que era da May. Maite morava aqui, porém decidiu ir morar sozinha, ela precisava disso. Anahí pegou travesseiro e cobertores para mim, fiquei deitado no sofá.

— Sabe que pode ficar aqui até quando quiser. Só não esqueça de ir embora um dia. — brincou ela, logo me deu um beijo na testa e foi para o seu quarto.

— Ela vai ficar aqui?

— Não sei o que ela vai fazer ainda. Bem, vou dormir agora, tenho uma entrevista amanhã. — comemorou ela. — Estou ansiosa.

— Você vai se sair bem.

Anahí sorriu, apagou às luzes e entrou no quarto ao lado do da Dulce. Não consegui dormir, não dava. Minha cabeça estava indo a loucuras. Lembrei do colegial; da época que fui apaixonado pela Dulce; da faculdade; do meu casamento; o lesbianismo e agora... Encarando a porta do quarto da ex-ruivinha. Eu me sentia dentro de um poço, me afundando cada vez que tentava encontrar uma solução, até que adormeci.

| Continua no próximo capítulo... Beijinhos de luz :* |

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